terça-feira, 25 de novembro de 2025

 

“O PEQUENO

CIENTISTA PRETO”

ou

(UMA BOA IDEIA

QUE DEU CERTO.)

 


         Um bom espetáculo de TEATRO, seja para adultos, seja para crianças, só pode dar certo na dependência de muitos fatores combinados, mas é certo que o embrião de tudo é sempre uma boa ideia, o que não quer dizer que toda boa ideia tenha que desaguar numa produção de qualidade. É muito triste, infelizmente, ver, às vezes, uma ótima proposta resultar numa produção teatral duvidosa, por quaisquer e mais variados que sejam os motivos. Por outro lado, é para nos regozijarmos bastante, quando encontramos uma inspiração tão interessante quanto necessária ganhar forma num palco, como ocorre com o espetáculo infantil “O PEQUENO CIENTISTA PRETO”, já em final de temporada no Teatro 1 do SESC Tijuca.

 

 


 

 

SINOPSE:

Foi brincando no quintal de sua Avó Zilda, em meio a muitas plantas e ervas, que Zuni (uma corruptela da palavra “Junior”) (JUNIOR DANTAS), um menino muito curioso, passou a sonhar em ser cientista.

Observando a senhora colher folhas, para preparar banhos, chás, temperos e fazer vários experimentos, o personagem a vê como uma grande cientista, com quem aprende o poder das ervas e das plantas medicinais.

Acompanhado de Kito, seu amigo imaginário, Zuni resolve viajar em sua máquina do tempo e, nessa trajetória, encontra cientistas negros brasileiros.


 



 

Assim vai se desenvolvendo a história do espetáculo inédito “O PEQUENO CIENTISTA PRETO”, solo escrito e interpretado por JUNIOR DANTAS, com direção de DÉBORA LAMM, com uma FICHA TÉCNICA composta por conceituados artistas de criação.




         Por que este espetáculo deu certo? Em primeiro lugar, pela dupla intenção do idealizador do projeto, autor do texto e, também, o intérprete do único personagem vivo no palco, o pequeno Zuni: resgatar e difundir o poder e utilidade das plantas, trazendo à tona a "sabença" dos ancestrais, e homenagear veneráveis cientistas negros que, num país de memória curta, correm o risco de cair no apagamento, o que jamais poderá acontecer.




      Num mundo moderno, regido pela Ciência, que sempre deve ser respeitada e acatada, estruturado por uma tecnologia avançada e imerso na parafernália digital, é preciso que se chame a atenção para a sabedoria ancestral milenar, ainda que não totalmente esquecida, a qual se fixa muito no poder das plantas, seja para curar, seja para proporcionar outros benefícios e prazeres.




Numa linda homenagem a seus ancestrais, JUNIOR DANTAS escolheu a figura de uma avó, negra, Avó Zilda, sua própria avozinha paterna, e mergulha nas suas reais vivências de uma criança do interior do nordeste, que passou sua infância entre a rua e o quintal da idosa, aprendendo, com uma pessoa mais velha, como se beneficiar das plantas, pessoa essa, provavelmente, iletrada, mas cheia de saberes, adquiridos na “escola da vida”. O menino se admirava de como a Avó Zilda conhecia e sabia tudo sobre ervas, “as que servem para banhos, chás, para benzer, para cuidar do cabelo, para curar machucado, para aliviar resfriado...”. Estamos diante valorização do saber popular, que não pode ser varrido para debaixo do tapete.




  Só isso já bastaria como um excelente aval para esta peça, mas, de forma muito inteligente, o autor do texto ainda encontra um ótimo gancho para homenagear pessoas de notório saber, que, cada uma em sua área, tiveram, ou ainda têm, seu nome projetado na galeria dos notáveis brasileiros, sendo todos negros, o que é muito bom. São mencionados e homenageados Sônia Guimarães, Jaqueline Góes, Rosemary dos Santos Isaías, Mílton Santos, Maria Beatriz Nascimento, Antônio Bispo dos Santos e Conceição Evaristo.




O menino, que, como tantos outros, sonhava em se tornar um grande cientista (Quem não, quando criança?!), enxergava, naquela sábia avó, uma inventora de coisas fantásticas. Como ela poderia descobrir que tais plantas tinham este ou aquele poder, quando administradas a pessoas, como ele, sem falar nas rezas, como benzedeira? Assim, era como se ela também fosse uma cientista.



    

         Este é o quarto solo de JUNIOR DANTAS voltado para a infância e faz parte de uma trilogia, iniciada com a peça “O Pequeno Príncipe Preto”, seguida de “O Pequeno Herói Preto”, todos com excelentes resultados. Aqui, o multiartista mistura linguagens em cena, para contar a história de Zuni, a partir de suas próprias vivências e experiências durante sua infância, além, é claro, de suas observações ao seu redor, no mundo em que vivemos. O ator, que também se destaca em produções para os adultos, descobriu um ótimo filão para homenagear e valorizar a sua raça, ao mesmo tempo que conseguiu, com seu talento e carisma, conquistar o público infantil.




          Formada pela escola de TEATRO do Teatro Tablado, referência maior em TEATRO Infantil, no Rio de Janeiro, e uma das mais importantes do Brasil, DEBORA LAMM conhece todos os macetes e as manhas para a direção de um espetáculo voltado para os pequenos e aplica toda a sua vasta experiência na área nesta montagem, com excelentes soluções de marcação, contando com a colaboração de ótimos profissionais de criação, como CACHALOTE MATTOS, responsável pela simples cenografia, que atende, plenamente, às necessidades da montagem; CARLA COSTA, assinando um curioso e alegre figurino; e BRISA LIMA, criadora uma bela iluminação.


DEBORA LAMM e JUNIOR DANTAS.


     Fazem parte, ainda, da rica FICHA TÉCNICA, DENISE STUTZ, na assistência de direção e na direção de movimento; MUATO, na composição das canções originais e na direção musical; CÁTIA COSTA, na preparação corporal; e DANTE, o consagrado bonequeiro, responsável pela fascinante boneca da Vovó Zilda. Enriquecem também a peça as participações, em “off”, do pequeno TOMÉ PISMEL VERLINGS, que faz a voz de Kito; DAMIANA INÊS, a da Vovó Zilda; e CONCEIÇÃO EVARISTO, a de um Cientista.    

 

 




FICHA TÉCNICA:

Idealização: Junior Dantas

Obra Original e Texto: Junior Dantas

Direção: Debora Lamm

Diretora Assistente e Direção de Movimento: Denise Stutz

 

Atuação: Junior Dantas

 

Cenário: Cachalote Mattos

Figurino: Carla Costa

Iluminação: Brisa Lima

Composições Originais e Direção Musical: Muato

Consultoria de Texto: Kiusam Oliveira

Preparação Corporal: Cátia Costa

Bonequeiro: Dante

Voz do Kito: Tomé Pismel Verlings

Voz da Vovó Zilda: Damiana Inês

Voz Cientista: Conceição Evaristo

Programação Visual: Hannah23

Técnica e Operadora de Luz: Jessica Catharine

Técnica e Operadora de Som: Raquel Brandi e Mar Zenin

Assessoria de Imprensa: Marrom Glacê – Gisele Machado e Bruno Morais

Fotos: Rodrigo Menezes

Mídias Sociais: Rodrigo Menezes e Junior Dantas

Intérpretes Culturais de Libras: Jhonatas Narciso e Lorraine Mayer

Fotografia, Direção de Vídeo e Edição: Rodrigo Menezes

Desenho de Som: Raquel Brandi

Assistente de Produção: Alisson Rocha

Produtor Executivo: Leandro Melquiades

Direção de Produção: Damiana Inês

Produção: Bloco Pi Produções


 


 




SERVIÇO:

Temporada: De 01 a 30 de novembro de 2025.

Local: Sesc Tijuca - Teatro 1.

Endereço: Rua Barão de Mesquita, nº 539 - Tijuca - Rio de Janeiro.

Dias e Horários: Sábados e domingos às 16h; 6ªs feiras (07, 14 e 28/11), às 11h e 15h (sessões extras para escolas e instituições).

Valor dos Ingressos: R$ 20 (inteira); R$ 10 (meia-entrada, para casos previstos por lei, estendida a professores e classe artística, mediante apresentação de registro profissional, convênio e programa Mesa Brasil); R$ 5 (associados Sesc); Gratuito (público PCG).

Bilheteria - Horário de funcionamento: De 3ª feira a 6ª feira, das 7h às 19h30min; sábados, das 9h às 19h;

Domingos, das 9h às 18h.

Classificação Indicativa: Livre.

Duração: 45 minutos.

Gênero: TEATRO Infantil.


 



 

         O TEATRO infantil e, também, o infantojuvenil, entre nós, normalmente erram mais do que acertam, o que é uma grande pena, com produções para lá de “equivocadas” (Contém eufemismo.). Dessa forma, é para ser muito festejada a encenação de um ótimo espetáculo como “O PEQUENO CIENTISTA PRETO”, que eu, naturalmente, RECOMENDO.

 

 

 

 

FOTOS: RODRIGO MENEZES.



 GALERIA PARTICULAR:



 

 

É preciso ir ao TEATRO, ocupar todas as salas de espetáculo, visto que a arte educa e constrói, sempre; e salva. Faz-se necessário resistir sempre mais. Compartilhem esta crítica, para que, juntos, possamos divulgar o que há de melhor no TEATRO BRASILEIRO!