TRA-LA-LÁ
(LINDA HOMENAGEM
A QUEM MERECE.
ou
Mais
uma vez, partindo para uma exceção, ponho-me a falar sobre um espetáculo infantojuvenil. E, se o
faço, é porque vale a pena fazê-lo. Vale
muito a pena!
Trata-se
do musical “TRA-LA-LÁ”, em cartaz no
Teatro OI Futuro Ipanema, até o dia 26 de março (2107).
Acho
louvável que se façam musicais de TEATRO,
homenageando os grandes compositores da nossa música, como o grande LAMARTINE BABO, motivo pelo qual já
começo por elogiar a iniciativa da atriz
ANNA BELLO, idealizadora do projeto. Mais ainda por ter reunido um grupo tão seleto
de profissionais, extremamente competentes, para ajudá-la a desenvolver o referido projeto.
LAMARTINE BABO foi compositor de
famosas marchinhas de carnaval, de inúmeros sambas e dos hinos populares dos
clubes de futebol do Rio de Janeiro.
O grande artista carioca (1904–1963)
era, carinhosamente, conhecido como SEU
LALÁ, daí o sugestivo nome da peça.
Neste musical infantojuvenil, LAMARTINE,
uma das pessoas mais conhecidas e importantes do meio artístico brasileiro, tem
sua obra revisitada, num espetáculo que não é biográfico, mas que não deixa de
apresentar, principalmente, para os pequenos, o grande artista e sua importância.
Conta-se uma história, ou melhor, contam-se duas, paralelamente, nas quais
se encaixam, muito bem, as suas composições, até hoje cantadas durante o carnaval,
festas juninas, nas conquistas de títulos de times cariocas de futebol e o ano
inteiro, por meio de suas canções chamadas “de
meio de ano”.
Leandro Castilho.
“TRA-LA-LÁ” apresenta a obra de LAMARTINE, ao público infantojuvenil, de forma lúdica, por meio do primeiro
texto original, de VANESSA DANTAS, excelente, por sinal,
baseando-se na pesquisa do jornalista PEDRO
PAULO MALTA e no livro “Tra-la-lá – Vida e Obra de Lamartine Babo” (Funarte, 2014), de Suetônio Soares Valença.
É a própria VANESSA quem
fala: “Escrevi duas histórias de amor de diferentes gerações. Quantos casais
não se apaixonaram através das músicas de LAMARTINE? Ele era um ‘clown’, o
nosso Chaplin. Tinha sempre um trocadilho na ponta da língua”.
Armando Boaventura.
A autora inseriu frases
originais do artista, na dramaturgia,
como quando ele fazia graça com a própria magreza: “Eu era tão magro, que conseguia
passar sequinho, sequinho, entre os pingos de chuva!”. Outra piada do SEU LALÁ é quando diz que, ao ser
questionado sobre o porquê de não ter composto hinos para times de São Paulo, sempre responder: “É
porque não encontraria uma rima para ‘Esporte Clube Corinthians’”,
Os atores, todos com formação musical e
bastante versáteis, tocam diversos instrumentos e cantam 26 músicas de LAMARTINE BABO,
ao vivo, acompanhados do percussionista MATIAS ZIBECCHI.
O roteiro
musical inclui uma gama de sucessos, como “Eu Sonhei Que Tu
Estavas Tão Linda”; “A-E-I-O-U”; “Chegou A Hora Da Fogueira”; “Linda Morena”; “Joux Joux
Balangandã”; “O Teu Cabelo Não Nega, Mulata”; “Medley De Marchinhas”; “Medley
Dos Hinos De Futebol Dos Times Do Rio De Janeiro”; “Ride Palhaço”; “No
Rancho Fundo” e “Cantores
Do Rádio”.
Anna Bello.
SINOPSE:
A praça é o ponto de
encontro de todos os personagens.
Lá, o viúvo SEU VORONOFF (LEONARDO MIRANDA)
trabalha com o seu “hospital portátil de bonecos” e não esconde uma antiga
paixão, dos tempos de escola, por DONA
JUJU BALANGANDÃ (ANNA VELLOSO), que aparece, todos os dias, para vender
suas bugigangas na praça.
ARMANDO BOAVENTURA (LEANDRO CASTILHO) - o nome do personagem é sugestivo, no texto -, artista e músico da praça, e
os jovens PEDRO (DANIEL HAIDAR), neto de SEU VORONOFF, e TINA (ISABELA RESCALA), neta de JUJU, vão ajudar SEU VORONOFF a conquistar, novamente, o coração de JUJU. Os dois jovens também nutrem, um
pelo outro, um amor infantojuvenil.
Criado pelo artista visual
BRUNO DANTE, o boneco de LAMARTINE BABO entra em cena, para
contar momentos da sua vida pessoal e profissional, manipulado por LEANDRO CASTILHO, além de auxiliar SEU VORONOFF a colocar em prática o seu
plano para reconquistar JUJU BALANGANDÃ.
VANESSA DANTAS
preocupou-se em manter uma linguagem de fácil assimilação, para o público infantojuvenil,
sem ser rasa, no vocabulário e no conteúdo, com diálogos ágeis e recheados de
bom humor. Como estreante no ramo, saiu-se muito bem e deve continuar a
investir nele.
ANA PAULA ABREU, que
assina a direção, tem vasta experiência em musicais e soube
aplicá-la neste, resultando numa montagem leve, alegre e movimentada, como
deveria mesmo ser, num espetáculo que reúne diferentes linguagens, como teatro
de bonecos, cinema e música, além do texto teatral – é
claro - e conduziu seu elenco com propriedade e muito bom gosto.
Como disse, anteriormente, só
foram convidados a fazer parte do projeto profissionais de primeira linha, como
CARLOS ALBERTO NUNES, que
bolou um lindo cenário, reproduzindo
uma praça tradicional, do Rio
antigo, com bancos, um coreto e tudo o que pode compor tal ambiente.
Nesse time, também foi escalada a grande figurinista CAROL LOBATO, que, apesar de jovem, já traz uma enorme
bagagem profissional, inclusive com prêmios, e que desenhou belos figurinos, divertidos, alegres e coloridos.
É de merecer um destraque a camiseta bolada para o personagem PEDRO, que é toda confeccionada com
pedaços de camisas de clubes cariocas, com um espaço maior reservado ao América Futebol Clube, time do coração de SEU LALÁ.
E, já que estamos falando em
titulares de uma seleção, não poderia faltar o nome de AURÉLIO DE SIMONI, assinando mais uma iluminação que merece destaque, o que, para ele, já não é nenhuma
novidade.
Por se tratar de um musical, um profissional de grande
importância é aquele que fica responsável pela direção musical e pelos arranjos.
É a MARCELO REZENDE que cabe
essa responsabilidade, a qual ele cumpre de forma esplêndida.
O
elenco é bastante homogêneo, se considerarmos que reúne atores e atrizes
de larga experiência e outros, mais jovens, praticamente iniciantes. Aqueles
ratificam seu talento, como ANNA BELLO, que tem formação como atriz, cantora,
flautista e sapateadora; LEANDRO CASTILHO, que já dispensa apresentações,
como ator e multimusicista; e LEONARDO MIRANDA, outro que já
protagonizou grandes espetáculos infantojuvenis. DANIEL HAIDAR e ISABELA
RESCALA, da nova safra, demonstram que têm condições de atingir o estrelato, pois atuam
com muita garra e competência.
FICHA TÉCNICA:
Idealização: Anna Bello
Texto: Vanessa Dantas
Pesquisa: Pedro Paulo Malta
Direção: Ana Paula Abreu
Direção Musical e Arranjos: Marcelo Rezende
Elenco:
Anna
Bello (Dona Juju Balangandã)
Daniel
Haidar (Pedro)
Isabela
Rescala (Tina)
Leandro
Castilho (Armando Boaventura)
Leonardo
Miranda (Seu Voronoff)
Matias
Zibecchi (músico)
Direção de Movimento: Eléonore Guisnet-Meyer
Figurino: Carol Lobato
Cenografia: Carlos Alberto Nunes
Iluminação: Aurélio de Simoni
Confecção dos Bonecos: Bruno Dante
Audiovisual e Foto: Rafael Blasi
Programação Visual: Clara Meliande
Direção de Produção: Renata Blasi
Produção: Diálogo da Arte Produções Culturais
Realização: Doravante Produções Artísticas
SERVIÇO:
Temporada: De 14/01 a 26/03 de 2017.
Local: Teatro do Oi Futuro Ipanema.
Endereço: Rua Visconde de Pirajá, 57 - Ipanema – Rio de Janeiro.
Tel.: (21) 3131-9333.
Horários da Funcionamento da Bilheteria: de 3ª a 6ª feirsa, das 14h às 20h; sábados, domingos e feriados, das 13h às
20h.
Dias e Horários: sábados e domingos, às 16h.
Ingressos: R$20,00 (inteira) e R$10,00
(meia entrada).
Duração: 60 minutos.
Classificação: Livre.
Gênero: Musical Infantojuvenil.
A inclusão de um Teatro de Marionetes, nesta montagem,
enriqueceu-a bastante, pela graça do material e pela competência dos manipuladores.
Outro destaque deve ser dado à cena
do cinema, com SEU VORONOFFE e DONA JUJU assistindo a um filme, "Canção Para Inglês Ver", em que
os dois atores são os personagens.
O final da peça não deve ser
contado, para não valer como “spoiler”.
Fiquei profundamente feliz, por ver
o Teatro completamente lotado, com
grande participação do público, incluindo pais e pequenos. Isso prova que não
devemos perder a esperança de que “o TEATRO
salva” e que, no futuro, ainda teremos plateias, principalmente se os espetáculos
que servem para a formação dessas futuras forem do gabarito de “TRA-LA-LÁ”, que eu recomendo com muito empenho.
(FOTOS: RAFAEL BLASI
e
TÁSSIO
RAMOS.)
Nenhum comentário:
Postar um comentário