“O PEQUENO
CIENTISTA PRETO”
ou
(UMA BOA IDEIA
QUE DEU CERTO.)
Um bom espetáculo de TEATRO,
seja para adultos, seja para crianças, só pode dar certo na dependência de
muitos fatores combinados, mas é certo que o embrião de tudo é sempre uma boa
ideia, o que não quer dizer que toda boa ideia tenha que desaguar numa produção
de qualidade. É muito triste, infelizmente, ver, às vezes, uma ótima proposta
resultar numa produção teatral duvidosa, por quaisquer e mais variados que
sejam os motivos. Por outro lado, é para nos regozijarmos bastante, quando
encontramos uma inspiração tão interessante quanto necessária ganhar forma num
palco, como ocorre com o espetáculo infantil “O PEQUENO CIENTISTA PRETO”,
já em final de temporada no Teatro 1 do SESC Tijuca.
SINOPSE:
Foi
brincando no quintal de sua Avó Zilda, em meio a
muitas plantas e ervas, que Zuni (uma corruptela da palavra “Junior”)
(JUNIOR DANTAS), um menino muito curioso, passou a sonhar em ser
cientista.
Observando
a senhora colher folhas, para preparar banhos, chás, temperos e fazer vários
experimentos, o personagem a vê como uma grande cientista, com quem aprende o
poder das ervas e das plantas medicinais.
Acompanhado
de Kito, seu amigo imaginário, Zuni resolve viajar
em sua máquina do tempo e, nessa trajetória, encontra cientistas negros
brasileiros.
Assim
vai se desenvolvendo a história do espetáculo inédito “O PEQUENO CIENTISTA
PRETO”, solo escrito e interpretado por JUNIOR DANTAS,
com direção de DÉBORA LAMM, com uma FICHA TÉCNICA
composta por conceituados artistas de criação.
Por que este espetáculo deu certo? Em
primeiro lugar, pela dupla intenção do idealizador do projeto, autor
do texto e, também, o intérprete do único personagem vivo
no palco, o pequeno Zuni: resgatar e difundir o poder e utilidade
das plantas, trazendo à tona a "sabença" dos ancestrais, e homenagear veneráveis cientistas negros que, num país de memória
curta, correm o risco de cair no apagamento, o que jamais poderá acontecer.
Num mundo moderno, regido pela Ciência,
que sempre deve ser respeitada e acatada,
estruturado por uma tecnologia avançada e imerso na parafernália digital, é
preciso que se chame a atenção para a sabedoria ancestral milenar,
ainda que não totalmente esquecida, a qual se fixa muito no poder das plantas,
seja para curar, seja para proporcionar outros benefícios e prazeres.
Numa
linda homenagem a seus ancestrais, JUNIOR DANTAS escolheu a figura de
uma avó, negra, Avó Zilda, sua própria avozinha paterna, e
mergulha nas suas reais vivências de uma criança do interior do nordeste, que
passou sua infância entre a rua e o quintal da idosa, aprendendo, com uma
pessoa mais velha, como se beneficiar das plantas, pessoa essa, provavelmente,
iletrada, mas cheia de saberes, adquiridos na “escola da vida”. O
menino se admirava de como a Avó Zilda conhecia e sabia tudo
sobre ervas, “as que servem para banhos, chás, para benzer, para cuidar
do cabelo, para curar machucado, para aliviar resfriado...”. Estamos
diante valorização do saber popular, que não pode ser varrido para debaixo do
tapete.
Só
isso já bastaria como um excelente aval para esta peça, mas, de forma muito
inteligente, o autor do texto ainda encontra um ótimo gancho para
homenagear pessoas de notório saber, que, cada uma em sua área, tiveram, ou
ainda têm, seu nome projetado na galeria dos notáveis brasileiros, sendo todos
negros, o que é muito bom. São mencionados e homenageados Sônia Guimarães,
Jaqueline Góes, Rosemary dos Santos Isaías, Mílton
Santos, Maria Beatriz Nascimento, Antônio Bispo dos
Santos e Conceição Evaristo.
O menino, que, como tantos outros, sonhava em se tornar um grande cientista (Quem não, quando criança?!), enxergava, naquela sábia avó, uma inventora de coisas fantásticas. Como ela poderia descobrir que tais plantas tinham este ou aquele poder, quando administradas a pessoas, como ele, sem falar nas rezas, como benzedeira? Assim, era como se ela também fosse uma cientista.
Este é o quarto solo de JUNIOR
DANTAS voltado para a infância e faz parte de uma trilogia, iniciada
com a peça “O Pequeno Príncipe Preto”, seguida de “O
Pequeno Herói Preto”, todos com excelentes resultados. Aqui, o
multiartista mistura linguagens em cena, para contar a história de Zuni,
a partir de suas próprias vivências e experiências durante sua infância, além,
é claro, de suas observações ao seu redor, no mundo em que vivemos. O ator, que
também se destaca em produções para os adultos, descobriu um ótimo filão para homenagear
e valorizar a sua raça, ao mesmo tempo que conseguiu, com seu talento e
carisma, conquistar o público infantil.
Formada pela escola de TEATRO
do Teatro Tablado, referência maior em TEATRO Infantil,
no Rio de Janeiro, e uma das mais importantes do Brasil,
DEBORA LAMM conhece todos os macetes e as manhas para a direção
de um espetáculo voltado para os pequenos e aplica toda a sua vasta experiência
na área nesta montagem, com excelentes soluções de marcação, contando com a colaboração
de ótimos profissionais de criação, como CACHALOTE MATTOS,
responsável pela simples cenografia, que atende, plenamente, às
necessidades da montagem; CARLA COSTA, assinando um curioso e alegre figurino;
e BRISA LIMA, criadora uma bela iluminação.
DEBORA LAMM e JUNIOR DANTAS.
Fazem parte, ainda, da rica FICHA
TÉCNICA, DENISE STUTZ, na assistência de direção e
na direção de movimento; MUATO, na composição das
canções originais e na direção musical; CÁTIA COSTA,
na preparação corporal; e DANTE, o consagrado bonequeiro,
responsável pela fascinante boneca da Vovó Zilda. Enriquecem
também a peça as participações, em “off”, do pequeno TOMÉ
PISMEL VERLINGS, que faz a voz de Kito; DAMIANA INÊS,
a da Vovó Zilda; e CONCEIÇÃO EVARISTO, a de um Cientista.
FICHA
TÉCNICA:
Idealização:
Junior Dantas
Obra
Original e Texto: Junior Dantas
Direção:
Debora Lamm
Diretora
Assistente e Direção de Movimento: Denise Stutz
Atuação:
Junior Dantas
Cenário:
Cachalote Mattos
Figurino:
Carla Costa
Iluminação:
Brisa Lima
Composições
Originais e Direção Musical: Muato
Consultoria
de Texto: Kiusam Oliveira
Preparação
Corporal: Cátia Costa
Bonequeiro:
Dante
Voz
do Kito: Tomé Pismel Verlings
Voz
da Vovó Zilda: Damiana Inês
Voz
Cientista: Conceição Evaristo
Programação
Visual: Hannah23
Técnica
e Operadora de Luz: Jessica Catharine
Técnica
e Operadora de Som: Raquel Brandi e Mar Zenin
Assessoria
de Imprensa: Marrom Glacê – Gisele Machado e Bruno Morais
Fotos: Rodrigo Menezes
Mídias
Sociais: Rodrigo Menezes e Junior Dantas
Intérpretes
Culturais de Libras: Jhonatas Narciso e Lorraine Mayer
Fotografia,
Direção de Vídeo e Edição: Rodrigo Menezes
Desenho
de Som: Raquel Brandi
Assistente
de Produção: Alisson Rocha
Produtor
Executivo: Leandro Melquiades
Direção
de Produção: Damiana Inês
Produção:
Bloco Pi Produções
SERVIÇO:
Temporada:
De 01 a 30 de novembro de 2025.
Local:
Sesc Tijuca - Teatro 1.
Endereço:
Rua Barão de Mesquita, nº 539 - Tijuca - Rio de Janeiro.
Dias
e Horários: Sábados e domingos às 16h; 6ªs feiras (07, 14 e 28/11), às 11h e
15h (sessões extras para escolas e instituições).
Valor
dos Ingressos: R$ 20 (inteira); R$ 10 (meia-entrada, para casos previstos por
lei, estendida a professores e classe artística, mediante apresentação de
registro profissional, convênio e programa Mesa Brasil); R$ 5 (associados
Sesc); Gratuito (público PCG).
Bilheteria
- Horário de funcionamento: De 3ª feira a 6ª feira, das 7h às 19h30min; sábados,
das 9h às 19h;
Domingos,
das 9h às 18h.
Classificação
Indicativa: Livre.
Duração:
45 minutos.
Gênero:
TEATRO Infantil.
O TEATRO infantil e,
também, o infantojuvenil, entre nós, normalmente erram mais do
que acertam, o que é uma grande pena, com produções para lá de “equivocadas”
(Contém eufemismo.). Dessa forma, é para ser muito festejada a
encenação de um ótimo espetáculo como “O PEQUENO CIENTISTA PRETO”, que
eu, naturalmente, RECOMENDO.
FOTOS: RODRIGO MENEZES.
GALERIA PARTICULAR:
É preciso ir ao TEATRO, ocupar todas as salas de espetáculo, visto que a arte educa e constrói, sempre; e salva. Faz-se necessário resistir sempre mais. Compartilhem esta crítica, para que, juntos, possamos divulgar o que há de melhor no TEATRO BRASILEIRO!