1ª
MARATONA TEATRAL
EM
SÃO PAULO - 2016
(PARTE II)
MEU
AMIGO, CHARLIE BROWN.
(DIVERSÃO GARANTIDA,
DO NET INHO
AO VOVÔ,
POR CAMINHOS DIFERENTES.
ou
MAS QUE PUXA!)
Sempre
achei que alguns livros, como “O Pequeno
Príncipe”, “O Menino do Dedo Verde”,
“Menino de Asas” e outros títulos
nunca deveriam estar nas estantes que exibem “livros infantis”, nas livrarias, uma vez que nunca os considerei
merecedores de tal classificação. Ou melhor, as crianças acham “bonitinha” a
história, encantam-se com os personagens, porém não têm, pela idade, condições
de ler as entrelinhas, o que está subjacente, que é o mais importante naquelas
obras e em tantas outras, ditas “infantis”.
Quando
fiz um musical infantil, ao lado de Regina Duarte, no início da década de
70 – “D. Chicote-Mula-Manca E Seu Fiel
Companheiro Zé-Chupança” -, baseado no clássico de Cervantes, as crianças riam por um motivo e os pais, por outro, já
que, na peça, o culpado por tantas coisas erradas, que só faziam prejudicar
seus súditos, era exatamente o Rei.
Em plena ditadura, o TEATRO INFANTIL
criticava a usurpação do poder, a corrupção, a truculência e a violência, cometidas
pelos “milicos”, isso numa peça “infantil”,
que, em termos de texto, não era
para criança. A censura era muito forte, naquele momento, ainda que burra, pois
não sabiam ler as entrelinhas, e o TEATRO
INFANTIL era um vetor, para se dizer o que não poderia, nem deveria, ficar
preso na garganta, até mesmo tendo um dramaturgo que apelar para a adaptação de
um clássico da literatura universal. Não faltavam comentários de pais (ouvi muitos,
várias vezes, na saída do teatro), fazendo associações entre o personagem do Rei e o general ditador do momento,
cujo nome nem ouso falar, porque não merece ser lembrado, como nenhum dos
outros.
Leandro Luna e Tiago Abravanel.
Guardadas
as devidas proporções, “MEU AMIGO,
CHARLIE BROWN” também não é uma peça
infantil, ainda que as crianças lotem o teatro a saiam de lá encantadas com
o espetáculo, assim como os adultos. E nem poderia ser de outra forma, já que
se trata de uma produção muito bem
cuidada, em termos de estrutura técnica,
com um visual belíssimo, além de ser
muito bem dirigida e interpretada por um
excelente elenco. Sem falar nas canções,
nas coreografias, e no colorido dos figurinos e cenários... Um
deleite para os olhos! Criança adora isso.
O musical é, antes de tudo, um grande
presente para os pais. Como assisti em plena Semana Santa, foi um ótimo
presente de Páscoa.
Pose para um clique.
Mas...
e o texto? Muito pouco os pequenos
percebem, ficando apenas na superfície, o que, de forma alguma seria motivo
para eu não recomendar o espetáculo, para todas as idades.
Nunca
tive o menor interesse por CHARLIE
BROWN, protagonista das tirinhas e, posteriormente, do desenho animado Peanuts, de CHARLES M.
SCHULZ. Embora possa estar indo de encontro à opinião de muita
gente, peço-lhes que não me atirem pedras, antes da leitura da última linha dos
comentários contidos nos próximos três parágrafos.
Não achava a menor graça
nas piadinhas, com raríssimas exceções, e os motivos, hoje, sei bem reconhecer. Em primeiro lugar, crianças e
adolescentes da minha época (nasci um ano antes do “nascimento” do CHALIE BROWN), por serem muito menos “espertos”
e informados que os de hoje, não tinham capacidade de entender as mensagens implícitas,
que o autor tentava passar, pela boca e comportamento dos personagens.
Em segundo lugar, todos havemos de convir que o
humor do americano é bem diferente do nosso. Para isso, basta assistir a uma
transmissão da solenidade de premiação do Oscar
– os que entendem perfeitamente o idioma inglês hão de concordar comigo –, para
ficar pasmo, quando a plateia dobra a gargalhada, por algo dito por um dos
apresentadores, “sem a menor graça” (para nós). Uma alcateia de hienas (Pensou
que “alcateia” fosse só coletivo de “lobos”?), rindo, não sabemos de quê.
O terceiro pode ser creditado às péssimas
traduções que fazem das tirinhas, de uma forma geral. Nas poucas vezes em que
tive exemplares originais nas mãos, achei até um pouco mais de graça.
O humor, que esconde muita
seriedade, da turma do CHARLIE BROWN
não está, propriamente, no que se diz, mas nas reflexões a que podemos chegar,
pelo que foi dito, ou feito. São piadas para risos retardados, no sentido de “a posteriori”. Precisa-se, algumas
vezes, de um tempinho para a decodificação das entrelinhas, o cerne da piada.
Até agora, discorri sobre
as tirinhas do PEANUTS, mas o objetivo
desta crítica é o musical “MEU AMIGO,
CHARLIE BROWN – um espetáculo da Broadway”. Reparem que não escrevi, em
maiúsculas, o complemento do título deste musical,
que encantou o público paulista, que me atraiu a São Paulo, para assistir a ele, que lotou todas as sessões, no Teatro Frei Caneca e que encerrou sua
vitoriosa temporada no último dia 24 (de abril / 2016). Estamos aguardando uma prometida temporada carioca.
O motivo da grafia em
minúsculas eu explico. Creio se tratar de um toque de “marketing”, por parte da produção,
para chamar o público, totalmente desnecessário, no meu entender, mas que não
deixa de ser um grande atrativo. Afinal, trata-se de “um espetáculo da Broadway”.
FOI na Broadway, porém, AGORA, é uma montagem brasileira, UMA EXCELENTE MONTAGEM BRASILEIRA, feita com o mesmo esmero como deve
ter sido montado lá. E, no final, o resultado da soma vai dar igual à Broadway; às vezes, até melhor.
Já há algum tempo - não me canso de dizer –, nossas
produções de TEATRO MUSICAL não ficam
nada a dever às montagens americanas, salvo alguns poucos equívocos e fracassos, que não revelarei, nem
sob tortura. Tive a oportunidade de assistir a muitos espetáculos na Broadway ou em West
End e, posteriormente, nas versões brasileiras e vi que, aqui, não perderam
nada, ou muito pouco. Poderia, se quisesse, ocupar muito espaço, com uma longa
lista deles.
Temos material humano igual a qualquer outro
estrangeiro, ou, em alguns casos, melhor. O que nos falta é dinheiro, para
bancar grandes produções, e, ainda, uma tradição, que atraia, aos musicais, o grande público e os
turistas, os quais deixam seus dólares e libras nas bilheterias americanas ou
inglesas. Vocação para isso já provamos
que temos.
E continuo eu tergiversando... Mas, agora, vou
falar da peça.
SINOPSE:
“Um dia normal na vida de CHARLIE BROWN”.
Assim, os autores resumem
a história deste musical. Um dia, recheado de pequenos momentos da vida de CHARLIE BROWN; do Dia do Amigo à temporada de beisebol; do extremo otimismo
ao desespero total; tudo isso misturado às vidas de seus amigos e colocado,
juntos, num único dia, de uma linda e incerta manhã a um pôr do sol cheio de
esperança.
O universo de CHARLIE BROWN se caracteriza pelo humor
delicado e melancólico, com personagens inteligentes, sensíveis, mordazes e
criativos, que provocaram uma revolução no mundo das histórias em quadrinhos.
Todos os personagens
refletem sobre a simplicidade e a complexidade do cotidiano, além de
questionarem e tentarem entender tudo que os rodeia.
A dramaturgia e a música propõem
o encontro do menino CHARLIE BROWN
com o mundo que o cerca e sua constante busca pelo significado das coisas e dos sentimentos.
O musical “MEU
AMIGO, CHARLIE BROWN” (não entendo a vírgula, no título; no original, sim,
já que separa um vocativo), segundo o “release”,
gentilmente enviado por BETH GALLO (MORENTE
FORTE), “é um dos espetáculos musicais com maior número de
montagens na história do teatro americano, com o título original de ‘YOU’RE
A GOOD MAN, CHARLIE BROWN’”.
Ainda diz o “release”: “Uma superprodução para todas as
idades, bom para as crianças e melhor, ainda, para os adultos, que acompanham
estes personagens desde os anos 50. Uma história que celebra a amizade e traz
personagens humanos, repletos de dilemas atuais, que culminam em situações
muito engraçadas, mas que mostram, de maneira genuína, que a felicidade está
presente nas pequenas coisas, nos pequenos gestos. Baseada na célebre história
em quadrinhos, criada pelo desenhista CHARLES M. SCHULZ, em 1950 e, até hoje,
publicada em milhares de jornais de todo o mundo.
Tiago Abravanel.
Normalmente,
inicio as minhas análises pelo texto,
que, aqui, se apresenta em forma de esquetes, como se fossem as tirinhas, não
havendo, portanto, uma unidade de texto.
A peça é constituída por vários pequenos textos,
nos quais, sem exceção, predominam o humor inteligente e ferino; sarcástico,
por vezes; sempre crítico; fruto da genialidade do autor e muito bem traduzido
por MARIANA ELISABETSKY, que também
atua na peça.
As canções originais são de CLARK GESNER e as adicionais foram
compostas por ANDREW LIPPA.
A direção e a coreografia, ambas excelentes, levam a assinatura de um dos maiores
“workaholics” do TEATRO BRASILEIRO, que eu conheço, e
que consegue fazer vários trabalhos ao mesmo tempo, no Brasil e no exterior, com igual dedicação e
excelentes resultados, em todos: ALONSO
BARROS.
ALONSO conseguiu transpor para o palco,
dando voz e movimentos às tiras, todo o universo criado por SCHULZ, utilizando uma linguagem
simples e, ao mesmo tempo, sofisticada, em termos de marcações e soluções para
as cenas, fugindo, totalmente, aos clichês que costumam ser observados em peças
infantis.
Nada, em cada
cena, é injustificável ou é um apêndice. Como grande coreógrafo que é, valoriza, mais ainda, o espetáculo, com suas
criações coreográficas, bastante movimentadas, dinâmicas, que prendem a atenção
da gurizada.
É bem
interessante o fato de tudo começar em preto e branco, para, depois, se tornar
bastante colorido. Funciona como um rito de passagem, do real para a fantasia
ou de uma fantasia a outra.
É ótima a cena em que CHARLIE BROWN
solta pipa, projetada na tela, ao fundo do cenário, em ótimo trabalho de videografismo, culminando com uma pipa,
de verdade, caindo sobre a plateia. Uma bela analogia entre a pipa e a vida.
Quem assiste à peça, os adultos, percebe isso.
Soltando pipa.
Uma das
melhores cenas da peça se dá quando os amigos vão ao cinema e veem um filme em
que SNOOPY combate o inimigo, o Barão Vermelho, num excelente trabalho
de coordenação entre a ação de luta, ao vivo, de TIAGO ABRAVANEL, usando sua casinha como um aeroplano, e o avião em
desenho animado, até abatê-lo.
Convém lembrar
que este espetáculo já teve outra montagem brasileira, em 2009, de cujo elenco
permanecem, no atual, LEANDO LUNA
(CHARLIE BROWN), PAULA CAPOVILLA
(LUCY VAN PELT) e MARIANA
ELIZABETSKY (SALLY BROWN). Os demais, que formam um sexteto, são TIAGO ABRAVANEL (SNOOPY), GUILHERME MAGON (SCHROEDER) e MATEUS RIBEIRO (LINUS VAN PELT), além
de TECCA FERREIRA (Swing Feminino) e DOUGLAS THOLEDO (Swing Masculino). Há
outros personagens, na Turma do CHARLIE
BROWN, porém apenas esses seis estão presentes no musical.
Poucas vezes,
tive a oportunidade de ver um elenco tão harmonioso, equilibrado e competente
como o deste espetáculo, em que, apesar do protagonismo dos personagens CHARLIE BROWN e SNOOPY, o que se vê é uma turma de protagonistas, brilhando em
cena, dividindo, generosamente, entre si, os focos da atenção da plateia, em
seus solos ou em conjunto.
Para os
pequenos, que não vão a musicais “para
adultos”, é a grande oportunidade de conferir o fantástico trabalho de três
dos mais destacados nomes do TEATRO
MUSICAL BRASILEIRO: TIAGO ABRAVANEL,
PAULA CAPOVILLA e LEANDRO LUNA, que já atuaram em alguns
dos melhores musicais levados à cena em palcos brasileiros, inclusive como
grandes protagonistas.
Guilherme Magon, Mariana Elizabetsky,
Mateus Ribeiro e Paula Capovilla.
TIAGO, de carreira mais curta que a dos
outros dois, em termos de musicais,
em “Miss Saigon”, “Hairspray” e o consagrado “Tim Maia – Vale Tudo”, que fez dele um
dos mais requisitados atores desse gênero de TEATRO.
PAULA, uma das nossas maiores
“cantrizes”, deixou saudades em mais de uma dezena de grandes musicais, com destaque para "Les Misérables", "Godspell", "Grease", "Cole Porter – Ele Nunca Disse Que Me
Amava", "O Fantasma da
Ópera", "A Bela E A
Fera", "Mamma Mia!, "Evita", "A Família Addams" e “A Madrinha Embriagada”, apenas para citar alguns.
LUNA atuou nos musicais “Priscilla, Rainha do Deserto” (um grande desafio), “Como Vencer Na Vida Sem Fazer Força”,
“Vingança” e “Chaplin, O Musical”, por exemplo, tendo seu talento mais que
reconhecido, pelo público e pela crítica.
No
papel título, LEANDRO LUNA faz uma composição
perfeita do personagem, um menino cheio
de preocupações e com algumas frustrações, um garoto azarado e melancólico. CHARLIE
BROWN está mais para um adulto precoce do que para uma criança, dotada de
infinita esperança e determinação, mas que é dominada por suas inseguranças e
uma permanente má sorte, permitindo que
aqueles que o cercam, muitas vezes, tirem partido disso e se aproveitem de sua
excessiva “camaradagem” (Você é um bom
homem, CHARLIE BROWN, na tradução “ipsis
litteris”). SCHULZ admitiu, mais
de uma vez, que criou o personagem, mais ou menos, como um autorretrato,
compartilhando suas inseguranças e dúvidas sobre si mesmo.
Quanto à idade do personagem, pairam dúvidas. Logo nos primeiros episódios, ele
afirma que tem apenas quatro anos de idade, mas envelheceu um pouco, com o
passar das décadas, chegando a ter seis anos, numa época, e oito e meio, em
outra. Referências posteriores continuam a retratar CHARLIE BROWN como tendo por volta de oito anos de idade.
LEANDRO LUNA, um dos idealizadores do projeto e que também
capitaneia a produção, conseguiu
reunir todas as características de BROWN, como sua timidez e insegurança,
principalmente, o que exige dele um profundo e difícil trabalho de expressão
facial e corporal, sem falar na voz. Praticamente, durante toda a peça, o ator,
que é alto e forte, utiliza uma postura corporal meio corcunda, um pouco
projetado para a frente, mais para o cabisbaixo, típico dos tímidos e
inseguros.
TIAGO ABRAVANEL (SNOOPY), o “beagle” de estimação de CHARLIE BROWN, é uma atração à parte. O personagem é bom e o ator,
melhor ainda. Ele nem precisa falar, para angariar a simpatia de pequenos e
grandes, que saem do teatro referindo-se, ao personagem e ao ator, com o
singelo epíteto de “fofo”. Realmente,
assim é o personagem e, da mesma forma, se comporta o ator.
ABRAVANEL quase monopoliza as cenas de que
participa, com sua simpatia e talento, na composição do personagem, que, apesar
de ser um cachorro, que gostava de dormir no telhado de uma casinha vermelha
(durante esses sonos, costumava ter sonhos mirabolantes), contrariando a
lógica, datilografa histórias e até joga no time de beisebol.
Personagem em suas próprias obras, desdobra-se em vários alteregos, destacando-se
como Joe Cool, com seu inseparável par de óculos escuros, e
um aviador, que vive combatendo um vilão, o Barão Vermelho.
PAULA CAPOVILLA encarna LUCY VAN PELT, a permanentemente mal-humorada irmã mais velha de LINUS. LUCY tem uma forte e predominante personalidade, é muito
cínica, grita muito, é impaciente, hipócrita e, frequentemente, é malvada com
os outros personagens da série, particularmente com o irmão e com CHARLIE BROWN, principalmente quando jogam futebol americano.
Os seus sorrisos e motivos, raramente, são verdadeiros. Costuma apresentar
argumentos sem lógica e as suas perspectivas são sempre egocêntricas. A sua
maneira de ver as coisas é única. Ela é apaixonada por SCHROEDER,
mas não é correspondida, uma vez que este prefere tocar piano a estar com ela.
Um dos
detalhes mais interessantes e engraçados da personagem é que ela tem uma “banca
de ajuda psiquiátrica”, por cujas consultas cobra e das quais talvez fosse
a maior necessitada.
PAULA dá uma aula de interpretação e
consegue arrancar muitas gargalhadas da plateia, inclusive em cena aberta. Para
a composição da personagem, descobriu uma voz desafinada, hilária,
principalmente quando se dispõe a “cantar” para SCHROEDER.
A GUILHERME
MAGON, coube o papel de SCHROEDER,
que vive debruçado ao piano e tem Beethoven
como herói. Pianista, fã de música clássica, goza de uma
profunda afeição por parte de Lucy,
sem lhe dar o esperado retorno.
Não conhecia, ainda, infelizmente, o trabalho de GUILHERME, porém o que vi já é o
suficiente para perceber nele muita segurança e personalidade na composição do
personagem.
MATEUS RIBEIRO comporta-se magnificamente,
como LINUS VAN PELT, irmão de LUCY e o melhor amigo de CHARLIE
BROWN. Ainda que uma criança, é muito observador e erudito, “filosofando”
invariavelmente. Não abre mão do seu inseparável cobertor azul, o seu “cobertor
de segurança”, psicologicamente, sua arma de defesa (Contra o quê?).
Além de se destacar
como ator e cantor, creio que a dança é o que mais leva o ator ao destaque,
nesta montagem. Impressionou-me, sobremaneira, seu comportamento nas
coreografias.
MARIANA ELIZABETSKY faz uma ótima SALLY BROWN, a irmã mais nova de CHARLIE. A personagem é apaixonada por LINUS,
que vive figindo dela, e tem uma
propensão a dizer frases estúpidas. É muito crítica e séria; às vezes, parece uma advogada ou uma psicóloga, quando fala, entretanto seus
pensamentos não são lá muito dignos de credibilidade, por falta de consistência
e lógica. É muito teimosa e, até que provem o contrário, é ela quem tem a
razão. Por outro lado é dona de uma profunda generosidade.
A personagem
de MARIANA também ganhou uma voz
fantástica e seu trabalho também é digno dos maiores elogios.
Um musical, para funcionar bem, depende de
dois bons diretores: um de cena e
outro musical. Sobre o primeiro, ALONSO BARROS, já falei; falta fazer
referência ao ótimo trabalho do diretor
musical, que também acumula a função de
maestro regente, SANDRO SILVA.
Aproveito para mencionar, na mesma área, o correto desempenho de RAFAEL VILLAR, como diretor vocal. Eles são os responsáveis pela maneira correta como
são executadas as lindas canções da peça, pelos atores e por uma banda, formada
por LUCAS NOGARA, PEDRO GOBETH, MARCELO MANFRA, MAURO
DOMENECH e DOUGLAS ANDRADE. O
meu destaque, no repertório, vai para a última canção do espetáculo: “Ser Feliz”.
Vale
um grande destaque a cenografia, de CHRIS AIZNER e NÍLTON AIZNER, reproduzindo, quase fidedignamente, o que se vê nas
tirinhas, com a curiosidade de os móveis e todos os elementos cenográficos
serem construídos em uma escala bem acima da normal, para que os personagens,
todos representados por atores adultos, possam parecer crianças. Um detalhe
simples, porém muito interessante e significativo.
Logo
que se posiciona em seus lugares, os espectadores veem, no palco, um grande
painel, com a assinatura de SCHULZ e
o que, por um truque de luz, parece ser
o desenho dos seis personagens, entretanto, depois, observa-se que não são
desenhos, mas imagens vazadas de cada um deles.
No
fundo, um ciclorama, uma espécie de tela, para projeções e obtenção de efeitos
especiais, principalmente em termos de iluminação.
Os
figurinos, de JÔ RESENDE, são, praticamente, uma reprodução dos originais, não
sendo este detalhe um demérito para seu trabalho. Muito ao contrário, são
bonitos, coloridos, de ótimo acabamento e funcionam muito bem em cena,
valorizados pela impecável iluminação
de PAULO CÉSAR MEDEIROS.
Musical em que haja falhas no som perde todo o encanto. Aqui, tudo
funciona bem, graças ao trabalho de desenho
de som, de TOCKO MICHELAZZO.
Por
tudo o que escrevi e por muito mais que ficou por ser dito, considero “MEU AMIGO, CHARLIE BROWN”, um
excelente musical, que merece ficar
em cartaz, por muito mais tempo, percorrendo várias praças do Brasil, tão
carente de espetáculos desse gabarito.
O Rio de Janeiro aguarda, com bastante
ansiedade e curiosidade, essa turminha por aqui, como me foi prometido lá.
Talvez
o ponto mais importante deste espetáculo seja a valorização da amizade, bem expressa pela foto abaixo:
FICHA TÉCNICA:
Baseado
nas Tirinhas de Charles Schulz
Um
Musical de Clark Gesner
Versão
Brasileira – Mariana Elisabetsky
Elenco:
Tiago Abravanel - Snoopy
Leandro
Luna - Charlie Brown
Paula
Capovilla - Lucy Van Pelt
Mariana
Elizabetsky - Sally Brown
Guilherme
Magon - Schroeder
Mateus
Ribeiro - Linus Van Pelt
Tecca
Ferreira - Swing Feminino
Douglas
Tholedo - Swing Masculino
Direção
e Coreografia – Alonso Barros
Assistência
de Direção – Vanessa Costa
Diretor
Musical e Maestro
Regente – Sandro Silva
Direção
Vocal – Rafael Villar
Direção
de Produção – Danny Olliveira e Leandro
Luna
Cenários
– Chris Aizner e Nílton Aizner
Figurinos
– Jô Resende
Designer
de Som – Tocko Michelazzo
Designer
de Luz – Paulo César Medeiros
Maquiagem
– Pedro Queiroz
Videografismo
- Tuba
Direção
Financeira – Danny Olliveira e Priscilla Squeff
“Stage
Manager” – Lucas Farias
Assessoria
Jurídica – Marcelo Takeyama
Fotógrafo
– Caio Gallucci
Comunicação
e Filmes – Ponto Case
Assessoria
de Imprensa - Morente Forte
Realização
– Néctar Cultural
Aplausos!
(FOTOS: CAIO
GALLUCCI.)