quarta-feira, 20 de junho de 2018



OUVI DIZER
QUE A VIDA
É BOA


(SÓ TE DIGO UMA COISA:
“CARPE DIEM!”)





            Fico com pena, quando, por problemas de agenda, só consigo assistir a um bom espetáculo no final da temporada e, por isso, não tenho condições de revê-lo, que é o que irá acontecer, infelizmente, com a peça “OUVI DIZER QUE A VIDA É BOA”, a não ser que haja outras temporadas (MERECE!!!). A peça está em cartaz, em suas últimas sessões, na Arena do SESC Copacabana (VER SERVIÇO.).

          As crises, de todas as ordens, principalmente a econômica, que vimos atravessando nos últimos tempos, são, evidentemente negativas, porém, curiosamente, de forma paradoxal, também podem ser vistas positivamente. Falo, especificamente, do TEATRO. Apesar de tudo e de todos os que lutam contra, ainda há muita gente, grandes profissionais, que doam o sangue e dão a alma, para conseguir pôr um espetáculo de pé, como é o caso da CIA. DRAMÁTICA DE COMÉDIA, com 24 anos de estrada e bons serviços prestados ao TEATRO BRASILEIRO, ao resolver montar um texto inédito de JOÃO BATISTA, da forma mais simples – não simplista ou simplória -, porém com muito profissionalismo e competência.

            JOÃO escreveu um excelente texto, partindo de uma simples frase, inserida numa situação: “Ah! Uma hora, é uma coisa; outra hora, é outra. O tempo vai passando...”.






 






SINOPSE:

Há alguns anos, num jornal de domingo, uma das entrevistadas, numa matéria sobre “terceira idade”, era uma senhora, moradora do Rio de Janeiro, que afirmava que um grande sonho, que nunca havia realizado, era “ver o mar”.

Indagada sobre as razões de nunca tê-lo realizado, tendo morado tão perto dele, durante, praticamente, toda a vida, ela respondia: “Ah! Uma hora, é uma coisa; outra hora, é outra. O tempo vai passando...”.

Essa curiosa personagem da vida real serviu de ponto de partida para a criação de uma personagem de ficção, cuja saga, desde a infância, é contada em um tom bem-humorado.

A personagem (CAROL MACHADO), que não tem nome, vive seu sonho/drama, da infância à velhice, sempre encontrando obstáculos à sua realização.

“OUVI DIZER QUE A VIDA É BOA” explora o absurdo das situações pelas quais passa a personagem, a qual, por várias vezes, se vê na iminência de realizar seus sonhos, de ver o mar, conhecer lugares e outros mais, mas, como bem disse a senhora, na entrevista, “O tempo vai passando.”.

E A VIDA VAI PASSANDO.











  De acordo com o “release”, enviado por LEILA GRIMMING (ASSESSORIA DE IMPRENSA) “O espetáculo é uma narrativa musical, que dá continuidade à pesquisa de linguagem desenvolvida pela companhia em suas produções mais recentes (...). ...as músicas do espetáculo são parte integrante da narrativa (...)”. Originalmente composta por MARCELO ALONSO NEVES, são todas executadas ao vivo, contando com o acompanhamento dos próprios atores, que tocam vários instrumentos musicais, de forma simples e singela, seguindo o tom da peça.

           Considero quatro grandes destaques no espetáculo: o texto, a trilha sonora original, a iluminação e a interpretação de CAROL MACHADO, entretanto todos os demais profissionais envolvidos no projeto e os outros elementos também contribuem para esta ótima montagem.

            O texto, além da excelente ideia, nos passa uma linda, grande e importante mensagem, a de que, para que consigamos ser felizes, não importam os obstáculos que surjam à nossa frente, é necessário pôr em prática a teoria do “carpe diem”, uma expressão, em latim, que significa "aproveite o dia". Trata-se de uma metáfora que nos sugere ou, mais que isso, nos impele a viver a vida intensamente, minuto a minuto, uma vez que ela é efêmera, o tempo passa rapidamente e não podemos deixar escapar as oportunidades de conhecer e vivenciar o máximo possível aquilo que ela nos oferece, principalmente as coisas boas. O termo foi escrito pelo poeta romano Horácio (65 a.C. - 8 a.C.), no Livro I de “Odes”.









            A principal característica estrutural do texto reside no fato de os diálogos serem muito curtos e ágeis, “secos”, sem qualquer “gordura”, o que concede um potente dinamismo à peça. Devo chamar a atenção de quem me lê para alguns pontos, no texto, como o motivo que levou a personagem a se casar (Amor ou um “certo” interesse?); as intervenções da mulher do primo do marido, em cuja casa o casal migrante morava, quando vieram para o Rio de Janeiro; a importância do advérbio de lugar “lá”; o pouco valor que o marido dava para o mar (Quem tem não valoriza.); os diversos sentidos (valores denotativos e conotativos) do verbo “passar”; a fusão, de sentido, do verbo “esperar” (algo no tempo e a chegada de uma filha); as coincidências que havia no texto de um folhetim, que a personagem conseguiu numa igreja, com toda a sua vida, quando ela decidiu ir, sozinha, “lá”. Vale muito a pena prestar bastante atenção ao texto.

           A trilha sonora original, composta por um mestre no ramo, MARCELO ALONSO NEVES, tantas vezes premiado, é um primor, pela simplicidade e singeleza das melodias e das letras, que ajudam a construir e contar a saga da personagem. Estas se apoiam num mote: adiamento e passagem do tempo.

      RENATO MACHADO, outro premiadíssimo profissional, assina uma das melhores iluminações, considerando as peças a que venho assistindo neste ano. A luz “dialoga” com os atores e marca, em zonas, distintamente, cada momento da peça, servindo, também, de elemento para mostrar o tempo passando e a eterna espera. É feita, digamos, de forma setorial, privilegiando os vários espaços por onde a ação acontece.
   





CAROL MACHADO apresenta-se em uma de suas melhores atuações. Ela encarna a mulher que, à medida que o tempo passa, se anula, diante das exigências da vida, cuidando da família, do irmão, depois do marido e dos filhos, da casa e dos pequenos afazeres da comunidade em que vive, enquanto deixa de lado suas vontades e desejos”. Uma bela lição de altruísmo. Em qualquer que seja a situação, qualquer que seja a idade da personagem, a atriz se mantém atenta ao que faz, sabendo utilizar, de forma bem expressiva, as ferramentas da voz e das expressões corporais, principalmente as máscaras faciais. Os desejos da personagem, não realizados, geram frustrações, como não poderia deixar de ser, mas ela parece, de certa forma, assimilá-las e “dar a volta por cima”, nem que seja aparentemente.






Os que, com CAROL, completam o elenco cumprem, com sobriedade e correção, seus papéis, todos, também, sem nomes. São eles: ANA MOURA, CLEITON RASGA, GISELDA MAULERLUCAS MIRANDA, LUCIANO MOREIRA e SÔNIA PRAÇA.

      O cenário, de DÓRIS ROLLEMBERG, é muito simples e atende à proposta da peça, comportando o mínimo necessário para o desenvolvimento das cenas: um feixe de galhos secos, no teto (confesso que não consegui atingir a proposta); uma mesa; duas cadeiras; uma mesinha de canto; alguns instrumentos musicais, agrupados numa parte da arena; duas maletas; um banquinho e alguns objetos de cena, como um ferro elétrico e utensílios de cozinha.

           Os figurinos, de MAURO LEITE, não apresentam detalhes de destaque a serem comentados, a não ser o fato de apresentarem um certo “exotismo” nas combinações das peças (não combinam, propositalmente), puxando para um lado meio em desajuste com uma estética, “dita”, normal.

JOÃO BATISTA, contando com a facilidade de também ser o autor do texto, faz um bom trabalho de direção, com uma proposta de que os personagens falem com ênfase em determinadas sílabas, num ritmo frasal que foge ao convencional, muito próximo dos personagens rodriguianos.



   









FICHA TÉCNICA:

Autor e Diretor: João Batista

Elenco (por ordem alfabética): Ana MouraCarol MachadoCleiton RasgaGiselda MaulerLucas MirandaLuciano Moreira e Sônia Praça

Trilha Sonora Original e Direção Musical: Marcelo Alonso Neves
Cenografia: Dóris Rollemberg
Iluminação: Renato Machado
Figurino: Mauro Leite
Preparadora Vocal: Paula Leal
Fotografia e Vídeo: Rai Júnior
Produção: Palavra Z Produções Culturais
Direção de Produção: Bruno Mariozz
Assessoria de Imprensa: Leila Grimming
Realização: Companhia Dramática de Comédia






 







SERVIÇO:

Temporada: De 07 de junho a 1º de julho de 2018.
Local: Espaço SESC Copacabana - Arena.
Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana – Rio de Janeiro.
Telefone: 2547-0156.
Horários: De 5ª feira a sábado, às 20h30min; domingo, às 19h.
Valor dos Ingressos: R$30,00 (inteira); R$15,00 (jovens de até 21 anos, maiores de 60, estudantes e classe artística); R$7,50 (associados SESC).
Horário de Funcionamento da Bilheteria: De 3ª feira a domingo, das 15h às 21h.
Pagamento apenas em espécie.
Ingressos antecipados somente no local.
Duração: 60 min.
Capacidade: 242 lugares.
Classificação Indicativa: 12 anos.
Acesso para portadores de necessidades especiais.
Gênero Comédia Dramática.













            Esta peça foi uma grata surpresa, para mim, motivo que me leva a recomendá-la.


E VAMOS AO TEATRO!!!

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!

COMPARTILHEM ESTA CRÍTICA, 
PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR O BOM 
TEATRO BRASILEIRO!!!



(FOTOS: RAI JÚNIOR.)



































segunda-feira, 18 de junho de 2018


O HOMEM

DE LA
MANCHA

(UMA OBRA-PRIMA! 
ou
BELEZA E EMOÇÃO
À FLOR DA PELE!
ou
A POSSIBILIDADE DE UM
SONHO IMPOSSÍVEL!)












Em dezembro de 2014, fui a São Paulo com um único propósito: assistir ao musical “O HOMEM DE LA MANCHA”, baseado na obra-prima de MIGUEL DE CERVANTES, “D. Quixote De La Mancha”, esse mesmo D. Quixote que eu acredito ter sido, em outra encarnação, tão imensa é minha identificação com o personagem e amor por ele, a ponto de colecionar quadros e esculturas do personagem (Aceito presentes.). Jamais escondi minha paixão por essa peça, por ter, como eixo central, o meu personagem universal preferido.

            Assisti num dia e, pela graça divina, escapei de um enfarte, sufocado por tanta emoção. Tinha, no elenco, muitos amigos, pelos quais esperei, ao final, para cumprimentá-los, e tive o grato prazer de ter sido apresentado ao ator CLETO BACCIC, que representa, de forma emocionante e irretocável, o protagonista. BACCIC, simpático e solícito, em breve conversa comigo, sem saber que eu era crítico de TEATRO e jurado de um Prêmio de TEATRO, no Rio de Janeiro, ao me ver tão impactado, despudoradamente embevecido com o que vira, quase aos prantos, convidou-me a rever o espetáculo no dia seguinte. Aceitei, prontamente, aquele imenso e inesperado presente e revivi as mesmas emoções na outra noite.

Tentei assistir ao musical, posteriormente, todas as vezes em que ia a São Paulo, já que ficou por mais de um ano em cartaz, salvo engano, mas, por motivos diversos, nunca logrei êxito. Gostaria muito de que meus conterrâneos cariocas tivessem a oportunidade de se deliciar com aquele espetáculo. Houve algumas tentativas, mas todas infrutíferas, infelizmente. Finalmente parece que os DEUSES DO TEATRO deram uma mãozinha e “O HOMEM DE LA MANCHA” está aqui, o “sonho impossível” tornou-se realidade, e bem próximo à minha casa, no Teatro Bradesco – Rio de Janeiro (VER SERVIÇO.).






            É claro que houve mudanças na montagem, em se tratando de elenco, embora o trio principal tenha sido preservado: CLETO BACCIC (MIGUEL DE CERVANTES / D. QUIXOTE), SARA SARRES (ALDONZA / DULCINEIA) e JORGE MAYA (SANCHO PANÇA). Como, porém, felizmente, o que não falta é gente de talento para atuar em musicais, no Brasil, todas as substituições estão à altura dos que fizeram parte do elenco original.

          Esta crítica, obviamente, se pauta na montagem atual, que assisti, na sessão para convidados, no dia 11 (junho/2018), mas aproveitarei bastante da extensa resenha que escrevi, quando vi a peça pela primeira vez, publicada em duas partes, de tão completa e esmiuçada, aqui condensadas numa só; prometo tentar me fazer conciso, embora tenha de lutar muito para que isso aconteça.

Aproveitando um pouco das informações contidas no “release”, enviado por CRIS FRAGA (IMPRENSA – LOURES CONSULTORIA), o espetáculo é uma superprodução, com versão e direção de MIGUEL FALABELLA, e já foi visto por 100 mil pessoas, numa produção do Atelier de Cultura.

“...a adaptação de FALABELLA transpõe a história original da peça “Man of La Mancha”, de DALE WASSERMAN, ao cotidiano brasileiro: da Inquisição Espanhola para um hospício brasileiro dos anos 50. A inspiração do diretor, para cenários e figurinos, é direta desse ambiente: as obras do artista plástico Arthur Bispo do Rosário, um dos internos da Colônia Juliano Moreira (RJ)”.

            Passaram-se mais de quatro décadas, desde a primeira montagem, para que alguém, de muita coragem e extrema competência e bom gosto, como MIGUEL FALABELLA, nos brindasse com uma verdadeira obra-prima, que nos orgulha e ao TEATRO BRASILEIRO.






A primeira montagem brasileira desse texto, de DALE WASSERMAN, com música de MITCH LEIGH e letras de JOE DARION, ocorreu no início dos anos 70, traduzida pelos saudosos Paulo Pontes Flávio Rangel, dirigida por este. A adaptação, para o português, das canções foi feita por Chico Buarque e Ruy Guerra. Estreou, em 15 de agosto de 1972, no Teatro Municipal de Santo André, com Paulo AutranBibi Ferreira e Dante Rui nos papéis de MIGUEL DE CERVANTES/ D. QUIXOTEALDONZA / DULCINEIA e SANCHO PANÇA, respectivamente. A seguir, a peça passou a ser encenada no Teatro Anchieta, ainda em São Paulo.

Em 15 de janeiro de 1973, inaugurou o Teatro Adolpho Bloch, no Rio de Janeiro, quando o personagem SANCHO PANÇA passou a ser interpretado por Grande Otelo, permanecendo oito meses em cartaz. Três grandes gênios do TEATRO BRASILEIRO lideravam um grande e competente elenco. Em 1974, O HOMEM DE LA MANCHA” fez temporada popular, de janeiro a março, no Teatro João Caetano, também no Rio de Janeiro. Para os padrões e recursos da época, já foi considerado uma superprodução, grande sucesso de público e de crítica.

Na Broadway, o musical foi apresentado, pela primeira vez, em 1965, teve 2.329 apresentações e ganhou cinco prêmios Tony. Foi reapresentado inúmeras vezes, tornando-se um dos mais vistos espetáculos de TEATRO MUSICAL e uma das escolhas mais populares das companhias teatrais. Uma de suas canções, “The Impossible Dream” (“O Sonho Impossível”), tornou-se um clássico internacional, e continua a sê-lo até hoje.

      Na montagem em tela, logo nas primeiras cenas, sentimos uma vontade imensa de nos beliscarmos, para termos a certeza de que não estamos sonhando ou delirando, embalados por um “sonho impossível”, mas é profundamente gratificante, tanto quanto surpreendente, quando nos damos conta de que estamos vendo, de verdade, uma encenação teatral magnífica, uma verdadeira obra de arte.







            MIGUEL FALABELLA foi de uma felicidade ímpar, estupenda, ao associar o universo do espetáculo ao de Arthur Bispo do Rosário, um artista plástico brasileiro, falecido em 1989.  Considerado louco, por alguns, e gênio, por outros, a sua figura insere-se no debate sobre o pensamento eugênico, o preconceito e os limites entre a insanidade e a arte, no Brasil, assemelhando-se aos sentimentos da época com relação a MIGUEL DE CERVANTES, criador de um personagem que não era o que se podia rotular como um indivíduo são, do ponto de vista mental.  A obra mais conhecida do Bispo do Rosário é o “Manto da Apresentação”, que, segundo ele, deveria vestir no dia do Juízo Final.

De forma genial, FALABELLA põe, em cena, um personagem, o GOVERNADOR, uma espécie de líder no manicômio onde CERVANTES fora internado, à espera de seu julgamento, que não é outro, senão o próprio Bispo, vestido com o manto acima referido, um primor de figurino.  Uma imagem belíssima! Curioso é que essas informações, da ligação do personagem da peça com o Bispo, podem ser encontradas no lindo programa do espetáculo, que eu não li, antes do início da peça, entretanto, ao ver aquela figura em cena, logo ao abrir das cortinas, pensei alto: “É ele! É o Bispo do Rosário?!”. Aquela visão do personagem GOVERNADOR, vestido com seu manto, logo no início da peça, é deslumbrante.  Já é um prenúncio do que se verá ao longo de quase duas horas de encenação.












SINOPSE

Um manicômio brasileiro, no final dos anos 50.  

Um paciente é anunciado para internação.  Chega a bordo de uma caravela, talvez a “nau dos insanos”.

Apresenta-se como MIGUEL DE CERVANTES (CLETO BACCIC), poeta, ator de teatro e coletor de impostos.  Chega na companhia de seu criado, SANCHO (PANÇA) (JORGE MAYA).

Ele é abordado pelo GOVERNADOR (DAVI BARBOSA), um louco, que comanda os internos do hospital psiquiátrico.   O grupo o ataca e se apropria de seus parcos pertences.

CERVANTES não se preocupa em perder o pouco que lhe é de posse, apenas não aceita que lhe tomem um manuscrito, o qual é arremessado entre eles e passa de mão em mão.

Para dar, a CERVANTES, a oportunidade de reaver seu manuscrito, o GOVERNADOR instaura um “julgamento”.

O DUQUE (FRED OLIVEIRA) faz a acusação.  CERVANTES organiza sua defesa, convidando os loucos a encenarem, com ele, uma peça de teatro.

É a história de D. ALONSO QUIJANA, um velho fazendeiro, aposentado, ávido leitor, desgostoso com os maus-tratos dos homens para com seus semelhantes. Melancólico com as injustiças do mundo e tomado pela loucura, depois de ter lido tantas novelas de cavalaria, imagina ser D. QUIXOTE, SENHOR DE LA MANCHA, um Cavaleiro Errante, o futuro Cavaleiro da Triste Figura, após sua “sagração”, atrás de aventuras que lhe permitam combater o mal, assistir os indefesos, os fracos e oprimidos, os injustiçados, e praticar o bem, tudo em louvor à sua amada DULCINEIA (SARA SARRES).








Como já disse, tive a grande sorte e a grata felicidade de poder assistir ao espetáculo duas vezes.  Se não tivesse havido essa segunda oportunidade, provavelmente, eu não teria condições de escrever os comentários abaixo, uma vez que só pude fazer anotações, para não me esquecer de nenhum detalhe importante, na segunda vez, visto que, na primeira, o meu estado de êxtase total não permitiu que eu me fixasse em nada particularmente, a não ser no TODO, em TUDO. Era informação demais, às toneladas.

Logo de saída, chamou-me a atenção o posicionamento dos músicos, excelentes, por sinal, vestidos de médicos ou enfermeiros, distribuídos no alto das duas laterais do palco, uma excelente solução, para a questão do espaço cênico, como também equivale e um interessante elemento plástico na encenação.

Um grande segundo momento de impacto, beleza e deslumbramento é a cena em que CERVANTES se transforma em QUIXOTE, enquanto vai convencendo os demais internos a atuar na sua peça.  Gosto muito da ideia de abrir, ao grande público, a técnica de transformação de um ator em personagem, dividir, com o público, a magia do TEATRO






Outra cena muito interessante, que, a despeito de ser puxada para a comédia, gera grande emoção, é a da “sagração” do protagonista em Cavaleiro da Triste Figura.  Apesar de hilária, fui levado a “acreditar” naquela alucinação, tão convincente é o trabalho de CLETO BACCIC.  Chorei. E não foi pouco.

            Marcante é a cena do encontro entre QUIXOTESANCHO e a horda de ciganos, os quais lhes roubam tudo.  É um momento de grande destaque no espetáculo, pela inserção de elementos da cultura cigana ao cenário, com figurinos exuberantemente coloridos e uma coreografia alegre e muito bem executada.






É brilhante e criativa a solução encontrada pela direção para encenar a luta do herói contra os “moinhos de vento”, representados por dois ventiladores de teto, que tomam a posição vertical, para simular as pás dos tais moinhos. Efeito fantástico!






            A utilização da metalinguagem, no espetáculo, uma história dentro de outra, é, certamente, um dos pontos altos deste texto e confere a ele um grande dinamismo, já que o espectador é conduzido a percepções de realidade e sonho, alternadamente.

É linda a cena entre SANCHO e ALDONZA / DULCINEIA, quando aquele entrega a esta uma “missiva”, da parte de D. QUIXOTE, oferecendo, à “formosa dama”, seus atos de bravura, em defesa dos fracos e oprimidos.

Um detalhe interessante, que observei desde a primeira vez em que vi a peça, é que, no alto do cenário, bem no centro, há uma porta, com a inscrição SAÍDA, entretanto ela só serve para dar “entrada” a alguns personagens.  Todos os que são levados para julgamento, o real, com a possível, e quase certa, condenação à fogueira, são levados por uma saída lateral, superior, à esquerda do palco, para o público, o que nos faz entender que, para os que estão internados naquela “instituição”, não há SAÍDA.

Nas falas de D. QUIXOTE, podem ser pinçadas algumas “pérolas”, como, por exemplo, quando ele se recusa a chamar os débeis mentais de “loucos”, preferindo o eufemismo “homens de ilusão”.  Achei lindo!  Ou quando diz que “Talvez, abrir mão dos seus sonhos possa ser um ato de loucura”.  Ou, ainda, que “O excesso de lucidez pode ser considerado loucura”.












Na cena em que o protagonista se encontra muito doente e debilitado, deitado no que poderia vir a ser o seu leito de morte, chamaram-me a atenção três biombos que entram em cena, para compor o cenário, nos quais estão aplicados, em cada um deles, respectivamente, enormes botões, desenhos variados de navios e diversos tipos de pentes.  Penso se tratar de alguma simbologia a utilização de tais objetos e desenhos.  Se há, não a alcancei, mas não tenho dúvidas de que gerou um belo efeito plástico.

Chegou a hora em que MIGUEL DE CERVANTES é convocado para um interrogatório, que o levará, na ficção, para a fogueira.  O ator remove a maquiagem de DOM QUIXOTE, despoja-se do figurino do personagem e retoma o manuscrito da sua história, para delírio geral da plateia, na qual me incluo, com dificuldade para visualizar perfeitamente a cena, em função dos meus olhos cheios d’água.

Em todas as vezes em que a canção “Sonho Impossível” é cantada, em solo ou com o auxílio do coro, a plateia se emociona (e eu lá), não só pela força e beleza da letra e da melodia, mas, principalmente, por ela estar inserida em momentos de grande apelo emocional, principalmente na cena final. É de encharcar lenços.







            Entremos na análise da ficha técnica, a começar pelo texto, que já se tornou um clássico do TEATRO, pela beleza de seu tema e por sua arquitetura, com diálogos curtos (e alguns poucos “bifes”), que mantêm uma linguagem requintada, mas de acesso ao público em geral, graças à excelente tradução e adaptação de MIGUEL FALABELLA.

As canções do espetáculo são lindas e receberam uma excelente versão, de MIGUEL, igualando-se, em qualidade, à de Chico Buarque e Ruy Guerra, para a primeira montagem.  Todos os que entendem de musicais sabem o quanto é ingrata a tarefa de verter letras para o português, uma vez que é necessário manter o conteúdo original, que também serve para contar a história, é texto, combinando sílabas métricas com compassos e ritmos.  Cláudio Botelho é o grande mestre nessa arte, e FALABELLA parece ter estudado na mesma escola e também se saiu muito bem neste espetáculo, como também em outros em que se presta à mesma função.

Dirigir um elenco com mais de duas dezenas de atores18 músicos e comandar mais dezenas de técnicos e outros profissionais, mais de uma centena, no total, não é tarefa para amador.  É preciso muito profissionalismo, determinação, liderança, capacidade de dialogar e, acima de tudo, muita competência, sensibilidade e bom gosto.  Tudo isso, e mais alguma coisa, é o que não faltou a MIGUEL FALABELLA na direção deste espetáculo. Foram dois meses e meio de ensaios, para a estreia na primeira temporada, pelo que apurei, que devem ter sido muito “puxados”, para que o resultado fosse a maravilha que se pôde ver em cena, na primeira temporada, e que se mantém até hoje.  Tudo muito “limpo”, acontecendo, com perfeição, à hora e à maneira certas, sem um “furo”, sem um contratempo.  FALABELLA tem uma facilidade muito grande para trabalhar com elencos numerosos e atribuir funções a todos os atores, de modo que, mesmo sem participar, diretamente, das cenas, cada um, na sua mínima e quase imperceptível atuação, acaba, no fundo, por superlativá-la, concorrendo para encher o palco de ações secundárias paralelas.  O diretor pensou em todos os detalhes e o resultado de seu trabalho é irrepreensível.

Tudo o que está ligado à parte de direção musical é de responsabilidade de um profissional que, por tantas vezes, já demonstrou seu potencial, em musicais de sucesso, e que, mais uma vez, honra a sua profissão: CARLOS BAUZYS.  Já assisti a muitos espetáculos com a sua assinatura, na direção musical, e, apesar de ter gostado de todos, neste, ele se supera, com arranjos belíssimos, tanto para instrumentos como para vozes.






A orquestra é formada por músicos de primeiríssima qualidade, como requer um espetáculo do porte de “O HOMEM DE LA MANCHA”, com destaque para os muitos metais, várias percussões e uma abundância de sopros, tendo, como detalhe curioso, o fato de não contar com instrumentos de cordas (VER FICHA TÉCNICA.)Estão de parabéns!

Quanto à coreografia, de KÁTIA BARROS, todas merecem destaque, pela dose certa de vigor aplicada a cada um dos números, com alguns destaques, poucos, pois cada uma das danças se reveste de características próprias e todas são excelentes, como a cena dos ciganos e todas as da hospedagem / castelo.  Sem exceção, as coreografias da peça exigem muito dos executantes, os quais fazem um trabalho perfeito, valorizando, em muito, a encenação.

cenografia é impactante, suprema, exageradamente fantástica!  Sobre ela, quase que reproduzirei, com algumas adaptações, um texto do programa da peça: “A construção do cenário foi realizada pelo Senai-SP, na escola de Lençóis Paulista – concebido como uma opressiva estrutura metálica semicircular, de oito metros de altura (...), com elementos visuais da arquitetura do início do século XX, com quatro escadas em curva, interligadas por uma passarela, que conduzem ao nível do palco, o território dos loucos. É essa estrutura que cria o cenário do manicômio.  Nele, a visão de um hospício remete, ainda, a um local abaixo do solo, assim como na versão original, que era ambientada num calabouço da Inquisição.  A estrutura é recoberta por mais de 400 metros quadrados de tule importado, pintada, a mão, pelo artista cênico VINCENT GUILMOTO, com escrita ao estilo de Bispo do Rosário.”.

Essas escritas também me trouxeram à mente (e isso pode ser uma leitura exagerada ou equivocada da minha parte) um pouco do trabalho de uma outra figura legendária do Rio de Janeiro, já falecido, o Profeta Gentileza (José Datrino), que pregava paz e amor, em inscrições nos muros e pilares dos viadutos do Rio, autor da famosa frase “Gentileza gera gentileza”.  Tornou-se insano, após um incêndio que destruiu o Gran Circus Norte-Americano, em 1961, na cidade de Niterói, que matou mais de 500 pessoas, a maioria crianças. 






Como cenógrafos, o Atelier de Cultura trouxe MATT KINLEY, responsável por cenários de grandes musicais, na Broadway e em outras grandes cidades, e seu associado, DAVID HARRIS, ambos radicados em Londres.  A utilização, em várias cenas, de elementos de hospitais, como biombos, cadeiras de rodas e macas, com aplicações de outros objetos, como panelas, talheres, canecas, frigideiras é uma grande ideia.

Ter CLÁUDIO TOVAR como figurinista de uma peça já é um grande acerto.  Com seus figurinos prontos e em cena, o acerto é ainda maior.  Aqui, não poderia ser diferente.  Todos, sem exceção, trazem a marca do talento de TOVAR, com destaque para a capa do GOVERNADOR, uma verdadeira obra de arte (como os trabalhos do Bispo do Rosário), a capa do PADRE, outra bela peça, e o figurino do protagonista, atentando-se para o emprego de objetos do cotidiano, utilizados como adornos e detalhes, para costumizar peças simples do vestuário.  É o próprio TOVAR quem diz: “Brincar com a ‘loucura’ do Bispo do Rosário é um delírio!  Joias feitas com latas amassadas, coroas de prendedores de roupas, trapos que se transformam em luxuosos figurinos.  Tudo vale no mundo de Arthur Bispo do Rosário”.  São utilizados elementos da cultura brasileira, sem qualquer interferência do universo “high-tech”.  O figurino é um dos maiores acertos do espetáculo, se é que se pode estabelecer uma hierarquia quanto a eles.

Responsável pelo desenho de luzDRIKA MATHEUS desenvolveu um projeto intimamente combinado à estrutura do imponente cenário, que resulta em efeitos extraordinários, deixando bem marcantes os contrastes entre o real e a fantasia. Belo trabalho! Uma das mais lindas e expressivas iluminações que já vi, até hoje, num palco.






Fiquei bastante bem impressionado com o trabalho de GABRIEL D’ANGELO, responsável pela tarefa de sonorizar o espetáculo (designer de som).  Equalizar dezenas de microfones e atingir um resultado muitíssimo próximo à perfeição (a tecnologia sempre nos prega peças), que permita, ao espectador, ouvir e identificar até as falas ditas quase como sussurros, assim como distinguir as diversas vozes, nas canções, e os diferentes timbres dos instrumentos musicais, é uma tarefa de difícil execução, que GABRIEL soube resolver com apuro.

visagismo, neste espetáculo, se reveste de grande importância. IVAN PASCISCENAI merece um crédito mais que positivo por seu trabalho.






Com relação ao elenco, aplaudo, de pé, com muitos gritos de “BRAVO!”, a todos, dos protagonistas aos que representam os mais simples papéis.  É um time que soube treinar bastante, para jogar junto, em conjunto, e atingir o nível de excelência desta montagem.  Merece destaque, evidentemente, CLETO BACCIC (MIGUEL DE CERVANTES / D. QUIXOTE). Já o vira em outros espetáculos de sucesso, mas confesso que, em nenhum deles, o ator me chamou a atenção, porém estes MIGUEL DE CERVANTES / D. QUIXOTE (principalmente o segundo) haverão de marcar a vida profissional deste magnífico ator, já vencedor do Prêmio APCA de 2014, por seu trabalho neste musical. E muitos outros vieram e ainda hão de vir!  CLETO transpira emoção e sensibilidade, nos dois personagens.  A doce loucura mansa do QUIXOTE e a mansa sensatez doce de CERVANTES fazem do seu trabalho algo que ficará, certamente, para os anais do TEATRO MUSICAL BRASILEIRO, como sinônimo de perfeição.  Ainda que venha a se superar em futuros papéis, creio ter atingido o ápice de sua carreira. Ele se entrega totalmente na representação dos dois personagens e imprime, a ela, a necessária “verdade”, que faz o público se emocionar, chegando às lágrimas.  Seu trabalho explora, com maestria, a utilização não só da voz, como também do corpo.  Quando deixa de ser QUIXOTE, para se transformar em CERVANTES, mantém uma deformidade, na mão esquerda, fruto de um ferimento que o escritor adquiriu, depois de um incidente em que fora atingido, num duelo, com Antônio Sigura, em 1569, na Itália.  É comovente vê-lo em cena.  Tornei-me seu mais ardoroso fã.  Jamais perderei um trabalho seu.






Sobre SARA SARRES (ALDONZA / DULCINEIA), seu nome está ligado a alguns dos maiores musicais já montados no Brasil, já que se trata de uma das mais completas cantrizes brasileiras.  Dona de uma bela presença em cena e de uma linda voz, sabe atribuir, à sua personagem, a força de que ela precisa, para enfrentar o assédio dos homens e o ambiente insalubre em que vive, ao mesmo tempo que demonstra uma fragilidade e uma profunda ternura e senso de humanidade pelo protagonista, pondo-se à sua altura profissional em cena.  Seus solos são um bálsamo para os nossos ouvidos.  Mais um grande trabalho em seu vasto e vitoriosos currículo.






   E o que falar sobre JORGE MAYA (SANCHO PANÇA)? Como na primeira montagem, FALABELLA optou por um (grande) ator negro, para representar SANCHO (ideia brilhante) e convidou MAYA para o papel.  Não poderia ter sido melhor a escolha.  Não sendo o principal protagonista da história (“Principal protagonista” não deve ser considerado um pleonasmo; aqui, há três), graças ao talento deste ator, seu personagem arranca aplausos em cena aberta, o que ocorreu nas três sessões a que assisti, a despeito de, na terceira, o ator ter sofrido uma “pane de voz”, logo no início da peça, após o seu primeiro número musical, em dueto com BACCIC, o que não o impediu de, bravamente, prosseguir na sua brilhante atuação. Em troca de seu talento e responsabilidade profissional, foi generosamente acolhido pelo público, que soube entender o seu momento de tensão. Grande mérito de MAYA, que já tem bastante experiência em musicais, sempre em papéis que puxam mais para a comicidade, terreno que ele domina bastante.  O forte carisma do ator e do personagem logo chamam a atenção da plateia, que vibra com suas intervenções.






            Não teria condições de analisar o trabalho de cada ator, porém posso assegurar que todos fazem excelentes trabalhos, com destaques para DAVI BARBOSA (GOVERNADOR), FRED OLIVEIRA (DUQUE), FRED REUTER (PADRE), LUIZ GOFMAN (BARBEIRO), CÁSSIA RAQUEL (ANTÔNIA), FLORIANO NOGUEIRA (DR. SANSÃO CARRASCO) e FABRÍCIO NEGRI (PEDRO). Mas ainda temos, no elenco, CLARTY GALVÃO (CRIADA), DINO FERNANDES (HOSPEDEIRO), NOEDJA BACIC (MARIA), GABRIELA GERMAIN (CIGANA) e BRUNO FRAGA (ANSELMO), além dos “ENSAMBLES”, cujos nomes não me foram apresentados.

DAVI BARBOSA (GOVERNADOR) é um ator, de voz marcante, extremamente grave, é uma das mais belas presenças no palco.  Mesmo quando não está diretamente ligado à cena, é difícil não percebê-lo.  Causou-me grande alegria a sua atuação.

FRED OLIVEIRA (DUQUE) é um bom ator, mesmo num papel de menor destaque, conseguindo fazê-lo grande, no caso, aqui, apelando para o humor.  Belo trabalho!

CÁSSIA RAQUEL (ANTÔNIA), depois de ter participado de grandes musicais, empresta seu talento para interpretar um papel secundário na trama, porém, por sua bela presença em cena, associada a uma das melhores vozes femininas do TEATRO MUSICAL BRASILEIRO, a cantriz é sempre muito aplaudida, ao terminar seus solos.      

FRED REUTER (PADRE) é um excelente ator, dono de uma belíssima voz, uma das melhores dentre todos os do elenco masculino, Já o aplaudira, atuando em outros musicais e sempre me deixo encantar por seus trabalhos.  Sou seu grande admirador, desde que o vi, pela primeira vez, em outra obra-prima de MIGUEL FALABELLA: “Império”, em 2006. Apesar de representar um personagem de menor relevância, no espetáculo, o ator, com seu talento, o valoriza bastante.  

FLORIANO NOGUEIRA (DR. SANSÃO CARRASCO). Seu momento de maior brilho é na belíssima cena em que, na tentativa de fazer com que o protagonista enxergue a realidade, apresenta-se como o Cavaleiro do Espelho.  Trata-se de uma das melhores cenas do espetáculo, com méritos para a direção, a iluminação e, obviamente, a atuação de FLORIANO e CLETO.

LUIZ GOFMAN (BARBEIRO). Embora seja um papel secundário, é bem defendido pelo ator, com ótima presença em cena.

Sempre disse, inclusive ao próprio, que MIGUEL FALABELLA, a despeito de já ter escrito, dirigido e atuado em tantos ótimos musicais, não precisaria fazer mais nada na vida, depois de ter escrito, junto com Josimar Carneiro, e dirigido (e até interpretado o personagem D. João VI, em substituições eventuais) o magnífico musical “Império”, em 2006, no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro.  Agora ratifico e robusteço o meu pensamento com esta a versão e direção de O HOMEM DE LA MANCHA”.








FICHA TÉCNICA:

Texto: Dale Wasserman
Músicas: Mitch Leigh
Letras: Joe Darion
Versão e Direção: Miguel Falabella
Diretor Associado: Floriano Nogueira
Produtores Associados: Cleto Baccic, Carlos A. Cavalcanti e Vinícius Munhoz
Produtores: Cris Fraga, Fábio Campos, Marisa Medeiros e Ricardo Uba
Coordenadora de Projeto: Sheila Aragão

Elenco: Cleto Baccic (Miguel de Cervantes / D. Quixote), Sara Sarres (Aldonza / Dulcineia), Jorge Maya (Sancho Pança), Davi Barbosa (Governador), Fred Oliveira (Duque), Fred Reuter (Padre), Luiz Gofman (Barbeiro), Cássia Raquel (Antônia), Floriano Nogueira (Dr. Sansão Carrasco), Fabrício Negri (Pedro), Clarty Galvão (Criada), Dino Fernandes (Hospedeiro), Noedja Bacic (Maria), Gabriela Germain (Cigana) e Bruno Fraga (Anselmo), além dos “Ensambles”, cujos nomes não me foram apresentados

Orquestra: Daniel Rocha (Diretor Residente e Maestro), Flávio Lago (Maestro II), Francisco Gonçalves, Raul D’oliveira, Geisel Nascimento, Ricardo Nascimento, Marcos Passos, Débora Nascimento, Jef de Lima, Clarissa Bonfim, Wanderson Cunha, Vagner Corrêa Júnior, Walesca Beltrami, Eliezer Gomes Contradoi, Beto Bonfim, Rafaelk Maia, Rodrigo Foti e Waldir.

Cenógrafo: Matt Kinley
Cenógrafo Associado: David Harris
Figurinista:Cláudio Tovar
Produtores de Figurino: Ligia Rocha e Marco Pacheco
Direção Musical: Carlos Bauzys
Direção Musical Residente: Daniel Rocha
Direção de Coreografia e Movimento: Katia Barros
Desinger de Luz: Drika Matheus
Desinger de Luz Associado: Jackis Roberto
Desinger de Som: Gabriel D’angelo
Visagismo: Ivan Pasciscenai
Equipe Técnica: Gabriel Amato
Chefe de Camarim: Alyzandra Pessanha
Chefe de Perucaria: Cris Regis
Production Stage Maneger: David Brenon
Stage Manegers: Ana Luzia Chaves e Fernando Queiroz
Operador de Som: André Garrido
Operador de Som 2: Erick Lima
Microfonista: Rodrigo Oliveira
Operador de Luz: Orlando Chaider
Swing: Fabiano Correa
Operadores de Chanhão: Alexandro Alves, Anderson Rocha e Paulo Henrique
Designer Gráfico: Mateus Forti Barros
Fotos: João Caldas
Assessoria de Imprensa: Loures Comunicação












SERVIÇO:

Temporada: De 09 de junho a 27 de julho de 2018.
Local: Teatro Bradesco – Rio de Janeiro.
Endereço: Avenida das Américas, 3.900 (Shopping Village Mall) – Barra da Tijuca – Rio de Janeiro.
Dias e Horários: 5ªs e 6ªs feiras, às 21h; sábados, às 17h e às 21h; domingos, às 18h.
Valor dos Ingressos: Variam de R$37,50 a R$190,00.
Duração: 105 minutos.
Classificação Etária: 10 anos.
Gênero: Musical.








Não considero ufanismo nem exagero dizer que o que se vê, no palco do Teatro Bradesco – Rio de Janeiro, não fica nada a dever aos grandes espetáculos da Broadway e, pelo contrário, até supera alguns a que tive a oportunidade de assistir.

            “O HOMEM DE LA MANCHA” é uma prova cabal de que o que nos difere das grandes produções da Broadway e de outros locais onde se concentram as grandes produções de musicais, como Londres, por exemplo, é o fator “verba para a produção”.  Falta-nos dinheiro, mas, em contrapartida, sobram-nos talento e criatividade.  É preciso que se invista mais e mais nesse tipo de TEATRO, que já não é mais uma promessa; tornou-se uma grata realidade, motivo de orgulho para os brasileiros.

Este musical demonstra que deixamos de engatinhar; também não caminhamos trôpegos e indecisos, rumo a uma consagração.  Não!  Nossos passos já são largos e firmes, na direção, agora, de um reconhecimento além de nossas fronteiras, porque, no Brasil, já atingimos um nível de excelência, sucesso e reconhecimento nesse nicho, merecidamente comprovados.






            Que os grandes dramaturgos e compositores nacionais escrevam, cada vez mais, para o TEATRO MUSICAL BRASILEIRO!

            Que se reproduzam bandos de “loucos”, como os que enfrentam os maiores sacrifícios, para levar ao palco musicais da qualidade de “O HOMEM DE LA MANCHA”!

           Viva CERVANTES!!!

            Viva DOM QUIXOTE!!!

            VIVA O TEATRO MUSICAL BRASILEIRO!!!









"EU SOU EU, DOM QUIXOTE, 
SENHOR DE LA MANCHA,
E O MEU DESTINO É LUTAR, 
POIS QUEM NÃO SE AVENTURA,
COM FÉ E TERNURA,
O MUNDO NÃO PODE MUDAR.
 NÃO PODE O MUNDO MUDAR
QUEM NÃO SE AVENTURAR!!!"








E VAMOS AO TEATRO!!!

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!

COMPARTILHEM ESTA CRÍTICA, PARA QUE, JUNTOS, POSSAMOS DIVULGAR O ÓTIMO TEATRO BRASILEIRO!!!


 










(FOTOS: JOÃO CALDAS.)