domingo, 5 de julho de 2015


MELODRAMA
 
 
(A CAFONICE EM NOME DA COMÉDIA.)
 
 
 
 
 
 
            Numa 6ª feira chuvosa, atendendo ao convite de um amigo, para que conhecesse o trabalho do grupo de TEATRO a que pertence, subi as sinuosas e estreitas ruas de Santa Teresa, para ir a um agradabilíssimo local, chamado Parque das Ruínas, com o objetivo de assistir à encenação do espetáculo “MELODRAMA”.
 
            Confesso que fui mais por gentileza, para atender ao convite de um querido amigo, e, também, porque gosto de prestigiar os trabalhos mais modestos, os quais, muitas vezes, nos oferecem grandes surpresas, como o que ocorreu naquele 12 de junho, Dia dos Namorados.
 
 
 
Catarina Saibro, primeira cena do espetáculo.
 
 
 
Não me arrependo nem um pouco de ter assistido àquela peça.  Ao contrário, agradeço ao amigo GUSTAVO FERNANDES a oportunidade de conhecer o trabalho do GRUPO DE TEATRO OITO DE PAUS, produzido por A GARAGEM ESTRÚDIO AUDIOVISUAL LTDA.
 
Com texto de FILIPE MIGUEZ, autor e roteirista de telenovelas, como “Cheias de Charme” e “Geração Brasil”, o espetáculo, dirigido por LUÍS FELIPE PERINEI, é um tributo à Cia. dos Atores, que se consagrou com uma montagem do mesmo texto, a primeira, há 20 anos.
 
“MELODRAMA” faz uma sátira ao gênero melodramático e tem como referência as novelas de rádio e telenovelas brasileiras.
 
 
 
Em primeiro plano, Leonardo Paixão e Ian Braga.
 
 
 
 
 
SINOPSE:
 
A narrativa se inicia com o personagem DR. GOMIDE revelando, à sua família, que MARIA SÍLVIA, sua filha, não pode se casar com o noivo, CARLOS ARTUR,  por eles serem irmãos.  
A partir da melodramática revelação, o público é conduzido pela história dessa família, que vai sendo destrinchada, de forma cômica, por épocas e culturas distintas.
Entre essas histórias paralelas, temos a de DORALICE, uma típica heroína de telenovelas, que ressalta os melodramas diários vividos por nós, brasileiros e cariocas.
As situações dramáticas presentes no texto têm, como ponto de partida, encontros e desencontros românticos, que tomam uma proporção exagerada, quando colocados em contato com o melodrama, tornando-se situações engraçadas, cheias de quiproquós e reviravoltas, com o objetivo de mostrar ao público a luta pelo amor.
 
 
 

 
Em primeiro plano, Fernanda Esteves.
 
 
         O espetáculo se propõe, única e exclusivamente, a entreter, objetivo mais que atingido, e me agradou bastante, em função da qualidade do texto e das precárias condições em que foi montado, em função dos poucos recursos financeiros do grupo.  Falaram mais alto, então, o profissionalismo dos envolvidos no projeto, a criatividade e a garra de gente que ama o ofício abraçado.
 
            É desnecessário comentar sobre a urdidura do texto, muito bem tecida, gerando situações hilárias.
 
            A direção, de LUÍS FELIPE PERINEI, é criativa e segura.  O diretor demonstrou conhecer os caminhos que devem ser utilizados para explorar o ridículo característico de um gênero que marcou várias gerações, o melodrama, e que, até hoje, encontra quem derrama litros de lágrimas, quando tocado por ele.
 
Aqui, no caso, tudo é feito com a visível intenção de mostrar o lado cafona do gênero, para os modernos padrões culturais, porém de forma, respeitosa, “politicamente correta” (Detesto o termo!).  Mais que tudo, trata-se de um merecido, e bem feito, tributo a uma das melhores companhias de TEATRO do Rio de Janeiro.
 
 
 
Catarina Saibro, Fernanda Esteves e Ian Braga.
 
 
 
O elenco.
 
 
 
            O elenco, revezando-se em vários papéis, executa um bom trabalho, com um ligeiro destaque para as atuações de CATARINA SAIBRO e IAN BRAGA, ainda que todos sejam agraciados por seus momentos solo, arrancando boas gargalhadas da plateia, e tenham demonstrado capacidade de fazer rir, o que, todos sabemos, não é nada fácil.
 
 
 
Catarina Saibro.
 
 
Ian Braga.
 
 
Fernanda Esteves.
 
 
Leonardo Paixão.
 
 
 
            Pela precariedade de recursos financeiros (Insisto nisso.), para bancar uma produção teatral, reverencio o esforço e a criatividade de GUSTAVO FERNANDES, responsável pelos bons figurinos e pelo modesto, porém significativo, cenário da peça, tarefa dividida com IGNEZ QUINTELLA.  Aproveitando peças do seu acervo e garimpando, aqui e ali, roupas e objetos de cena, o resultado alcançado pela dupla é bastante interessante.
 
 
 
Detalhes do cenário.
 
 
 
EDNEY PAIVA executa um bom trabalho na iluminação, considerando, também, o pouco material de que dispunha e as limitadas condições de trabalho, no local em que a peça foi encenada.
 
 
 
Não precisa de legenda, além de “MELODRAMA”.
 
 
 
Na ficha técnica, que me foi encaminhada pela produção do espetáculo, não consta o nome do responsável pela excelente trilha sonora, a quem dirijo elogios.
 
            No final, o saldo foi muito positivo.  Repito que não me arrependi de ter subido até Santa Teresa, sob chuva fina, o que torna bastante perigoso o acesso ao Parque das Ruínas.  Pelo contrário, saí de lá muito feliz, por ter conhecido gente que emprega todo o seu potencial criativo e toda a sua força de trabalho num bom projeto de TEATRO.
 
            Foi muito divertido!
 
Recomendo o espetáculo, caso venham a reencená-lo!
             
 
 
Catarina Saibro e Fernanda Esteves.
 
 
 
 
 
FICHA TÉCNICA:
 
Direção: Luís Felipe Perinei
 
Elenco (por ordem alfabética): Catarina Saibro, Fernanda Esteves, Ian Braga e Leonardo Paixão
 
Figurinos e Cenário: Gustavo Fernandes e Ignez Quintella
 
Iluminação: Edney Paiva
 
Produção: A Garagem Estúdio Audiovisual LTDA.
 
 
 
 
 
 
(FOTOS: PRODUÇÃO e DIVULGAÇÃO DO ESPETÁCULO.)

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