CAREQUINHA –
TÁ CERTO
OU NÃO TÁ?
(TÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ!!!
CERTÍSSIMO!!!)
Cá estou eu, mais uma vez, atrevendo-me a
escrever sobre uma área que não é, exatamente, a minha especialidade, mas que
me agrada muito, quando é de boa qualidade, e que eu procuro, sempre, prestigiar,
por ver nele algo da maior importância para a formação de um indivíduo, o que
faz merecer, de mim, o maior carinho, respeito e admiração: o TEATRO INFANTIL.
Raramente, escrevo sobre peças para crianças, mas, quando
me empolgo com alguma, procuro divulgá-la, por meio dos meus escritos, como é o
caso de “CAREQUINHA – TÁ CERTO OU NÃO
TÁ?”, que está encerrando temporada no Teatro
Cândido Mendes (VER SERVIÇO.), preparando-se para duas outras.
Respondendo a um dos bordões mais conhecidos, no mundo do
entretenimento infantil (“TÁ CERTO OU
NÃO TÁ”?), criado pelo personagem que dá título à peça, respondo que “TÁ!”. Aliás, “CERTÍSSIMO!”.
E quem é
que “TÁ CERTO”? Está certo THIAGO PICCHI, criador do projeto, autor do
texto e, também, diretor do
espetáculo, que tem supervisão de ELIZABETH SAVALA. Está certo, também, o
elenco, formado por DIOGO PICCHI, GUSTAVO GUIMARÃES e LUCIANA PALHARES. Estão certos todos os
envolvidos, direta ou indiretamente, neste lindo projeto, que homenageia um dos
maiores ícones da infância brasileira, GEORGE
SAVALA GOMES, o palhaço CAREQUINHA,
que, se vivo fosse, teria completado o seu centenário de nascimento em 2015 e
que, infelizmente, porém, foi divertir os anjinhos, no céu, em 5 de abril de
2006, aos 90 anos de idade.
SINOPSE:
Trata-se de um musical infantil, que
mostra a trajetória de GEORGE SAVALLA
GOMES, conhecido, até no exterior, como CAREQUINHA, que foi um dos palhaços mais importantes do mundo do
circo.
Lúdico, alegre e divertido, o espetáculo
mescla arte circense, música e teatro, constituindo uma bela homenagem a um dos
maiores artistas brasileiros, no gênero, pelo seu centenário de nascimento.
Com três atores em cena, conta-se a
trajetória deste artista, apresentando números musicais de sucessos da época e
personagens de circo, como a Mulher
Barbada, O Homem mais Forte do Mundo,
além de muitas brincadeiras.
Os artistas circenses, tão pouco
valorizados e estudados, muitas vezes, são esquecidos pelos compêndios de
história das artes em nosso país. Mesmo na Internet, encontram-se poucas
citações a respeito do circo e seus protagonistas. Infelizmente, em muitos
casos, o que restou desse passado, nem tão remoto, são algumas histórias,
transmitidas, oralmente, por seus descendentes e alguns arquivos pessoais.
CAREQUINHA nasceu, literalmente,
dentro de um picadeiro, nunca parou de se apresentar em circos, grandes e
pequenos, pelo Brasil afora e em alguns países do exterior, em programas de
rádio e televisão. Foi o palhaço pioneiro da TV, o primeiro a ter um programa
só seu, sucesso de audiência por mais de uma década, e no qual introduziu um
estilo muito pessoal.
CAREQUINHA é um dos poucos
artistas circenses ainda presentes na memória afetiva popular, tendo
atravessado várias gerações. Sua fama, em vida, excedeu a de qualquer outro
palhaço. Ele cruzou fronteiras, fez sorrir, indistintamente, crianças e
adultos.
Em 1964, recebeu, na Itália, o prêmio de Melhor Palhaço Moderno do Mundo. E
ainda gravou 26 discos e participou de 10 filmes.
Sua vida intensa e riquíssima merece ser
contada e cantada!
Luciana Palhares, Diogo Picchi e Gustavo Guimarães.
FICHA
TÉCNICA:
Texto e Direção: Thiago
Picchi
Supervisão: Elizabeth
Savala
Elenco: Diogo Picchi,
Gustavo Guimarães, Luciana Palhares
Produção: Beth Bessa
Trilha e Direção
Musical: Alfredo Sertã
Direção de Movimentos e
Coreografia: Sandra Prazeres
Supervisão de
Palhaçaria: Rafael Senna
Cenografia: Kiti Soares
Figurino: Luiza Fardin
Criação de Luz: Augusto
Oliveira
Operador de Som: Beto
Ferreira
Quando se
diz que CAREQUINHA nasceu,
literalmente, no circo, não se comete nenhum exagero, uma vez que era filho de dois
trapezistas e sua mãe, Elisa Savalla,
em adiantado estado de gestação, apresentava-se, no trapézio, quando entrou em
trabalho de parto, em pleno picadeiro.
O início
de sua carreira, como palhaço CAREQUINHA,
se deu aos cinco anos de idade, no circo de sua família. Aos doze, era palhaço
oficial do Circo Ocidental,
pertencente ao seu padrasto.
Na TV,
foi o primeiro palhaço a ter um programa, o "Circo Bombril", posteriormente rebatizado de "Circo do Carequinha", programa
que comandou por 16 anos, na extinta TV Tupi, nas
décadas de 1950 e 1960.
O palhaço
tinha uma trupe de coadjuvantes, os palhaços Fred, Zumbi, Zumbizinho e Meio Quilo, anões, os dois últimos.
Durante
muitos anos, passou boa parte de seu tempo dentro de aviões, deslocando-se, de
uma cidade à outra, para se apresentar em várias emissoras de TV e cumprir uma
extensa agenda de “shows”, em circos ou em eventos corporativos.
Nos anos 1980,
apresentou um programa infantil, chamado “Circo Alegre”, na
extinta TV Manchete. Após dois anos e meio de programa,
seu horário seria ocupado por uma jovem lourinha, muito aquém de suas
qualidades e talento, a “apresentadora” Xuxa. Uma lástima!!! Um desserviço à educação e à cultura!!!
Na TV Globo,
participou do programa “Escolinha do Professor Raimundo” e
da novela “As Três Marias”.
Seu
último trabalho na televisão foi na Rede Globo,
com uma participação na minissérie “Hoje é dia de Maria”, em 2005.
Durante
anos, o artista expressou, publicamente, em entrevistas para jornais e para a
televisão, sua intenção de ser enterrado com a cara pintada - segundo ele, para
"alegrar os mortos". Seu
desejo não foi atendido, porém, pela família, que exigiu que ele fosse
enterrado com o rosto limpo. No entanto, permitiram que o sepultassem, vestindo
uma roupa de palhaço.
Apresentou-se
para vários presidentes, como Getúlio
Vargas, Juscelino Kubitschek e João Goulart, passando pelos generais
dos, desastrados e dignos de esquecimento, governos militares, tendo recebido
uma condecoração do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso.
O número do Concurso de
Saltos de Pulgas.
Particularmente,
“curti” muito o espetáculo, de uma forma toda especial, por vários motivos,
dentre os quais destaco a minha profunda paixão pelo universo circense e, em
particular, pelos palhaços, que carregam os corações mais leves e puros do
mundo, e, também, pelo fato de CAREQUINHA
ter sido o maior ídolo de toda a minha vida – na verdade, é, até hoje. E, para completar, não posso omitir a oportunidade,
que tive, de, durante a minha infância, conviver um pouco com ele, na
intimidade, para a inveja dos meus amiguinhos, pelo fato de a família de minha
mãe ser amiga de um de seus parceiros, o palhaço Fred (Fred Vilar).
Sobre o
espetáculo, não há muito que falar, a não ser que ele é extremamente
comunicativo, propõe, e logra êxito nisso, uma interação com o público, fazendo
a alegria das crianças da era dos eletrônicos, as quais, infelizmente, não
tiveram a primazia de conhecer o ídolo de várias gerações, e dos papais e avós,
como eu, que superlotavam o Teatro
Cândido Mendes, no último domingo, 21 de fevereiro.
Havia mais adultos que crianças na plateia, do ponto de vista
etário, entretanto, éramos todos crianças, vibrando com um espetáculo lindo, uma produção para lá de modesta, em termos materiais (cenários, figurinos e iluminação, tudo muito simples, porém bonito, de
bom gosto e bem acabado) e riquíssima,
do ponto de vista artístico, cultural, afetivo e emocional.
É bom o trabalho dos três atores, com destaque para DIOGO
PICCHI, que faz, muito bem, por sinal, de forma excelente, aliás, o papel-título.
DIOGO sabe conduzir um espetáculo
infantil, interagindo com a criançada e improvisando, sempre que se fazia
necessário.
LUCIANA
PALHARES, muito segura, em cena, graciosa também, atinge um bom
rendimento, ligeiramente superior ao de GUSTAVO
GUIMARÃES, a quem aconselho ser menos histriônico e mais natural, embora sua
atuação não tenha trazido nenhum prejuízo ao espetáculo, até com destaque em
algumas cenas.
Diogo Picchi.
Gostei muito da ideia encontrada por THIAGO PICCHI, para contar a história de CAREQUINHA, ao colocar um jornalista e uma “camera girl” indo ao
cemitério em que está sepultado o palhaço, com o objetivo de fazer uma matéria
sobre ele, no dia em que completaria 100 anos. Ocorre que, enquanto tentam
gravar a matéria, CAREQUINHA
“ressuscita”, “porque palhaços nunca
morrem”, segundo ele mesmo, (e eu
ratifico) e, então, os três vão contando a trajetória, quase centenária do
artista, desde seu nascimento. Os dois atores em papel coadjuvantes se
desdobram em vários personagens, enquanto DIOGO
PICCHI, com o auxílio de uma boa maquiagem e um belo figurino, se encarrega
de orientar a dupla, na narração.
THIAGO também
acertou na ideia de inserir músicas na peça, um elemento de que todos gostam,
principalmente as crianças, e que ilustram bem todas as cenas. Mais
interessante, ainda, é o fato de ter utilizado gravações originais do próprio CAREQUINHA, sobre as quais os atores
cantam, acompanhados, é óbvio, pelo coro da plateia.
CAREQUINHA gravou
muitos discos e deixou várias canções marcadas na galeria de grandes sucessos
da Música Popular Brasileira,
incluindo vários títulos de marchinhas carnavalescas, que, até hoje, alegram os
blocos e salões, durante o carnaval.
Quem não se lembra de “O
Bom Menino” (O bom menino não faz pipi na cama / O bom menino não faz má-criação /
O bom menino vai sempre à escola / E, na escola, aprende sempre a lição / O bom
menino respeita os mais velhos / O bom menino não bate na irmãzinha / Papai do
Céu protege o bom menino / Que obedece, sempre, sempre, à mamãezinha)?
Quem nunca cantou “Parabéns,
Parabéns” (Chegou a hora de apagar a velinha / Vamos cantar aquela musiquinha /
Parabéns pra você / Parabéns pra você / Pelo seu aniversário / Que Deus lhe dê
/ Muita ventura e paz / E que os anjos digam “amém” / Parabéns pra você /
Parabéns pra você / Pelo seu aniversário)?
Ou “Lá Vem Papai Noel” (Lá vem Papai Noel
/ Sentado no trolinho / Trazendo os brinquedos / Para
dar ao seu filhinho)?
E o divertido “Rock do Ratinho” (Era
uma vez um ratinho pequenino / Que namorava uma ratinha pequenina / E os dois
se encontravam todo dia / Num buraquinho de um ralo na esquina / Rock, rock,
rock, rock, rock / É o rato e a ratinha namorando / Rock, rock, rock, rock,
rock / É o rato e a ratinha se beijando)?
E quem
não brincou carnaval, cantando “Manhê”
(Manhê,
sabe o que me aconteceu? Manhê, o Tonico me bateu / Roubou meu saco de pipoca /
O pirulito e o picolé / E, depois, ainda
por cima, mamãezinha / Deu uma pisada no meu pé / Ai! Ai! Ai!)?.
Ou ao som de “O Bloco
do Carequinha” (Tem Dalva, tem Marlene,
tem Emilinha / No bloco do Carequinha / Tem rebolado? / Tem, tem, tem , tem /
Tem louco por aí? / Tem, tem, tem, tem / No bloco do Carequinha / Tem Gracindo / tem o César e tem Cauby),
homenageando os grandes astros da Rádio Nacional, em plena Época de Ouro do
Rádio?
E o que dizer da eterna “Fanzoca
de Rádio” (Ela é fã da Emilinha / Não sai do César de Alencar / Grita o nome do
Cauby / E, depois de desmaiar, / Pega a Revista do Rádio / E começa a se abanar)?
Segundo o
“release”, enviado pela produção do
espetáculo (Beth Bessa), “nosso espetáculo visa
preservar a memória dos palhaços e do circo em geral, para que as novas
gerações possam sempre renovar o riso e a arte de fazer rir”.
Recomendo o espetáculo, PARA TODAS AS IDADES!!!
Apenas uma ressalva: Poderiam ser
trocados os nomes das três pulguinhas saltadoras e suas respectivas “canções”.
Pronto! Falei!
Foi só um desabafo. (Risos.)
SERVIÇO:
Local: Teatro Cândido Mendes.
Endereço: Rua Joana Angélica, 63 –
Ipanema – Rio de Janeiro.
Temporada: Até o dia 28 de fevereiro
de 2016.
Dias e Horários: sábado e domingo, às
17h.
Valor do Ingresso: R$40,00 (inteira)
e R$20,00 (meia-entrada).
Classificação Etária: Livre
Fiquem atentos, porque, em breve,
haverá mais duas temporadas a serem anunciadas!
O verdadeiro Carequinjha / George Savalla Gomes.
(FOTOS: JEYDSA FÉLIX.)