domingo, 25 de agosto de 2013


PALHAÇOS   -   “VAI, VAI, VAI COMEÇAR A BRINCADEIRA”...  (BRINCADEIRA?)  

 
 

(Danilo  Grangheia e Dagoberto Feliz)
 

Infelizmente, só consegui assistir a um belíssimo espetáculo da atual safra na reta final de sua meio curta temporada no Rio de Janeiro.  Na verdade, hoje é a última apresentação de PALHAÇOS, no Teatro Poeirinha.  Que pena!  “Que peninha de galinha!”, como dizia um conhecido palhaço da TV, muito longe de ser engraçado, como os verdadeiros palhaços, os dos circos de lona.

Estas considerações sobre a peça não servirão para estimular alguém a assistir a ela, entretanto, faço questão de registrar toda a emoção que um texto e dois atores me proporcionaram, há dez dias, mas que, só agora, por várias contingências, tive a oportunidade de traduzir em palavras.

O espetáculo está em cartaz há oito anos, tendo iniciado sua carreira em São Paulo (com dez temporadas), em 26 de agosto de 2005, e viajado por todo o Brasil.  Seria ótimo que encontrassem outro teatro para dar prosseguimento à feliz temporada carioca. 

O texto foi escrito em 1974, por Timochenko Wehbi, dramaturgo e sociólogo paulista, falecido em 1986, mais conhecido por sua peça “A Dama de Copas e o Rei de Cuba”.

            Conta o encontro de dois homens: um palhaço e um ardoroso fã.  O palhaço é Careta, que se apresenta sempre à meia-noite e treze, no Circo de um Homem Só, personagem vivido por Dagoberto Feliz.  O fã é Benvindo (Danilo Grangheia), um comerciário, que trabalha numa sapataria e é fascinado por palhaços, ou, quem sabe, por aquele, em especial.

            Ao término de mais uma função no circo, Benvindo, valendo-se da porta aberta do parco camarim, procura Careta, para cumprimentá-lo pelo trabalho, mas, na verdade, ávido de informações sobre a vida do palhaço.  É iniciado, então, um diálogo, que tinha tudo para ser simples, célere, polido e agradável, o que, evidentemente, não renderia um belíssimo texto dramático. 

Ocorre que, paulatinamente, é Careta quem arranca confissões, aparentemente ingênuas de Benvindo e sua vida, mas que vão criando um clima desafiador e conflituoso entre os dois, no qual o palhaço vai desmontando os sonhos mais puros e os desejos mais imundos de seu fã, elemento surpresa na peça e que gera uma grande expectativa, quanto ao desfecho da trama, inquestionavelmente uma tragicomédia.  

O texto discute temas do cotidiano, como arte, vocação, traição, amizade e permite que o espectador deixe o teatro e, por muito tempo, passe a refletir sobre eles, podendo, inclusive, valer-se do primoroso texto, para fazer uma retrospectiva de sua própria vida e refletir sobre seus erros e acertos.  Pelo menos, assim se deu comigo.  Tenho certeza de que Benvindo é o alterego de cada uma das pessoas que assistem a este instigante espetáculo. 

A direção, de Gabriel Carmona, é bastante satisfatória e simples, uma vez que o potencial dramático dos dois atores e a clareza do texto não exigem muito malabarismo da direção. Gabriel utiliza truques circenses bem simples e algumas poucas brincadeiras com a plateia, trazendo-nos à lembrança as tardes de domingo de nossa infância.  Assim foi a minha, graças a Deus (adoro circo e tenho veneração por palhaços).

O tom, por vezes, agressivo de Careta, ao se dirigir a Benvindo, e as provocações daquele sobre este não são suficientes para que o público desconfie da grande surpresa preparada pelo autor do texto para o “gran finale”, que, obviamente, não revelarei.

Os atores, cujos trabalhos eu não conhecia, são excelentes e demonstram, em cena, uma cumplicidade total, representando com uma naturalidade poucas vezes observada em cena, mormente Danilo Grangheia.  Seu tom de voz é muito tênue e, por vezes, o ator sussurra o texto tão naturalmente, que dá a impressão de que está “pensando alto”.  Trabalho impecável, como também é o de Dagoberto Feliz, este um pouco mais histriônico, por exigência do próprio personagem.

Alguém fica em cartaz por oito anos, no Brasil, com sucesso absoluto de público e de crítica, impunemente?  No programa da peça, diz o diretor do espetáculo que este já foi apresentado para sete pessoas e para setecentas; para jovens e anciãos; para ricos e pobres, a todos levando a mesma emoção e comunicação.  Acho que isso responde à pergunta.

PALHAÇOS é daqueles espetáculos que marcam um espectador que não tem medo de expor a sua criança interior nem de se permitir fazer um balanço de seus acertos e erros até chegar à idade adulta.

 

 

 


 
A PORTA DA FRENTE   -   DE PROPÓSITO, ESCANCARADA.

 
Programa da peça
 
 
Rogério Freitas e Jorge Caetano
 
           As mulheres estão tomando o poder, assumindo seu merecido papel, em todos os setores da vida, e não poderia ser diferente no TEATRO. 

Embora, até hoje, saibamos que os melhores personagens dramáticos são escritos para homens, por outro lado, a cada dia, novas mulheres estão dominando a arte de escrever para o teatro. 

Vários nomes poderiam ser citados, porém o que é motivo deste texto chama-se Júlia Spadaccini, uma jovem dramaturga, de 35 anos, em grande ascendente carreira, autora de dezoito textos, alguns dos quais indicados a prêmios, como foi o caso de QUEBRA-OSSOS e AOS DOMINGOS, duplamente indicado, este ano, até o presente momento, para dois distintos prêmios. 

Não “satisfeita” com esse reconhecimento, Júlia acaba de estrear mais um de seus trabalhos, o qual, há duas semanas em cartaz, já mereceu os maiores elogios de todos os que já assistiram à encenação, assim como algumas boas críticas na imprensa especializada.

A peça em questão é A PORTA DA FRENTE, uma ideia genial da autora, que surpreende a cada novo texto produzido.

A ação se dá em dois apartamentos, num dos quais mora uma família muito tradicional, que vê sua estrutura familiar, mergulhada num clima de mesmice e frustrações, ameaçada e abalada pelo novo morador do apartamento em frente, nada mais, nada menos que um “crossdresser”.  Creio que só a ideia-eixo sobre a qual vai ser criada a trama já é, por si, merecedora de uma maior atenção.  Mas o que deseja a autora dizer com isso?  Quais são as mensagens claras ou sugeridas que podem ser depreendidas desse texto?

Júlia nos apresenta a PORTA como um personagem da trama.  Invariavelmente aberta (prefiro dizer “escancarada”), ela se apresenta como algo buscado por cada um dos membros daquela “família”, que os faça libertos de seus preconceitos, de suas dúvidas, de seus medos, de suas mentiras, de suas repressões, de seus desejos reprimidos; enfim, que lhes tire, do rosto, o véu que, cuidadosa e intencionalmente, cada um criou para si, o que serve, perfeitamente de espelho aos espectadores e os leva a criar uma simpatia muito especial por Sasha, o “crossdresser”, magistralmente interpretado por Jorge Caetano, recém-saído do elenco de AOS DOMINGOS, outra excelente peça de Júlia Spadaccini, que voltou ao cartaz, nesta semana, no Teatro Laura Alvim.

Que revolução pode ocorrer na cabeça de uma família “careta”, quando um homem que se veste de mulher, mas que gosta de mulher, dá aulas de canto e bebe chá, de forma clássica, e que vive com a porta de entrada de seu apartamento permanentemente a se ofererecer como um túnel, que leva a um mundo “desconhecido” e, por isso mesmo, “temido”?  E, pior ainda, quando o filho, que é gêmeo de uma irmã, de 16 anos, descobre que seu pai, o patriarca, o provedor da “família”, um discreto e mal-sucedido corretor de imóveis, frequenta aquele “antro de perdição”?

O espectador não conseguirá sair do teatro, sem que tenha sido mexido, sacudido, de alguma forma, pelo texto, a mola-mestra deste espetáculo, a despeito da grande atuação de todos do elenco, da direção e dos demais setores de uma produção teatral, os quais serão analisados, a seu tempo.  Mas, como sempre pensei, e acho que pensarei para sempre, que nenhuma peça se sutenta sem um texto de qualidade, o que escreveu Júlia Spadaccini está sendo o motivo principal destes comentários.

As relações familiares e suas implicações são discutidas, na peça, de uma forma muito simples, natural.  Não se trata de um “texto cabeça”, daqueles que, do princípio ao fim”, o espectador fica se questionando “o que é que o autor deve estar querendo dizer com isso?” ou “qual a relação disto com aquilo?”.  Não que uma pequena dose de uma “viagem” não seja interessante nesse contexto (a própria Júlia já o fez), mas, em A PORTA DA FRENTE, a autora diz tudo da forma mais simples e clara possível.  Não complica, não gera dúvidas.  Seus diálogos fluem com uma transparência tal, que hipnotizam o espectador e fazem com que noventa minutos pareçam nove.  A peça não é curta nem longa; tem um tamanho justo.  Nada, nela, é injustificável.  É ótimo sair do teatro com a sensação de “quero mais” (não porque faltou algo, mas porque foi muito bom; e o que é bom nunca é demais).

 

O elenco:

 

JORGE CAETANOSasha, o “crossdresser”, personagem misterioso, que foi amigo de Lou Reed e que será o vetor de tantas transformações.  O ator esbanja talento em cena.  Sua composição para o personagem é perfeita, sem exageros nem economias.  Merece a ovação da plateia.  Confesso que não o aplaudi em cena, para não interromper o fluxo dramático de alguns momentos.  Agora, porém, digo: Jorge, considere-se aplaudido em cena, por mim e, certamente, por toda aquela plateia que lotou o teatro no último domingo.

 

ROGÉRIO FREITASRui, o chefe da família.  Excelente a escalação de Rogério, veterano ator, para o papel.  Decodificou facilmente as características de seu personagem e sabe explorá-las em cena.  A surpresa, para o público, da transformação de seu personagem vai sendo muito bem construída, graças ao talento desse ator.

 

MALU VALLELenita, a esposa e mãe, o retrato mais fiel da homofobia.  A que se sente mais ameaçada pela presença daquele ser “estranho”, por todas as “más influências” que poderá exercer sobre a sua família, principalmente sobre o seu filho, adolescente de 16 anos.  Seu conservadorismo cerra-lhe os olhos aos problemas reais da família.  Malu é responsável por boas gargalhadas, por sua excelente interpretação, na qual circula pelo universo do humor da mesma forma como domina as cenas que se revestem de maior densidade dramática.

 

MARIA ESMERALDA FORTEMarilu, a mãe de Lenita.  Bela atuação, na pele de uma senhora que, iniciante de um processo de esclerose, é a portadora da notícia da chegada do novo morador, informação que não é levada em consideração logo de início, até que cada um dos membros da família vai tendo a oportunidade de encontrar a “criatura”.  É exatamente ela, que vive num caos mental, quem anuncia o caos que, a partir de tal anunciação, vai ser instaurado nas cabeças de seus pares.

 

FELIPE HAUITJonas, um dos gêmeos, 16 anos.  Na primeira cena do espetáculo, ele aparece, contracenando com Sasha, e a mesma cena encerra a peça.  É uma grande surpresa, que só valoriza o espetáculo.  Ótima atuação desse jovem ator.  Fiquei muito bem impressionado com o seu trabalho.

 

NINA REISNatália, a gêmea de Jonas.  Dentro de algumas limitações da personagem, Nina se sai muito bem nas cenas em que é mais exigida e dá a sua contribuição à homogeneidade das atuações de todo o elenco.

 

A DIREÇÃO, a quatro mãos, de Jorge Caetano e Marco André Nunes é excelente, conseguindo extrair o melhor rendimento do elenco.

 

A CENOGRAFIA, de Aurora dos Campos, também merece destaque, principalmente pelos recursos que ela utiliza para montar três ambientes no contido espaço do palco do Teatro Oi Futuro Flamengo.  Verdadeiro milagre da engenharia cênica.

 

Bons os FIGURINOS de Rui Cortez.

 

Excelente a DIREÇÃO DE MOVIMENTO de Márcia Rubin.

 

Ótima a ILUMINAÇÃO de Renato Machado.

 

O mesmo pode ser dito quanto ao VISAGISMO, de Josef Chasilew e a DIREÇÃO MUSICAL, de Felipe Storino.  

 

Com relação a Júlia Spadaccini, penso o mesmo que pensava sobre Caetano Veloso.  Explicando melhor: a cada novo disco de Caetano, eu sempre, após adquiri-lo no primeiro dia em que era posto à venda, dizia: É impossível que ele se supere.  E ele se superava sempre.  Vinha dizendo isso há algumas décadas (parei de dizer após o lançamento dos seus três últimos álbuns).  Digo o mesmo, com relação à Júlia, há alguns poucos anos.  E ela sempre se supera.  Espero que possa continuar dizendo.

 

A PORTA DA FRENTE está sempre aberta a quem quiser entrar.  Não faça cerimônia!




 

 

quarta-feira, 21 de agosto de 2013


O JARDIM SECRETO   -   SEM MUROS E NEM TÃO SECRETO ASSIM

 
            O público de teatro tem de se renovar sempre.  Em sua maioria, atualmente, é formado de pessoas mais velhas, muitas, até, bastante idosas.  É necessário que os mais jovens também troquem outras formas de lazer por um bom espetáculo teatral.  E podem ir com suas próprias pernas. 

Com relação às crianças, estas dependem da boa vontade e disponibilidade dos pais.  A maioria, quando vai pela primeira vez, fica encantada por aquele tipo de entretenimento e se tornam amantes da arte.  Isso, porém, só ocorre quando lhes é oferecido um espetáculo de qualidade e que, de preferência, agrade também aos pais, os quais sentirão o desejo de alimentar aquela nova descoberta. 

Infelizmente, com raras exceções, a grande maioria dos espetáculos infantis em cartaz no Rio de Janeiro, a despeito das boas intenções de produtores, diretores e atores, é de péssima qualidade, funcionando com um cartão de visitas às avessas, para quem é neófito na área, e servem para desestimular pais e filhos a outras incursões ao teatro.  São, na verdade, tentativas de teatro, com “t” minúsculo.

É uma delícia e um prazer desmedido ver um espetáculo grandioso, projeto no qual foram reunidos profissionais do maior gabarito, com o objetivo de produzir uma obra de arte que mereça ser chamada de TEATRO, com todas as letras maiúsculas.

 
         Lindo cenário de Analu Prestes

Foi o que vi, no último domingo, no Teatro II do Centro Cultural do Brasil.  A peça se chama O JARDIM SECRETO, um clássico da literatura infantil, surgido da sensibilidade da inglesa Frances Hodgson Burnett, que recebeu uma adaptação por parte de uma grande autora, muito premiada na área do teatro infantil, embora já venha se afirmando, também como uma grande dramaturga “para adultos”: Renata Mizrahi, que contou com a colaboração de Isabel Falcão, Luísa Arraes e Mariah Schwartz.  Esta dividiu a direção com Rafaela Amado, a qual vem se mostrando, nos últimos tempos, uma excelente diretora, para crianças e adultos.

Esta montagem, que ficará em cartaz até 13 de outubro, aos sábados e domingos, sempre às 16h, como deve ser um bom texto de teatro infantil, proporciona duas visões paralelas: os pequenos fazem a leitura que sua capacidade de abstração lhes permite alcançar e se encantam com o visual exposto no palco e com as “gracinhas” do texto e dos atores.  Os que os acompanham, adultos, obviamente, conseguem, facilmente, já que o texto é muito simples (tornar algo complexo não faz parte da cartilha de Renata Mizhari), entender a grande metáfora do “jardim secreto” que há dentro de cada um ou que pode vir a ser construído, “dependendo de nós”.

            Num rápido resumo, a peça conta a história de Miranda, uma menina que vai passar as férias de verão, pela primeira vez, na casa de seu tio Heitor.  Assim que chega, é recepcionada por Gertrudes, a governanta autoritária, que a proíbe de brincar, correr e falar alto; ou seja, não lhe permite ser criança. Cansada de tantas proibições, ela conhece Nicolau, sobrinho de Gertrudes e jardineiro da casa.  Ele fala à menina da existência de um jardim secreto, que fica trancado nos fundos da propriedade, desde que a tia de Miranda, esposa de seu tio Heitor e mãe do seu primo Gregório, morreu.

            Juntos, Miranda, Nicolau e Gregório aprontam muitas peripécias, para encontrar a chave que os levaria ao tal jardim secreto e, depois da experiência de conhecê-lo, é Miranda quem promove as mais inesperadas mudanças na vida daquela família, principalmente no que diz respeito ao primo Gregório, ao tio Heitor e à autoritária e antipática Gertrudes.

Trata-se de um espetáculo lindo, como há muito tempo não se vê nos palcos cariocas, direcionado a crianças (e a adultos também) e merece ser visto, sem qualquer restrição.  Como ocorreu na primeira semana, os ingressos se esgotam muito rapidamente.  É preciso adquiri-los com bastante antecedência, ao inacreditável valor de R$6,00 (inteira) e R$3,00 ( meia entrada).

 

                                                                    
                                                                          Camilla Amado

É muito difícil apontar destaques nesse espetáculo:

- O texto original dispensa qualquer comentário.

- A adaptação, como já foi dito, é perfeita.

- A direção, a quatro mãos, é brilhante.

- O elenco é, simplesmente, de fazer perder o fôlego:

CAMILLA AMADO – completando 60 anos de excelentes serviços prestados ao TEATRO BRASILEIRO, interpreta uma Gertrudes muito convincente, que facilmente arrancará vaias das crianças por suas atitudes hostis às personagens infantis da peça.  Para ela, deve ser uma emoção muito grande ser dirigida, pela primeira vez, pela filha Rafaela.  Isso pode ser percebido por quem a conhece mais profundamente.

ELISA PINHEIRO – é a Miranda.  Elisa é uma atriz de grandes recursos de representação, usando e abusando, principalmente, das caras e bocas e de sua voz.  Grande trabalho.

ARLINDO LOPES – emociona a plateia, com seu jeito doce de rapaz-menino e com o “phisique du rôle” para o papel.  A evolução do seu personagem, desde que descoberto pela prima (ele que vivia isolado, num quarto, com uma suposta “doença”) até abandonar, com muita dificuldade, a cama e chegar a correr e a explorar todo o jardim, e a própria casa, é fascinante.

JOÃO VELHO – é o Nicolau, o jardineiro, sobrinho de Gertrudes.  É o  personagem mais próximo do comportamento de uma criança normal, embora, às vezes, se reprima, com medo dos castigos da própria tia e do severo Sr. Heitor.  João parece estar muito à vontade no papel.  Passa-nos a impressão de que está se divertindo muito em cena, que o seu Joãozinho encarnou no corpo do João (velho) – perdão pelo trocadilho.

- Ainda completam o elenco:

LUIZ HENRIQUE NOGUEIRA, muito mais agradável ao público de qualquer idade, na pela do personagem A SOFÁ.  Isso mesmo, no feminino.  Também interpreta o tio Heitor.  Está muito bem nos dois papéis.

GRASIELA MÜLLER, no papel de Cadeira e tocando acordeão, também executa sua tarefa com bastante competência.

 


                                                              Arlindo Lopes

Para completar o time de craques reunidos num só espetáculo:

Cenário (lindíssimo) – ANALU PRESTES

Figurino – NEY MADEIRA, PATI FAEDO e DANI VIDAL

Direção de Produção – GUSTAVO NUNES

Iluminação – LUIZ PAULO NENEN

Vídeos – PAOLA BARRETO, LUCAS CANAVARRO e ALEXANDRE ANTUNES

Trilha Sonora original – MARCELO NEVES

Direção de Movimento – Rafaela Amado e Mariana Baltar

 


                                                      Elisa Pinheiro

Procure, dentro de você mesmo, a chave que dá acesso a esse JARDIM SECRETO e passe a viver nele.  Sua vida nunca mais será a mesma.

 

 


             

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 19 de agosto de 2013


DEPOIS DA QUEDA - UM GRANDE DESAFIO

Como se não bastasse o grande espetáculo, o programa da peça é dos melhores que, na qualidade de colecionador deles, já vi, contendo excelentes textos que ajudam, sobremaneira, o espectador a entender melhor a dramaturgia, principalmente o primeiro ato, que poderá deixar alguns espectadores “no ar”, se não dispõem de algumas informações.

A peça de Arthur Miller, autobiográfica por excelência, foi encenada, pela primeira vez, em Nova York, em 23 de janeiro daquele ano, dois após a morte de Marylin Monroe, na peça, com a identidade de Maggie, sob a direção do, então, seu grande amigo Elia Kazan (também personagem deste texto), com quem, posteriormente, rompeu, por problemas políticos, muito bem explicados no já tão elogiado programa.

Miller casou-se com Marylin e, com ela, viveu de 1956 a 1961, num casamento bastante polêmico.

Na peça, Miller aparece como o personagem Quentin, um homem que “procura respostas para seus relacionamentos com as mulheres, para seus conflitos sobre sua identidade como judeu, para seus medos e também para suas ‘traições’”, segundo Victor Nalin (programa da peça).

Sem dúvida alguma, é um belíssimo espetáculo, no qual se destacam, num elenco de granes atuações, os talentos de Lucas Gouvêa, no papel de Quentin, e Simone Spoladore, como Maggie, papel que lhe rendeu o prêmio de melhor atriz coadjuvante, pela APTR, em 2012.

      FICHA TÉCNICA

Texto: ARTHUR MILLER

Direção e tradução : FELIPE VIDAL

ELENCO
(por ordem de entrada em cena)

LUCAS GOUVÊA : Quentin

PAULA TOLENTINO : Felice / stand in Maggie

GABRIELA CARNEIRO DA CUNHA : Louise / Enfermeira

THAIS TEDESCO : Holga / Rose

LUCIANO MOREIRA : Dan / Menino no parque / Lucas / Coro dos homens

JANDIR FERRARI : Ike / Coro dos homens

TALITA FONTES : Elsie / Carrie / stand in Felice

FELIPE VIDAL : Lou / Homem no parque / Coro dos homens

LOURI SANTOS : Mickey / Coro dos homens

SIMONE SPOLADORE : Maggie

 

 
 
Juliana Terra, Felipe Vidal e Simone Spoladore

 

Cenário : AURORA DOS CAMPOS

Figurino : FLÁVIO SOUZA

Iluminação : TOMÁS RIBAS

Preparação Corporal : DENISE STUTZ

Direção musical, composições e arranjos : LUCIANO MOREIRA E FELIPE VIDAL

Visagismo : LUIZ DE LUCA

Programação visual : CRIA DA CASA

REALIZAÇÃO
Complexo Duplo e Projéteis - Cooperativa Carioca de Empreendedores Culturais

IDEALIZAÇÃO DO PROJETO : Felipe Vidal

 

SERVIÇO:

Casa de Cultura Laura Alvim
Avenida Vieira Souto, 176 - Ipanema

Tel.: (21) 2332-2016
Sexta e sábado, às 20h; domingo, às 19h
Espetáculo não recomendado para menores de 16 anos
Em cartaz até 1/9/2013

 


 

 

domingo, 18 de agosto de 2013

INDICAÇÕES DE DOMINGO A DOMINGO (DE HOJE A 25 DE AGOSTO)


ALÔ, DOLLY - Teatro João Caetano (sábado, 20:30; domingo, 17)
UM DIA QUALQUER, Teatro Glauce Rocha (5ª a domingo, 19)
A IMPORTÂNCIA DE SER PERFEITO, Teatro Maria Clara Machado (Planetário da Gávea) (6ª e sábado, 21; domingo, 20)
A MECÃNICA DAS BORBOLETAS - Imperator - Centro Cultural João Nogueira (6ª, 21; sábado, 20; domingo, às 19:30)
A ARTE DA COMÉDIA - Teatro Carlos Gomes (SÓ ATÉ HOJE - 19)
RANDEVU DO AVESSO - Teatro Café Pequeno (SÓ ATÉ HOJE - 20h)
CAIXA DE PHOSPHORUS - Teatro das Artes (sábado, 19; domingo, 18:30)
COMO É QUE PODE? - Teatro das Artes (6ª e sábado, 23)
DEPOIS DA QUEDA - Casa de Cultura Laura Alvim (6ª e sábado, 20; domingo, 19)
O DIA EM QUE RAPTARAM O PAPA - Teatro Clara Nunes (5ª a sábado, 21; domingo, 19)
E FORAM (QUASE) SEMPRE FELIZES PARA SEMPRE - Teatro Vannucci (5ª a sábado,  21:30; domingo, 20:30)
FORROBODÓ - UM CHORO NA CIDADE NOVA - Teatro SESC Ginástico (5ª a domingo, 19)
GONZAGÃO - A LENDA - Teatro Net Rio (Sala Tereza Rachel) (5ª a sábado, 21; domingo, 20)
MARAVILHOSO - Teatro Gláucio Gil - (6ª a domingo, 19:30; 2ª, 21)
NEM MESMO TODO O OCEANO - Espaço SESC Copacabana (Teatro de Arena) (5ª a sábado,  20:30; domingo, 18:30)
PALHAÇOS - Teatro Poeirinha (5ª a sábado, 21; domingo, 19)
PARA SEMPRE ABBA - Teatro Clara Nunes (5ª a sábado, 19; domingo, 21)
A PORTA DA FRENTE - Teatro Oi Futuro Flamengo (5ª a domingo, 20)
RAIN MAN - Teatro dos Quatro (5ª a sábado, 21; domingo, 20)
SEXO, DROGAS E ROCK'N'ROLL - Teatro do Leblon (Sala Marília Pêra) (6ª e sábado, 23)
SIMPLESMENTE EU, CLARICE LISPECTOR - Teatro Fashion Mall (6ª e sábado, 21:30; domingo, 20)
O TEMPO E OS CONWAYS - Teatro SESC Casa da Gávea (6ª e sábado, 21; domingo, 17)
OS SAPOS - Casa de Cultura Laura Alvim (3ª e 4ª, 21)
JIM - Teatro do Leblon (Sala Tônia Carrero) (de 3ª a 5ª, 21)

Durante a semana, falarei sobre as estreias previstas.

Não deixe de levar as crianças para ver O JARDIM SECRETO, que não é apenas uma peça infantil.  Os adultos hão de fazer uma outra leitura, por meio das metáforas existentes no texto. - Centro Cultural Banco do Brasil (sábados e domingos, 16)         

sábado, 17 de agosto de 2013

DENTRO DA PRÓPRIA CASA   -   NÃO UM LAR
 
Foto: Brenda Jaci, Jacyara de Carvalho, Michelly Barros e Rany Carneiro convidam a todos para "Dentro da própria casa" venham viver essa experiência conosco. Estreia hoje às 20:30
 
           É sempre muito agradável ir à Escola de Teatro da UNIRIO. 
           Ainda que, literalmente caindo aos pedaços, por culpa TOTAL do governo federal, que não cuida dos prédios públicos, menos ainda dos que abrigam instituições ligadas à saúde e à educação (a arte aqui se inclui), é muito gostoso caminhar por aquele espaço e cruzar com alunos e professores, em ambiente de total harmonia, liberdade, descontração e muita sede de criação.  De lá, já foram revelados muito grandes nomes que hoje brilham nos palcos.
           O comentário acima foi motivado pela última vez em que lá estive, na 4ª feira, dia 7, para assistir a um espetáculo dirigido por um aluno, sob a supervisão de seu professor, o grande diretor André Paes Leme.
           O espetáculo chama-se DENTRO DA PRÓPRIA CASA, cuja ficha técnica segue abaixo, acompanhada da sinopse e de comentário do diretor, incluídos no programa.
           Confesso que, com exceção dos espetáculos musicais, montados, a cada ano, pelo querido Rubens Lima Júnior, num excelente projeto de incentivo aos musicais dentro da UNIRIO (todos os que vi são de excelente qualidade), sempre que sou convidado a assistir a um espetáculo feito por alunos da UNIRIO, vou preparado mais para achar tudo uma bizarrice só, como já aconteceu em diversas outras vezes, embora eu considere válidas todas as experiências e formas de espetáculos que eles propõem.  Mas, desta vez, saí de lá muito feliz e bastante surpreendido com o que me proporcionaram as quatro atrizes do espetáculo e todos os envolvidos no projeto.
           Um espetáculo muito "diferente" - ouvi da boca de um jovem casal, quando saíamos da UNIRIO. 
           Sim, diferente.  Mas um diferente positivo ou negativo?  Positivo.  Muito positivo, digo eu.  Sabendo, principalmente, de todas as dificuldades que os alunos vivem e dos poucos recursos financeiros que a Universidade lhes oferece, para fazerem frente aos custos de uma produção, louvo muito o requinte dessa montagem, que ocupa três espaços, três salas de aula, com um cenário muito interessante e criativo, aproveitando, em parte, a própria arquitetura e a natureza do terreno da UNIRIO, assim como destaco o preciosismo dos detalhes técnicos, dos recursos de aparelhagens relativas a som (creio que pertencentes aos próprios envolvidos no projeto). 
           A trilha sonora é fantástica, assim como a iluminação. 
           Aplausos para o rapaz e a moça que operavam a aparelhagem.
           Sensacional a direção de Betho Guedes.  Parabéns, rapaz!  Não tenho dúvidas de que o TEATRO BRASILEIRO está ganhando sangue novo através do teu trabalho.  Espero assistir a muitas outras grandes montagens com a tua assinatura.
           O espetáculo é gratuito e merece ser assistido.  Como prestígio e incentivo aos novos artistas que estão sendo formados pela UNIRIO.  Como uma oportunidade de conhecer um bom trabalho de TEATRO. 
           Quem for assistir à peça entenderá por que seu título é DENTRO DA PRÓPRIA CASA (não DENTRO DO PRÓPRIO LAR).  Fica aí mais uma motivação para você ir à UNIRIO.
 
 
O Processo
           Em Janeiro de 2011, encontrei-me com a Atriz Rany Carneiro, para a nossa primeira conversa sobre a pesquisa que iniciaríamos, chamada de "Amor e Dor" (título provisório que, mais tarde, se transformou em "Dentro da própria casa") em que, em sala de ensaio, na prática, investigaríamos, inicialmente, questões que envolviam alguns personagens femininos do teatro.  Ofélia, Medeia, Antígona estavam entre elas.  À medida que a investigação continuava, percebemos que essas personagens serviram de inspiração inicial para questionarmos a posição da mulher atual.  Utilizamos, em sala de ensaio, pois, em sua maioria, o processo se dava na prática, exercícios sensoriais que estimulavam a percepção das atrizes para aquelas histórias.  A ideia era, inicialmente, o estímulo ao estudo da pesquisa.  Não acharíamos, naquele primeiro momento (nem tínhamos como  foco), a transformação da pesquisa em espetáculo teatral.  A indicação veio quando, nas primeiras reuniões com o meu orientador, André Paes Leme, que sugeriu partíssemos para uma segunda parte do processo, a montagem de um espetáculo, que seria a investigação do nosso material: textos produzidos, fotos, desenhos e partituras corporais.  Era o estímulo que faltava para que garimpássemos todo o nosso material pesquisado e optássemos pelo caminho das atrizes personas narradoras, em que cada uma delas representaria uma etapa de vida de uma mulher (infância, adolescência, adulta e velha), mesmo que essa mulher não fosse a mesma.  O que nos instigava era contar com a possibilidade dessa cronologia de etapa de vida.  Outro ponto de nossa pesquisa era tirar a criação/execução do espetáculo do espaço teatral "convencional", como o teatro de palco italiano, por exemplo. Optamos por um espaço alternativo, tido como principal função, a sala de aula, a sala 200 do prédio do CLA da Unirio.  Seria a possibilidade de investigar novo espaço cênico.
 
                                                                          Sinopse
           Casa – lugar onde, teoricamente, a mulher estaria protegida, mas é onde ela sofre as maiores agressões ao longo de sua vida (segundo a Central de Atendimento à Mulher, com sede em Brasília.)
           A casa sob a ótica do corpo, a casa que habito, desdobrando o conceito casa e levando para uma seara mais ampla, investigando esse corpo, que também serve de abrigo. Mergulhamos no universo feminino dentro de suas próprias casas.  São quatro mulheres em quatro fases diferentes de suas vidas, vivendo sob o mesmo teto (que não é o mesmo) e expondo suas fraquezas, suas limitações, suas angústias, seus desejos, seus amores e suas dores.
           Dentro de uma casa, no seio de nossa família, podemos viver momentos de extrema felicidade e de total abandono...  Quatro destinos.  Cada escolha é capaz de transformar completamente suas trajetórias...  Bem-vindos a este lar repleto de poesia e emoção.
 
 
                                                                        Ficha Técnica:

“Dentro da própria casa” 
Direção: Guedes Betho
Orientação de Direção: André Paes Leme
Elenco: Brenda Jaci, Jacyara de Carvalho, Michelly Barros e Rany Carneiro
Texto: O Grupo
Dramaturgia: Jacyara de Carvalho
Cenografia: Elsa Romero e Isadora Petrauskas
Assistente de Cenografia: Renê Salazar, Gaia Catta, Fernando Blauth Klipel, Olga Zendron e Fabio Kohler 
Cenotécnico: Derô Martín 
Contra-regra: Paulo Barbeto 
Orientação de Cenografia: Luiz Henrique Sá
Figurino: Flávia Sauerbronn e Nathalia Valadares 
Orientação de Figurino: Teresa Devulsky
Costura Cênica: Kátia Salles 
Visagismo: André Valim
Orientação de Visagismo: Mona Magalhães 
Iluminação: Isadora Petrauskas e Guedes Betho
Montagem de luz: Anderson Ratto
Direção de Movimento: Renato de Sena
Direção Musical : Gabriel Carneiro
Fotografia: Rany Carneiro
Programação Visual: André Valim
Produção Executiva: Márcio Leandro Oliveiras
Assistência de Produção: Rany Carneiro
 
 
 

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

O TEMPO E OS CONWAYS
 
           Ontem (o4 de agosto), assisti, pela segunda vez, a um excelente espetáculo: O TEMPO E OS CONWAYS, que teve sua temporada estendida, pela segunda vez, em função do grande sucesso de público e crítica. 
           O elenco sofreu algumas alterações, desde a estreia do espetáculo: no lugar da atriz Maria Ana Caixe, Luísa Bruno defende o papel de Joan; Janaína Moura substituiu Mariela Figueredo, como Madge; Pedro Logän e outro Pedro (Pedro Henrique Müller) revezam-se no papel de Gerald.  Mas a qualidade do espetáculo não foi abalada.
 
 
Foto: Nossa família ficou maior. Três novos atores passam a fazer parte dos Conways! Divulguem e tragam os amigos!

Sesc Casa da Gavea
Sexta e sábado as 21h
Domingo as 17h
Tel: 2239 3511

           Dois meses após ter assistido, pela primeira vez, ao espetáculo, atrevi-me a escrever algumas considerações sobre este espetáculo.  Leia e não deixe de ir ao simpático e aconchegante espaço do Teatro SESC Casa da Gávea.

O TEMPO E OS CONWAYS  -  PRAZER!  PRAZER!  PRAZER!  SÓ PRAZER!!!
(02 de agosto de 2013)
 
Em cartaz, há alguns meses (estreou no dia 19 de abril, para ficar em cena até o dia 9 de junho), no simpático espaço do Teatro SESC da Gávea, o espetáculo O TEMPO E OS CONWAYS já teve sua primeira temporada prorrogada por duas vezes e, pelo menos até agora, ficará em cartaz até o dia 27 de outubro, nos seguintes horários: 6ªs e sábados, às 21h e, aos domingos, às 17h.

Assisti a este espetáculo exatamente há dois meses e, por motivos vários, não havia, ainda, me pronunciado, em público, sobre ele, embora, logo no dia seguinte, tivesse enviado, a todos os envolvidos no projeto, algumas palavras de elogio e agradecimento pelos adoráveis momentos que me proporcionaram.

Naquela tarde, voltei no tempo.  Não ao da época em que se passa a trama, mas à transição entre os anos 60 e 70, quando eu frequentava o Curso de Letras da UFRJ, cursando Português-Inglês, e, por tais contingências, fui apresentado, nas aulas de Literatura Inglesa, a este texto de J B PRIESTLEY (1894 / 1984), o que rendeu discussões acaloradas e grandes reflexões acerca de um momento na história da sociedade inglesa, o fim da Primeira Grande Guerra e os anos 30.

O programa da peça, de excelente qualidade, diga-se de passagem, apresenta uma detalhada sinopse da peça, o que me leva apenas a dizer que “este clássico da literatura universal, conta a história de um grupo de jovens, cujas esperanças de felicidade na vida serão completamente frustradas – ou pelos seus próprios erros ou pela interferência de outras pessoas.  Em um nível mais amplo e profundo, o espetáculo promove uma grande investigação sobre a ideia de felicidade, questionando se os personagens são capazes de mudar o curso de suas vidas.”

Vamos a alguns despretensiosos comentários sobre o espetáculo:

Conhecedor do texto em seu original, não posso deixar de mencionar a excelente tradução e adaptação de Renato Icarahy.

A direção, de Vera Fajardo, é excelente e um dos seus mais marcantes detalhes é o aproveitamento de todo o espaço do pequeno teatro para a encenação.  Percebe-se um toque de muita delicadeza na condução do seu ofício.  Quanta sensibilidade e capacidade de percepção do universo de Priestley!

O cenário, de Mirella Maniaci, é um detalhe à parte, não só por ser simples, delicado e funcional, mas, principalmente, por ela saber, muito bem, como utilizar, como já disse, todo o espaço físico do pequeno e aconchegante teatro, desde a extensa escada que leva ao interior do teatro, passando pelo “foyer” (onde um pianista e cantor, Kaleba Villela, nos deleita), indo até os banheiros.  Até a bilheteria é fechada, pouco antes do início do espetáculo, transformando-se num belo detalhe do cenário.  Tudo revestido por um belíssimo papel de parede, que causa a sensação do todo.

Simples e descomplicada, porém eficiente, como sempre, a iluminação do grande Paulo César Medeiros.

Muito bons os figurinos de Paula Accioli.  O mesmo pode ser dito sobre a direção de movimento, de Duda Maia, e a trilha sonora, sob a responsabilidade da diretora, Vera Fajardo, e de Kaleba Villela.  Também ajuda na composição dos personagens, o visagismo de Marina Beltrão.

O elenco, composto quase em sua totalidade, por jovens e talentosos atores, conta com a participação da veterana, e grande atriz, Stella Maria Rodrigues, no papel da Srª Conway.  Um grande destaque deve ser creditado ao trabalho da bela e talentosa Júlia Fajardo, que interpreta a jovem Kay.  No dia em assisti ao espetáculo, havia, na plateia, alguns consagrados atores, que não pouparam elogios à moça, o que conta com o acréscimo do meu humilde aval.

Mas todos os demais seus companheiros de elenco defendem, com garras e dentes, seus personagens, e o resultado final é uma cumplicidade muito grande, que só faz agregar valores positivos à encenação. 

Sei que houve alguma alteração no elenco, mas os que me encantaram e me provocam uma nova ida ao teatro, são, além de Stella (que canta maravilhosamente bem) e Júlia: Camila Moreira (Hazel), o querido Igor Vogas (Alan), Johnny Massaro, que admiro há muito tempo (Robin); Marcéu Pierrotti (Ernest Beevers); Maria Ana Caixe (Joan Helford); Mariela Figueiredo (Madge); Pedro Logän (Gerald Thorton) e Thais Müller (Carol).

Sucesso de crítica e de público, o grande e simples segredo deste maravilhoso espetáculo, um dos melhores da atual temporada, é um só: beleza e simplicidade.

Aproveite e vá logo assistir a O TEMPO E OS CONWAYS.  O tempo também é um belo e importante personagem na peça.

Que prazer assistir a este espetáculo!!!  

 

 

 

           

 

 

 

 

O TEMPO E OS CONWAYS - no SESC CASA DA GÁVEA - Rio de Janeiro


OS SAPOS


           Encerrou temporada, ontem, no Galpão do Teatro Tom Jobim, um dos melhores espetáculos da atual safra: OS SAPOS, um excelente texto de Renata Mizrahi, com direção da autora e de Priscila Vidca
           No elenco, cinco grandes atores, em atuações irretocáveis: Gisela de Castro, Paula Sandroni, Peter Boos, Ricardo Gonçalves e Verônica Reis
           Felizmente, OS SAPOS vão coaxar, agora, em outro lugar.  A partir do dia 13 próximo, sempre às 3ªs e 4ªs (não foi divulgado o horário, mas, provavelmente, será às 21h), o espetáculo se transfere para o Teatro Laura Alvim, com uma alteração no elenco: sai o ator Peter Boos (Cláudio) e, em seu lugar, assume o papel Fabrício Polido
           MERDA!
 


Foto: Foto antes do público entrar no último dia de peça no Galpão das Artes., nossa casinha na Serra =) Semana que vem estamos de volta no dia 13 (terça) no laura Alvim! Vem! E na estreia, entrando o ator Fabrício Polido. Evoé!
 
(Foto do elenco e de parte da equipe técnica e administrativa que atua em OS SAPOS, ontem, antes do início as última sessão da temporada no Galpão do Tom Jobim)
 
 
           Se você não leu os meus comentários sobre o espetáculo, faça-o agora:
 
 
OS SAPOS - MUITO BOM ENGOLI-LOS
(21 de junho de 2013)
           Ontem, em meio ao pesado clima estabelecido no Rio de Janeiro, houve a estreia do espetáculo OS SAPOS, no Galpão do Espaço Tom Jobim, dentro do Jardim Botânico.  E lá estava eu, muito curioso para conhecer mais um trabalho da fabulosa Renata Mizrahi, até agora mais reconhecida por sua literatura voltada ao público infantil, tendo sido, inclusive, já premiada por textos desse tipo.
           OS SAPOS é um esplendoroso texto de Renata, que trata da dependência amorosa, envolvendo dois casais (casais?) e uma, digamos, "intrusa", a qual, sem nenhuma intenção, instaura o caos naquelas relações "amorosas". 
           O texto mostra "como as relações podem atingir níveis primitivos, quando as pessoas são colocadas em situação de confinamento.  A trama se desenvolve em uma casa de campo rústica, alugada por um casal com problemas no relacionamento.  O título é uma referência aos anfíbios que teimam em voltar aos banheiros, mesmo depois de colocados para fora.  São como os amantes, que tentam se livrar um do outro, mas não conseguem."
           O texto de Renata é de facílima "digestão", porém não menos "nutritivo", muito por conta da sua capacidade de construir diálogos leves e, ao mesmo tempo, muito contundentes, embalados por um humor cáustico. 
           Por algumas vezes, dei boas gargalhadas, imediatamente caladas por uma reflexão crítica daquilo que me levou ao riso.  E ela, Renata, sem muito esforço, é capaz de nos levar do riso ao drama, sem que, jamais, se perca o foco de suas mensagens, explícitas ou camufladas.  Forte candidata ao sucesso. 
           Renata Mizrahi é uma dramaturga madura, que, ao lado de Júlia Spadaccini, representa uma nova face, jovem, da dramaturgia brasileira, tão carente e bons autores.
           O espetáculo é, corretamente, dirigido pela própria Renata e por Priscila Vidca, sua grande parceira de outros trabalhos.
           Não me importo de ser repetitivo, toda vez que digo que um bom espetáculo teatral começa por um bom texto.  Por outro lado, de nada adianta este, se não há atores competentes para dar vida aos personagens e falar pelo(a) autor(a).  E competência é o que não falta aos cinco atores que representam em OS SAPOS.  As atuações, por ordem alfabética, de GISELA DE CASTRO, PAULA SANDRONI, PETER BOOS, RICARDO GONÇALVES e VERÔNICA REIS são corretíssimas, todos no mesmo patamar de atuação.
           GISELA, queridíssima, Luciana, na peça, é uma pessoa que merece todo o meu carinho e apoio por sua dedicação às artes cênicas.  Apesar de bem jovem, é uma grande empreendedora, sempre às voltas com uma boa produção, ao lado do marido, JÚLIO AUGUSTO ZUCCA.  Além de tudo, é uma excelente atriz e este, com certeza, é seu melhor papel, até hoje.
           PAULA SANDRONI (o DNA ajuda), ultimamente, tem marcado pouco sua presença nos palcos, como atriz, dedicando-se mais à assistência de direção da grande dupla representativa dos musicais, CHARLES MÖELLER e CLÁUDIO BOTELHO.  Mas é tão bom, PAULINHA, vê-la em cena!  Que bela composição de personagem você concebeu para a sua Fabiana!
           PETER BOSS também é um dos grandes atores da nova geração, ainda que já reúna, em seu currículo, grandes trabalhos.  Atualmente, ao lado de outros companheiros, faz um belo trabalho de ocupação e revitalização do Teatro Serrador.  Seu personagem, Cláudio, cresce e surpreende o espectador no decorrer da peça.  Excelente atuação.
           RICARDO GONÇALVES está muito convincente na pele de seu personagem, Marcelo, e é responsável por algumas das melhores cenas do espetáculo.
           VERÔNICA REIS é uma atriz que, já há algum tempo, ocupa uma das minhas preferências, na constelação de estrelas do palco.  Acompanho sua carreira, brilhante, por sinal, na Cia Atores de Laura.  A cada trabalho dela, nessa companhia, mais aumenta minha admiração pela profissional.  Em OS SAPOS, VERÔNICA representa de uma forma muito natural e defende, brilhantemente, sua personagem, Paula, a que "chegou para abalar".  E como abala!
           Para completar o time dos craques que fazem de OS SAPOS um dos melhores espetáculos a que assisti este ano, estão os nomes de NELLO MARRESE e LORENA LIMA, que bolaram, de forma muito criativa, uma casa de campo, na qual se passa toda a ação, e RENATO MACHADO, que fez uma ótima iluminação para o espetáculo, além de outros profissionais.
           OS SAPOS ficará em cartaz até o dia 4 de agosto e merece ser visto por todos.
           Vida longa a esses anfíbios!  Eu, que como todas as pessoas, vivo engolindo sapos indigestos, nunca pensei que fosse tão delicioso engolir estes.
           MERDA!