segunda-feira, 30 de setembro de 2019


MACUNAÍMA –
UMA RAPSÓDIA
MUSICAL


(O “HERÓI SEM NENHUM CARÁTER”,
O “HERÓI DE NOSSA GENTE”,
EM VERSÃO “OVER”,
PORÉM BEM INTERESSANTE.)








RAPSÓDIA: “Composição livre, que obedece a características especiais ou clássicas; é uma justaposição, de escassa unidade formal de melodias populares e de temas conhecidos (...). Também pode ser associada a uma peça próxima ao improviso, com fulcro em temas de inspiração folclórica, como podemos ver na literatura, em MACUNAÍMA, de MÁRIO DE ANDRADE. As rapsódias caracterizam-se por terem apenas um movimento, mas podendo integrar fortes variações de tema, intensidade, tonalidade, sem necessidade de seguir uma estrutura pré-definida. A sua forma consegue ser mais livre que as variações, uma vez que não há necessidade de repetir os temas; podem-se criar novos ao sabor da inspiração. (...).”. (Wikipédia, com supressões.).



A definição supra explica o título da peça a ser aqui analisada, chamando-se a atenção para os detalhes em negrito, pois eles têm uma ligação direta com o trabalho de encenação de BIA LESSA, nesta montagem, processo que teve uma “gestação” de sete meses.




            Todo brasileiro, por obrigação e para justificar a sua nacionalidade, deveria saber tocar violão, ir ao TEATRO, no mínimo, uma vez por semana, e ter lido “MACUNAÍMA”. Eu seria, talvez, partindo de tal raciocínio, 2/3 de um cidadão brasileiro, uma vez que o violão e a minha pessoa não falam a mesma língua; pensei em tentar, mas ficou só na intenção. Na verdade, porém, acho que posso ser considerado um brasileiro inteiro (3/3), por compensar a minha incompatibilidade com o instrumento musical, que tanto aprecio, com a paixão pelo TEATRO, o que me leva a assistir, no mínimo, na pior das hipóteses, a cinco espetáculos por semana.





            Li, duas vezes, o livro “MACUNAIMA”, de Mário de Andrade, publicado em 1928, assisti ao fantástico filme, obra-prima, do saudoso cineasta Joaquim Pedro de Andrade, em 1969, e tenho uma cópia em DVD, além de ter assistido, três ou quatro vezes, à icônica e inesquecível montagem teatral de Antunes Filho, à frente do Grupo Pau-Brasil, no Teatro João Caetano, em 1979 . Acho que não preciso dizer que a peça, na visão de Antunes Filho, era um convite a ser vista todos os dias. E eu o faria, se pudesse, naquela época. Mais nada preciso dizer, para que entendam o quanto eu gosto dessa obra, um marco para a literatura, o cinema e o TEATRO brasileiro.






            O livro é daqueles que nos fazem sentir vontade de não parar de ler, de não interromper a leitura. Por volta dos meus 18 anos, entrava pelas madrugadas, para desespero de minha mãe, lutando contra o sono. A cada página lida, mais vontade de chegar ao final eu tinha. Ele é duplamente difícil: para se entender e para receber uma classificação literária, didaticamente falando. Quando se o lê, entretanto, ninguém quer saber se é um romance de Machado, uma crônica de Martha, um conto de Clarice, um poema de Drummond ou lá o que seja. O importante é estar lendo “MACUNAÍMA”, obra-prima de um dos gênios do Modernismo Brasileiro, MÁRIO DE ANDRADE.







            “MACUNAÍMA” tem a ver com a miscigenação da nossa raça. O protagonista é o nosso maior "anti-herói", ou seja, “o protagonista que não possui as virtudes, tradicionalmente, atribuídas aos heróis”, atributos físicos e morais, “um verdadeiro e ativo símbolo da resistência ao colonialismo” e vai de encontro a tudo o que é considerado “politicamente correto”, conceito que muito me aborrece: “massificação, homogeneização, higienização étnica e cultural, preconceitos e discursos hegemônicos; MACUNAÍMA é um escudo contra o racionalismo frio e desumanizante, o mundo das convenções, das regras fixas, dos horários rígidos e dos valores supostamente eternos e universais, que nos perseguem até hoje”..





Tudo aquilo me fascinava, incluindo a linguagem do “herói sem nenhum caráter”, o qual, sem escolaridade, utiliza-se de um linguajar bem raso, de um matuto do interior, recheado de “expressões, ditados, quadras, frases feitas, contos, lendas e outros textos das várias regiões do país” e também faz uso, abundantemente, de “provérbios e frases feitas”, muitos dos quis eram frequentes nas bocas de minha mãe, avós e tias.





Acendiam-me, mexiam com a minha libido, num momento de descobertas, de efervescência da carne, a sua sexualidade e toda a sensualidade contida na obra. Nela, a sexualidade é uma temática que salta das páginas e desperta o interesse do leitor. Via-o como um quase ninfomaníaco, desde a infância. Sua efetiva iniciação, narrada em detalhes, se dá, quando, no meio da mata, se transforma num "príncipe lindo" - ele, que era feio -, para seduzir SOFARÁ, mulher se JIGUÊ, seu irmão, e manter relações sexuais com ela, o que também fez com as outras cunhadas, IRIQUI e SUZI, mulheres do tal irmão. O “herói sem nenhum caráter”. Ele e o sexo caminham lado a lado, e, quando chega a São Paulo, farta-se com as prostitutas, as “máquinas-mulheres”. O cheiro do sexo, mesmo a distância, sempre chegava às suas narinas; e, dali para a prática, era um pulo; até sexo grupal.





Também me chamava atenção, no livro, o caráter místico-religioso: religião, mito e magia. Mitos e ritos indígenas, lendas folclóricas, tradições católicas e africanas... Vira e mexe, deparamo-nos com seres sobrenaturais, dotados de poderes diversos, algumas vezes, a favor do herói e outras contra ele, este, também, dotado de poderes mágicos. Achava uma delícia animais falando como humanos, o herói morrendo e ressuscitando, mais de uma vez... E as explicações para o que havia de concreto, no mundo, no que MACUNAÍMA acreditava piamente, ou ele mesmo as criava? “A Lua é a cabeça da boiuna Capei. Os automóveis foram onças. As pedras têm poder. As estrelas foram animais ou gentes. Do corpo de seu filho, nasce o guaraná e, das lágrimas do herói, nasce o miosótis”. Ocorrem, frequentemente, transmutações bizarras de seres em outros seres e gerações sobrenaturais. Pode-se dizer que, nessa obra, o realismo mágico e o surrealismo assinam ponto, abrindo um “espaço para o onírico, o subjetivo, o maravilhoso, o que foge à razão, o primitivo.”. (Muitos trechos contidos nos parágrafos acima tiveram como base de pesquisa, além das minhas sensações, ao ler e reler o livro, informações contidas na Wikipédia.)






            No que concerne ao filme, do gênero comédia e fantasia, escrito e dirigido por Joaquim Pedro de Andrade, foi considerado, em novembro de 2015, pela Associação Brasileira de críticos de Cinema (ABRACCINE) um dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos. Pra mim, fica entre os 10. O cineasta foi brilhante na transposição do livro para a tela, com suas próprias contribuições, sem descaracterizar a obra literária, e criando cenas inesquecíveis, como a do nascimento do protagonista; a de uma guerrilheira, escapando de uma kombi, que, ao que se presume, pertencia às forças repressivas do governo autoritário que comandava o país, à época em que o filme foi produzido, os agentes da ditadura militar; e a uma “feijoada”, com carne humana, promovida pelo gigante Venceslau Pietro Pietra, comedor de gente, por exemplo, além de tantas outras. “No filme, ao contrário do livro, o protagonista não tem poderes mágicos. O MACUNAÍMA do filme representa o típico brasileiro, que acaba sendo devorado pelo sistema (à época, apesar do autoritarismo, muitos brasileiros eram tragados pelas ‘maravilhas’ do milagre econômico).”. (Obrigado, Wikipédia, pela base as informações.)





            A icônica e inesquecível versão cênica de “MACUNAÍMA”, na visão de Antunes Filho, um dos maiores gênios do TEATRO que este país conheceu, falecido recentemente, em maio de 2019, estreou, em São Paulo (Teatro São Pedro), em 1978, e pode ser considerada um dos mais importantes acontecimentos no TEATRO BRASILEIRO, do mesmo modo como o foram Vestido de Noiva” (1943)“O Rei da Vela” (1967), marcos do nosso modernismo teatral brasileiro. Além do sucesso no Brasil, o “MACUNAÍMA” de Antunes também o conquistou no exterior, tendo excursionado, de 1979 a 1987, por vinte países. Quase às vésperas de sua estreia, o espetáculo contabilizava, aproximadamente, sete horas de ação, reduzidas, após muitos cortes, a quatro horas e meia, chegando, posteriormente, a três. Para essa montagem, muito colaborou outro gênio, também já falecido, Naum Alves de Souza, diretor de arte, responsável pela impressionante plasticidade do espetáculo, fazendo uso abundante de jornais, que poderiam ser qualquer coisa, na encenação. (Santa Internet!)





            Mas vamos dar início a uma abordagem crítica da encenação de BIA LESSA. Antes, porém, faz-se necessário deixar bem claro que não farei nenhuma comparação entre a montagem em tela e a de Antunes Filho, nem pretendo comparar o espetáculo aqui analisado com outras obras que levam a assinatura de BIA, na direção, como a obra-prima “Grande Sertão: Veredas”, que, graças aos DEUSES DO TEATRO, voltou ao cartaz, no Rio de Janeiro e já revi, na semana passada.





            Antes de ter contato direto com a montagem/leitura de BIA, à qual assisti duas vezes, li várias críticas sobre “MACUNAÍMA – UMA RAPSÓDIA MUSICAL”, feitas por críticos paulistas, o que me aguçou bastante o desejo de conferir o que diziam sobre o espetáculo, já não bastasse, para me atiçar, ser um trabalho dirigido por BIA LESSA e tendo, como base, no elenco, os magistrais atores/músicos/cantores/compositores da Cia. Barca dos Corações Partidos”, de “Auê” e “Suassuna – o Auto do Reino do Sol”. Ouvi, de vários amigos de São Paulo - e com alguns conversei pessoalmente - que o espetáculo era para ser amado ou odiado. Não amei nem odiei. Gostei, simplesmente. É instigante, sim, bastante ousado e provocador; um pouco exagerado nas tintas, porém.





            Quem não conhece BIA LESSA, quem nunca teve a oportunidade de ter contato com seu trabalho, pode (E tem todo o direito de.) se assustar com o que vê. Quem, por ouro lado, já é “íntimo” de sua maneira de fazer TEATRO parte para um novo espetáculo dessa grande encenadora, sabendo que pode encontrar de tudo, já que, para BIA, não há limites, quanto à criatividade. Tudo o que se pode esperar ainda será pouco, e mesmo os que acompanham seu trabalho mais de perto, como é o meu caso, há muitos anos, podem se surpreender e se incomodar com alguma coisa em cena. Isso não tem acontecido comigo, nas suas últimas criações, mas ocorreu em “MACUNAÍMA”.









            Gosto do espetáculo, no todo. Agradam-me muitos aspectos, porém achei um pouco “over” certas cenas, desnecessárias mesmo, e penso que um “enxugamento” nas três horas de duração, poderia tornar o espetáculo mais atraente. Assisti a ele na sessão para convidados e revi-o, para ratificar ou retificar certos conceitos, no último dia 24 de setembro (2019). Na primeira vez, quando a plateia era formada por amigos e gente da classe artística, jornalistas, críticos e jurados de prêmios de TEATRO, na sua grande maioria, não ouvi qualquer comentário sobre a peça, até porque, deixei o Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro, onde a “MACUNAÍMA” está em cartaz (VER SERVIÇO.), muito rapidamente, tão logo terminou a sessão, por motivos pessoais. Na segunda vez, porém, enquanto aguardava meus amigos do elenco, para cumprimentá-los, pude ouvir, de muita gente, que “gostei da peça, mas podiam cortar um pouco; fica muito cansativo”, com o que concordo, ainda que entenda ser isso um tanto difícil, para a encenadora.





            BIA tem como proposta, desta vez, explorar muito mais o aspecto plástico, das cenas, e não valorizar o conteúdo literário. Perfeito! É uma opção e um direito de quem assina a direção de um espetáculo teatral, e tem de merecer respeito. Vejo aí, porém, um problema que se resume a isto: nada a criticar, negativamente, a beleza e a plasticidade do espetáculo; muito pelo contrário, e isso me parece ser unanimidade, contudo quem não conhece a saga do personagem, quem não teve acesso à obra literária, sai do Teatro da mesma forma como entrou, ou seja, sem saber nada, sem entender nada, ou quase nada, do enredo, uma vez que a dramaturgia é bastante fragmentada, não há uma linearidade na história, que, por si, já é complicada. E não estou falando de pessoas de poucas letras; gente “de estudo” ou pessoas que estão acostumadas a ir a Teatro também reclamavam. Não quero que vejam, neste comentário, algo que poderia me fazer não recomendar o espetáculo. Muito pelo contrário, gosto da encenação e não me arrependo de tê-la revisto. Se eu não tivesse gostado da peça, não perderia tempo, escrevendo sobre ela.





Vamos à realidade: agora, estamos diante de uma nova leitura teatral, de “MACUNAÍMA”, dirigida por BIA LESSA, e pronto! Isso, como disse anteriormente, já mobiliza qualquer um que conheça seus trabalhos anteriores, mormente sua leitura de “Grande Sertão: Veredas”, alvo de grande sucesso, de púbico e de crítica, assim como está sendo o espetáculo ora avaliado, ainda que não na mesma proporção. Mas são duas obras e duas propostas completamente diferentes.






BIA LESSA é uma encenadora genial, mas ninguém consegue ser gênio sempre, todo tempo. Lembro-me de que, em 1986, salvo engano, no Paço Imperial, Rio de Janeiro, houve uma exposição, “Gravuras de Picasso”, que mobilizou a cidade de tal forma, que as filas eram extensíssimas. Milhares e milhares de pessoas prestigiaram o evento, inclusive eu e minha família, da qual fazia parte minha filha, com 11 anos, à época. Lá, estavam expostas obras, apenas gravuras, do consagrado mestre da pintura, um dos maiores artistas espanhóis de todos os tempos; um gênio, resumindo. Só que, ao lado de gravuras feitas em suas fases de maior genialidade, de inspiração, de força criativa, também estavam expostas outras, em folhas de caderno, de um menino, da idade da minha filha. Lembro-me bem de uma, na qual era representada uma mulher gorda, muito mal traçada. Era a sua professora de matemática, disciplina da qual o pequeno Pablo não gostava e, em vez de acompanhar as aulas, ficava “retratando” seus professores “chatos”. Havia outras assim, de outros docentes, na sua escola. Minha filha, quando era mais nova que o grande “gênio”, de 11 anos, já fazia desenhos melhores. Mas, como aquelas coisas tinham sido desenhadas por Picasso, além do valor material, recebiam aplausos e incenso de todos. É claro que a Flávia, nem aos 11 anos nem hoje, não teria competência para dirigir melhor um “MACUNAÍMA”. Não é isso, evidentemente o que estou querendo dizer, e sim, o exemplo serve para reforçar a minha afirmação acima, de que ninguém é gênio 24 horas por dia, a vida inteira, do seu nascimento à morte. Todo gênio tem esse direito, o de não o ser de vez em quando ou desde que nasce. O artista ora acerta, ora erra. Ou “equivoca-se”. E o que agrada a um pode não agradar ao outro. Nada mais natural. A frase não é minha, desconheço quem a cunhou, entretanto gosto muito dela e aqui a reproduzo: “A visão do crítico é sempre um ponto de vista. Nunca uma verdade.”. Eu sou, apenas, um crítico teatral. Mais um, embora, à frente, haja um apaixonado espectador de TEATRO.




            Continuo dizendo que não estou interessado em comparações, no entanto, analisando-se as duas montagens teatrais de “MACUNAÍMA”, a de Antunes e a de BIA, poder-se-ia dizer que são a mesma peça? Em princípio, sim. Só que não!!! Não há nada a ver, do ponto de vista estético e de conceituação, entre as duas versões teatrais. Para quem teve a oportunidade de assistir à de Antunes e, agora, viu, ou ainda verá, a de BIA, pode surgir, até mesmo de forma não intencional, uma comparação entre as duas. Já deixei bem claro que não fui mordido por esse bichinho nem vou me deixar morder, durante o longo tempo que estou dispensando à escrita desta crítica. Só estou interessado em escrever sobre “MACUNAÍMA – UMA RAPSÓDIA MUSICAL”. É tão somente sobre esta montagem que decidi escrever, do ponto de vista crítico.








SINOPSE:

“MACUNAÍMA”, de Mário de Andrade, ganha nova montagem da CIA. BARCA DOS CORAÇÕES PARTIDOS.

A encenação, de BIA LESSA, propõe uma reflexão sobre a vida contemporânea, transformando o texto em uma rapsódia musical.

O espetáculo parte da permanente atualidade da obra mais característica do Modernismo Brasileiro: da sua capacidade de ainda provocar espectadores, mais de noventa anos depois de sua criação.

Por trás da comédia aparente, estamos diante de uma personagem trágica, que resume muitos dos impasses do Brasil contemporâneo.

Afinal, MACUNAÍMA é, ao mesmo tempo, um índio e um quilombola, que se vê, por força das circunstâncias, deslocado para a cidade grande, onde tudo é diferente e assustador, e se torna vítima de um grande choque de culturas.

É, também, um sobrevivente: ao voltar para sua querência, descobre que essa foi dizimada. Não há mais lugar para ele no mundo. Talvez não haja mais mundo.

Assim como no livro, a peça retrata a saga de MACUNAÍMA, desde o nascimento, em uma tribo, na Amazônia, e passa por momentos definitivos em sua vida: a relação com a família, a paixão e a ida ao Sudeste, em busca do Muiraquitã, espécie de amuleto que recebeu da amada CI, que ele perdeu e foi parar nas mãos do gigante VENCESLAU PIETRO PIETRA, devorador de gente.

Entre encontros com deuses, mitos e monstros, o personagem passa por aventuras e transformações, até retornar à tribo natal.

Conhecido pelo epíteto de “herói sem nenhum caráter”, MACUNAÍMA não seria um personagem mau-caráter, mas alguém sem caráter definido, com atitudes inesperadas, cuja maioria das ações é movida por um certo prazer mundano.








            A sugestão para uma nova montagem da peça surgiu do grande ator Cacá Carvalho, o qual, ainda bem jovem, representou, brilhantemente, MACUNAÍMA, na montagem de Antunes, quase que por acaso. Dada a ideia, acertou, em cheio, a produtora ANDRÉA ALVES (Leia-se SarauAgência de Cultura Brasileira), idealizadora do projeto, ao fazer o convite a BIA LESSA, para assinar a direção da peça, que teria, como base do elenco, os rapazes da CIA. BARCA DOS CORAÇÕES PARTIDOS, ao qual se juntaram outros músicos e atores aprovados em testes e convidados. BIA topou o convite, que, de certa forma, também poderia ser considerado um grande desafio, o que ela jamais rejeita, do que ela nunca foge, e duas grandes potências artísticas, do TEATRO e da música, uniram suas forças e talentos, para dar forma ao interessante espetáculo.





            Além do elenco da BARCA, formado por ADRÉN ALVES, ALFREDO DEL-PENHO, BETO LEMOS, FÁBIO ENRIQUEZ, EDUARDO RIOS, RENATO LUCIANO e RICCA BARROS, a encenação tem seis artistas escolhidos por testes - ÂNGELO FLÁVIO ZUHALÊ, HUGO GERMANO, LANA RHODES, LÍVIA FELTRE, SOFIA TEIXEIRA e ZAHY GUAJAJARA - e o músico PEDRO AUNE. O processo criativo durou sete meses, como já mencionado, entre concorridas audições, oficinas, encontros, leituras e os ensaios propriamente ditos.




           
“Traço marcante em todos os trabalhos da companhia, a música tem lugar de destaque na montagem, ainda que esteja inserida de maneira bem diferente do habitual. A concepção de BIA LESSA se distancia do musical tradicional e segue um fluxo que a diretora prefere associar à estrutura de uma ópera. Além de canções originais, a BARCA musicou alguns trechos da adaptação. A direção musical, assinada mais uma vez por ALFREDO DEL-PENHO E BETO LEMOS, contou com a música adicional do duo O GRIVO.”. (Extraído do “release” enviado por PEDRO NEVES – FACTORIA COMUNICAÇÃO.).





            A adaptação do texto original, do livro, para a dramaturgia, foi feita por VERONICA STIGGER e inclui trechos ditos em outras línguas e diletos indígenas, o que dificulta a compreensão, para qualquer pessoa, principalmente no caso do falar dos silvícolas. “A proposta era se manter fiel ao original, mas também transpor suas palavras para o conceito da encenação. Ao longo do período de ensaios, a dramaturgia foi sendo modificada pela encenadora e ganhando novas formas, em um grande processo colaborativo.”. A escritura cênica final recebe a chancela de BIA LESSA.





            Passo a tecer comentários sobre cada escaninho da peça, o que me levou a gostar do espetáculo sem, contudo, me deixar apaixonar ou arrebatar por ele.
           
            Com relação à dramaturgia, creio já ter esgotado o assunto. Não sendo ela o mais importante, nesta montagem, não lhe foi dada a devida atenção e o resultado já foi comentado.







            Seria impróprio falar em direção. “Encenação” é o vocábulo que mais se adéqua ao trabalho de BIA LESSA, uma grande artista plástica, uma encenadora, muito mais que uma diretora de atores. Aí está o seu grande diferencial. Cada uma de suas montagens é um acontecimento, transforma-se numa efeméride. E assim é “MACUNAÍMA”. Coerência não lhe falta. Se a proposta era não valorizar tanto o texto literário e provocar emoções e causar grandes impressões aos olhos do espectador, seu objetivo foi totalmente atingido. A cada cena, uma nova e extraordinária surpresa. Aqui, BIA usou, e abusou, muito – e isso não é nada ruim – do plástico, como matéria-prima para suas ideias mirabolantes. Logo na primeira cena, o nascimento do protagonista, a plateia se sente perplexa com o parto, em meio a uma profusão de plástico preto, cobrindo todo o palco. MACUNAÍMA vem à luz três vezes. Nasce e volta para o interior do ventre da mãe, por duas vezes, como se antevisse o que, para ele, estava reservado neste mundo. BIA contou com a colaboração de alguns assistentes de direção, dos quais destaco o trabalho de AMÁLIA LIMA, responsável pela impressionante preparação corporal do elenco.





            Em quase toda a sua totalidade, as cenas são bastante criativas, ricas em plasticidade e sonoridade musical, e eu ousaria uma classificação inusitada para o espetáculo: uma “instalação-onírico-teatral-móvel”. Durante o longo processo de criação, BIA foi explorando o potencial de cada artista e, juntos, foram dando forma a esta “rapsódia musical”. E quem saiu lucrando com isso foi o público.





            Falar do elenco é quase desnecessário, uma vez que adjetivar o talento e o trabalho dos componentes da CIA. BARCA DOS CORAÇÕES PARTIDOS não é tarefa fácil, a não ser que se queira repetir lugares-comuns. É impressionante o potencial artístico desse grupo, quer como atores, musicistas, compositores e dançarinos. A BARCA é das melhores coisas que surgiram, nos últimos anos, no TEATRO MUSICAL BRASILEIRO. Quem analisa a atuação dos sete artistas sente muita dificuldade em destacar algum nome, uma vez que todos, sem exceção, são excelentes. Todos se destacam, por um ou outro aspecto e, dependendo dos personagens que têm a oportunidade de representar, pode-se, às vezes, jogar mais um pouquinho de luz sobre um dos deles. No caso específico de “MACUNAÍMA”, há um grande refletor especialmente reservado para ADRÉN ALVES, que representa o protagonista na última fase de sua vida. Que potência interpretativa! Que interpretação visceral! Quanta energia, física e emocional, se concentra num só corpo de ator!





            Aqui está a relação de todos os multiartistas da BARCA e seus principais personagens: ADRÉN ALVES (Príncipe, Macunaíma III e Cotia), ALFREDO DEL-PENHO (Pastor), BETO LEMOS (Currupira e Ogan da Macumba), EDUARDO RIOS (Maanape I, Mau Agouro, Uirapuru, Fazendeiro, Urubu, Repórter, Teque-Teque, Chofer, Árvore Dzlaúra-Legue, Papagaio, Pregador da Procissão e Vendedor do Micura), FÁBIO ENRIQUEZ (Mau Agouro, Fome, Agiota da Bolsa de Mercadorias, Venceslau Pietro Pietra e Guarda/Policial), RENATO LUCIANO (Jiguê, Carniceiro e Cobra Preta) e RICCA BARROS (Rei Nagô, Militar, Segurança e Macaco dos Bagos).





            À BARCA somaram-se outros talentos, que dão a impressão de que já faziam parte do grupo antes, por tocarem no mesmo diapasão dos “barqueiros”. São eles: ÂNGELO FLÁVIO ZUHALÊ (Macunaíma II, Maanape II e Tia Ciata), HUGO GERMANO (Macunaíma I – criança, Segurança e Micura), LANA RHODES (Veada Mãe, Ci, Capei - a Lua, Empregada, Piolhenta e Lua) LÍVIA FELTRE (Iriqui, Veada Parida, Ceiuci, Portuguesa, Cotia, Amazona, Estudante e Puta), PEDRO AUNE (Músico de Rua e Segurança), SOFIA TEIXEIRA (Sofará, Filha de Vei – a Sol, Puta, Amazona, Empregada e Princesa) e ZAHY GUAJAJARA (Mãe, Exu, Vei – a Sol , Amazona, Uiará, Empregada e Puta).





            Além da cena do nascimento de MACUNAÍMA, são bem interessantes, bonitas ou de grande impacto outras, como a da caça à anta e à veada parida; a da pregação e do “milagre” do pastor evangélico, carregada de humor; a do final do primeiro ato, quando decidem ir para São Paulo e o elenco inteiro, todos sentados, em traje de gala, como uma orquestra sinfônica, toca e canta a canção “Orquestra Atropela”, numa grande fileira, a qual, aos poucos, vai se aproximando do proscênio, à medida que o volume da execução vai aumentando; a cena do “balé dos cubos”, ao som de Danúbio Azul; a de MACUNAÍMA num terreiro de macumba, diante de Exu, à procura de uma punição para o PIAIMÃ, que se apoderara do amuleto da sorte, o Muiraquitã; e a da morte do herói, engolido pelas águas do reino da UIARA.





            Por outro lado, como não tolero escatologia, tenho sérias restrições a algo que julgo totalmente desnecessário, cena das quais lhes pouparei detalhes. Mas a encenadora houve por bem criá-la e, não por purismo, puritanismo ou qualquer outro “ismo”, reprovo-a veemente. Na minha humilde visão, ofende a estética e choca; mas essa, certamente, foi a intenção e o porquê de ela ser inserida na peça.





            Grande artista plástica que é, ousada e inteligente, BIA LESSA chamou a si, com seus dois assistentes, na área da cenografia, o trabalho de criar a do espetáculo, na qual predominam o plástico e material reciclável, aproveitados da maneira mais criativa possível. No primeiro ato, o plástico é preto; no segundo, incolor e transparente. A ideia dos cubos de plástico, na segunda parte da encenação, lembrando as construções da grande metrópole, é, simplesmente genial, da mesma forma como os atores são orientados a fazer uso das peças infláveis. Se BIA LESSA está na berlinda, acho que posso arriscar, também, um pouco de ousadia (Ou seria um “voo” muito alto?), lembrando o genial filósofo canadense Herbert Marshall McLuhan, ao afirmar que “o mundo se transformou numa aldeia global”, que os equipamentos infláveis poderiam, mais ainda, representar a solidão humana, nas grandes cidades, quando os homens, por escolha, necessidade, prevenção ou qualquer outro motivo, vivem isolados, trocando o relacionamento com seus iguais, na forma de contatos diretos, presenciais, pelos virtuais, mergulhados no reino da comunicação virtual. Essa ambientação cenográfica torna-se enriquecida, em função dos adereços de cenografia, criados por DERÔ MARTÍN e ERIC FULY.





            É impecável a direção musical, mais uma vez sob a responsabilidade de ALFREDO DEL-PENHO e BETO LEMOS, os quais também colocam suas assinaturas na mais que eclética trilha sonora, feita de composições originais, criadas, especialmente, para a peça (dezenas delas, inteiras ou em vinhetas, em vários idiomas) pelos componentes da BARCA (principalmente ALFREDO e BETO, a grande maioria), PEDRO AUNE e ZAHY GUAJAJARA (esta compôs as canções indígenas), contando com a contribuição de um grupo musical, o duo O GRIVO (música adicional), além da utilização de canções conhecidas e consagradas, clássicas e populares, de compositores do nível de Rachmaninoff, Bach, Strauss, Edith Piaf, Caetano Veloso, Adoniram Barbosa, Jackson do Pandeiro, Gilberto Gil e Rita Lee, dentre outros. Que deliciosa “salada musical”! Praticamente, todas as músicas são interpretadas ao vivo, por todo o elenco, que canta e toca instrumentos musicais.     



            Foi necessário o trabalho de três profissionais, fora os assistentes e a costureira, para criar dezenas de ótimos figurinos: SYLVIE LEBLANC, MAIRA HIMMELSTEIN e BIA RIVATO. Durante boa parte da peça, o elenco se apresenta nu, mas sempre com alguns interessantes adereços, criados por ANDY LOPES e MARKOZ VIEIRA. Em cada figurino, notam-se detalhes de suma importância para os personagens.





O desenho de luz apresenta detalhes muito interessantes. Durante o primeiro ato, por exemplo, que se passa na floresta, o habitat dos personagens, a luz não é intensa, com raríssimos momentos de maior abundância luminosa, em função, penso eu, da necessidade de se criar um ambiente meio sombrio, das grandes florestas, escuras e úmidas, por força da natureza, com frondosas árvores. Sob outro aspecto, menos conjuntural e mais hipotético, seria durante todo esse tempo que o “herói” estaria tentando sair do mundo das trevas, à procura de luz, de uma razão e uma explicação para a sua existência. Mas aí já posso estar partindo para uma “viagem”. Tenho esse direito? No segundo ato, a cena é muito mais iluminada. Afinal de contas, os personagens estão na cidade grande, a “urbis” iluminada, com prostitutas nas vitrines, tal qual o Bairro Vermelho, de Amsterdã, paraíso da prostituição, e o palacete de VENCESLAU PIETRO PIETRA, que, por estar sempre em festa, tem de esbanjar luz; e assim por diante...







Quanto ao desenho de som, a cargo de GABRIEL D'ANGELO e FELIPE MALTA, encontrei algumas falhas, em determinadas cenas, nas duas vezes em que assisti ao espetáculo, no que diz respeito ao volume do som, que não permitia que se ouvissem, nitidamente, algumas falas dos atores. Com tanta movimentação em cena, essas falhas podem ser “aceitáveis”, até, mas não poderiam, não deveriam ocorrer. Na parte musical, não encontrei problemas.




Não há, na ficha técnica, qualquer referência sobre responsável(eis) por uma coreografia que existe no espetáculo, a qual não chega a ser marcante, porém dá um colorido especial às cenas em que está inserida. De qualquer forma, fica feito o registro.





Devo, não por obrigação, mas por justiça, lembrar que um espetáculo dessa grandiosidade, para acontecer, precisa de que, por trás de tudo, nas coxias e camarins, haja um batalhão de pessoas, na produção, nos trabalhos de trocas de cenários e afins e no atendimento ao elenco, sem o que nada conseguiria ir em frente. Parabéns, LEILA MARIA MORENO (coordenação de produção). JANAÍNA SANTOS e RAPHAEL BAÊTA (produção executiva), LAURA PICORELLI e PRISCILA CARDOSO (assistentes de produção), TUCA BENVENUTI (produção de arte), FLÁVIA PRIMO (produção local), HELDER BEZERRA (diretor de palco), CARLOS EDUARDO CARVALHO (contrarregragem) e PATY RIPOLL (camareira), além dos que trabalham na operação técnica de todos os equipamentos.







FICHA TÉCNICA:

Encenação, Cenário e Escritura Cênica: Bia Lessa
Adaptação: Veronica Stigger
Assessoria Teórica: Flora Sussekind
Direção Musical: Alfredo Del-Penho e Beto Lemos
Música Adicional: O Grivo
“Design” de Som: Gabriel D'Angelo e Felipe Malta
“Design” de Luz: Paulo Pederneiras e Pedro Pederneiras
Figurino: Sylvie Leblanc, Maira Himmelstein e Bia Rivato
Idealização e Direção de Produção: Andréa Alves

Com a Cia. Barca dos Corações Partidos: Adrén Alve, Alfredo Del-Penho, Beto Lemos, Eduardo rios, Fábio Enriquz, Renato Luciano e rica Barros. E os artistas convidados: Ângelo Flávio Zuhalê, Hugo Germano, Lana Rhodes, Lívia Feltre, Pedro Aune, Sofia Teixeira e Zahy Guajajara


Voz (em off) – Maria Bethânia e Arnaldo Antunes

Colaboradores: Silviano Santiago, Marilia Martins, Inês Cardoso, Eduardo Jardim, Pedro Duarte, Renato Sztutman, Dany Roland e Marcelo Cipis
Citações e Inspirações: Antunes Filho, Augusto de Campos, Caetano Veloso, Cildo Meireles, Décio Pignatari, Franklin Cassaro, Gilberto Gil, Glauco Mattoso, Grande Otelo, Haroldo de Campos, Helio Oiticica, Murnau, Oswald de Andrade, João Guimaraes Rosa, Joaquim Pedro de Andrade, José Celso Martinez Correa, Ligia Clark, Lygia Pape, Novos Baianos, Oswald de Andrade, Padre Anchieta, Paulo José, Pero de Magalhães Gândavo, Pina Bausch, Rita Lee, Tunga

Diretora Assistente e Preparadora Corporal: Amália Lima
Assistentes de Direção: Pedro Henrique Müller e Daniel Pas
si
Assistente de Direção Musical: Pedro Aune
Assistente de Iluminação: Rodrigo Maciel
Assistentes de Cenografia: Raphael Baêta e Tuca Benvenutti
Designer de Som Associado: Rodrigo Oliveira
Fisioterapeuta: Núbia Barbosa
Adereços de Figurino: Andy Lopes e Markoz Vieira
Adereços de Cenografia: Derô Martín e Eric Fuly
Assistentes de Adereços de Cenografia: Elísio

Diretora Assistente e Preparadora Corporal: Amália Lima
Assistentes de Direção: Pedro Henrique Müller e Daniel Pas Moura Barros e Renato Sousa
Estruturas Infláveis: João Mancha
Cenotécnico: André Salles
Costureira: Rosário Soares

Produção:
Coordenação de Produção: Leila Maria Moreno
Produção Executiva: Janaína Santos e Raphael Baêta
Assistente de Produção: Laura Picorelli e Priscila Cardoso
Produção de Arte: Tuca Benvenutti
Produção Local: Flavia Primo

Técnica:
Diretor de Palco: Helder Bezerra
Contrarregra: Carlos Eduardo Carvalho
Camareira: Paty Ripoll
Operador de Luz: Rodrigo Maciel
Operador de Som: Felipe Malta
Técnico de Monitor, Microfonista e Coordenador de RF: Rodrigo Oliveira

Comunicação:
Fotografias: Silvana Marques
Programação Visual: Beto Martins
Vídeos: Ana Rezende
Edição Entrevistas: Elisa Mendes
Assessoria de Comunicação: Factoria Comunicação
Equipe Sarau:
Direção Geral : Andréa Alves
Coordenação de Produção: Leila Maria Moreno e Vivi Borges
Produção de Planejamento: Ana Caroline Araújo, Bruno Barros e Mariana Sobreira
Produção Executiva: Rafael Lydio e Felipe Valle
Produção de Comunicação: Marcelo Alves, Flávia Garcia e Daniel Barboza
Prestação de Contas: Débora Giangiarulo e Carolina Villas-Boas
Coordenação Administrativo-Financeira: Luciana Verde
Assistente Administrativo-Financeira: Letícia Copaja
Apoio de Produção e Office Boy: Leandro Barbalho
Estagiário: César Augusto

Agradecimento especial ao grande artista Cacá Carvalho, que nos inspirou a revisitar essa obra.









SERVIÇO:


Temporada: De 05 de setembro a 10 de novembro de 2019.
Local: Teatro Municipal Carlos Gomes.
Endereço: Praça Tiradentes, s/nº. – Centro – Rio de Janeiro.
Dias e Horários: De 4ª feira a sábado, às 19h; domingo, às 18h.
Valor dos Ingressos: R$40,00 (plateia) e R$20,00 (balcão), com direito a meia entrada, nos casos previstos por lei.
Classificação Etária: 18 anos.
Duração: 180 minutos.
Gênero: Rapsódia Musical (?)







            Mesmo com as restrições que faço ao espetáculo, não posso deixar de recomendá-lo e de valorizar a  de uma produção que, nos dias de hoje, num bravo gesto de resistência, tem o destemor de enfrentar o tsunâmi cultural que nos está sendo imposto, por (des)governos, nas três esferas, ignorantes e que não valorizam nem respeitam as artes, os artistas e a cultura, e faz com que chegue ao público uma montagem que mobiliza 14 atores e dezenas e mais dezenas de artistas criadores e técnicos, os quais, uma vez empregados, conseguem sustentar, honrada e honestamente, suas famílias.






Belo ato de resistência do TEATRO BRASILEIRO, que ficará nos seus anais!!!






E VAMOS AO TEATRO!!!

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!

A ARTE EDUCA E CONSTRÓI!!!

RESISTAMOS!!!

COMPARTILHEM ESTE TEXTO, 
PARA QUE, JUNTOS, POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO BRASILEIRO!!!






Bia Lessa.




(FOTOS: SILVANA MARQUES.)