sábado, 27 de julho de 2019


A PONTE

(UM TCHÉKHOV 
CONTEMPORÂNEO?
ou
UMA “PONTE” PERFEITA,
LIGANDO PALCO E PLATEIA.)






            Nada de Tchékhov contemporâneo!!! A lembrança do nome do grade dramaturgo russo, que nos legou algumas das maiores pérolas do TEATRO universal, só me chegou pelo fato de a peça que passo a comentar ter um ponto em comum com uma das grandes obras de Anton Pavlovitch Tchékhov, “As Três Irmãs”. Lá, Olga, Irina e Macha, três irmãs, alimentavam uma utopia, a de abandonar a província interiorana em que viviam, para morar em Moscou, na companhia de seu irmão, Andrei. Fartas da mesmice em que estavam mergulhadas e da falta de perspectivas, viam, na capital, a única salvação para suas vidas, metaforicamente, uma motivação para que continuassem a viver. Em “A PONTE”, espetáculo em cartaz no CCBB Rio de Janeiro – Teatro II (VER SERVIÇO.), trata-se de um reencontro entre três irmãs, de temperamentos e “ways of life” totalmente diferentes: THERESA (BEL KOVARICK), AGNES (DEBORA LAMM) e LOUISE (MARIA FLOR), as quais se reúnem, para aguardar a morte da mãe, condenada que estava a deixar o mundo dos vivos.






            Talvez o vocábulo “reencontro” seja até mal empregado, uma vez que o prefixo latino “re-” significa um designativo de repetição, ação repetida ou retroativa. Para haver um “reencontro” é necessário, antes, ter acontecido um “encontro”. E será que este, realmente existiu, em algum momento, na vida das três irmãs? Atentem para esse detalhe!

         O texto, muito bom, por sinal, é inédito, no Brasil, e foi escrito pelo premiado autor canadense DANIEL MacIVOR, que consegue, sempre, ser, profundamente, instigante no que escreve, o qual se tornou muito conhecido por cá, com sua trilogia “It On It (2010”), “À Primeira Vista” (2012/2013) e “Cine Monstro” (2013/2015). Chega a peça ao Rio depois de ter feito vitoriosas temporadas, por seu mérito, com sucesso de público e de crítica, nas sedes do CCBB de Belo Horizonte, São Paulo e Brasília.  









SINOPSE:

Se, para o mestre Guimarães Rosa, “Viver é muito perigoso.”, viver “em família” pode ser, até, muito mais. Família é, ao mesmo tempo a melhor e a pior das coisas. Nem a escolhemos nem ela nos escolhe. É preciso andar na corda bamba, para se viver, harmoniosamente, “em família”.

O espetáculo trata, exatamente disso, da aceitação das diferenças num reencontro entre três irmãs, separadas pela vida, que são obrigadas a se reunir, para enfrentar a morte iminente de sua mãe.

Elas são THERESA (BEL KOWARICK), a mais velha do trio, uma freira, moderna, de certa forma, que se isolou da família em um retiro religioso, numa fazenda. AGNES é a personagem de DEBORA LAMM, a irmã do meio, uma atriz falida, que foi tentar a sorte longe de sua cidade natal. Já MARIA FLOR, a mais jovem das três, é LOUISE, obcecada por séries de TV e completamente alienada, desinteressada pelo mundo além do virtual.

O reencontro, durante toda a peça, marcado por vários encontros, dia após dia, se dá, sempre, na cozinha da casa onde foram criadas. É lá que as três revelam os seus valores, crenças e diferenças, trocam acusações e desculpas, em busca da possível reconstrução de uma célula familiar, há muito tempo fragmentada.








Nas relações humanas, é muito mais fácil conviver com aqueles que são próximos a nós, na maneira de pensar e de agir, porque nos entendemos, mutuamente. O grande desafio, com o qual nos deparamos, no dia a dia, é o difícil, porém importante e imprescindível, exercício de, se não conseguir amar, pelo menos, compreender e respeitar os que são diferentes de nós; é preciso, é imperioso, sim, praticar a empatia, por um mundo de amor e paz.

A concretização do projeto, uma peça “completamente sobre mulheres, que sobrevivem, apesar de todas as dificuldades e que se ajudam, se fazem crescer e amadurecer”, se deve à iniciativa de MARIA FLOR, “que ficou fascinada pela dramaturgia de MacIVOR e convidou BEL KOWARICK para ser sua parceira no projeto”. MARIA estava certa, seu tiro atingiu o centro do alvo, uma vez que a temática sempre foi, é e continuará sendo, para sempre, do grande interesse das pessoas, já que “o texto fala sobre afeto e relações humanas profundas”, embora o que lhe tenha chamado mais a atenção foram os diálogos e as personagens. Realmente, os diálogos são muito bem construídos e as personagens, de uma riqueza interior muito grande. São parecidas com tantas outras que conhecemos, ou que somos, mas sempre há um aspecto diferencial que marca cada uma delas.




Estamos diante, sim, de uma família disfuncional, que pode ser caracterizada como um núcleo “familiar” em que os conflitos, a má conduta e, muitas vezes, o abuso, por parte dos membros individuais, ocorrem contínua e regularmente, fazendo com que outros membros se acomodem com tais ações. Alguns dos principais traços desse tipo de família, presentes na peça, são pouca ou nenhuma demonstração de afeto e carinho (Ninguém se propõe a sair de sua zona de conforto, para ultrapassar essa barreira. Mas até que elas tentam.); os filhos tendem a repetir o comportamento de seus pais (Pouco fica claro a respeito da mãe enferma. Como teria sido a sua relação verdadeira com as três filhas?); excesso de críticas e rigidez (Os dedos indicadores estão sempre apontados para uma outra. Cobranças, excesso de autoritarismo, imposição de regras e normas rígidas.); e alienação parental (Apenas uma hipótese. Mas por que não?). O fato é que escrever sobre famílias disfuncionais é um prato cheio para qualquer grande dramaturgo ou escritor, de uma forma geral. MacIVOR explorou muito bem o comportamento da “família” retratada na peça. Ele se esforça, ao máximo, para tentar que sejam aparadas as arestas e costurados os poucos interesses comuns entre as três personagens (Será mesmo que haja algum?), para atingir um resgate pouco provável. Ou totalmente improvável? Para isso, ele se utiliza de memórias, que parecem pouca força ter para que se concretize uma família. Mas as personagens tentam, cada uma a seu modo.






Revela-se, no texto, um paradoxo entre o afeto e diferenças pessoais, se bem que os dois, até, possam, e devam, coexistir. Não me canso de tecer comentários elogiosos ao texto, principalmente pela estruturação de diálogos inteligentes e profundos, com pitadas de bom humor, e que conduzem, inexoravelmente, o público atento, a refletir, sim, sobre o valor da família e os salutares princípios positivos que uma convivência familiar reserva aos seus membros. Fica bem claro que, apesar de todos os pesares, o autor pretende mostrar que a função da família é neutralizar a porção indivíduo de cada um de seus membros, por mais diferentes que seja dos demais, e amalgamar tudo e todos, juntar tudo, para se fortalecer. No caso, aqui, por um único objetivo: cuidar de uma mãe quase moribunda. O fato de todas as cenas se passarem na cozinha da casa em que viveram as três irmãs, desde que nasceram, não é por acaso, já que não é estranho, para ninguém, que esse espaço da casa é coletivo e, normalmente, já por tradição, principalmente no interior do Brasil, é o lugar em que se reúnem, em harmonia, os membros das famílias e seus convidados, para conversar, prosear, rememorar o passado e fazer planos para o futuro. Naquela cozinha, as três irmãs dividiram parte de suas vidas.




Agradou-me muito a direção de ADRIANO GUIMARÃES, tanto na condução do trabalho de direção das atrizes, que lhe deve ter sido nem um pouco difícil, pela qualidade do material humano com o qual trabalhou, mas também pelas soluções encontradas para cada cena e no geral. Funciona muito a contento a ideia de projetar as rubricas do autor, como a indicação de sons, vindos de um aparelho de TV, ligado em outro cômodo; o ruído de um caminhando, chegando e parando à porta da casa; outros estímulos sonoros e, até mesmo, alguns diálogos, não ditos pelas personagens, mas importantes, na trama, assim como a divisão dos atos. Tudo é projetado numa pequena tela, acoplada à parte inferior de uma grande mesa que compõe o cenário. Boas marcações, muita criatividade, esmero estético, a quebra da quarta parede, por meio dos monólogos das três personagens, muito bem dirigidos, nos quais o diretor consegue extrair, de cada atriz, muito da essência de cada diferente personalidade.

Além do texto e da direção, os destaques maiores, nesta montagem, ficam por conta da atuação do elenco e do cenário.






A princípio, tudo indicava que DEBORA LAMM seria o grande destaque do trio, porém, quando entrou em cena BEL KOWARICK, passamos – eu passei – a achar que o “estrelato” seria dividido entre as duas; bastou, entretanto, MARIA FLOR ter a sua hora de entrar na trama, para que eu tivesse percebido, com certeza, que, de forma diferente, com características distintas, de interpretação, as três ocupam o mesmo excelente patamar de atuação. Todas empreenderam um mergulho profundo nas suas personagens e o resultado do conjunto é excelente. E todas têm seus momentos de solo, nos monólogos, ou quase em solos, em “bifes”, nos quais se desnudam interiormente, as personagens, é óbvio.






BEL, a mais velha as irmãs, vive a freira THERESA (A primeira a abandonar o barco, quando um naufrágio se mostrava iminente? Ou não teria havido um?) Isolou-se da família, em uma fazenda religiosa, embora pudesse ser considerada como o alicerce daquele núcleo. E quando o alicerce se rompe, tudo pode desmoronar. Além da doença da mãe, um tom de crise, com relação à fé religiosa e os caminhos errados pelos quais a humanidade vai caminhando são dois outros motivos que a fizeram voltar ao “lar”. Extrovertida, foge bastante ao estereótipo construído para as freiras, em nossa memória afetiva; apresenta-se, mais que as outras, com o pé no chão e encarando aquela realidade, vivida, naquele momento, com mais realismo e naturalidade; até com um certo humor, sempre conselheira, como se já estivesse ocupando o lugar da mãe. Brilhante atuação de BEL KOWARICK!!!




DEBORA LAMM dá vida a AGNES, a filha do meio, uma atriz em decadência, praticamente, falida, que abandonou a sua cidade, em busca de voos mais altos, mas continua voando, cada vez mais, rente ao chão. A despeito de ser uma atriz muito mais ligada ao universo da comédia, DEBORA dá uma aula de interpretação, num papel dramático, o que pode soar como novidade e grande surpresa para alguns, porém, para mim, nada apresenta de novo. Ela é uma atriz completa e já tive a oportunidade de tê-la visto e aplaudido, anteriormente, em outros papéis dramáticos. Para ela, com relação à AGNES, “a resolução de conflitos internos é a maior característica de sua personagem”. Para tanto, DEBORA se entrega, de corpo e alma, à composição da personagem e dialoga, corretamente, em níveis diferentes, com as irmãs, de acordo com o que cada uma exige e tem a oferecer. Brilhante atuação de DEBORA LAMM!!!




MARIA FLOR interpreta LOUISE, a mas jovem das três e, por isso mesmo, segundo a própria atriz, “Minha personagem é muito dependente da mãe...”. É um tanto ingênua, paradoxalmente lúcida, em alguns momentos; mas, também, mais paradoxalmente, ainda, mostra-se alienada, vivendo intensa e profundamente de séries da TV, pelas quais é fanática, viciada, e sobre as quais sabe tudo, de forma compulsiva, mesmo. Também é introspectiva, direta e objetiva, na sua maneira de ver e viver o seu mundo virtual. Ela é a única filha que não foi batizada nome de santa, o que a leva a um comportamento bizarro, de tentar decorar o nome de todos os santos e seus patronatos.




Cada uma das atrizes ganha um merecido relevo, quando têm, todas, a chance de um monólogo, diretamente direcionado à plateia, quebrando a quarta parede, como já mencionado. Os três textos são ótimos e, por meio deles, tomamos conhecimento de um pouco mais do interior de cada uma delas, dito em tom confessional.

Com relação ao cenário, confesso, com a maior humildade, não ter alcançado a intenção dos artistas que o idealizaram, ADRIANO GUIMARÃES e ISMAEL MONTICELLI, por mais que eu tenha me esforçado. Pode, até, ser algo tão óbvio, mas que não consegui captar. Deve ter sido um problema meu ou faltou mais um pouquinho de percepção e agudez, de minha parte. Um fato, porém, é indiscutível: é muito interessante e grita, salta aos olhos do espectador, logo que este adentra o auditório, pelo fato de ser monocromático, num vermelho muito vivo, além de um grande desafio para o público. Tudo é na cor vermelha, tudo o que, de concreto, está em cena, e, alguns objetos, repetidos, na cenografia: numa cozinha, uma comprida mesa central, sobre a qual há muitas frutas (maçãs, principalmente); muitos, e variados, recipientes, de diversos feitios e tamanhos; todos os utensílios de cozinha nos quais se possa pensar; e aparelhos eletrodomésticos. Por baixo, e na frente, da mesa, há uma tela, superfície utilizada para projeções, como já foi mencionado acima.















FICHA TÉCNICA:

Texto Original: Daniel MacIvor
Tradução: Bárbara Duvivier
Dramaturgia: Emanuel Aragão
Direção: Adriano Guimarães

Elenco: Bel Kowarick, Debora Lamm e Maria Flor

Cenografia: Adriano Guimarães e Ismael Monticelli
Figurino: Ticiana Passos
Iluminação: Wagner Pinto
Direção de Movimento: Denise Stutz
Direção de Produção: Adriana Salomão
Fotos: Flávia Canavarro (oficiais)












SERVIÇO:

Temporada: De 20 de junho a 12 de agosto de 2019.
Local: Centro Cultural Banco do Brasil - Rio de Janeiro - Teatro II.
Endereço: Rua Primeiro de Março, 66, Centro – Rio de Janeiro.
Telefone: (21) 3808-2020.
Dias e Horários; De 5ª a 2ª feira, às 19h30min.
Valor dos Ingressos: R$30,00 (inteira) e R$15,00 (meia entrada).
Capacidade: 153 lugares.
Classificação Etária: 12 anos.
Gênero: Drama.







            É importante fechar esta crítica, lembrando que a temática retratada na peça é atemporal e universal e que é feminina – não feminista -, abordando, tão somente, a vivência das mulheres “que sobrevivem, apesar de todas as dificuldades, e que se ajudam, se fazem crescer e amadurecer”. E, ainda, por mais que os meus comentários possam sugerir uma peça para “para baixo”, o espetáculo prega uma mensagem de otimismo, de fé na força do afeto, da amizade e da união. E mais um detalhe: durante todo o espetáculo, temos a oportunidade de testemunhar um processo de autoconhecimento das três irmãs.
            Recomendo, com muito empenho, o espetáculo, um projeto vencedor, sem a menor sombra de dúvidas.








E VAMOS AO TEATRO!!!

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!

A ARTE EDUCA E CONSTRÓI!!!

RESISTAMOS!!!
COMPARTILHEM ESTE TEXTO, 
PARA QUE, JUNTOS, POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO BRASILEIRO!!!


(FOTOS: FLÁVIA CANAVARRO (oficiais) 

LENISE PINHEIRO.)























































terça-feira, 23 de julho de 2019


AMAR
É O CRIME
PERFEITO

(“QUANDO A SOCIEDADE CRIMINALIZA
O AMOR, SOMOS TODOS MARGINAIS.”)
(frase da peça)





            Não me canso de repetir: adoro ir ao Teatro e ser surpreendido por um espetáculo que supera as minhas expectativas, as quais, via de regra, são boas. Às vezes, maiores; outras, menores. Espero sempre voltar para casa na certeza de que valeu a pena ter visto aquela peça. Foi o que aconteceu, na última 4ª feira, dia 17 de julho / 2019, após a estreia de “AMAR É O CRIME PERFEITO”, cujo título considero muito interessante e instigante, em cartaz no Teatro Clara Nunes, no Shopping da Gávea, Rio de Janeiro (VER SERVIÇO.).




            Para mim, o sabor foi agradabilíssimo; para os envolvidos no projeto e, principalmente, para o seu idealizador, ISMAEL FIORENTIN, que também atua na peça, deve ter sido como o gosto de um manjar dos deuses, em função de o grande trabalho, a hercúlea luta, o imenso esforço, para que a peça pudesse sair do papel e ganhasse o palco, terem sido reconhecidos pelo público presente ao Teatro naquela noite.






            Para quem vai assistir à montagem sem maiores informações acerca da ficha técnica, com menos de dez minutos, já começa a gostar do texto, excelente, por sinal, e é levado a achar que se trata de uma tradução. Por quê? Nossos dramaturgos não são competentes para produzir bons textos? Nada disso!!! Muito pelo contrário!!! O fato, porém, é que a riqueza de detalhes de uma Inglaterra dos anos 50 e, principalmente, a arquitetura textual, os diálogos, a linguagem clássica de uma época, de cerca de setenta anos atrás, a sintaxe utilizada, o vocabulário parecem “ter a cara do texto de um escritor inglês”, por exemplo, muito bem “traduzido” para o idioma de Camões. Mas o fato é que o texto foi escrito por THALES PARADELA, autor premiado, por outra peça, no Concurso Nacional de Dramaturgia Seleção Brasil em Cena do CCBB (7ª edição – 2016) e, para ter ganhado forma, THALES mergulhou numa cuidadosa pesquisa, “na qual as referências históricas factuais interagem com as narrativas ficcionais dos personagens. Entrelaçam-se, na rede ficcional do espetáculo, a celebração do centenário de nascimento de Oscar Wilde, o ruidoso julgamento de Peter Wildblood, além da trágica morte do matemático Alan Turing. Acontecidos em 1954, todos os eventos relacionam-se à criminalização das relações homoafetivas na Inglaterra” (Trecho extraído do “release”, enviado por LUIZ MENNA BARRETO (ASSESSORIA DE IMPRENSA).


 





SINOPSE:

No contexto da criminalização das relações homoafetivas, o retorno de PHILIP (CLEITON MORAIS) a Londres, na semana do casamento de RICHARD CAMPBELL (ISMAEL FIORENTIN), desencadeia uma série de transformações na vida de ambos, impactando as relações familiares e seu entorno.
Os dois se conheceram durante a 2a Guerra Mundial, no Egito, como soldados, lutando, pondo suas vidas em risco, pela Inglaterra.
RICHARD está de casamento marcado com JULIET, quando PHILIP, após a morte da esposa, volta a Londres, à procura do “amigo”.
Um não sabia mais nada a respeito da vida do outro, depois que a Guerra terminou e eles se separaram.
PHILIP enviara dezenas de cartas a RICHARD, sem jamais ter recebido uma resposta. 
Em meio ao contexto histórico no qual DUCK (ALEXANDRE DANTAS), um grande amigo de RICHARD, está sendo investigado, por atentado ao pudor, os conflitos internos de RICHARD são amplificados pelos interesses familiares e pela cultura repressiva de seu tempo. 
Antes de tudo, e ao final também, trata-se de uma história de amor! O amor, como potência afetiva, a enfrentar e expandir os limites da percepção do ser humano sobre sua condição.






            Ampliando a sinopse, para que se possa entender melhor a trama, estamos na Inglaterra dos anos 50, mais propriamente, em 1954, quando o país, e o resto do mundo também, comemorava o centenário do genial escritor, poeta e dramaturgo Oscar Wilde, preso em 1895, por acusações de ter cometido “atos imorais com diversos rapazes”. Sua história de vida é mais do que conhecida, assim como são suas magníficas obras. Quando se deu o triste fato, Wilde estava com 40 anos e “gozava de grande prestígio, por conta de seus sucessos literários e no TEATRO, sendo uma das maiores figuras das artes britânicas em seu tempo”. Foi um grande escândalo. “Isso fez com que o julgamento atraísse enorme atenção do público. Sentenciado a dois anos de prisão, com trabalhos forçados, sua saúde ficou seriamente comprometida e ele acabaria morrendo três anos depois de sair da prisão, com a saúde debilitada e em ruína financeira”. Hoje, no entanto, por ironia do destino, o grande Oscar é motivo e orgulho para os ingleses. Um dos maiores escritores do seu tempo, que se tornou eterno.






Está bem que a Inglaterra é um país, até hoje, bastante conservador, no geral, mas sempre o foi, e com muito mais potência discriminatória, purista, moralista, nos anos 50, em plena metade do século XX, depois de duas guerras mundiais. Foi, também, em 1954, que um novo ruidoso julgamento tomou conta dos noticiários e abalou o país, envolvendo um conhecido aristocrata, Lord Montagu, e um jornalista, Peter Wildblood, dois amantes. “O impacto foi tão grande, que, nesse ano, a Inglaterra constituiu uma comissão, para avaliar a pertinência do decreto datado do século anterior, que tipificava como criminosa a relação homoafetiva. Peter Wildblood assumiu, publicamente, sua condição homossexual, no tribunal, foi condenado a 18 meses de detenção e, quando saiu da prisão, tornou-se o primeiro ativista dos direitos humanos em questões homoafetivas”. (Também extraído do citado “release”.).




Como se não bastasse, também nesse ano, um outro caso, ligado a relações homoafetivas, escandalizou a Corte Inglesa e a seus súditos. “Ocorreu a morte do matemático Alan Turing, grande herói de guerra inglês, responsável por desvendar e traduzir os códigos de mensagens criptografadas alemãs, na 2ª Grande Guerra. Considera-se que este processo encurtou a guerra em alguns anos. Alan Turing também é considerado o pai da computação, por ter desenvolvido e colocado em funcionamento o dispositivo que permitiu essa decodificação. Para evitar sua prisão, por conta das acusações relacionadas à sua condição homossexual, Alan Turing aceitou passar por um torturante processo de castração química à base de hormônios. Foi encontrado morto, em sua casa, suspeito de suicídio, que teria como pano de fundo o sofrimento causado por todo o processo. O governo inglês fez um pedido público de desculpas a Alan Turing em 2009, o perdão da Rainha veio em 2013”. De forma bastante hipócrita, para se “redimir” de um incomensurável erro e uma injustiça atroz – um crime contra a Humanidade, acrescento -, a Coroa Britânica resolveu homenagear, neste ano, de 2019, o genial e ilibado cidadão inglês, com sua efígie estampada na nova cédula de 50 libras. O Banco da Inglaterra (BoE) anunciou que o grande cientista vai estampar a nova cédula, que deverá entrar em circulação no fim de 2021. Ela mostrará a imagem de Turing e a frase: “Isso é apenas um aperitivo do que está por vir e apenas a sombra do que se tornará”. (?) Os mais sensatos dizem – e eu engrosso o coro, podendo estar, até, errado – que Sir Wiston Chruchil é o grande herói inglês, mas o verdadeiro grande herói foi, e é, Turing, sem cuja colaboração e atuação, Churchil não teria traçado suas estratégias, e o resultado final da 2ª Grande Guerra Mundial poderia ter sido outro, desastroso, para a Humanidade.










É no contexto desse ano negro, da implacável criminalização das relações homoafetivas, na Inglaterra, que o espetáculo promove o inesperado (fictício) reencontro de RICHARD e PHILIP, os quais haviam se conhecido, como soldados, durante a 2a Guerra Mundial, nas trincheiras do Egito. quando se apaixonaram e viveram uma relação homoafetiva, cercada de cuidados e ameaças, não podendo, em absoluto, deixar escapar aquele segredo. RICHARD, agora, está de casamento marcado com JULIET, totalmente sem sua aprovação e desejo, mas por insistência da avó MARGARETH CAMPBELL, uma aristocrata falida (MARIA ESMERALDA FORTE), que o criou, e ao irmão mais novo, PATRICK CAMPBELL (CLAUDIO PITANGA), capitão de uma equipe de rúgbi e homofóbico “de carteirinha”. MRS CAMPBELL tinha interesses econômicos no casamento do neto e passa a ser um obstáculo, para a felicidade dos dois rapazes, quando PHILIP volta a Londres. “As relações homoafetivas na Inglaterra, ainda que privadas, eram consideradas crime nesta época”.










Paralelamente a tudo isso, um grande amigo de RICHARD, o poeta e compositor, letrista de musicais, DUCK (ALEXANDRE DANTAS), cuja casa RICHARD frequentava com assiduidade, “está sob investigação policial e isso sublinha a interdição deste reencontro, amplificados pelos interesses familiares e pela cultura repressiva de seu tempo”.




O texto chama a nossa atenção (para) e nos questiona, indiretamente, sobre até onde somos capazes de reprimir nossos sentimentos, ou não, principalmente quando se trata do mais sublime de todos, o amor, ou até onde conseguimos ir pelo que amamos, mesmo em situações opressivas e extremamente ameaçadoras e perigosas “O espetáculo aborda este conflito da expressão do afeto em um contexto preconceituoso e, como isso, condiciona, mas não extingue, as possibilidades amorosas. Esta é uma peça sobre a potência de uma história de amor a enfrentar e expandir os limites da percepção do ser humano sobre sua condição”.




            O texto, inédito e brilhante, pode ser forte candidato a premiações, uma vez que é muito bem escrito, fruto, como já disse, de uma profunda e  criteriosa pesquisa do dramaturgo, que fundiu uma trama fictícia com fatos verídicos, profundamente deploráveis, mas que precisam, sempre, vir à tona, para que as pessoas de hoje, de todas as idades, ainda vivendo, em muitas partes do mundo, sob o forte impacto de uma homofobia inexplicável, inaceitável e perversa, alimentada, aqui, no Brasil, pelo ódio que vem da mais alta esfera da administração pública (Chega de eufemismos: por parte de um senhor que, para a desgraça do povo brasileiro, foi eleito Presidente da República, ainda que de forma democrática, pela maioria dos votos de uma gente “que ri, quando deve chorar” e não percebeu, ainda, a maioria, a grande bobagem que cometeu #prontofalei.), sejam obrigadas a entender que é preciso, mais que tolerar, respeitar todos os outros seres humanos e aceitá-los como são. E, acima, de tudo, nunca lhes reprimir ou proibir o direito à felicidade, ao amor pleno.






Produzido e idealizado por ISMAEL FIORENTIN, sem contar com patrocínios, o espetáculo vem sendo pensado e preparado há três anos, e a direção foi parar nas mãos de PAULO TRAJANO, “que aposta na universalização da empatia, através do mergulho profundo na construção dos afetos e suas tensões”. Gostei muito de seu trabalho, pelo fato de ter encontrado soluções muito interessantes e convincentes, para pôr em cena situações que se passam em diversas locações, de forma bem criativa, considerando-se os parcos recursos financeiros, para a construção de vários cenários que a peça exigiria. Com poucos elementos de cena, o diretor sugere e o público aceita, com facilidade, suas engenhosas sugestões. Com relação ao seu trabalho, na condução do elenco, pareceu-me que conseguiu levar cada um dos atores a conhecer bem o psiquismo de seus personagens, para que a representação se desse de forma natural e agradável. Na verdade, uns mais do que outros, ainda que uma estreia não seja o momento mais indicado para se fazer uma crítica. Tanto é assim que, por ter gostado do espetáculo, porém tendo verificado, no dia em que assisti a ele, pequenas falhas, facilmente reparáveis, no duplo sentido, de serem percebidas e consertadas, já estou com uma data agendada para rever a peça.




Falando da criação técnico-artística, que teve de “fazer milagres, para a obtenção de bons resultados, com pouca verba, a cenógrafa DÓRIS ROLLEMBERG chegou a confidenciar, em conversa informal, antes da sessão, que “Fiz o que pude”. Só que o que, para uma grande profissional, como ela, “pode fazer”, com muito ou pouco dinheiro, é sempre de muito bom gosto e qualidade técnica. São ótimas as resoluções para os tantos espaços físicos diferentes que a peça exige, num trabalho, evidentemente, em comunhão com o diretor. Assim, temos, nos dois extremos do palco, dois cômodos, um em cada: num deles, a sala de estar da família CAMPBELL, com poucos móveis, mas requintados - duas poltronas e uma mesinha (posteriormente, entra em cena um carrinho de chá; na outra extremidade do palco, o escritório de DUCK, com uma mesa grande, de trabalho, sobre a qual se espalham papéis e livros, uma mesinha, que serve de apoio para uma eletrola, e duas ou três cadeiras. No fundo, um telão, para receber projeções.




Creio que boa parte do orçamento da peça tenha sido empregada nos belos e finos figurinos da época, assinados por RONALD TEIXEIRA, todos com belos caimentos e acabamentos. Os figurinos dão um toque de requinte à montagem.




Estranhamente, para mim, a não ser que tenha havido falhas de operação, no dia da estreia, RENATO MACHADO, contrariando o que faz de genial, sempre, criou uma iluminação que não me pareceu condizente com a proposta, um pouco equivocada, em algumas cenas, principalmente quando lança muitas cores na parte baixa da tela do fundo do palco. Talvez tão deslumbrado com os outros elementos técnicos da montagem, eu não tenha entendido bem o que estava acontecendo com a luz, ideia que espero retificar, quando for reassistir à peça.




Um puxão de orelhas eu não poderia deixar de dar, na direção, ou sei lá em quem, quando resolveu que o elenco deveria utilizar microfones. O Teatro Clara Nunes não é tão grande e os atores precisam projetar corretamente a voz, desprezando o auxílio da tecnologia, que acabou falhando, em algumas cenas, sem que houvesse a menor necessidade de que aquilo tivesse acontecido. Causa desconforto e apreensão na plateia e, mais ainda, no elenco. Sugestão: não se pode trabalhar com apenas um microfone, para cada ator, e este equipamento tem de ser da melhor qualidade. Não havendo condições para isso, desprezem os microfones e que o elenco faça uso de suas vozes naturais, como era antigamente, até em Teatros muito maiores que o Clara Nunes. Perdão, mas não poderia deixar de fazer esse registro, porque isso muito me incomodou e roubou um pouco do brilho do ótimo espetáculo.




GUILHERME MIRANDA acertou, em cheio, na direção musical, selecionando canções que são do agrado de todos. Afinal de contas, quem não gosta de ouvir Cole Porter, por exemplo,além de outros compositores de semelhante talento, populares ou clássicos? A trilha sonora é excelente. Foi o próprio GUILHERME quem, a meu pedido, me enviou o “set list”. (Transcrevo-o como me foi enviado.):



Silêncio - Beethoven
F. Schubert - Ständchen (Serenade)
Barbara Hendricks singing Ständchen (Serenade)
Irving Aaronson - Let's Do It, Let's Fall In Love 1928 - Cole Porter Songs
Ella Fitzgerald - Night and Day
Elvis_Thats Alright_Mama First Release - 1954
CRUMB Vox Balaenae -Voice of the Whale
Música final original, composta por Guilherme Miranda (letra de Thales Paradela e arranjo de Victor Huggo), cantada pelo diretor PAULO TRAJANO.




           
Não faz parte da trilha, mas está no “teaser” da peça, nas redes sociais, uma canção que bem poderia lá estar. Trata-se de “I’ve Got You Under My Skin”, que eu adoro, de Cole Porter, em parceria com Nelson Riddle, cuja letra, em sua tradução literal, se encaixa, perfeitamente, no envolvimento do casal PHILIPP e RICHARD: “Eu o tenho sob a minha pele. / Eu o tenho no fundo do meu coração. / Tão fundo no meu coração, que você é uma parte de mim. / Eu o tenho sob minha pele. / Eu tentei tanto resistir. / Disse, para mim mesmo, que isso nunca iria bem, / Mas por que deveria resistir, quando eu sei, tão bem, / Que eu o tenho sob minha pele. / Eu sacrificaria qualquer coisa que fosse, / Pelo prazer de ter você por perto, / Apesar de uma voz de aviso, que vem durante a noite, / E repete, em meu ouvido: / Já não sabe, seu tolo, você não pode ganhar! / Use sua cabeça, acorde para a realidade! / Mas, sempre que tento, apenas o pensamento de você / Me faz parar, antes de eu começar, / Porque eu o tenho sob minha pele”.






         No elenco, há dois nomes que se destacam, na minha modesta visão: ALEXANDRE DANTAS e CLEITON MORAIS, a despeito de todos se aplicarem bastante nos seus personagens, e sobre os quais tecerei comentários posteriormente.




            Nem sempre o protagonista de um espetáculo é o que mais marca, para o espectador. Tenho certeza de que todos, ao se lembrar de “AMAR É O CRIME PERFEITO”, pensarão no personagem DUCK, tão bem interpretado por ALEXANDRE. Na trama, sem dúvida, é um ator em papel coadjuvante (o personagem, não o ator) que soube construir, com detalhes e na medida exata, o seu DUCK, aquele que, a toda hora, explica, de uma forma diferente e mais engraçada que a anterior, a origem do seu apelido. Aliás, nem me lembro de seu nome verdadeiro, se é que ele é dito, na peça. Homossexual assumido, o personagem demonstra isso sem afetação e representa uma válvula de escape, na trama, com suas ironias e provocações, via humor, para atenuar um pouco o peso das situações. Brilhante interpretação.




            Já com relação a CLEITON, o que tenho a dizer é que reconheci nele, naquela noite, um ótimo ator de TEATRO. Já o conhecia, de trabalhos anteriores, a saber: dois musicais e um espetáculo infantojuvenil. Neste, o conjunto da obra não ajudava e seu trabalho não tinha condições de ser bem avaliado. Nos musicais, ele era apresentado como um rapaz bonito, de corpo escultural, que dança muito bem e canta, quase na mesma proporção, e aparecia mais como um “performer” do que um ator de verdade, nos musicais “Constelation” e “Dzi Croquettes em Bandália”. Mas é um ator batalhador, m "operário do TEATRO", que investe na profissão, vem estudando, por um pouco mais de dez anos, para se aprimorar, e não para, sempre à procura de uma chance de mostrar seu potencial interpretativo, no palco, na pele de um bom personagem. E parece que esse momento chegou para ele. PHILIP encontrou um bom “cavalo”, para baixar naquele terreiro. O ator consegue passar o seu sentimento, pelo amor da sua vida, de forma discreta e, ao mesmo tempo, sensual, terna, com bastante verdade, tentando fugir ao pânico de ser descoberto “gay” e “pagar por seu crime”. Fiquei muito bem impressionado com seu trabalho.




            ISMAEL FIORENTIN, que encarna o outro protagonista, RICHARD, parece ter levado, para o palco, nos ombros, o peso e a grande responsabilidade pela produção do espetáculo e me pareceu um tanto nervoso, em determinados momentos, o que conseguia compensar em outras cenas, nas quais está bem no papel. Faltou uma regularidade, na interpretação, o que, certamente, será resolvido, à medida que o espetáculo vai se azeitando. Pareceu-me que ele não havia, ainda, descoberto a riqueza de seu personagem. Sim,  RICHARD é muito mais rico, por toda a sua história de vida, como personagem, do que PHILIP. Mas ISMAEL haverá de descobrir logo essa riqueza e profundidade e valorizar tudo de bonito e de sofrimento contido no interior de RICHARD.




            Nos demais papéis, a alegria de ver uma veterana e boa atriz, com 60 anos de carreira, MARIA ESMERALDA FORTE, como a avó, e outros atores, cujos trabalhos, salvo engano, eu não conhecia ou conhecia pouco: CLAUDIO PITANGA (PATRICK CAMPBELL), dando conta do seu personagem; e o também autor do texto, THALES PARADELA, como o implacável INSPETOR RUDOLPH.     


 







FICHA TÉCNICA:

Texto: Thales Paradela
Direção: Paulo Trajano

Elenco: Ismael Fiorentin (Richard Campbell), Cleiton Morais (Philip Green), Alexandre Dantas (Duck), Claudio Pitanga (Patrick Campbell) e Thales Paradela (Inspetor Rudolph).  Participação Especial: Maria Esmeralda Forte (Margareth Campbell)

Cenário: Dóris Rollemberg
Figurino: Ronald Teixeira
Iluminação: Renato Machado
Direção Musical: Guilherme Miranda
Fotos: Renato Neto (estúdio) e Marcelo Rodolfo (cena)
Produção Executiva: Marilha Galla
Idealização: Ismael Fiorentin
Produção: Artifiore




 





SERVIÇO:

Temporada: de 17 de julho a 08 de agosto de 2019 (Curta Temporada).
Local: Teatro Clara Nunes, Shopping da Gávea – 3º Piso.
Endereço: Rua Marquês de São Vicente, 52, Gávea, Rio de Janeiro.
Telefone: (21) 2274-9696.
Dias e Horários: 4ªs e 5ªs feiras, às 21h.
Valor dos Ingressos: R$70,00 (inteira), R$35,00 (meia entrada) e R$25,00 (lista amiga).
Duração: 70 minutos.
Indicação Etária: 16 anos.
Gênero: Drama












É claro que não poderia deixar de recomendar o espetáculo e quero terminar esta crítica louvando a garra de uma equipe, a força de sua resistência, transcrevendo mais um trecho do “release”: “Em um contexto em que a própria arte vem sendo colocada como elemento desviante e, consequentemente, sendo atacada por setores e instituições importantes no Brasil, ousar produzir TEATRO é um ato tão complexo quanto necessário. Levantar, sem patrocínio, um projeto deste porte, com esta estrutura, com profissionais premiados nacionalmente, em todos as posições da ficha técnica, e, mais ainda, com uma temática que trata, de forma carinhosa, a questão da homofobia, é quase uma insanidade... Sim, amamos esta loucura! Nos (sic) lançamos com nossa coragem, nossos afetos, nossos recursos próprios, nossa loucura de trabalho e nossa confiança no alargamento dos ciclos afetivos e solidários. Vem...! Entra na roda conosco...!


Assino embaixo!!!










E VAMOS AO TEATRO!!!

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!

A ARTE EDUCA E CONSTRÓI!!!

RESISTAMOS!!!
COMPARTILHEM ESTE TEXTO, 
PARA QUE, JUNTOS, POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO BRASILEIRO!!!


 





(FOTOS: RENATO NETO - ESTÚDIO - 
e
MARCELO RODOLFO - CENA.)