terça-feira, 28 de março de 2017


VAMP -

O MUSICAL 

(PONHA SEU PESCOÇO NA PISTA
E SE PERMITA SER MORDIDO/A,

NA CALADA NOITE PRETA!)
 

 



            E a febre dos musicais não arrefece.

NÃO HÁ MAIS VOLTA! GRAÇAS A DEUS!!!

O público brasileiro embarcou, de vez, nessa modalidade teatral, apaixonou-se por ela e enche, cada vez mais, os teatros deste país, principalmente os do eixo Rio-São Paulo.

Mas outros estados brasileiros já dão sinais de que também estão entrando na onda. E olha que é uma onda gigantesca, de assustar os mais experientes surfistas.

Se, apenas, com as duas maiores capitais deste país, já fazemos parte dos primeiros lugares no “ranking” dos países que mais produzem e consomem musicais, imaginem no dia em que este “país de dimensões continentais” (Coisa mais cafona!) resolver produzir musicais “do Oiapoque ao Chuí”!!! (Hoje, eu acordei com vontade de ser cafona!).

Tudo vira musical, tudo pode render um musical. Às vezes, ótimos; outras, bons; muitas, infelizmente, ainda, ruins; e não falta lugar para os péssimos. Isso, porque, todo mundo acha que sabe fazer musical, o que não é coisa para amadores. Não o é mesmo! É para os fortes, para quem entende do riscado.

Não raro, vemos milhões de reais, escorrendo pelo ralo, aplicados num só musical, quando poderiam cobrir várias produções de qualidade. Faz parte...
 
 


A AVENTURA ENTRETENIMENTO, especializada, ou melhor, criada para a produção de musicais, capitaneada, atualmente, por ANIELA JORDAN, LUIZ CALAINHO e FERNANDO CAMPOS, já pecou em várias de suas produções – MINHA OPINIÃO -, ainda que com a melhor das intenções, e já marcou muitos tentos também.

Desta vez, ela aposta bem, na transposição, para o palco, de uma novela, de 1991/1992, que marcou uma geração e, até hoje, é lembrada, com carinho e muita saudade, pelos milhões de telespectadores, que não se desgrudavam da telinha, para ver “VAMP”, uma ideia despretensiosa, mas muito divertida, de ANTÔNIO CALMON, para a TV GLOBO, no horários das 19 horas, próprio para o público mais jovem, mas que era de interesse dos marmanjos também.

 
 
 
 



 
SINOPSE:
 
Como na novela, exibida em 1991/1992, a trama conta a história de NATASHA (CLÁUDIA OHANA), uma cantora, que vende a alma para o CONDE VLAD (NEY LATORRACA), em troca do sucesso na carreira.
 
Ele, apaixonado por sua presa, fará de tudo para conquistá-la, mas, com o passar do tempo, NATASHA, arrependida, só tentará se livrar dele e da maldição de ser vampira para sempre.
 
Para isso, parte em busca do Medalhão do Poder, escondido na cidadezinha litorânea de Armação dos Anjos, onde encontra a família do capitão JONAS (LUCIANO ANDREY)
 
NATASHA vai até lá, com a desculpa de gravar o clipe de uma música, causando comoção na cidade.
 
VLAD descobre seu plano e, para se vingar, transforma o paraíso em uma cidade tomada por vampiros.
 
O final é surpreendente e muito diferente do da novela.
 

 
 
 


“VAMP”, agora, está no palco do maravilhoso TEATRO RIACHUELO RIO, fazendo um imenso sucesso, com lotações esgotadas, desde sua estreia, na última 4ª feira, dia 22 (sessão VIP), e promete ser assim durante a longa temporada, que só terminará no início de junho, se não for prorrogada.

Sim, eu vi “VAMP”, na última 6ª feira, dia 24 (abri mão da sessão VIP) e gostei.

Todo espetáculo tem um propósito e o de, apenas, divertir é tão válido quanto o desejo de formar mentes pensantes, fazer denúncias, criticar o que merece ser criticado, levantar bandeiras...

Esqueçam tudo isso e se fixem numa única coisa: “VAMP” é puro entretenimento, cumpre, com esmero, aquilo a que se propõe: é uma grande celebração, uma homenagem ao talento do diretor JORGE FERNANDO, responsável pela concepção e direção geral do espetáculo.

É despretensioso? Sim. E daí? Que mal há nisso?

Só pretende divertir? Sim. Isso é pecado? Capital ou original? Ou seria mortal? (Não entendo de pecados, porque não creio neles.)

Trata-se de um espetáculo leve, muito engraçado e extremamente bem produzido.
 
 


Não fui esperando ver mais do que vi. Aliás, esperava até menos e tive uma grata surpresa. Diverti-me, às toneladas, do primeiro ao último momento.

Há “gorduras”, “gordurinhas”, que deveriam ser cortadas? Há. Mas, como não chegam a caracterizar uma obesidade, muito menos mórbida, podem permanecer em cena.

Há obviedades, cenas e falas presumíveis? Sim, para mim, que sou “rato de TEATRO” (vou todos os dias) e tenho um conhecimento técnico e olhos de lince para o que vejo em cena, além de um espírito crítico apurado, que, às vezes, falha. Mas, para o grande público, aquele que procura o TEATRO só para se divertir, para tornar mais leve a sua lida diária, “VAMP” é um prato cheio e ninguém nota nada de excessos ou impropriedades.

   O mais importante é ver um trabalho mais do que honesto, poder sentir uma plateia lotada, às gargalhadas, divertindo-se muito, feliz, e um palco entupido de excelentes profissionais, gente empregada, em meio a uma grande crise, de todos os tipos, por que passa o país, ganhando o seu sustento e, também, demonstrando muito prazer no que estão fazendo, do que tive certeza, depois de conversar, após a sessão, com muitos amigos que estão no elenco. Todos estão muito felizes e se divertindo à farta. E nada melhor do que trabalhar com prazer.

Um espetáculo como “VAMP” não é para ser elogiado? Claro que sim!
 
 


O fato de o texto ter sido escrito pelo próprio autor da novela, ANTÔNIO CALMON, já é um fator positivo. Ninguém recriou nada. O próprio autor da ideia desenvolveu-a, adaptou-a para o palco, com um final diferente do que se viu na novela, o que é ótimo. Deu um gás à história.

O elenco, com alguns atores e atrizes convidados e a maioria selecionada em audições, é excelente, cada um na defesa de seu personagem, mostrando o seu talento, já visto em musicais anteriores.

Não tenho condições de avaliar o trabalho de todo do elenco. Vou me deter nos principais personagens e naqueles que mais me chamaram a atenção.

NEY LATORRACA, como o CONDE VLAD, dispensa maiores comentários. É um dos artistas mais carismáticos e de fácil comunicação com o púbico. É ovacionado, logo em sua primeira aparição, como grande celebridade da TV, que é. Merece aplausos especiais, não só por conta de seu talento, como também pela vitalidade demonstrada em cena, do alto dos seus 72 anos de idade. É um menino travesso, o anti-herói, o bandido amado, pelo qual todos torcem, independentemente de ser “do mal”.

É um mestre nos improvisos, no que prova sua inteligência. Um bom ator tem de ser inteligente. Já tive o prazer de dividir o palco com ele, quando da primeira versão de “Hair”, no Rio de Janeiro, em 1970 (Somos da velha guarda, mas nem por isso estamos mortos.).
 
 
 

CLÁUDIA OHANA é a titular da personagem NATASHA, entretanto, no dia em que assisti à peça, ela, por motivo de saúde, segundo me foi passado pela assessoria de imprensa (BRUNA TENÓRIO), foi substituída por LÍVIA DABARIAN, sua alternante. É a apresentação desta que avaliarei.

Sobre LÍVIA, só posso dizer que a cantriz faz um trabalho digno dos maiores elogios. Tem uma bela presença física, um domínio de palco, representa e dança muito bem e, no quesito “voz”, no ato de cantar, é de uma competência invejável. Afinadíssima, atinge as notas mais altas com surpreendente perfeição e facilidade. Sem desfazer do trabalho da titular, que não tive o prazer de conhecer, mas pretendo voltar ao RIACHUELO, para conferir, acho que não fomos logrados, pela participação de uma “sub”; muito pelo contrário, senti-me no lucro.

CLÁUDIA NETTO, uma deusa dos musicais, faz uma participação especial, como Madrácula, a mãe de VLAD, uma vampira portuguesa, com certeza, bastante engraçada (ótima jogada do autor). Lamento que o papel seja tão pequeno para uma atriz de tantas qualidades. Mas o que vale não é a quantidade. Em suas poucas cenas, CLÁUDIA domina o espaço cênico e seus solos são executados com a perfeição profissional de sempre.
 
 


EVELYN CASTRO é uma das grandes sensações da peça, na pele da caça-vampiros, MISS PENN TAYLOR. Para quem já conhece seu trabalho, não é nenhuma novidade, entretanto tenho certeza de que uma grande parte da plateia daquele dia, pelo menos, não a conhecia e ficou encantada com ela, a julgar pelos comentários que ouvi, enquanto aguardava meus amigos do elenco, para um cumprimento. Várias pessoas manifestavam o prazer de tê-la visto em cena. Eu, então, só faço agradecer à EVELYN o quanto ela me divertiu e me deliciou com sua fantástica voz, nos seus solos.
 
 


OSVALDO MIL, ator de grandes possibilidades, já comprovadas em tantos outros musicais, como em “O Rei Leão”, por exemplo, que só trazia “feras” no elenco, faz um MATOSO muito bom.

PEDRO HENRIQUE LOPES! Esse é o cara! Grande no nome, maior, ainda, no talento. Um dos atores mais competentes e batalhadores do TEATRO MUSICAL, com lindos trabalhos para crianças, aqui se destaca, com seu GERALD. O ator canta muito bem e domina a arte de fazer rir, com um tempo de comédia que funciona demais, no espetáculo.

THADEU MATOS, o MATOSÃO, é outro que cresce, a cada dia, a olhos vistos, ele, que já não tem mais para onde crescer, fisicamente. Ator talhado para musicais, sabe representar, cantar e dançar, que é o seu forte. Já participou de muitos musicais de sucesso, porém, neste “VAMP”, parece ter encontrado sua grande chance de mostrar a sua versatilidade em cena. Faz uma brilhante “performance”!
 
 


OSCAR FABIÃO, cujo trabalho já é meu velho conhecido, me surpreendeu, neste espetáculo, cantando. Nunca o havia visto, interpretando canções que exigem tanto do ator/cantor. Fiquei muito feliz com seu trabalho e com sua felicidade, confessa, em fazer parte desse elenco.

Costumo brincar, sobre o ator mirim XANDE VALOIS (Daqui a pouco, deixará de ser.), dizendo que ele não é uma criança, ou melhor, um pré-adolescente; ele é um anão, já que seu comportamento, em cena, é o de um adulto. Embora seja mais conhecido por suas atuações na TV, XANDE nasceu para os palcos, para os musicais. Adorei o seu MATOSINHO!

            Devido ao deslocamento de LÍVIA DABARIAN, para o papel de NATASHA, a personagem da qual ela é titular, MARY MATOSO, foi feita, no dia em que assisti à peça, por CAROL COSTA, que se houve muito bem no papel.

Os demais 25 atores, incluindo as crianças, que completam o imenso elenco, se apresentam com correção e também contribuem para o sucesso desta produção.




Por conta de uma súbita doença que acometeu o idealizador do projeto e seu diretor geral, JORGE FERNANDO, sobrou para DIEGO MORAIS a incumbência de assumir o timão e levar o barco ao seu destino. Mantidas as ideias de JORGINHO, DIEGO assumiu o comando de tudo e fez uma brilhante direção do espetáculo. Meus aplausos pela sua competência e coragem!

A direção musical, arranjos e preparação vocal – sim, porque ele não é de fazer pouco – é de responsabilidade do competentíssimo TONY LUCCHESI, tão jovem e já tão experiente e vitorioso em trabalhos anteriores. Não é diferente em “VAMP”. “Barba, cabelo e bigode”, e o resultado é um excelente trabalho musical.

Para mim, a cereja do bolo, neste musical, está reservada à coreografia, assinada pelo mestre ALONSO BARROS.

Em todo espetáculo coreografado por ALONSO, eu saio do teatro com a impressão de que ele atingiu o seu ápice profissionl, que nada melhor será feito, entretanto, no próximo musical, lá está ele se superando e nos surpreendendo.

Sem dúvida, PARA MIM, o que mais me encantou em “VAMP” (e muitas coisas me encantaram) foi a coreografia. Todos os números são muito diferentes do que já fez o ALONSO, com destaque para o final do primeiro ato, a cena do cemitério, quando VLAD vai convocar os mortos, os zumbis, para uma luta contra os vampiros “do bem”.

Quando ouvi os primeiros acordes de “Thriller”, de Michael Jackson, confesso que tremi um pouco, imaginando que pudesse ver algo parecido com a fantástica coreografia do clipe, porém o que ALONSO nos reservou foi algo muito melhor do que aquela. Aplaudi, freneticamente, sem vontade de parar. Adoro sapateado e, aqui, vale um destaque para o solo de THADEU MATOS.

Em cena, uma excelente banda executa, ao vivo, a trilha sonora do musical: GUILHERME BORGES (pianista regente), VICTOR PIRES (teclado), LÉO BANDEIRA (bateria), PEDRO AUNE (contrabaixo), MÁRCIO CARVALHO (guitarra), THAIS FERREIRA (violoncelo) e VÍTOR DE MEDEIROS (clarone, clarinete, flauta, flautim e saxofone).




Na trilha sonora, há consagrados sucessos, como “Noite Preta”, “Felicidade Urgente”, “Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás”, “Singapura”, “Doce Vampiro”, “Thriller”, “Alô, Alô, Brasil”, “Pais e Filhos” e “Gita”. Além dessas e outras, há mais doze canções inéditas, compostas, especialmente, para o espetáculo, por TAUÃ DELMIRO e TONY LUCCHESI.

É sensacional a cenografia, a cargo de JOSÉ CLÁUDIO FERREIRA, com destaque para as várias soluções encontradas para as muitas ambientações que o espetáculo exige.

LESSA DE LACERDA, que também fez parte da ficha técnica da novela, caprichou nos figurinos utilizados no espetáculo, todos muito criativos, bem de acordo com os personagens e as cenas e de um ótimo acabamento.

Num espetáculo como “VAMP”, um detalhe é fundamental: o visagismo. O responsável pelo excelente resultado obtido é MARTIN MACIAS, que criou ótimos visuais, alguns com detalhes hilários.

E o que dizer da magnífica luz, de MANECO QUINDERÉ? Nada, além de linda e totalmente perfeita.
 
 


Quanto ao desenho de som, feito a quatro mãos, por CARLOS ESTEVES e HENRIQUE VILHENA, tenho uma observação a fazer, que gostaria de que fosse revista, para o bem do espetáculo. E o que eu vou dizer não incomodou só a mim; ouvi várias pessoas, apontando o som como o único defeito da peça. O fato é que está demasiadamente alto, durante as canções, e um pouco baixo, às vezes, durante os diálogos, o que nos faz perder partes do texto. Uma correção, que julgo ser simples, resolverá esse pequeno problema.

Louvo bastante a iniciativa destra produção e todos os envolvidos nela. Se você comprar o lindo e muito bem cuidado programa da peça e verificar, cuidadosamente, o quantitativo de profissionais, direta ou indiretamente, envolvidos nesta produção, entenderá por que ela já é um sucesso e promete ficar em cartaz, no Rio de Janeiro e em outras praças, por muito tempo. São mais de 150 pessoas. Isso é incrível!!!

Vá ao TEATRO RIACHUELO RIO e confira o que eu disse. Garanto que não se arrependerá! Afinal de contas, você assistirá a uma super produção, que envolve um total de 36 atores e 350 figurinos, além de 13 cenários e efeitos especiais.

É muito importante que o espetáculo seja livre, para que os pais possam acostumar suas crianças a, desde cedo, assistir a musicais e desenvolver o gosto por eles.

E VIVA O TEATRO MUSICAL BRASILEIRO!!!

 
                       

 

 
FICHA TÉCNICA:
 
Texto – Antônio Calmon
Concepção e Direção Geral – Jorge Fernando
Direção – Diego Morais
Assistente de Direção – Pedro Rothe
 
Elenco: Ney Latorraca, Cláudia Ohana, Evelyn Castro, Cláudia Netto, Luciano Andrey, Erika Riba, Pedro Henrique Lopes, Xande Valois, Lívia Dabarian, Thadeu Matos, Osvaldo Mil, Gabriella Di Grecco, Oscar Fabião, Mariana Cardoso, Duda Santa Cruz, Daniel Brasil, Rafa Mezadri, Talita Real, Mariana Gallindo, Lana Rodhes, Laura Ávila, Carol Costa, Carol Botelho, Jessica Gardolin, Renan Mattos, Lucas Nunes, Matheus Paiva, Leonardo Senna, Franco Kuster, Murilo Armacollo, Gustavo Della Serra, Marina Mota, Gabriel Querino, Andressa Tristão, Leonardo Rocha
 
Coreografia – Alonso Barros
Assistente de Coreografia – Alan Resende
Direção Musical, Arranjos e Preparação Vocal - Tony Lucchesi
Orquestração e Assistente de Direção Musical – Alexandre Queiroz
Cenografia – José Cláudio Ferreira
Assistente de Cenário - Daniele Fontes
Figurino – Lessa de Lacerda
Figurinista Assistente – Teresa Abreu
Visagismo – Martin Macias
Desenho de Luz – Maneco Quinderé
Desenho de Som – Carlos Esteves e Henrique Vilhena
Produção de Elenco – Marcela Altberg
 

 

 

 

 
SERVIÇO:
 

Temporada: De 17 de março a 04 de junho de 2017.
Local: Teatro Riachuelo Rio.
Endereço: Rua do Passeio, 38/40 – Cinelândia – Rio de Janeiro.
Dias e Horários: 5ªs e 6ªs feiras, às 20h30min; sábados, às 16h30min e 20h30min; domingos, às 18h.
Vendas:  “Sites” www.vampomusical.com.br, www.teatroriachuelorio.com.brwww.ingressorapido.com.br ou na Bilheteria Teatro Riachuelo Rio.
Preços: 5ªs e 6ªs feiras: R$130,00 (Plateia VIP); R$100,00 (Plateia e Balcão Nobre); R$50,00 (Balcão).
Sábados, às 16h30min, e domingos: R$150,00 (Plateia VIP); R$120,00 (Plateia e Balcão Nobre); R$50,00 (Balcão).
Sábados, às 20h30min: R$180,00 (Plateia VIP); R$120,00 (Plateia e Balcão Nobre); R$50,00 (Balcão)
Capacidade: 1.000 lugares
Duração: 120 minutos, com intervalo de 15 minutos.
Classificação Etária: Livre.
 



 

 
 
 



(FOTOS: FELIPE PANFILI.)
 
 
 

 

 

 

 

 

 

 



 
 

 



 

 

 

 

 

 

 


 

segunda-feira, 27 de março de 2017


SOBRE RATOS

E

HOMENS

 

(“TEATRÃO”,

COMO, HÁ MUITO TEMPO,

NÃO SE VIA POR CÁ.

ou

SOBRE OS LIMITES

E AS IMPLICAÇÕES

DA AMIZADE

E DA FORÇA.

ou

“EU QUERIA TER NA VIDA,

SIMPLESMENTE,

UM LUGAR DE MATO VERDE,

PRA PLANTAR E PRA COLHER.

TER UMA CASINHA BRANCA,

DE VARANDA,

UM QUINTAL E UMA JANELA,

PARA VER O SOL NASCER”.

– Peninha.)







     Depois de uma longa espera, finalmente, os cariocas estão podendo assistir a um espetáculo tão aguardado, que ficou muito tempo em cartaz, em São Paulo, merecedor de muitos prêmios. A peça em questão é “SOBRE RATOS E HOMENS”, em cartaz no Teatro I, do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), de 4ª feira a domingo, às 19h, até o dia 30 de abril (2017).

            A peça é uma criação do grande escritor norte-americano JOHN STEINBECK (1902 / 1968), Prêmio Nobel da Literatura, em 1962, publicada em 1937. Na verdade, surgiu como um romance, ao qual o próprio autor resolveu dar forma para o TEATRO, no mesmo ano de sua publicação. Além do Nobel, STEINBECK também recebeu um Prêmio Pulitzer.

            A história já ganhou várias versões, no cinema e na TV, e já foi encenada em muitos países, em diferentes idiomas. No Brasil, além de algumas adaptações para teledramas, ficou célebre uma montagem teatral, há 60 anos, dirigida por Augusto Boal, sua primeira direção, para o emblemático Teatro de Arena, com Gianfrancesco Guarnieri, José Serber, Nilo Odália, Riva Nimitz, Mílton Gonçalves, Geraldo Ferraz, Nelo Pinheiro, Salomão Guz, Sérgio Rosa e Taran Dach.

A peça, inédita no Rio de Janeiro, chega aqui, trazendo, na bagagem, muitos prêmios, como o APCA, de Melhor Espetáculo de Teatro; o Cenym, da Academia de Artes no Teatro do Brasil, de 2016, como Melhor Espetáculo Teatral, Melhor Qualidade Técnica, Melhor Direção de Arte, Melhor Iluminação e Melhor Cenografia; o de Melhores do Ano do Guia da Folha – Voto Popular: Melhor Estreia de Teatro.






            O título da peça (“Of Mice and Men”) surgiu, baseado em versos do poeta Robert Burns, que traduzem a sua essência: Os projetos mais bem elaborados, sejam de ratos, sejam de homens, fracassam, muitas vezes, e nos fornecem só tristeza e sofrimento, em vez do prêmio prometido.”

            A peça é um tratado do culto à verdadeira amizade, à fidelidade nas relações humanas e um chamado à percepção dos limites da força e do poder, além de tocar fundo na questão da tolerância.

            Não concordo com o “release” da peça, enviado pela assessoria de imprensa (CATHARINA ROCHA), quando diz que SOBRE RATOS E HOMENS transita entre a comédia e o drama...”. Não consigo enxergar, no texto, elementos de humor, a não ser algumas palavras e ações do personagem LENNIE, absolutamente patéticas, creditadas à sua condição de abobalhado, de seu retardo mental. Mas isso não é suficiente para rotular o texto como comédia. Trata-se de um grande drama, sim, feito em forma de um TEATRÃO, aqui empregado o termo apenas com conotação positiva.

            Dois personagens meio enigmáticos, uma vez que não se tem notícia de suas origens, menos ainda de como se iniciou aquela amizade nem de algum grau de parentesco que os una, nos dão uma lição de amor ao próximo, de companheirismo, de cumplicidade, de que tanto estamos carentes.

“No palco, os atores RICARDO MONASTERO e ANDO CAMARGO dão vida aos personagens GEORGE e LENNIE, respectivamente, uma oportunidade de viver sonhos, verdadeira amizade e a esperança de uma realidade mais acolhedora.

São duas pessoas bem diferentes: o primeiro é de raciocínio ágil e o outro, tão forte quanto ingênuo. Unidos pelo sonho de trabalhar, juntar dinheiro e comprar um pedaço de terra onde possam finalmente viver. São forçados a lidar com a realidade e só a verdadeira amizade permitirá que continuem sonhando”. (Extraído do já citado “release”.
 


           
         Em comoventes e irretocáveis interpretações, RICARDO e ANDO fazem parte de um excelente elenco, completado por NATALLIA RODRIGUES (MAE), TOM NUNES (CROOKS), CÁSSIO INÁCIO BIGNARDI (CURLEY), ROBERTO BORENSTEIN (CANDY), PEDRO PAULO EVA (CARLSON) e THIAGO FREITAS (SLIN), sob a magnífica direção de KIKO MARQUES. Desses, ROBERTO, PEDRO PAULO e THIAGO fazem suas estreias, no elenco, substituindo, respectivamente, Luiz Serra, Luciano Schwhab e Gustavo Vaz.

A respeito do texto, diz o diretor: “‘Sobre Ratos e Homens’ foi um dos primeiros romances que li em minha vida intelectual adulta. Não me lembrava disso. Também não tinha ideia da influência que o romance havia exercido sobre mim, até receber o convite para dirigir o espetáculo. Veio-me, então, à cabeça tudo o que senti, pensei e fiz a partir da história dos dois amigos e seu sonho e o quanto fui tocado por ela. Hoje, diante da tarefa de transpor esse encontro para o palco, entendo esses dois personagens e sua trajetória como parte do conteúdo arquetípico que nos forma. Assim como é impossível ler ‘Dom Quixote’ sem ter a certeza, desde as primeiras páginas, de já conhecermos, profundamente, aquele senhor magro, montado em seu cavalo, e seu fiel escudeiro, também em ‘Sobre Ratos e Homens’ é impossível não ter, para com LENNIE e GEORGE, uma afinidade onírica e um pacto de amizade eterna”.

Essas palavras, de KIKO MARQUES, justificam seu brilhante trabalho de direção, com uma leitura que não se afasta das intenções do dramaturgo, criando um espetáculo que mexe com o espectador, até o menos sensível. Não li o livro, mas creio que o que lá está escrito materializou-se, em cena, por conta da sensibilidade de KIKO, indiscutivelmente, um de nossos melhores diretores de TEATRO. Jamais assisti a uma direção sua que não merecesse a adjetivação de “obra-prima”.

Toda a densidade do texto, o que existe, nas entrelinhas, surge, como imagens diáfanas, graças ao trabalho de um diretor e a magistral atuação do elenco.
 

 
 
 

 
SINOPSE:
 
GEORGE (RICARDO MONASTERO) e LENNIE (ANDO CAMARGO) são dois amigos bem diferentes. O primeiro, de raciocínio ágil, e o segundo, tão forte quanto ingênuo, unidos pelo sonho de trabalhar, juntar dinheiro e comprar um pedaço de terra, onde possam, finalmente, viver.
 
Forçados a lidar com a realidade, só a verdadeira amizade permitirá que continuem sonhando.
 
A história se inicia com os dois fugindo de uma fazenda, cujos proprietários queriam punir, severamente, LENNIE, porque este, teoricamente, teria desrespeitado uma mulher. É que LENNIE tinha uma fixação por tocar tudo o que fosse macio e, completamente inconsciente de sua força física e, por consequência, de seus atos, quando não lhe permitiam os toques e as carícias, embrutecia-se e acabava por causar sérios danos materiais ao que estava tocando, a ponto de chegar a matar um ser vivo. Sua atitude agressiva, quando repelido pela mulher, quando apalpava seu vestido macio, gerou um mal-entendido. Achavam que ele estava tentando estuprá-la, daí a perseguição.
 
Sai, então, a dupla, peregrinando, em busca de uma outra fazenda, onde pudessem encontrar trabalho.
 
Uma vez parados, no caminho, para descansar, GEORGE notou que LENNIE estava escondendo algo, que nada mais era do que um ratinho morto. Apesar de adorar filhotes de animais e de querer ter sempre um, de estimação, o brutamontes, por força do seu retardo mental, acabava matando-os, em função de sua desproporcional e incontrolável força.
 
GEORGE obrigou-o a se desfazer do ratinho morto e passou a contar-lhe os planos para o futuro: comprar um acre de terra, construir sua própria fazenda e, nela, criar galinhas, porcos, e o que LENNIE mais queria, coelhinhos. Também falavam da importância da amizade e da companhia que um fazia ao outro, do quanto um necessitava do outro. GEORGE, o cérebro; LENNIE, o corpo.
 
Acabaram, finalmente, chegando à tal fazenda, onde travaram conhecimento com outros peões, fazendo amizade com todos, à exceção do patrão, homem de má fama, um grande explorador, que estava aborrecido, por terem se atrasado na chegada, e o filho deste, CURLEY (CÁSSIO INÁCIO BIGNARDI), cópia fiel do pai, uma pessoa agressiva, insegura, casado, há duas semanas, com uma aspirante a atriz, MAE (NATALLIA RODRIGUES), a única mulher na fazenda, que se fazia prevalecer de tal prerrogativa, para suscitar o desejo nos machos, para o desespero do marido, o qual – depois, fica-se sabendo -, parece que não lhe dava a devida atenção, nem como esposo, nem como homem.
 
 
 
 
Uma maior aproximação da dupla se dá com o velho CANDY (ROBERTO BORENSTEIN), com quem dividem o tão almejado sonho de terra própria. Os dois quase não tinham dinheiro, mas CANDY oferece uma boa parte de suas economias, para fazerem uma sociedade. Precisariam, contudo, de um pouco mais de dinheiro, cuja solução estava no trabalho que iriam executar ali, por algum tempo, até que juntassem a quantia suficiente para a realização do sonho dos três.
 
Tudo poderia ter dado certo, se LENNIE, encantado com a maciez dos cabelos de MAE, numa das vezes em que ela invadiu o alojamento dos homens, “apenas para ter com quem conversar”, segundo ela, não a tivesse, acidentalmente, matado, quando a mulher achava que ele estava desejando-a, tentando possuí-la.
 
 
 
 
Um “tsunâmi” se formou na vida dos dois amigos, uma vez que, descoberto o “crime”, iniciou-se uma caçada de morte ao “assassino”, para fazer vingança, da forma mais cruel possível.
 
Todos se organizaram num grupo e partiram para a procura de LENNIE. GEORGE, porém, querendo poupar o amigo, que sabia ser inocente, usando de sua inteligência, propôs que o grupo se desfizesse e que cada um procurasse por um lado da propriedade, escolhendo o seu e tendo tomado o caminho de um lugar para o qual sempre mandava que LENNIE fosse, caso percebesse ter feito algo errado. Sabia que lá o encontaria. E assim se deu.
 
Reservo-me o direito de omitir o epílogo, que é surpreendente, triste, comovente...
 

 
 
 


ANDO CAMARGO dignifica o ofício de ator, ele, que, por tantas vezes, já mereceu meus contundentes aplausos.

Seu LENNIE é feito com tanta verdade, que emociona e provoca, no público, um sentimento que supera a comiseração. Dá vontade de pô-lo no colo, a despeito de seu tamanho, como se fosse um frágil bebê, totalmente inimputável.

Assim como o grande e fiel amigo, GEORGE, LENNIE é um homem sem instrução, de estirpe simples, ingênuo, de alma boa, acostumado ao trabalho braçal, pesado, das fazendas, indo da limpeza ao plantio, passando pela colheita e pelo trato com os animais. Só pensa em criar seus coelhos, porque são o protótipo do macio, da delicadeza, da fragilidade, que ele tanto apreciava.

É dotado de anormal força física, capaz de trabalhar por ele e por mais alguns homens, de transportar cargas pesadíssimas, porém, em função de um retardo intelectual e de uma profunda ingenuidade, é incapaz de controlar sua força física e seus instintos, quando contrariado. Seu comportamento infantil é o que move o coração da plateia. Sem qualquer esforço, nós o perdoamos.

O grande mérito de ANDO é não fazer um personagem caricato, o que seria muito comum encontrar em outros atores, dada a complexidade que há na sua construção. Já vi vários intérpretes, fazendo personagens na mesma linha, porém todos “pasteurizados”, como se saídos de uma linha de produção. Tudo igual. Parabéns ao ator, por sua criatividade, sensibilidade e capacidade de ser genuíno em sua criação!
 
 


RICARDO MONASTERO, com seu personagem, GEORGE, faz o grande contraponto, em relação ao de ANDO CAMARGO, com uma interpretação também digna de todos os elogios.

GEORGE supre a sua fraqueza física, em relação ao outro, com sua inteligência, perspicácia e, acima de tudo, consciência do mundo em que vive e de seus desejos. Pensa pelos dois, sente pelos dois, sofre pelos dois.

Cuida de LENNIE, afetuosamente e com o desvelo de um pai, como se lhe tivesse sido confiado tal fardo. Mas ele o faz, reclamando, sim, porém só da boca para fora. No fundo, por amor, respeito e tolerância, com relação àquele próximo, sente-se feliz na companhia do amigo.

Sua maior preocupação, além de pensar num lugar para viverem felizes e tranquilos, na velhice, era cuidar que LENNIE não fizesse “coisas erradas”, que pudessem pôr a perder os planos para uma vida digna e feliz.

            O personagem é pleno de uma determinação e de uma capacidade de se colocar no lugar do outro. Para mim, foi um raro prazer ver RICARDO vivendo esse personagem, de uma forma tão robusta e verdadeira.
 
 
 

            O denominador comum aos dois personagens é o grau de marginalidade em que vivem, sempre à cata de emprego, mendigando por migalhas, pela subsistência, e o sonho da terra própria, o que, na época, era difícil de ser alçançado, pelo fato de os Estados Unidos estarem mergulhados na Era da Grande Depressão (1929-1939). O que ganham mal dá para a alimentação, sobrando-lhes muito pouco, ou quase nada, para a realização do grande sonho.

            Que belo trabalho faz ROBERTO BORENSTEIN, como o velho e simpático CANDY (doce como o nome)! É o que mais se aproxima dos dois novos empregados da fazenda. Cria-se um bela amizade entre os três, já que CANDY, sabedor dos planos da dupla, ansioso por uma segurança futura, propõe, aos dois, uma sociedade, com vistas ao sonho, a um futuro seguro, de paz e felicidade, livre da tirania do patrão. Ele perdera uma das mãos, na execução de uma tarefa rural, e se tornou meio inválido, para a lida no campo, entretanto o patrão pagou-lhe uma espécie de indenização, pela quase invalidez, e permitiu que ele permanecesse na fazenda, não por piedade, mas para utilizá-lo em tarefas mais leves.

CANDY era apegado a um velho e moribundo cão, que vivia carregando, de um lado para o outro. O animal fedia, insuportavelmente, provocando a ira de CARLSON (PEDRO PAULO EVA), que estimulava o velho a sacrificar o pobre animal.
 
 
 

NATALLIA RODRIGUES é a única presença feminina no elenco e acaba sendo, sem querer, o pivô do triste final. Sua personagem, MAE, é recém-casada com CURLEY (CÁSSIO INÁCIO BIGNARDI), o filho do fazendeiro.

Com apenas duas semanas de casada, ela, que aspirava à carreira de atriz, se sente totalmente arrependida do casamento, entediada com a vida no campo e desprezada pelo marido, que a troca por meretrizes, no vilarejo mais próximo à fazenda. Sua solidão faz com que ela frequente, às escondidas, o alojamento dos peões, segundo ela, apenas com a intenção de conhecer gente e conversar. Fica no ar, de uma forma meio explícita, no entanto, uma sugestão de que ela procurava, também, algo mais, aquilo que o marido lhe negava: amor e sexo.

Muitas vezes, não é o/a personagem nem o tempo em que o/a ator/atriz permanece em cena que vão definir a sua atuação num espetáculo, e sim o seu nível de atuação. A personagem de NATALLIA participa de poucas cenas, contudo a atriz merecia fazer parte, mesmo, de um elenco tão homogêneo e competente.
 
 


STEINBECK aproveitou-se do texto, para fazer sua crítica veemente ao racismo, na figura de CROOKS, personagem muito bem vivido por TOM NUNES, o único trabalhador negro, que era segregado pelos brancos, ainda que tão trabalhadores, miseráveis e explorados quanto ele. Vivia isolado, num minúsculo quarto, quase soterrado de livros. Era lendo, compulsivamente, que ele tocava a sua vida. Descobrira uma forma de sofrer menos.
 
 


CÁSSIO INÁCIO BIGNARDI acumula dois papéis: CURLEY e seu PAI, chamado apenas de “PATRÃO”, este em breves aparições. É como o filho, que herdou o péssimo caráter do PAI, que o ator se destaca.

Prepotente e arrogante com todos os empregados, CURLEY era muito inseguro e tinha um grande ciúme da jovem esposa. Estava sempre à procura dela, proibindo-a de estar entre os outros homens da fazenda. Motivos para isso não lhe faltavam (?), pois ele a tinha como, talvez, um objeto de valor, de uma coleção qualquer. Não se sabe o que o levou a desposar MAE, se não demonstra amá-la, muito menos ser feliz no casamento. Talvez a tivesse como uma espécie de troféu, símbolo do seu poder. 
 
 
 
 


            Nos demais papéis, também em excelentes atuações, temos PEDRO PAULO EVA (CARLSON) e THIAGO FREITAS (SLIN).

Aquele era, talvez, o mais rude, dentre os demais personagens, à exceção, obviamente, de CURLEY e o PAI. Vivia incomodado e implicando com o fétido cheiro que exalava o cão de estimação de CANDY e estava, sempre, a lhe propor que o sacrificasse, oferecendo-se, inclusive, para o tiro de misericórdia. Essa proposta se acentua, quando a cadela de SLIN dá cria e CARLSON sugere a troca do animal fedorento por um filhotinho.

            SLIN é, por seu comportamento na trama, o mais centrado, o mais sensato e tranquilo de todos. Parece, também, reunir, em seu caráter, sensibilidade, pelo menos em nível superior ao dos demais. Sabedor do interesse de LENNIE por animais “fofinhos”, dá-lhe, de presente, um filhote da ninhada nascida, o qual, infelizmente, acaba se tornando mais uma das inocentes vítimas da inocência de LENNIE.
 



Ao adentrar o Teatro, já nos encantamos com o incrível cenário, de MÁRCIO VINÍCIUS, que reproduz, com muita precisão o ambiente rural, o interior de um alojamento de peões e, numa das laterais do palco, a minúscula cela onde CROOKS (TOM NUNES) habitava. Um trabalho digno de premiação!

Os figurinos, de FÁBIO NAMATAME, são fiéis à época e ao estilo do ambiente, em cores neutras, confeccionados rusticamente. Ajudam, bastante, na composição dos personagens, com o suporte de um bom visagismo, assinado por RAPHAEL CARDOSO, e a maquiagem, de CHLOÉ GAYA. Ainda sobre os figurinos, a única exceção à descrição feita é quanto aos trajes utilizados por MAE, uma moça fina, que veio da cidade para o campo, portanto dona de um guarda-roupa fino, elegante e de bom gosto.

GUILHERME BONFANTI faz uma ótima iluminação, que se adequa às várias situações, para auxiliar nas diversas e distintas cenas.

Há de se ressaltar, ainda, o bom trabalho executado por MARTIN EIKMEIER, responsável pela trilha sonora, que se faz presente ao longo de quase duas horas de espetáculo.

            “SOBRE RATOS E HOMENS” é, assertivamente, um espetáculo que marcará o ano teatral carioca, de 2017, e, também, deverá entrar em muitas listas de indicações a prêmios, pela altíssima qualidade da montagem, em todos os seus aspectos.

 
 
 
 
FICHA TÉCNICA:


Texto: John Steinbeck
Tradução: Ricardo Monastero
Direção Artística: KIKO MARQUES 
 
Elenco: 
RICARDO MONASTERO (GEORGE)
ANDO CAMARGO (LENNIE)
NATALLIA RODRIGUES (MAE)
TOM NUNES (CROOKS)
CÁSSIO INÁCIO BIGNARDI (CURLEY e PAI)
ROBERTO BORENSTEIN (CANDY)
PEDRO PAULO EVA (CARLSON)
THIAGO FREITAS (SLIN).

Cenografia: Márcio Vinícius
Figurinos: Fábio Namatame
Trilha Sonora: Martin Eikmeier
Iluminação: Guilherme Bonfanti
Visagismo: Raphael Cardoso
Maquiagem: Chloé Gaya
Contrarregra: Sidney Felippe
Técnica de Som: Carol Andrade
Técnica de Luz: Kuka Batista
Comunicação Visual: Cristiano Canguçu
Fotos: Luciano Alves
Gestão de Projeto e Sustentabilidade: Celso Monastero
Coordenadora Administrativa: Sônia Odila
Assessoria de Imprensa: Máquina de Escrever Comunicação - Catharina Rocha
Assessoria Jurídica: Francez e Alonso Advogados Associados
Direção de Produção: Antônio Ranieri
Produção: Dendileão Produções Artísticas
Patrocínio: Banco do Brasil
Realização: Centro Cultural Banco do Brasil
 

 

 

 

 
SERVIÇO:
 
Temporada: De 23 de março a 30 de abril de 2017.
Local: Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) Rio de Janeiro – Teatro 1.
Endereço: Rua Primeiro de Março, 66 – Centro – Rio de Janeiro.
Tel.: (21) 3808 2020.
Dias e Horários: De 4ª feira a domingo, às 19h.
Valor do Ingresso: R$20,00 (inteira) e R$10,00 (meia-entrada).
Funcionamento da Bilheteria: De 4ª feira a 2ª feira, das 9h às 19h30min.
Venda antecipada: Inicia-se na segunda-feira da semana anterior à do evento, restrita a quatro ingressos por pessoa.
Duração: 100 minutos. 
Classificação Etária: 10 anos. 
Lotação: 180 lugares
 

 
 
 

            Assistam à peça e entendam o verdadeiro sentido da pergunta, que já foi feita a todos, diante de alguma situação embaraçosa, quando se tem de tomar uma decisão: “VOCÊ É UM HOMEM OU UM RATO?”.

            Homens são os corajosos e dignos; ratos são os covardes e vis.

E atentem para a cena final, que é de tirar o fôlego. Coloquem-se no lugar de GEORGE e procurem entender o sentido de uma amizade e até que ponto podemos, ou devemos, ir por ela!

            Após assistir a “SOBRE RATOS E HOMENS”, é muito difícil que uma pessoa de sensibilidade apurada continue a mesma.

Confiram! E não precisam me agradecer pela indicação; apenas recomendem o espetáculo ao maior número possível de pessoas!





FOTOS: LUCIANO ALVES.)