terça-feira, 31 de julho de 2018


VOLTA
SECA

(UMA HISTÓRIA INTERESSANTE
E
MUITO BEM CONTADA.)


(ATENÇÃO: A TEMPORADA FOI PRORROGADA 
ATÉ 06 DE AGOSTO/2018!!!)

            Não sei explicar por que, mas sempre fui meio fascinado pela história de Lampião e seu bando. Sempre quis saber até onde iria a imagem, criada pela mídia (?), do bandido sanguinário e vingativo, sem escrúpulos, e se havia algo de benemérito, de ilustre, que fosse digno de elogios e admiração, em algumas de suas atitudes, relatadas por aí. Confesso, porém, que, infelizmente, li pouco sobre eles, apesar de ter assistido, praticamente, a tudo o que se filmou sobre o bando e a peças de TEATRO com a mesma temática. Sabia da existência de um membro do grupo de cangaceiros, vulgo VOLTA SECA, de nome ANTÔNIO DOS SANTOS, de batismo, mas nada conhecia sobre ele, a não ser que era autor de alguns sucessos da música nordestina. “Acorda, Maria Bonita” é um deles (“Acorda, Maria Bonita / Acorda e vai fazer o café / O dia já vem raiando / E a Polícia já tá de pé”).

            Eis que, com o convite de dois queridos amigos, CHRISTOVAM CHEVALIER (assessor de imprensa) e ALAN PELLEGRINO, idealizador do projeto, autor do texto e intérprete de um monólogo, em cartaz no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto (VER SERVIÇO.), fui conhecer a participação de ANTÔNIO DOS SANTOS/VOLTA SECA, na vida de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, e seus seguidores, convívio que durou apenas quatro anos. O solo se chama “VOLTA SECA”.




           



SINOPSE:

O monólogo conta a história do mais jovem cangaceiro do bando de Lampião. VOLTA SECA, cujo nome verdadeiro era ANTÔNIO DOS SANTOS, carrega uma história muito interessante.

Preso aos 14 anos, ficou encarcerado, durante 20, e a história desse “cabra” está sendo encenada, pela primeira vez, no Rio de Janeiro.

A ação se passa numa cela, ocupada pelo protagonista, no dia de sua libertação.

VOLTA SECA fugiu de casa, aos 11 anos, quando, no intuito de proteger suas irmãs, da violência que sofriam da madrasta, acabou por ferir-lhe, violentamente, o rosto.

O menino vagueou, sem rumo, até ser descoberto por dois componentes do bando de Lampião, os quais seguiam o rastro do seu cavalo. Eles o raptaram e o levaram para o bando. Encontraram um ajudante perfeito. Justamente por não levantar suspeitas, a criança seria usada como “olheira”, verificando se “a barra estava limpa”, antes de o bando assaltar vilarejos e fazendas.

Incorporado ao grupo, ANTONIO DOS SANTOS passou a ser chamado de VOLTA SECA. “Aqui é todo mundo vulgo.”, diz-lhe o próprio Lampião, ao rebatizá-lo.

A regra do cangaço era clara: ou se matava ou morria. Era prudente ficar com a primeira opção.

VOLTA SECA permaneceu no bando até os 14 anos, quando abandonou o grupo, após, corajosamente, ter tido uma séria desavença com Lampião. O rapaz teve a vida salva por Maria Bonita, mulher do chefe do bando.

A sorte lhe sorria, mas o destino lhe pregaria uma peça: preso pela polícia do Estado Novo, foi mandado para Salvador, onde ficou preso por 20 anos, o único do bando a ser condenado. Na verdade, sua pena era muito superior ao tempo em que esteve preso, mas foi solto, graças a um indulto do, então, presidente Getúlio Vargas, de cuja intimidade veio a privar futuramente.

O fato de ter abandonado o grupo e ter sido preso o poupou de morrer numa emboscada, que liquidou o bando de Lampião, anos depois, na chamada chacina de Angicos. 

As visitas recebidas na prisão – fossem da imprensa ou de pessoas famosas – possibilitaram que sua história e seu cancioneiro ficassem conhecidos e preservados, história essa que a magia do TEATRO leva à cena.








            Além de “Acorda, Maria Bonita”, já mencionada, VOLTA SECA também é autor de um dos clássicos da música nordestina: “Mulher Rendeira” (Olê, muié redera / Olê, muié rendá / Tu me ensina a fazê renda / Que eu te ensino a namorá”). As cantigas criadas por VOLTA SECA ficariam mais conhecidas, registradas no disco “Cantigas de Lampião”, depois que ele foi libertado, em 1952, e foram gravadas por grandes artistas brasileiros.

          O personagem é muito interessante e, durante as duas décadas na prisão, recebia visitas frequentes, de pessoas ilustres, como a Irmã Dulce, que lhe deu a imagem de uma santa, de presente, e gostava de ouvi-lo cantando, e o célebre escritor baiano Jorge Amado, dentre tantos nomes, como conhecidos da imprensa, todos desejosos de conhecer e decifrar a figura, que se autointitulava “sanguinária”.




Essa personalidade complexa, por vezes, doce, capaz de produzir belas cantigas e que precisou usar da agressividade, para se fazer respeitar, intrigou e instigou o ator ALAN PELLEGRINO, baiano, nordestino, portanto, como o personagem, a uma profunda pesquisa, que acabou num texto muito bem elaborado, no qual, durante apenas 60 minutos, a história do protagonista é dissecada, em detalhes, de forma clara e bem ilustrada, contando com o talento do ator, que vive o personagem e, em determinados momentos, também se presta a encarnar outros, como Lampião, o também cangaceiro Corisco e um médico criminalista, que investiga as características de VOLTA SECA, na cadeia, dentre outros.

Em dois momentos da trama, ALAN, pondo à parte o personagem, relembra a própria infância, vivida em Salvador (BA), chamando a atenção dos espectadores para a violência que, infelizmente, grassa no país.

Esta é a primeira experiência de ALAN como dramaturgo, e o bom resultado de seu texto o credencia a continuar no ofício, sem, no entanto – espero – abandonar os palcos como ator. O espetáculo é muito agradável de ser visto, por um conjunto de fatores, tais como o texto, já comentado, o trabalho do ator, que sabe explorar a voz, o corpo e se permite fazer pausas que enriquecem a interpretação, e os demais elementos necessários para se fazer algo, que só faz em equipe, chamado TEATRO.

O acanhado espaço em que se dá a encenação é bastante aconchegante e ajuda na assimilação do que autor, diretor e ator pretendem passar, por causa da proximidade entre ator e público, o que é reforçado por uma bela cenografia instalação, a cargo de JOELSON GUSSON, o qual distribuiu, pelas paredes, objetos, ícones do universo nordestino e do cangaço. Par isso, ele contou com a luxuosa colaboração da grande atriz e artista plástica ANALU PRESTES, que pintou, no piso da sala, máscaras rendadas, cujo conjunto é de raro bom gosto e beleza. Além dela, contribuíram, para o citado cenário instalação, com suas obras, o escultor PEDRO GRAPIPÚNA, com uma belíssima escultura de lampião, feita com sucatas e que bem poderia estar decorando algum canto da minha sala (momento descontração), e MÁRIO COUTINHO, com outro belo trabalho, a escultura “Flor de Mandacaru”.















Além da correta iluminação, de BERNARDO LORGA, a montagem conta, ainda, com projeções de imagens de cangaceiros e da família de VOLTA SECA, assim como pequenos trechos de filmes originais, imagens captadas por BENJAMIN ABRAÃO, apresentando a intimidade de Lampião e seu bando. São muito bem explorados os recursos audiovisuais, pela direção.






            Há de ser mencionado, também, o bom trabalho de preparação vocal, creditado ao grande ator e fonoaudiólogo JORGE MAYA.



 




FICHA TÉCNICA:

Idealização, Dramaturgia e Atuação: Alan Pellegrino

Direção e Figurino: Joelson Gusson
Cenário Instalação: Joelson Gusson - Artista Convidada: Analu Prestes; Escultura Lampião: Pedro Grapiúna; Escultura Flor de Mandacaru: Mário Coutinho
Assistência de Direção: Luísa Friese
Iluminação: Bernardo Lorga
Preparação Vocal: Jorge Maya
Direção de Produção: Luísa Friese
Assessoria de Imprensa: Christovam Chevalier
Fotografia Peças Gráficas: Carol Nunes
Fotografia de Cena e Divulgação: Luísa Friese e Alberto Maurício
Realização: Alan Pellegrino e Dragão Voador Teatro Contemporâneo





 








SERVIÇO:

Temporada: De 09 de julho a 06 de agosto de 2018.
Local: Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto (Galeria Marcantônio Villaça).
Endereço: Rua Visconde Silva s/nº, Humaitá – Rio de Janeiro.
Dias e Horários: De sábado a 2ª feira, às 20h30min.
Valor dos Ingressos: R$30,00 (inteira) e R$15,00 (meia entrada).
Capacidade: 30 pessoas.
Duração: 60 minutos.
Classificação Etária: 12 anos.
Gênero: Monólogo Dramático.







            Quando se vai ao TEATRO com uma boa expectativa e, ao final do espetáculo, percebe-se que ele atingiu um patamar de aprovação superior ao esperado, gerando uma grande alegria, não se pode lamentar qualquer sacrifício pessoal, para se assistir a ele. O produto final nos recompensa. Assim eu me senti, vendo “VOLTA SECA”. Assim, você, que aceitar a minha sugestão de assistir à peça, também se sentirá. Tenho certeza disso.


E VAMOS AO TEATRO!!!
VAMOS OCUPAR TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO 
DO BRASIL!!!
COMPARTILHEM ESTA CRÍTICA, PARA QUE, JUNTOS, POSSAMOS DIVULGAR O BOM TEATRO BRASILEIRO!!!


(FOTOS: LUÍSA FRIESE
e
ALBERTO MAURÍCIO)


 GALERIA PARTICULAR
(FOTO: ALAN PELLEGRINO.)





































quinta-feira, 26 de julho de 2018


O LAGO
DOS CISNES


(O BALÉ QUE VIROU
TEATRO INFANTOJUVENIL,
MAS QUE É PARA TODAS AS IDADES.)






            Embora seja um amante e incentivador inveterado do teatro infantojuvenil, em função de uma agenda que me leva ao chamado “teatro de adultos” de 2ª feira a domingo, com rara “folga”, num dia do meio da semana, não me sobra muito tempo para assistir a espetáculos destinados aos públicos infantil e “teen”. Por outro lado, como jurado de um Prêmio (Botequim Cultural), que contempla várias categorias no nicho Teatro Infantojuvenil, sou levado a assistir o que está em cartaz, nesse segmento, frustrando-me, na maioria das vezes. Na verdade, raramente, surge uma produção que mereça ser aplaudida e que eu dedique parte do meu tempo a escrever sobre ela, como ocorre, agora, com relação ao espetáculo “O LAGO DOS CISNES”, em curta temporada no Centro Cultural João Nogueira, mais conhecido como Imperator, um maravilhoso espaço na zona norte do Rio de Janeiro (Méier) (VER SERVIÇO.).







SINOPSE:

"O LAGO DOS CISNES" conta a história de ODETTE (JULIANA MARTINS), uma princesa, transformada em cisne, por Rothbart, um feiticeiro perverso, que desejava com ela se casar e possuir o seu reino.

Condenada a permanecer como cisne, ODETTE só pode ter seu feitiço quebrado, quando encontrar alguém que lhe jure amor eterno, que viria a ser o príncipe Siegfried.

A música do balé foi composta, originalmente, por PIOTR ILITCH TCHAIKOVSKY, em 1876, em Paris, por encomenda do Teatro Bolshoi, de Moscou.

“O LAGO DOS CISNES” é o balé mais montado mundialmente.








            O espetáculo, habilmente dirigido por ALEXANDRE LINO, tem texto de DANIEL PORTO e traz, no elenco, apenas um nome, o de JULIANA MARTINS. A peça é não é inovadora, ao reunir, no palco, destinado a um público de pequenos, diferentes linguagens, TEATRO, dança e música, mas ganha esse “status”, quando a música, em questão, foi composta para um balé, e faz parte de um projeto de apresentar música clássica, no TEATRO, para crianças.

“O LAGO DOS CISNES” é o primeiro de outros que já estão no forno. O diretor está preparando novas surpresas, envolvendo outros balés consagrados mundialmente, utilizando a música dos grandes compositores clássicos. Em outras palavras, apoderando-me de parte do “release”, enviado por FÁBIO AMARAL (MINAS DE IDEIAS – ASSESSORIA DE IMPRENSA), “A partir do balé original de TCHAIKOVSKY (1840-1893), a peça faz parte do projeto ‘Música Clássica no Teatro para Crianças’, que levará, ao público infantil, grandes obras do universo erudito, em formato de peças curtas, em solos, infantis. Além de estimular reflexões sobre o amor e as relações humanas, esse é um projeto que nasce com a perspectiva de continuidade e irá transitar pelos balés de TCHAIKOVSKY e na musicalidade de outros gênios, como Chopin, Beethoven e Vivaldi”.






            “O LAGO DOS CISNES”, originalmente, é um balé em quatro atos, aqui compactado num solo que dura cerca de 50 minutos, o suficiente para deleitar e encantar os olhos e os ouvidos de crianças e adultos. Ainda extraído do já citado “release”, “...o espetáculo é um amálgama, para provocar experiências, além do TEATRO, que irão ao encontro do diálogo das artes, para contar a história da princesa ODETTE e sua maldição. O propósito é estabelecer uma reaproximação com uma cultura quase esquecida, e pouco difundida, no Brasil. trazer, para as novas gerações, o acesso à música clássica e com uma leitura atraente para toda a família. As nuances da música erudita, vividas com a potência teatral, trazendo o lúdico e a beleza, em contornos abstratos, sutis e delicados”.

            Confesso que fui ao Imperator muito mais curioso que cético, mas fui. A curiosidade era muito grande, por achar muito "ousada" a proposta. Por outro lado, um trabalho que reúne uma dupla tão afinada, o que já foi comprovado inúmeras vezes, como DANIEL PORTO e ALEXANDRE LINO, os quais tocam no mesmo diapasão, já é uma garantia de que algo de bom gosto será exibido ao público.




            Gostei bastante do espetáculo, por reunir tantas qualidades e pela bela intenção que está por trás dele.

            O texto se alterna, entre narrações, feitas por ALEXANDRE LINO, e falas, ao vivo, ditas pela atriz responsável pelo solo, JULIANA MARTINS, e vai ajudando a contar a história, a qual se torna muito simples de ser entendida. E nem poderia ser de outra forma, considerando-se o público-alvo.

            LINO foi muito inteligente e feliz, ao criar uma direção bastante simples, descomplicada, que facilitasse a compreensão da trama, e isso é, certamente, um grande ganho, para o espetáculo. Ele é um artista familiarizado com a música erudita, já tendo se envolvido num espetáculo teatral e num documentário cinematográfico em que ela é pano de fundo.

            A escolha de JULIANA MARTINS, para o papel de ODETTE me pareceu perfeita. Causou-me grande surpresa saber que seus conhecimentos de balé clássico ficaram na infância, quando, em outros tempos, as mães se empenhavam em colocar suas filhinhas em cursos de balé. Era quase que uma obrigação. Atraída pelas artes cênicas, JULIANA não deu prosseguimento aos estudos de balé, entretanto se comporta, em cena, como uma profissional da dança clássica, exibindo um belo trabalho corporal, harmonioso, digno de respeito, admiração e elogios. “Enganou-me” muito bem (momento descontração), com sua leveza, expressão corporal e domínio da técnica exibida. Esse é seu primeiro trabalho solo, apesar de tantos anos dedicados ao TEATRO. JULIANA estreou muito bem no desafio, para o qual ela tanto se empenhou, a ponto de ter quebrado um dedo, na tentativa de praticar um dos mais difíceis passos (não sei se é o termo correto), no balé, que é fazer ponta. E ela o conseguiu.





            O espetáculo, em função das dificuldades financeiras para se fazer TEATRO, nos dias de hoje, tem um custo baixo, é uma montagem modesta, em termos de produção, contudo, a falta de dinheiro é compensada pela criatividade dos artistas e técnicos envolvidos no projeto, como é o caso, por exemplo, de KARLLA DE LUCA, que assina a direção de arte. O cenário se resume a uma espécie de ringue, cercado por plástico bolha, salvo engano (é o que parece ser, de longe), representando um “confinamento”, o destino da pobre ODETTE, até ela se livrar dele; um balanço e montes de sacos plásticos, pretos, espalhados pelo palco.

            A bela plasticidade do espetáculo se completa com a boa iluminação, de PAULO DENIZOT, e o delicado figurino, assinado por KARLA DE LUCCA, responsável pelo visagismo.

            Um bom trabalho também está registrado na direção de movimento e consultoria sobre o Cisne, atribuído a Giselda Fernandes

               ALEX FONSECA é o responsável pela boa trilha sonora original.



 
             




FICHA TÉCNICA:

Texto: Daniel Porto
Direção: Alexandre Lino

Elenco: Juliana Martins

Direção de Arte (Cenografia, Figurino e Visagismo): Karlla De Luca
Trilha Sonora Original: Alex Fonseca
Iluminação: Paulo Denizot
Direção de Movimento e Consultoria Sobre o Cisne: Giselda Fernandes
Direção de Produção: Cineteatro e Bubu Produções
Designer Gráfico: Guilherme Lopes Moura
Assessoria de Imprensa: Minas de Ideias
Produção e Realização: Cineteatro  e Bubu Produções
Idealização: Alexandre Lino











SERVIÇO:

Temporada: De 21 de julho a 05 de agosto de 2018.
Local: Centro Cultural João Nogueira – IMPERATOR.
Endereço: Rua Dias da Cruz, 170 – Méier – Rio de Janeiro.
Telefone: (21) 2597-3897.
Dias e Horários: Sábados e domingos, às 16h.
Valor dos Ingressos: R$30,00 (inteira) e R$15,00 (meia entrada).
Duração: 50 minutos.
Classificação: Livre (indicado para crianças a partir de 2 anos).
Gênero: Infantojuvenil.
Capacidade: 607 lugares.
Horário de Funcionamento da Bilheteria do Teatro: 3ªs e 4ªs feiras, das 13h às 20h; 5ªs e 6ªs feiras, das 13h às 21h30min; sábados e domingos, a partir das 10h.
Vendas na Bilheteria ou www.ingressorapido.com.br  




 



            “O LAGO DOS CISNES” é um espetáculo infantojuvenil, que, na verdade, é para toda a família, que deve ser visto por quem ama o TEATRO e tem a sensibilidade desenvolvida para admirar o belo.


E VAMOS AO TEATRO!!!

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!

COMPARTILHE ESTA CRÍTICA, PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR O BOM TEATRO BRASILEIRO!!!


 



(FOTOS: JANDERSON PIRES.)

































terça-feira, 24 de julho de 2018


FAVELA 2 –
A GENTE
NÃO DESISTE
(TEATRO É RESISTÊNCIA.
FAVELA É RESISTÊNCIA.
FAVELA, NO TEATRO,
É RESISTÊNCIA MAIOR.
ou
NADA DE “COMUNIDADE”!
FORA, “POLITICAMENTE CORRETO”!
FAVELA É FAVELA!!!)






            Montar um espetáculo teatral, no Brasil, é, na grande maioria das vezes, uma imensa ousadia, algo hercúleo. E isso vem se agigantando, cada vez mais, nos últimos tempos. Levar público aos teatros está muito difícil, ultimamente; lotar as casas de espetáculo, então, mais ainda. Ficar em cartaz durante muito tempo, com um espetáculo, fazendo sucesso, tornou-se uma raridade neste país. Basta ver as temporadas muito curtas das peças em cartaz. Vez por outra, porém, surge algum “fenômeno” teatral que contradiz tudo isso.

            Com muita dificuldade, porém com excesso de amor ao TEATRO e respeito ao público, há cinco anos um grupo de amigos se juntou para erguer uma peça que marcou época, grande sucesso de público e de crítica. Estou falando de “Favela”, hoje conhecida como “Favela 1”, uma vez que o mesmo grupo de amigos e outros novos se juntaram para montar “FAVELA 2 – A GENTE NÃO DESISTE”, motivo desta crítica.







            “Favela (1)” era uma comédia musical que estreou, em dezembro de 2012, no FITA (Festa Internacional de Teatro de Angra), quando ganhou o Prêmio Especial (Troféu Ítalo Rossi), para o elenco, e indicação a Melhor Texto, lotando um espaço com 1500 lugares. A estreia oficial, no Rio de Janeiro, aconteceu em abril de 2013, no Teatro Fashion Mall, o que provocou, na época, muitos comentários, pelo fato de um espetáculo com a temática “favela” estrear no Shopping Fashion Mall, um dos mais sofisticados da ex-Cidade Maravilhosa, em pleno bairro de São Conrado, um dos preferidos da chamada classe “A”. Em seguida, vieram temporadas no Teatro do Leblon, na Sala Baden Powell, no Teatro João Caetano (por duas vezes), no SESC Tijuca, SESC São Gonçalo, SESC São João de Meriti e no Teatro Carlos Gomes. Fora do da cidade do Rio de Janeiro, a peça foi, também, apresentada em Campos (RJ) e na cidade de Itu (SP). A última temporada de “Favela 1” foi em setembro de 2017, novamente no Teatro João Caetano, fechando um longo e vitorioso ciclo. Durante cinco anos, a “Favela (1)” foi vista por mais de 80.000 espectadores. Algumas pessoas, como eu, assistiram a ela mais de uma vez. Creio que esse pequeno texto, que trata da trajetória de um espetáculo teatral no Brasil, é mais que suficiente, para justificar o desejo de o grupo voltar ao cartaz com outra peça, “FAVELA 2 – A GENTE NÃO DESITE”, que é uma espécie de “continuação” do espetáculo anterior.





           



Segundo o “release” da montagem (adaptado), enviado por RÔMULO RODRIGUES (PRAMA COMUNICAÇÃO) “O espetáculo mostra, de forma bem humorada, o dia a dia numa favela, sem falar apenas de bandidos, do lado violento de uma ‘comunidade’. Mostra pessoas comuns, relações familiares, relações de amor; mostra o cotidiano de seus moradores. O texto apresenta uma abordagem bem diferente de tudo o que já foi apresentado sobre o assunto. Mostra que a violência é inegável, dentro de uma comunidade, mas também que histórias comuns podem acontecer ali, como em qualquer outro lugar; histórias engraçadas e comoventes, que levam o público, em questão de minutos, a rir muito, se emocionar e a questionar a vida. O grande mote do espetáculo é “A VIDA É FEITA DE ESCOLHAS”. O que você quer da vida? Quais escolhas você fez ? Aonde elas te levaram? Quais escolhas você fará?

Em tempos de pacificação de comunidades, quando favela é o tema de muitas manchetes, e, na maioria das vezes, esse tema é a violência, nada mais oportuno de se levar aos palcos, para todos os tipos de público, que uma visão, sem preconceito e mais abrangente, dos moradores de uma favela.

O espetáculo tem como diferencial ser uma peça que fala de um tema bem atual, mas com um enfoque diferente, uma ênfase nos seus
moradores comuns, gente que trabalha, que tem problemas familiares e amorosos, como todo mundo, e não apenas convivem com a violência, como é comumente retratado no cinema, na TV e no Teatro”
.







Para escrever o texto, das duas peças, principalmente da primeira, RÔMULO RODRIGUES envolveu-se, durante dois anos, numa profunda pesquisa de campo, mergulhado em livros, filmes, documentários, notícias veiculadas na imprensa e, principalmente, convivendo com moradores de favelas cariocas, tendo como companheiro de trabalho MÁRCIO VIEIRA, idealizador do projeto e diretor das duas versões. Essa experiência levou a dupla a desmistificar toda uma opinião pré-concebida, que tinham, sobre a favela e seus moradores, e é essa desmistificação que o espetáculo leva à cena, contagiando todos os espectadores.

Embora a montagem conte com músicas inéditas, feitas, especialmente, para ela, e seja classificada como uma “comédia musical”, vejo-a mais, em termos estruturais, como uma deliciosa comédia, com inserções musicais, já que as canções são em menor número do que se vê, comumente, nos musicais, e as letras não, obrigatoriamente, ajudam a contar a trama. São mais para apoio e ilustração do espetáculo, o que não constitui o menor problema na sua classificação tipológica.






            A peça, como já tive a oportunidade de dizer,  é a continuação das histórias do espetáculo “Favela (1)”, contando com os mesmos personagens e, salvo engano, um ou outro novo, só que vem para mostrar histórias inéditas desses personagens. Passados alguns anos, todos tomaram os seus rumos e assumem os riscos de suas escolhas. Os mesmos personagens, com novas histórias. “O humor continua presente, durante toda a peça, mas tudo se encaminhando para um pedido de atenção e cuidado com os moradores das favelas. Em cena, personagens cômicos e dramáticos, que falam de temas muito atuais, como empoderamento feminino, corrupção, violência nas favelas, o mau uso da internet, entre outros assuntos. As últimas falas do espetáculo resumem, um pouco, o alerta que ele pretende fazer: “ É morador! É morador! É preto! É pobre! É favelado! Não é bandido! É morador! É morador! É preto! É pobre! É favelado! É gente do bem! É gente do bem!”











SINOPSE:

            A ameaça de destruição da favela e a eleição para o novo presidente da associação de moradores servem de pano de fundo para as novas histórias das personagens que encantaram a todos na primeira fase do espetáculo, que comemorou cinco anos, em 2017.

            Nessa continuação, DONA JUREMA (DJA MARTINS) está comemorando 100 anos e terá um belo baile de debutante; JUVENAL (DÉRIO CHAGAS) virou pagodeiro famoso e enfrenta uma crise no casamento, porque um “nudes” dele vazaram na internet; MEIRE (PAULA PARDON) está grávida de OSMAR (LEANDRO SANTANNA) ​e inferniza a vida do marido com desejos malucos; VALDIRA (DILENE PRADO) casou-se com um gringo milionário e está de volta ao Brasil, de férias, na favela; JEOMAR (TITO SANT’ANNA) realiza seu grande sonho de trabalhar como engenheiro, mas vive o conflito de participar ou não da derrubada da favela, e a sua esposa ELISA (CINTHIA ANDRADE) virou pastora da Igreja e se une a seu EUZÉBIO (THIAGO JUSTINO), que é da umbanda, para lutar pela favela.

            Essas são apenas algumas das novidades do “FAVELA 2 - A GENTE NÃO DESISTE”.








Trata-se de um espetáculo de cunho popular, no melhor sentido do termo, voltado para uma plateia eclética, que vai do favelado às pessoas de maior posse, dos de pouca instrução aos que têm seus diplomas, dos que gostam de rir, de se divertir, aos que procuram um TEATRO que faça pensar.

Ao analisar a ficha técnica da peça, não podemos deixar de dar destaque a vários nomes, como o de RÔMULO RODRIGUES, responsável por um texto que flui, sem nenhuma sofisticação e com bastante verdade; o de MÁRCIO VIEIRA, na direção, que fez um trabalho simples, ainda que difícil, já que o elenco é numeroso, um trabalho sem firulas e sabendo explorar a riqueza dos personagens; o de MILTON FILHO, na assistência de direção; o de DERÔ MARTIN, que construiu um excelente cenário, salvo engano, uma repetição do primeiro, com um ou outro elemento a mais ou a menos; o de RICARDO ROCHA, preciso nos figurinos; o de DJALMA AMARAL, na competente iluminação; o de SUELI GUERRA, na coreografia, um grande desafio, quando se trata de um elenco que não me pareceu ter muita intimidade com a dança, à exceção de poucos; o de PEDRO LIMA, na preparação vocal; o de MÁRCIO EDUARDO MELO, na direção musical; e o de VINNY RODRIGUES e JENIFER DEMÉTRIO, no ótimo visagismo.






Chegou a hora de falar do trabalho do elenco, formado por alguns atores de grande experiência e longo currículo, atuando ao lado de nomes desconhecidos, mas de bom rendimento no palco, somando-se, uns aos outros, para que o resultado se tornasse positivo. Vejo destaque em alguns e correção em outros. Merecem destaque, a meu juízo, VILMA MELO (DONA VILMA), sempre roubando as cenas de que participa; JUVENAL (DÉRIO CHAGAS), compondo, na medida, o personagem do pagodeiro “que se deu bem”; HUGO MOURA (MURILO), cadeirante, que ficou impedido de andar, por conta da violência (levou um tiro na coluna vertebral); CINTHIA ANDRADE (ELISA), a jovem pastora evangélica, que se alia a um líder umbandista, para “salvar” a favela, uma ótima sacada do texto; DJA MARTINS (DONA JUREMA), a fofoqueira centenária, que vive na janela e é a “rede social” da favela; e PAULA PARDON (MEIRE), dona de um tempo para o humor que merece ser aplaudido, assim como LEANDRO SANTANNA (OSMAR), seu marido.   






FICHA TÉCNICA:

Texto: Rômulo Rodrigues
Direção e Idealização: Márcio Vieira

PERSONAGEM / ELENCO:
Seu Euzébio – Thiago Justino
Dona Vilma – Vilma Melo / Sarito Rodrigues
Juvenal – Dério Chagas
Suelen – Renata Tavares
Murilo – Hugo Moura
Jeomar – Tito Sant’anna
Elisa – Cinthia Andrade
Dona Jurema – Dja Martins
Osmar – Leandro Santanna
Meire – Paula Pardon
Valdira – Dilene Prado
Menina Marilyn “Mou” – Ana Paula Quevedo
Pastor Pereira – Natálio Maria
Dona Antônia – Helena Giffonni
Fiel Kadu – Jéferson Melo e Daniel Almeida
Ex-policial Celsão – Henrique Sathler
Bandido “Sinistro” – Walace Fortunato
Bandido “D’onde” – Júlio Nunes
Moça Jane – Gisele Castro
Moça Sara – Cláudia Leopoldo
B Boy – Vinícius Rodrigues
Stand-in - Murilo - Hugo Carvalho
Stand- in - Seu Euzébio – Jorge Jeronymo
Stand-in - B Boy – Peterson Christopher
Stand-in - Dona Jurema – Maria Zenayde

Músicos: Caio Martins, Leandro Lopes, Jorge China e Patrick Angello

Direção Musical: Márcio Eduardo Melo
Músicas inéditas: Xande de Pilares, Thiago Tomé e Efferson Souza (Jeff Ss)
Assistente de Direção: Milton Filho
Coreografia: Sueli Guerra
Iluminação: Djalma Amaral
Cenário: Derô Martin
Figurinos: Ricardo Rocha
Preparação Vocal: Pedro Lima
Visagismo: Vinny Rodrigues e Jenifer Demétrio
Fotografia: Fernanda Sabença e Marden Nascimento
Programação Visual: Leandro Antônio
Assessoria de Imprensa: Vítor Minateli
Direção de Produção: Rômulo Rodrigues e Márcio Vieira
Produção: Milton Filho E Gilbert Magalhães
Realização: Prama Comunicação e Sobradinho Cultural












SERVIÇO:

Temporada: De 15 de junho a 19 de agosto de 2018. 
Local: Teatro João Caetano.
Endereço: Praça Tiradentes, s/nº - Centro – Rio de Janeiro.
Dias e Horários: 6ª feira e sábado, às 19h30min; domingo, às 18h.
Valor do Ingresso: R$40,00 (inteira) e R$20,00 (meia entrada).
Capacidade: 1222 pessoas.
Classificação Etária: 14 anos.
Gênero: Comédia Musical.







                “FAVELA 2 – A GENTE NÃO DESISTE” tem tudo para seguir os mesmos caminhos de “FAVELA (1)”, a julgar pelo fato de estar levando, ao Teatro João Caetano, centenas de espectadores, em cada sessão e de já estar com a agenda lotada, em outras temporadas, até o final do ano.
            Não percam a oportunidade de verificar, “in loco”, as minhas palavras.
            Recomendo, com muita alegria, o espetáculo.









E VAMOS AO TEATRO!!!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!
COMPARTILHEM ESTA CRÍTICA, PARA QUE, JUNTOS, POSSAMOS DIVULGAR O BOM TEATRO BRASILEIRO!!!











(FOTOS: FERNANDA SABENÇA
e
MARDEN NASCIMENTO.)