sexta-feira, 19 de abril de 2024

 

“SER ARTISTA”

ou

(A EMOÇÃO ME FISGOU.”

ou

(“SE ALGUÉM QUISER FAZER POR MIM, QUE FAÇA AGORA”! - 

“QUANDO EU ME CHAMAR SAUDADE” - NELSON CAVAQUINHO E GUILHERME DE BRITO.)

 




Numa belíssima canção, composta por Nelson Cavaquinho (melodia) e Guilherme de Brito (letra), “Quando Eu Me Chamar Saudade”, encontramos dois versos que resumem toda a sua mensagem: SE ALGUÉM QUISER FAZER POR MIM / QUE FAÇA AGORA”. Parece que, MARCUS MONTENEGRO atendeu ao pedido do letrista, quando, em parceria com Arnaldo Bloch, escreveu o livro “Ser Artista”, lançado em 2020, salvo engano, pela Editora Hapercollins. A ideia não parou no livro. REGIANA ANTONINI e MARCUS, fizeram com que a publicação se transformasse numa linda e comovente peça de TEATRO, uma adaptação livre dos autores do texto, dirigida por BETH GOULART e interpretada por LEONA CAVALLI e ANDERSON MÜLLER, em cartaz, até o dia 09 de maio, no Teatro dos 4 (VER SERVIÇO.). O espetáculo “é uma declaração de amor às grandes divas do TEATRO, uma jornada emocional e uma reflexão sobre o poder transformador da ARTE e a amizade. Uma peça que nos lembra que a vida é efêmera, mas o legado das grandes artistas é eterno.”.

 

 


 

        São 10 nomes de grandes divas do TEATRO: Nathália Timberg, Bibi Ferreira, Marília Pêra, Tônia Carrero, Rosamaria Murtinho, Zezé Motta, Irene Ravache, Camila Amado, Eva Wilma e Nicette Bruno. É bem verdade que outras tantas, talvez, como Fernanda Montenegro, Glauce Rocha, Dulcina de Moares, Cacilda Becker, Cleide Yáconis e Laura Cardoso, por exemplo, para citar apenas algumas, ficaram de fora, o que se justifica pelo fato de um dos autores do livro – MARCUS MONTENEGRO - ter-se atido àquelas que, ao logo do tempo, se tornaram, além de agenciadas por ele (MONTENEGRO TALENTS), suas amigas pessoais e, até mesmo, conselheiras. Também é certo que, infelizmente, 6 delas recebem a justa, e merecida, homenagem, na peça, “post mortem”, mas Camilla Amado e Nicette Bruno, quando do lançamento do livro, ainda viviam. Por outro lado, 4, DONAS (É com essa forma de tratamento que as reverencio, mesmo que sejam minhas amigas.) Nathália, Rosamaria, Zezé e Irene, ainda vivem, para merecer, até presencialmente, o tributo de que são merecedoras. Na noite em que assisti à peça, Rosamaria Murtinho fazia parte do público e muito se emocionou com a consagração, no palco e na plateia.

 

 

 

         O delicioso e muito bem arquitetado texto nos mostra as personagens – Sim, elas deixam de ser atrizes para virar personagens. – com suas peculiaridades. Ele nos leva a conhecer seus gostos, manias, qualidades (e “defeitinhos” também), ansiedades, projetos, visão de mundo, conceitos de “ARTE”, medos, vitórias (e “fracassinhos” também), todas com uma grande qualidade em comum: “lutaram e desbravaram o caminho, para que outras mulheres tivessem seu papel de forma ativa na sociedade, sendo valorizadas como artistas e possuindo voz para se manifestarem e conquistarem suas posições de desejo. Essas damas possuem grande representatividade e importância cultural e histórica...”.


 

 

 

SINOPSE:

Em uma noite chuvosa, no Rio de Janeiro, o agente teatral MARCUS MONTENEGRO, interpretado por ANDERSON MÜLLER, fica deslumbrado pela produção de uma peça no Teatro Copacabana Palace.

No camarim, ele encontra a icônica atriz Nathália Timberg, sem imaginar que, no futuro, ela se tornaria sua amiga e conselheira.

Assim começa uma jornada emocionante, através da vida desse agente, desde sua infância, num subúrbio carioca, até se tornar um produtor renomado.

Ao longo de sua carreira, ele é influenciado e inspirado por algumas das maiores divas do TEATRO BRASILEIRO.

Além de Nathália Thimberg, Bibi Ferreira, Marília Pêra, Tônia Carrero, Rosamaria Murtinho, Zezé Motta, Irene Ravache, Camila Amado, Eva Wilma e Nicette Bruno compartilham suas histórias, paixões e sabedoria com ele, ensinando-o sobre disciplina, informação, formação e respeito pelo TEATRO.

Cada uma dessas atrizes extraordinárias, todas interpretadas por LEONA CAVALLI, assume o papel da outra, revelando suas vidas, desafios e triunfos no palco e na vida real.

Através de depoimentos emocionantes e interpretações brilhantes, a peça celebra a força, coragem e espiritualidade das artistas que moldaram a história do nosso TEATRO.

Mas a história toma um rumo inesperado, quando um convite para um almoço especial, na casa de NICETTE BRUNO, é interrompido pela fragilidade da vida.

 


 


         É extremamente prazeroso, quando vou ao TEATRO, já com uma boa expectativa e, terminado o espetáculo, sinto que ela foi potencializada, em função do que me foi servido numa fina bandeja de prata. Foi com esse sentimento que deixei o Teatro do 4, na noite da última quarta-feira, 15 de abril de 2024. Durante 80 minutos, os espectadores, mesmo os que não têm a menor intimidade com o universo artístico, se sentem “voyeurs”, no melhor sentido do vocábulo, olhando pelo buraco de uma fechadura, invadindo a intimidade de MONTENEGRO e suas amigas, e mergulham nas vidas, paixões e desafios enfrentados por essas artistas excepcionais.

 

 

 

         Conheço o livro que deu origem à peça e percebi que sua transposição para o palco demandou um cuidadoso trabalho dramatúrgico, para conservar, em narrativa, trechos dos mais importantes da obra, feitas por ANDERSON MÜLLER, e transformar em diálogos passagens da publicação, as quais ganharam um brilho maior, principalmente graças ao magnífico trabalho da atriz LEONA CAVALLI, ao qual darei o devido destaque adiante.    

 

 

 

         Não pensem que encontrarão uma montagem luxuosa, entretanto já vão sabendo que serão apresentados a uma produção corretíssima, em que todos os elementos que entram na sua construção, estão afinados pelo mesmo diapasão, em função da competente FICHA TÉCNICA do projeto, a começar pela cenografia, econômica e perfeita, de JOSÉ DIAS, na qual não poderiam faltar as escadas, que não só são um símbolo do TEATRO de Revista, como também podem simbolizar a ascensão (e a indesejada e temida “queda”) dos artistas, em geral.

 

 


         Quanto aos figurinos, com poucos recursos, penso eu, mas esbanjando talento e bom gosto, marcas registradas do seu trabalho, KAREN BRUSTTOLIN, mais uma vez, se destaca, vestindo, de forma impecável e obedecendo às características comportamentais de cada personagem, os atores, principalmente com relação a todos os trajes utilizados por LEONA CAVALLI, na pele de cada uma das homenageadas. A iluminação, assinada por PAULO CESAR MEDEIROS, cai como uma luva para cada cena, variada e precisa. ALFREDO SERTÃ e FERNANDO OCAZIONE, responsáveis pela trilha sonora e pelo visagismo, respectivamente, são dois nomes de profissionais cujas contribuições são relevantes na peça. E o mesmo se pode dizer com relação às excelentes projeções, a cargo dos irmãos VILAROUCA (RICO e RENATO), e à direção de movimento, de DANI CAVANELLAS.

 

 


 

         De tudo, neste espetáculo, guardarei ótimas recordações, mormente com relação a duas coisas. A primeira, com total certeza, diz respeito à impecável atuação de LEONA CAVALLI, na interpretação de todas as divas. Acho que, por orientação de BETH GOULART, a qual muitos aplausos merece, por sua ótima direção, e, também, por seus predicados próprios, a partir de uma minuciosa pesquisa sobre as atrizes que representaria, não houve uma intenção de LEONA copiar, imitar, no sentido mais “latu” do significado do verbo, as personagens, porém, pela convivência que tive com quase todas elas e ainda tenho, com as vivas - mas o público, em geral, também pode perceber –, enxerguei mínimos detalhes, de expressão corporal e voz, de todas, bem distintos. A grande atriz comporta-se “camaleonicamente” nesta peça. Trata-se de uma artista que se adapta muito bem a personagens dramáticas e cômicas e a quem não poupo aplausos, quando a vejo num palco, como, por exemplo, na sua inesquecível Frida Khalo, no espetáculo “Frida Y Diego”, ao qual assisti, há dez anos, no Teatro Raul Cortez, em São Paulo, e, posteriormente, no Rio, no extinto Teatro Maison de France, se não me equivoco. dividindo o palco com o ator, José Rubens Chachá, este no papel do grande amor da pintora, Diego Rivera. Tão entusiasmado e emocionado fiquei com a “performance” de LEONA CAVALLI, em “SER ARTISTA”, que cheguei a postar, numa rede social, no dia seguinte: Até o dia 9 de maio, você tem a OBRIGAÇÃO de ir ao Teatro dos 4, numa 4a ou 5a feira, às 20h, para assistir a um dos melhores espetáculos de TEATRO a que assisti, até agora, em 2024: “SER ARTISTA” (...) A ser empregado o critério da MERITOCRACIA (como, aliás, deveria ser sempre), LEONA terá que ser, no mínimo, indicada a todos os prêmios de Teatro deste ano





        A segunda lembrança é a homenagem que cabe, no espetáculo, à saudosa e queridíssima Camilla Amado, a “amada Camilla”, uma das melhores criaturas que já conheci no TEATRO, como pessoa e profissional, uma amiga que deixou muita saudade, em mim e numa legião de amigos e fãs. Fiquei muito tocado, quando ouvi falar dela, vi sua imagem projetada, no fundo do cenário e ouvi trechos ditos por ela, em gravação.

 

 

 

         A peça oferece mais condições de destaque para o trabalho da atriz, entretanto seu brilho está na dependência direta da atuação de seu colega de cena, ANDERSON MÜLLER, no caso, o qual interpreta o personagem MARCUS MONTENEGRO, como narrador, na maior parte da encenação, e nos diálogos com as personagens femininas. Em ambas as posições, MÜLLER se apresenta elegantemente e centrado no personagem, deixando bem clara a admiração que “Marquinhos” tinha, e ainda tem, por todas aquelas fabulosas mulheres. Felicito, efusivamente, o casal de atores.

 

 


 

FICHA TÉCNICA:

Autores: Regiana Antonini e Marcus Montenegro
Concepção e Direção: Beth Goulart

Elenco: Leona Cavalli e Anderson Müller

Cenografia : José Dias
Assistente de Cenografia: Talita Gomes
Figurino: Karen Brusttolin
Iluminação: Paulo César Medeiros
Trilha Sonora: Alfredo Sertã
Visagismo: Fernando Ocazione
Projeção: Rico Vilarouca e Renato Vilarouca
Preparação Vocal: Rose Gonçalves
Direção de Movimento: Dani Cavanellas
Assistência de Direção: Verônica Rocha
Direção de Produção: Marcus Montenegro
Produção Executiva: Karina Alaor Gestão
Administrativa e Financeira: Karla Abinader
Assistência de Produção: Fernanda Cardoso e Alex Palmeira
Cenotécnico: José Galdino – Pará
Técnico de Som/Projeção: Paulo Mendes
Técnico de Luz: Mário Júnior
Diretor de Palco do Teatro : Alessandro Santos
Contrarregra : Luciano Ribeiro
Camareira: Nalva Aparecida da Silva
Assessoria de Imprensa: Julyana Caldas – JC Assessoria de Imprensa
“Marketing” Cultural: Gheu Tibério
Programação Visual: Vitor Machado
Fotografia: Edu Rodrigues
Realização: Montenegro Talents

 

 


 





 


 

SERVIÇO:

Temporada: De 06 de março a 09 de maio de 2024.

Local: Teatro dos 4.

Endereço: Rua Marquês de São Vicente, nº 52 (Shopping da Gávea – 2º piso) – Gávea – RJ.
Tel. (21) 2239-1095.
Dias e Horários: 4ªs e 5ªs feiras, às 20h.

Valor dos Ingressos: R$ 80 (inteira) e / R$ 40 (meia-entrada).

Vendas “on-line”: Sympla (ou na bilheteria do Teatro).
Duração: 80 minutos.
Classificação Etária: 14 anos.
Gênero: COMÉDIA Dramática

 


 

 

Quem for ao Teatro dos 4, o que, aliás, EU RECOMENDO MUITO, por ter sido um dos melhores espetáculos a que já assisti neste primeiro semestre de 2024, testemunhará uma linda, digna e merecida homenagem a essas mulheres icônicas e matará a saudade em relação àquelas que já se foram. Além disso, verá que a peça ensina, às novas gerações, a importância que elas tiveram, tanto na área artística quanto no pioneirismo brasileiro, na luta pelo feminismo.

 

 

Para encerrar estes emocionados comentários, selecionei uma das frases de MARCUS MONTENEGRO, retiradas do “release”, que recebi da assessoria de imprensa: “A peça é o meu último grito, é para alertar. Esse espetáculo veio para homenagear as mulheres com quem eu trabalhei e trabalho. E, principalmente, mostrar, para a sociedade e para a classe artística, o legado que elas deixaram, com a construção de um trabalho sólido e sério, através das suas produções teatrais. É o último grito para essa geração que está chegando se inspirar no que há de melhor e consistente, para como construir uma carreira sólida no mundo da atuação.”.


 

 

FOTOS: EDU RODRIGUES

 

 

GALERIA PARTICULAR:

 


Com meu querido amigo Marcus Montenegro.

 

 

VAMOS AO TEATRO!

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A ARTE EDUCA E CONSTRÓI, SEMPRE; E SALVA!

RESISTAMOS SEMPRE MAIS!

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quinta-feira, 18 de abril de 2024

 

“32º FESTIVAL DE CURITIBA”

(ABERTURA)

 “CAPRICHOSO E GARANTIDO:

O DUELO DA AMAZÔNIA.”

ou

(O BRASIL NÃO CONHECE O BRASIL, MAS PRECISA, URGENTEMENTE, CONHECÊ-LO.)






         Inicio aqui a série de publicações sobre o “32º FESTIVAL DE CURITIBA”, principalmente as críticas, no total de 10 a 12 – ainda não me decidi - que passarei a publicar, a partir de agora e no decorrer de, no máximo, um mês, sempre agradecendo aos organizadores do evento e a todos os que me cercaram de gentilezas e atenção durante as duas semanas em que permaneci na capital paranaense, já pensando no próximo.










    Esperava, sim, que fosse uma grande noite, daquelas que ficam, indelevelmente, gravadas na nossa memória afetiva, mas não tinha ideia da dimensão do espetáculo a que eu iria assistir, na abertura oficial do “32º FESTIVAL DE CURITIBA”, naquele 25 de março de 2024, num local de dimensões gigantescas, o “Viasoft Experience”, dentro do campus da Universidade Positivo, que recebeu, pelos meus cálculos, cerca de duas mil pessoas, convidadas para o evento.



         Não foi, certamente, o espetáculo que mais me impactou, entretanto foi dos que mais me emocionaram e um que comprovou a velha, e triste, teoria de que “o Brasil não conhece o Brasil”; mas precisa conhecê-lo, INCLUSIVE EU. E com a maior urgência. Foi, entretanto, quero crer, a ação mais "ousada" por parte dos organizadores do “FESTIVAL”: levar à capital paranaense, da longínqua cidade de Parintins, no coração da Amazônia, a exatos 2689 quilômetros de distância de Curitiba, alguns artistas, uma ínfima mostra, dos grupos “CAPRICHOSO” e “GRANTIDO”, para uma demonstração do que acontece, no meio de cada ano, quando da realização do “Festival Folclórico de Parintins”, uma festa popular, reconhecida, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), como "Patrimônio Cultural do Brasil", na ilha de Parintins, às margens do rio Amazonas, evento que está, para este estado, como o carnaval, para o Rio de Janeiro. No ano em curso, o grandioso espetáculo, em sua 57ª edição, ocorrerá entre os dias 28 e 30 de junho (sempre no último final de semana de junho). É uma indescritível festa, com direito a alegorias, torcidas fanáticas, e frenéticas, e fantasias extravagantes, além de muita música e danças, é claro.

 

 


 

     A palavra “DUELO” não se aplica, absolutamente, a alguma luta ou agressão física, mas, sim, a uma competição artístico-cultural, que mexe, principalmente, com todos os locais e a quantidade incalculável de visitantes, turistas do Brasil e do exterior, os quais se colocam a favor de um dos dois “duelistas”: o BOI CAPRICHOSO, representado pela cor azul, e o BOI GARANTIDO, pelo vermelho. Durante um final de semana, de sexta-feira a domingo, eles competem, entre si, por meio de algo próximo a uma representação teatral, exaltando a cultura indígena, cabocla e ribeirinha, tão esquecidas dos brasileiros, em geral. Os participantes diretos dos grupos, chamados de “brincantes”, entre toadas e canções, exaltam os mitos, crenças, lendas, ritos e a história da região. O “FESTIVAL” acontece num espaço especialmente construído para sua realização, no meio da cidade, chamado de “Centro Cultural de Parintins”, mais conhecido como “Bumbódromo”, com capacidade para 35.000 espectadores. Na época do “Festival”, a população de Parintins, que gira em torno de 120.000 habitantes, chega a quase dobrar, o que movimenta bastante a economia local e do estado do Amazonas.












 (Bumbódromo)


         As torcidas, rivais apenas na competição, e jamais inimigas, ocupam, separadas uma da outra, cada metade da arena e são fundamentais na competição, uma vez que a animação de cada uma delas vale muito na avaliação dos juízes, os quais definirão o vencedor de cada edição da festa. Elas se respeitam, mutuamente, e, enquanto um grupo se apresenta, a torcida do outro é obrigada a se manter em total silêncio e, caso haja alguma manifestação contrária, o BOI que está se apresentando perde pontos na avaliação, o que, segundo informou um dirigente de um deles, durante a primeira entrevista coletiva de imprensa, no “32ª FESTIVAL DE CURITIBA”, jamais ocorreu, em 56 anos de festa.

 

 


 

         Confesso, sem nenhum constrangimento e usando da maior sinceridade possível, que me caracteriza, que, por duas vezes, tentei assistir, pela televisão (Ele é transmitido para o Rio de Janeiro, por uma emissora de TV.), àquele “Festival”, entretanto achava tudo muito confuso e – perdão – “CHATO”, porque tudo me parecia muito repetitivo e eu não conseguia entender nada, porque nada sabia da estrutura e dinâmica, da representatividade e importância da festa. Na verdade, eu estava olhando para a tela como um “turista estrangeiro”, diante de um desfile de escolas de samba do carnaval carioca: extasiado com a plasticidade e encantado com a beleza de luzes e cores, ainda que não muito empolgado com as canções; apenas isso. E passei a emitir um juízo de valores precipitado, admito hoje, sobre aquela grandiosa festa popular: “Não me interessa isso, porque não consigo entender nada dessa coisa ‘chata’!”. Antes das pedradas virtuais que possam chegar até mim, sugiro que as guardem para outras “marias madalenas”, visto que mudei, TOTAL e RADICALMENTE, o meu conceito sobre o “Festival de Parintins” e passei a ser um dos seus maiores entusiastas, o que aconteceu por dois motivos.

 

 



        Primeiramente, fiquei emocionado e fascinado com a entrevista que alguns dos membros dos dois BOIS concederam, na manhã daquele mesmo dia em que se apresentariam. E não pensem que estou sendo “dramático”, “piegas” ou coisa parecida, mas, escrevendo agora, arrepio-me, de vez em quando, só de me lembrar da entrevista da manhã e do espetáculo da noite. Naquele dia, pela boca dos artistas convidados, aprendi a dinâmica dos “duelos”. Ali, entendi qual é o papel de cada “brincante” dentro do “Bumbódromo”, da mesma forma como, sem querer fazer qualquer comparação, numa escola de samba, dentro do “Sambódromo”, cada uma de suas “células” (comissão de frente, passistas, destaques, mestre-sala e porta-bandeira, velha guarda, bateria, alegorias...) tem sua função. São quesitos julgados por técnicos em cada assunto. No “Festival Folclórico de Parintins”, dá-se o mesmo; ninguém está ali por acaso ou para preencher espaços. Se não me equivoco, se as fontes que consultei estiverem corretas, são 21 itens (quesitos) a serem apreciados e avaliados, dentre os quais, dos que me recordo, mencionados naquela entrevista, eis alguns: apresentador, marujada ou batucada, levantador de toadas (equivalente ao “puxador”, da escola de samba. O cantor Jamelão deve estar dando cambalhotas no túmulo. Momento descontração.), cunhã-poranga, rainha do folclore, sinhazinha da fazenda, pajé, porta-estandarte, amo do boi e encenação. Para maiores informações, é só “dar um Google”, como eu fiz, porque tive interesse em fazê-lo.

 

 







 (Fotos: Gilberto Bartholo.)


         O segundo motivo não pode ser explicado, mas apenas sentido. Eu, que, durante muitos anos, assisti aos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro ao vivo, “in loco”, depois, durante um bom tempo, passei a fazê-lo de casa, pela TV, e, hoje, nem me interesso mais por eles, entendo, perfeitamente, que estar no “Sambódromo” ou, confortavelmente, deitado numa cama, ar-condicionado ligado, para amenizar o calor do verão carioca, não são, nem podem ser, a mesma coisa. A emoção e a vibração giram em “vibes” diferentes. E por que haveria de ser de outra forma, com relação aos BOIS? Naquela noite de abertura do “32º FESTIVAL DE CURITIBA”, eu fazia parte da multidão que aguardava, ansiosa e com muita curiosidade, a entrada de CAPRICHOSO e GARANTIDO, segurando bandeirinhas, azuis ou vermelhas, que nos haviam sido oferecidas, quando adentrávamos o espaço em que se daria, num palco (Olha o TEATRO aí, gente!), o tão esperado “duelo”. E quando o espetáculo começou, ninguém segurava ninguém; muito menos se segurava. O ritmo é indescritível. A sensação de liberdade é intensa. A alegria é contagiante. Totalmente indiferente às regras da competição, eu, e muita gente também, agitava as bandeirinhas: ora uma, vermelha; ora outra, azul. Não estava nem aí! Não torcia por ninguém. Torcia, sim, para que aquele momento não terminasse. Só agradecia a Deus, aos organizadores do “32º FESTIVAL DE CURITIBA” e aos DEUSES DO TEATRO, os quais, como pagãos, também caíam na folia, pela graça de estar ali, testemunhando aquela efeméride, aquela integração dionisíaca.

 

 

 

 

 

  Tão “louco” estava eu, com tão pouca bebida ingerida (apenas duas latas de cerveja e alguns refrigerantes) – Podem rir à vontade!), que, quando me dei conta, havia deixado, na mesa, a bengala que utilizo, para me dar apoio nos meus deslocamentos, e estava pulando e cantando no meio da multidão (“Vermelhou no curral / O fogo de artifício da vitória vermelhou” ou “Bate forte o tambor / Eu quero tic, tic, tic, tic, tac”Não deu para decorar nenhuma letra do CAPRICHOSO, mas prometo que vou aprender.). QUE CATARSE! E como eu estava precisando daquilo! E como eu queria estar presente, em Parintins, no próximo “Festival”, o que, infelizmente, já vou adiantando, não será possível, uma vez que, de acordo com o que foi dito, na já referida entrevista, desde outubro do ano passado, se não me engano, parece que todos os ingressos, que não são nada baratos, para os padrões brasileiros, já estão esgotados, assim como todas as acomodações, em hotéis e similares, estão reservadas. Talvez seja até melhor mesmo que eu não assista ao “Festival” no “Bumbódromo”, já que o coração de uma septuagenário pode, de repente, resolver “fazer greve interminável”.

 

 

(Foto Xandy Novaski.)


 

Uma curiosidade bastante interessante e que muito me emocionou: Os BOIS nunca fazem referência ao outro pelo nome; sempre usam o termo “contrário”. Durante a entrevista, na manhã do dia 25 de março de 2024, data histórica, pela primeira vez, em público, ambos, em comum acordo, quebraram esse hábito/pacto e um pronunciou o nome do outro, em respeito e agradecimento ao nosso “FESTIVAL” (Já me “apoderei” dele também. Outro momento descontração.), uma deferência especialíssima, numa demonstração de quão felizes estavam pelo convite. Essas presenças muito nos honraram e agregaram mais valor ao “32º FESTIVAL DE CURITIBA”.

 

 

       No mais, viva o “Festival Folclórico de Parintins”! Viva o CAPRICHOSO! VIVA O GARANTIDO! Viva a Amazônia! Viva a Cultura Popular Brasileira! E viva o TEATRO!

           

 

(Foto: Gilberto Bartholo.)



 

FOTOS: VÁRIAS FONTES (INTERNET)

 

 

GALERIA PARTICULAR

(Fotos: Gilberto Bartholo)





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