quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016


CAREQUINHA –
TÁ CERTO
OU NÃO TÁ?

 

(TÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ!!!

CERTÍSSIMO!!!)

 

 


 

                Cá estou eu, mais uma vez, atrevendo-me a escrever sobre uma área que não é, exatamente, a minha especialidade, mas que me agrada muito, quando é de boa qualidade, e que eu procuro, sempre, prestigiar, por ver nele algo da maior importância para a formação de um indivíduo, o que faz merecer, de mim, o maior carinho, respeito e admiração: o TEATRO INFANTIL.

            Raramente, escrevo sobre peças para crianças, mas, quando me empolgo com alguma, procuro divulgá-la, por meio dos meus escritos, como é o caso de “CAREQUINHA – TÁ CERTO OU NÃO TÁ?”, que está encerrando temporada no Teatro Cândido Mendes (VER SERVIÇO.), preparando-se para duas outras.

            Respondendo a um dos bordões mais conhecidos, no mundo do entretenimento infantil (“TÁ CERTO OU NÃO TÁ”?), criado pelo personagem que dá título à peça, respondo que “TÁ!”. Aliás, “CERTÍSSIMO!”.

E quem é que “TÁ CERTO”? Está certo THIAGO PICCHI, criador do projeto, autor do texto e, também, diretor do espetáculo, que tem supervisão de ELIZABETH SAVALA. Está certo, também, o elenco, formado por DIOGO PICCHI, GUSTAVO GUIMARÃES e LUCIANA PALHARES. Estão certos todos os envolvidos, direta ou indiretamente, neste lindo projeto, que homenageia um dos maiores ícones da infância brasileira, GEORGE SAVALA GOMES, o palhaço CAREQUINHA, que, se vivo fosse, teria completado o seu centenário de nascimento em 2015 e que, infelizmente, porém, foi divertir os anjinhos, no céu, em 5 de abril de 2006, aos 90 anos de idade.

 

           
SINOPSE:
Trata-se de um musical infantil, que mostra a trajetória de GEORGE SAVALLA GOMES, conhecido, até no exterior, como CAREQUINHA, que foi um dos palhaços mais importantes do mundo do circo.
Lúdico, alegre e divertido, o espetáculo mescla arte circense, música e teatro, constituindo uma bela homenagem a um dos maiores artistas brasileiros, no gênero, pelo seu centenário de nascimento.
Com três atores em cena, conta-se a trajetória deste artista, apresentando números musicais de sucessos da época e personagens de circo, como a Mulher Barbada, O Homem mais Forte do Mundo, além de muitas brincadeiras.
Os artistas circenses, tão pouco valorizados e estudados, muitas vezes, são esquecidos pelos compêndios de história das artes em nosso país. Mesmo na Internet, encontram-se poucas citações a respeito do circo e seus protagonistas. Infelizmente, em muitos casos, o que restou desse passado, nem tão remoto, são algumas histórias, transmitidas, oralmente, por seus descendentes e alguns arquivos pessoais.
CAREQUINHA nasceu, literalmente, dentro de um picadeiro, nunca parou de se apresentar em circos, grandes e pequenos, pelo Brasil afora e em alguns países do exterior, em programas de rádio e televisão. Foi o palhaço pioneiro da TV, o primeiro a ter um programa só seu, sucesso de audiência por mais de uma década, e no qual introduziu um estilo muito pessoal.
CAREQUINHA é um dos poucos artistas circenses ainda presentes na memória afetiva popular, tendo atravessado várias gerações. Sua fama, em vida, excedeu a de qualquer outro palhaço. Ele cruzou fronteiras, fez sorrir, indistintamente, crianças e adultos.
Em 1964, recebeu, na Itália, o prêmio de Melhor Palhaço Moderno do Mundo. E ainda gravou 26 discos e participou de 10 filmes.
Sua vida intensa e riquíssima merece ser contada e cantada!
 

 


Foto: Divulgação

Luciana Palhares, Diogo Picchi e Gustavo Guimarães.

 

 

 
FICHA TÉCNICA:
 
Texto e Direção: Thiago Picchi
Supervisão: Elizabeth Savala
 
Elenco: Diogo Picchi, Gustavo Guimarães, Luciana Palhares
 
Produção: Beth Bessa
Trilha e Direção Musical: Alfredo Sertã
Direção de Movimentos e Coreografia: Sandra Prazeres
Supervisão de Palhaçaria: Rafael Senna
Cenografia: Kiti Soares
Figurino: Luiza Fardin
Criação de Luz: Augusto Oliveira
Operador de Som: Beto Ferreira
 

 



Quando se diz que CAREQUINHA nasceu, literalmente, no circo, não se comete nenhum exagero, uma vez que era filho de dois trapezistas e sua mãe, Elisa Savalla, em adiantado estado de gestação, apresentava-se, no trapézio, quando entrou em trabalho de parto, em pleno picadeiro.

O início de sua carreira, como palhaço CAREQUINHA, se deu aos cinco anos de idade, no circo de sua família. Aos doze, era palhaço oficial do Circo Ocidental, pertencente ao seu padrasto.

Na TV, foi o primeiro palhaço a ter um programa, o "Circo Bombril", posteriormente rebatizado de "Circo do Carequinha", programa que comandou por 16 anos, na extinta TV Tupi, nas décadas de 19501960.

 


 

O palhaço tinha uma trupe de coadjuvantes, os palhaços Fred, Zumbi, Zumbizinho e Meio Quilo, anões, os dois últimos.

Durante muitos anos, passou boa parte de seu tempo dentro de aviões, deslocando-se, de uma cidade à outra, para se apresentar em várias emissoras de TV e cumprir uma extensa agenda de “shows”, em circos ou em eventos corporativos.

Nos anos 1980, apresentou um programa infantil, chamado Circo Alegre, na extinta TV Manchete. Após dois anos e meio de programa, seu horário seria ocupado por uma jovem lourinha, muito aquém de suas qualidades e talento, a “apresentadora” Xuxa. Uma lástima!!! Um desserviço à educação e à cultura!!!

Na TV Globo, participou do programa Escolinha do Professor Raimundo e da novela “As Três Marias.

Seu último trabalho na televisão foi na Rede Globo, com uma participação na minissérie Hoje é dia de Maria, em 2005.

Durante anos, o artista expressou, publicamente, em entrevistas para jornais e para a televisão, sua intenção de ser enterrado com a cara pintada - segundo ele, para "alegrar os mortos". Seu desejo não foi atendido, porém, pela família, que exigiu que ele fosse enterrado com o rosto limpo. No entanto, permitiram que o sepultassem, vestindo uma roupa de palhaço.

Apresentou-se para vários presidentes, como Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e João Goulart, passando pelos generais dos, desastrados e dignos de esquecimento, governos militares, tendo recebido uma condecoração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

 


O número do Concurso de Saltos de Pulgas.

 

Particularmente, “curti” muito o espetáculo, de uma forma toda especial, por vários motivos, dentre os quais destaco a minha profunda paixão pelo universo circense e, em particular, pelos palhaços, que carregam os corações mais leves e puros do mundo, e, também, pelo fato de CAREQUINHA ter sido o maior ídolo de toda a minha vida – na verdade, é, até hoje. E, para completar, não posso omitir a oportunidade, que tive, de, durante a minha infância, conviver um pouco com ele, na intimidade, para a inveja dos meus amiguinhos, pelo fato de a família de minha mãe ser amiga de um de seus parceiros, o palhaço Fred (Fred Vilar).

Sobre o espetáculo, não há muito que falar, a não ser que ele é extremamente comunicativo, propõe, e logra êxito nisso, uma interação com o público, fazendo a alegria das crianças da era dos eletrônicos, as quais, infelizmente, não tiveram a primazia de conhecer o ídolo de várias gerações, e dos papais e avós, como eu, que superlotavam o Teatro Cândido Mendes, no último domingo, 21 de fevereiro.

Havia mais adultos que crianças na plateia, do ponto de vista etário, entretanto, éramos todos crianças, vibrando com um espetáculo lindo, uma produção para lá de modesta, em termos materiais (cenários, figurinos e iluminação, tudo muito simples, porém bonito, de bom gosto e bem acabado) e riquíssima, do ponto de vista artístico, cultural, afetivo e emocional.

É bom o trabalho dos três atores, com destaque para DIOGO PICCHI, que faz, muito bem, por sinal, de forma excelente, aliás, o papel-título. DIOGO sabe conduzir um espetáculo infantil, interagindo com a criançada e improvisando, sempre que se fazia necessário.

LUCIANA PALHARES, muito segura, em cena, graciosa também, atinge um bom rendimento, ligeiramente superior ao de GUSTAVO GUIMARÃES, a quem aconselho ser menos histriônico e mais natural, embora sua atuação não tenha trazido nenhum prejuízo ao espetáculo, até com destaque em algumas cenas.

 



Diogo Picchi.

 

Gostei muito da ideia encontrada por THIAGO PICCHI, para contar a história de CAREQUINHA, ao colocar um jornalista e uma “camera girl” indo ao cemitério em que está sepultado o palhaço, com o objetivo de fazer uma matéria sobre ele, no dia em que completaria 100 anos. Ocorre que, enquanto tentam gravar a matéria, CAREQUINHA “ressuscita”, “porque palhaços nunca morrem”, segundo ele mesmo, (e eu ratifico) e, então, os três vão contando a trajetória, quase centenária do artista, desde seu nascimento. Os dois atores em papel coadjuvantes se desdobram em vários personagens, enquanto DIOGO PICCHI, com o auxílio de uma boa maquiagem e um belo figurino, se encarrega de orientar a dupla, na narração.

THIAGO também acertou na ideia de inserir músicas na peça, um elemento de que todos gostam, principalmente as crianças, e que ilustram bem todas as cenas. Mais interessante, ainda, é o fato de ter utilizado gravações originais do próprio CAREQUINHA, sobre as quais os atores cantam, acompanhados, é óbvio, pelo coro da plateia.

CAREQUINHA gravou muitos discos e deixou várias canções marcadas na galeria de grandes sucessos da Música Popular Brasileira, incluindo vários títulos de marchinhas carnavalescas, que, até hoje, alegram os blocos e salões, durante o carnaval.

Quem não se lembra de “O Bom Menino” (O bom menino não faz pipi na cama / O bom menino não faz má-criação / O bom menino vai sempre à escola / E, na escola, aprende sempre a lição / O bom menino respeita os mais velhos / O bom menino não bate na irmãzinha / Papai do Céu protege o bom menino / Que obedece, sempre, sempre, à mamãezinha)?

Quem nunca cantou “Parabéns, Parabéns” (Chegou a hora de apagar a velinha / Vamos cantar aquela musiquinha / Parabéns pra você / Parabéns pra você / Pelo seu aniversário / Que Deus lhe dê / Muita ventura e paz / E que os anjos digam “amém” / Parabéns pra você / Parabéns pra você / Pelo seu aniversário)?

Ou “Lá Vem Papai Noel” (Lá vem Papai Noel / Sentado no trolinho / Trazendo os brinquedos / Para dar ao seu filhinho)?

E o divertido “Rock do Ratinho” (Era uma vez um ratinho pequenino / Que namorava uma ratinha pequenina / E os dois se encontravam todo dia / Num buraquinho de um ralo na esquina / Rock, rock, rock, rock, rock / É o rato e a ratinha namorando / Rock, rock, rock, rock, rock / É o rato e a ratinha se beijando)?

 


 

            E quem não brincou carnaval, cantando “Manhê” (Manhê, sabe o que me aconteceu? Manhê, o Tonico me bateu / Roubou meu saco de pipoca /  O pirulito e o picolé / E, depois, ainda por cima, mamãezinha / Deu uma pisada no meu pé / Ai! Ai! Ai!)?.

Ou ao som de “O Bloco do Carequinha” (Tem Dalva, tem Marlene, tem Emilinha / No bloco do Carequinha / Tem rebolado? / Tem, tem, tem , tem / Tem louco por aí? / Tem, tem, tem, tem / No bloco do Carequinha  / Tem Gracindo / tem o César e tem Cauby), homenageando os grandes astros da Rádio Nacional, em plena Época de Ouro do Rádio?

E o que dizer da eterna “Fanzoca de Rádio” (Ela é fã da Emilinha / Não sai do César de Alencar / Grita o nome do Cauby / E, depois de desmaiar, / Pega a Revista do Rádio / E começa a se abanar)?

 

Segundo o “release”, enviado pela produção do espetáculo (Beth Bessa), “nosso espetáculo visa preservar a memória dos palhaços e do circo em geral, para que as novas gerações possam sempre renovar o riso e a arte de fazer rir”.

 

Recomendo o espetáculo, PARA TODAS AS IDADES!!!

 


 

            Apenas uma ressalva: Poderiam ser trocados os nomes das três pulguinhas saltadoras e suas respectivas “canções”.

Pronto! Falei!

Foi só um desabafo. (Risos.)

 

 
SERVIÇO:
 
Local: Teatro Cândido Mendes.
Endereço: Rua Joana Angélica, 63 – Ipanema – Rio de Janeiro.
Temporada: Até o dia 28 de fevereiro de 2016.
Dias e Horários: sábado e domingo, às 17h.
Valor do Ingresso: R$40,00 (inteira) e R$20,00 (meia-entrada).
Classificação Etária: Livre
 
Fiquem atentos, porque, em breve, haverá mais duas temporadas a serem anunciadas!
 

 

 


O verdadeiro Carequinjha / George Savalla Gomes.

 

 

(FOTOS: JEYDSA FÉLIX.)