PROJETO
PALCO
GIRATÓRIO
2016
- SESC
(CIRCULANDO...
...PLANTANDO...
...E COLHENDO.)
Já se passaram três semanas de uma das mais ricas e
agradáveis experiências por que passei, em cinco décadas de dedicação ao TEATRO, ao ser convidado, pelo SESC, na figura do assessor de imprensa
da CDN COMUNICAÇÃO, CARLOS ANDRÉ SANT’ANNA, para participar
das comemorações do lançamento do “PROJETO
PALCO GIRATÓRIO 2016” ,
em sua 19ª edição, em Salvador.
Se ainda não havia escrito sobre o
evento, foi, única e exclusivamente, por motivos totalmente alheios à minha
vontade, incluindo excesso de trabalho e uma viagem. Mas a ansiedade era muita,
para expressar, em palavras, o meu sentimento com relação ao evento e,
finalmente, aqui estou, diante da minha ferramenta de trabalho, para discorrer
sobre aquilo que considero O MAIOR E MAIS
IMPORTANTE PROJETO DE INTEGRAÇÃO, DIVULGAÇÃO E INCLUSÃO, DE QUE TENHO CONHECIMENTO,
NO BRASIL, EM TERMOS DE ARTE, uma vez que, na atual edição, serão mais de 700
apresentações, durante o ano, em 145 cidades contempladas. TODAS AS
APRESENTAÇÕES SÃO GRATUITAS.
Como
homem de TEATRO, é óbvio que
conhecia o “PROJETO”, já tendo assistido
a vários espetáculos que fizeram parte das edições anteriores. Uma coisa,
porém, é saber da existência de um projeto cultural e saborear seus frutos;
outra coisa é conhecê-lo por dentro, nas coxias, por trás das cortinas, saber
como é preparado o chão, como é feita a semeadura, entender todas as fases por
que passam a semente e a planta, até chegar aos frutos colhidos e saboreados
por milhares de pessoas, de todas as faixas etárias, em todo o Brasil.
Foi
para isso que eu e mais um seleto e pequeno grupo de jornalistas e outros
formadores de opinião fomos levados a Salvador,
para conhecer o “backstage” do “PROJETO”.
Nunca
poderia imaginar que, em tão pouco tempo, da noite de uma 3ª feira (15 de março) até a manhã de uma 5ª (17 de março), menos de 48 horas, eu conheceria tanta gente
interessante, culta e “iluminada”, todos dedicados a produzir e difundir a boa
arte e cultura, a um Brasil que não
conhece o Brasil, a uma população tão carente de alimento para a alma,
gente que não tem só fome de comida (“A gente não quer só comida / A gente quer
cultura / diversão e arte.” – Arnaldo Antunes, Sérgio Britto e Marcelo Fromer).
Começo
por elogiar o nome, inteligentemente, atribuído ao “PROJETO” e a logomarca
cariada para ele, na atual edição. “PALCO”,
aqui, não deve ser decodificado denotativamente, e sim como qualquer espaço,
até o barro de uma rua ou da margem de um rio, para que se desenvolva uma ação
artístico-cultural. “GIRATÓRIO”, uma
vez que sua missão é “girar” por
todo este país, de dimensões continentais, para cumprir seu objetivo (“Todo
artista tem de ir aonde o povo está.” – Mílton Nascimento e Fernando Brant.).
Quanto ao “logo” do “PROJETO”, a imagem, com a ligação dos pontos, já diz, por si
própria, o que representa, sem exigir muito esforço para o seu entendimento. Representa a ARTE unindo um país.
Parabéns aos seus criadores (do nome do “PROJETO”
e da logomarca)!
A
minha participação oficial no evento ficou restrita ao dia 16 de março, iniciando-se com um café da manhã, no hotel, ocasião para que todos os convidados,
organizadores e alguns artistas se conhecessem e trocassem experiências. O
momento seguinte foi um agradabilíssimo típico almoço baiano, no RESTAURANTE
SESC PELOURINHO, seguindo-se uma coletiva
de imprensa, transformada, felizmente, num agradável bate-papo, entre todos
citados acima mais a atriz MARIA ALICE
VERGUEIRO e o elenco e técnicos envolvidos no seu espetáculo, “WHY THE HORSE?”,
que encerrou a festa, no TEATRO SESC
SENAC PELOURINHO, seguido de um coquetel,
também aos moldes da Bahia: uma “ceia
baiana”, como foi denominada pelos anfitriões.
Vinte companhias participam do “PALCO GIRATÓRIO 2016” . Ao todo serão 728 apresentações artísticas (todas gratuitas),
1.325 horas de oficinas teatrais e passagem por 145 diferentes cidades.
“Há
19 anos que o ‘PALCO GIRATÓRIO’ cumpre a função de disseminar as artes cênicas,
em diferentes manifestações e linguagens culturais. Trabalhamos a arte e a
cultura em sentido amplo, apresentando, desde a tradição mambembe, normalmente
vinculada a gerações anteriores de atores que percorriam o Brasil, até
espetáculos contemporâneos”, destaca MÁRCIA RODRIGUES, Gerente de
Cultura do Departamento Nacional do SESC.
Já consolidado no cenário cultural brasileiro, o “PALCO GIRATÓRIO” apresenta espetáculos
simultâneos, percorrendo todos os estados brasileiros e contribuindo para uma
política de descentralização e difusão das produções cênicas no país. A cada
ano, novos grupos teatrais são avaliados, para entrar no projeto, em um
trabalho que envolve técnicos da área de cultura do SESC em todo país.
Traduzido em números, o “PROJETO PALCO GIRATÓRIO”, ao longo de 19 anos, levou uma grande variedade de gêneros e linguagens
artísticas para um público diversificado de mais de 4.5 milhões de pessoas. Ao todo, já foram 7.696 apresentações, com 253 grupos de teatro de rua, circo, dança,
dentre outras linguagens artísticas, em instalações do SESC, praças e outros espaços urbanos. Mais do que
entretenimento, essa iniciativa tem como objetivo não só a troca de
experiências e vivências entre os artistas, mas também a difusão de montagens
regionais pelo país afora, além de criar oportunidades de inserção de artistas,
produtores e técnicos no mercado de trabalho.
O “PROJETO”
não se limita a apresentações artísticas. Além das atrações principais, o
evento conta com atividades paralelas, como o Pensamento Giratório, momento para reflexão e discussão sobre o
trabalho e pesquisa dos grupos itinerantes, aberto ao público, com a
participação de um grupo do “PALCO
GIRATÓRIO” e de um convidado especial, para uma mesa-redonda.
Também devem ser citadas as Aldeias, mostras locais, de artes cênicas e outras manifestações
culturais, organizadas pelos Departamentos
Regionais do SESC, durante a passagem de espetáculos do “PALCO GIRATÓRIO” por seus estados, de
modo a possibilitar que os trabalhos selecionados pela Curadoria dialoguem com a produção local. Com o objetivo de
estimular a produção e o consumo dos bens culturais, as Aldeias reafirmam, assim, o compromisso com o fomento a uma
política para a produção e a difusão das artes cênicas em âmbito nacional.
Também são importantes as Oficinas e Intercâmbios,
encontros de grupos locais com os grupos integrantes do circuito para troca de
ideias.
As Oficinas
são ações formativas, a partir de técnicas e processos criativos dos grupos que
integram o “PALCO GIRATÓRIO”. São
atividades abertas para todos e não apenas aos que possuem formação artística,
com limite de participantes, carga horária e público-alvo.
Os Intercâmbios são encontros
entre um grupo do “PALCO GIRATÓRIO”
e um grupo local, para troca de ideias, experiências, técnicas, metodologias e
processos criativos. A condição é que ambos os grupos assistam aos espetáculos
uns dos outros, compartilhando, assim, reflexões sobre o fazer artístico.
COLETIVA DE IMPRENSA
Durante
cerca de duas horas, aconteceu a já citada coletiva
de imprensa, que me encantou, pelo fato de eu ter tido a oportunidade de
penetrar nos meandros do “PROJETO” e
conhecer tanta gente inteligente e interessante, talentosa e brava, acostumados
a enfrentar toda sorte de desafios, para pôr um espetáculo em pé e levá-lo a
públicos díspares.
Adorei
ficar sabendo dos efeitos das trocas de experiências entre artistas de todas as
regiões do Brasil, de como o trabalho de uns interfere no dos outros,
agregando-lhes valores, sempre positivos. Segundo alguém que pediu a palavra, o
“PALCO GIRATÓRIO” é “um projeto de provocar encontros”.
O
convite para eu estar presente naquela coletiva parece não ter sido por acaso e
veio, coincidentemente, num momento em que eu já estava chegando a uma
conclusão, fruto de observações dos últimos cinco anos, mais ou menos. Venho me
surpreendendo, já há um bom tempo, no Rio de Janeiro, com excelentes produções
artísticas, nos mais diferentes formatos, mas, principalmente o TEATRO, que é a minha “praia”, com
produções de praças de outras capitais e, até mesmo, de cidades do interior,
que comprovam que não é apenas no eixo Rio-São Paulo que se faz ARTE com todas as maiúsculas, de
extrema qualidade. Há artistas anônimos, espalhados por este Brasil, que
precisam, e têm o direito a isso, mostrar seu talento ao público que não os
conhece, pelos mais diversos motivos. E isso o “PROJETO PALCO GIRATÓRIO” faz. E
muito bem!!!
Outro aspecto
que me chamou a atenção, na coletiva,
foram depoimentos de curadores e artistas, falando sobre o lado da pesquisa,
para a qual o “PROJETO” abre seus
braços. Gostei, quando mais de uma pessoa afirmou que o “PALCO GIRATÓRIO” é um “projeto
transformador”, com o que concordo plenamente, e, ainda, assino embaixo.
Gostaria
de transcrever todas as anotações que fiz, em mais de dez páginas de um
caderninho, entretanto isso tornaria mais cansativo, ainda, esta minha análise
e poderia afastar os leitores. Vou ater-me, apenas, a alguns detalhes, que
muito me impressionaram.
Um dos
representantes de um grupo de dança do Amazonas,
CORPO DE ARTE CONTEMPORÂNEA,
visivelmente emocionado, transferindo essa emoção a mim e a muitos dos
presentes, falou das dificuldades de acesso, das populações ribeirinhas, ao seu
trabalho, o que deixou de ser um óbice, por causa do “PALCO GIRATÓRIO”, que promove, segundo ele, a “inclusão do norte”.
Representando
o TEATRO MÁQUINA, de Fortaleza, um de seus membros falou que
a companhia estará apresentando nada menos que cinco trabalhos de seu
repertório, circulando nos “palcos da vida”, este ano.
Também com
mais de um espetáculo, quatro, no total, estará fazendo parte desta 19ª edição
do “PROJETO” o GRUPO BARRACÃO TEATRO, de Campinas.
Um de seus representantes também falou, com bastante entusiasmo, sobre o “PROJETO”.
Impressionou-me
bastante um artista circense, chamado Tiago
(infelizmente, não registrei o sobrenome), do GRUPO TRAMPULIM, de Belo
Horizonte, com um relato, acerca de uma apresentação, durante a qual foram
distribuídos 250 tambores, para a plateia, para que esta acompanhasse os
artistas, participando do espetáculo, num fantástico exemplo de interação entre
“palco” e “auditório”.
Rodrigo Cunha, de um grupo de Goiás, chamou a atenção para o fato de
o “PROJETO” ser muito acessível e
facilitar a vida dos artistas, citando o seu espetáculo, que, de tão simples,
tem, como elementos de cena, “um celular
e duas cadeiras, como ‘cenário’, mais o corpo de dois atores”, ele e Rodrigo Cruz.
Um rapaz, de
nome Daniel (outra vez, escapou-me o
sobrenome), curador do “PROJETO”, no Rio Grande do Norte, falou da dificuldade em escolher, selecionar,
os espetáculos, em função de tanta qualidade revelada por talentos
desconhecidos. Sendo assim, na visão dele, e na minha também, o “PALCO GIRATÓRIO” se apresenta como uma
vitrina para os artistas.
Um curador, de Campina Grande, Álvaro
(sobrenome?) fez questão de frisar que, além do seu gosto pessoal, que deve
ficar em segundo plano, na hora da seleção, o curador deverá estar pensando se a produção de cada espetáculo a
que ele tem de assistir vai provocar modificações nos outros. Seria essa uma
das maiores preocupações e um dos objetivos do “PROJETO”.
O jornalista Diego Ponce de Leon, do Correio Braziliense, dirigiu-se à mesa,
que coordenava os debates, querendo saber se o PROJETO faz uma estatística, com relação ao quantitativo e tipo de
público atingido pelas ações do “PALCO
GIRATÓRIO”. A resposta, dada por algum dos coordenadores do “PROJETO” foi negativa, na medida em
que “o
projeto é só mais um evento cultural do SESC, não é o único, e o público do
SESC já existe, é cativo. Já está lá, onde quer que seja, sempre aguardando
novas surpresas”.
Bastante
comovente foi o depoimento de uma mulher, não me recordo o seu grau de
participação no “PROJETO”, representante
da cidade de Caxias, no Maranhão, que disse que a cidade não
tinha qualquer acesso à arte, à cultura, antes da chegada do “PROJETO” por aquelas bandas, e que o
panorama cultural local foi totalmente modificado, para melhor, é claro, graças
a essa feliz iniciativa do SESC.
Todos os
relatos foram muito sinceros, comoventes e críveis. Notava-se, no semblante dos
artistas e dos organizadores do “PROJETO”
muita alegria, entusiasmo e verdade, e isso me contagiou bastante. Pena que não
tivesse participado daquele momento em anos anteriores!!!
PROCESSO
DE SELEÇÃO DOS ESPETÁCULOS
De uma forma
bem sucinta, tentarei explicar como são selecionados as 20 companhias que circularão no “PROJETO PALCO GIRATÓRIO”.
Salvo algum
engano, não muito distante do que entendi, em cada estado, há um ou mais curadores, que têm de assistir ao
número máximo de espetáculos: teatro “de
adultos”, teatro infantil, teatro musical, teatro de bonecos, teatro de rua,
dança, circo..., nas capitais e nas cidades do interior, e gravam, em
vídeo, o que lhes chama mais a atenção, os trabalhos por eles selecionados,
enviando esse material a todos os demais curadores.
Todos assistem a tudo, presencialmente, em seus estados, ou em vídeos.
Num
determinado momento, que se concretiza num encontro de todos os curadores, com a duração de dez dias,
todos apresentam, uns aos outros, as suas companhias preferidas, formando uma
pré-seleção, e discutem, entre si, até chegarem a uma lista das 20 selecionadas. Nesses debates, quem
defende a inclusão de uma companhia no “PROJETO”
não é algum artista, ligado a ela, mas sim um curador.
PROJETOS SELECIONADOS PARA A
19ª EDIÇÃO DO PALCO GIRATÓRIO” – 2016:
1) BARRACÃO TEATRAL – Campinas (SP)
- WWW PARA FREEDOM (teatro adulto)
- CIRCO DO SÓ ÊU (teatro adulto)
- A JULIETA E O ROMEU (teatro adulto)
- O PINTOR (teatro adulto)
2) CIA. 5 CABEÇAS – Belo Horizonte (MG)
- CACHORROS NÃO SABEM BLEFAR (teatro adulto)
- 5 CABEÇAS À ESPERA DE UM TREM (teatro adulto)
3) CIA. CÊNICA NAU DE ÍCAROS – São Paulo (SP)
- A.N.J.O.S. (teatro infanto-juvenil)
- TIRANDO OS PÉS DO CHÃO (teatro adulto)
- CIDADE DOS SONHOS (teatro adulto)
4) CIA. PÃO DOCE DE TEATRO – Mossoró (RN)
- A CASATÓRIA C’A DEFUNTA (teatro de rua)
5) CIA. SINO – Salvador (BA)
- BENEDITA (teatro adulto)
6) CIA. STRAVAGANZA – Porto Alegre (RS)
- PEQUENAS VIOLÊNCIAS – SILENCIOSAS E COTIDIANAS (teatro
adulto)
7) CORPO DE ARTE CONTEMPORÂNEA – Manaus (AM)
- YI OCRE (dança)
- HOMEM PIGMENTO FLORESTA (dança)
8) GRUPO TRAMPULIM – Belo Horizonte (MG)
- MANOTAS MUSICAIS (circo)
- PRATUBATÊ (musical)
- UMA SURPRESA PARA BENEDITA (circo)
- INVASÃO DE PALHAÇOS (musical)
9) GRUPO XAMA TEATRO – São Luís (MA)
- A CARROÇA É NOSSA (teatro de rua)
10) in-PRÓPRIO COLETIVO – Cuiabá (MT)
- ORAMORTEM (teatro adulto)
11) LES TROIS CLÉS – Rio de Janeiro (RJ)
- A GIGANTEA (formas animadas)
12) PIVETE CIA. DE ARTE – Curitiba (PR)
- O RATO (formas animadas)
13) RODRIGO CRUZ E RODRIGO CUNHA – Goiânia (GO)
- DÚPLICE (dança)
- ESPÉCIE (dança)
14) TEATRO DE AÇÚCAR – Brasília (DF)
- ADAPTAÇÃO (teatro adulto)
15) COLETIVO SER TÃO TEATRO – João Pessoa (PB)
- FLOR DE MACAMBIRA (teatro de rua)
16) TEATRO MÁQUINA – Fortaleza (CE)
- DIGA QUE VOCÊ ESTÁ DE ACORDO! MÁQUINAFATZER (teatro
adulto)
- O CANTIL (teatro adulto)
- JOÃO BOTÃO (teatro infantil)
- LEONCE E LENA (teatro adulto)
- RÉPETÉR (teatro adulto)
17) GRUPO CARMIN – Natal (RN)
- JACY (teatro documental)
18) ARTISTA (INTÉRPRETE): DUDUDE – Belo Horizonte (MG)
- A PROJETISTA (dança)
19) INTERVENÇÃO: MAICYRA LEÃO – Aracaju (SE)
- EXPERIMENTOS GRAMÍNEOS (intervenção urbana)
- SINTONIA AM (performance)
- LUTO (intervenção urbana)
20) CIRCUITO ESPECIAL: GRUPO PÂNDEGA DE TEATRO – São Paulo
(SP)
- WHY THE HORSE? (POR QUE O CAVALO?) (happening)
“WHY
TE HORSE”?
O espetáculo “WHY THE HORSE”, estrelado por MARIA ALICE VERGUEIRO, foi o escolhido
para abrir, oficialmente, no palco do TEATRO
SESC SENAC PELOURINHO, em Salvador, o ciclo de atividades da 19ª edição do “PROJETO PALCO GIRATÓRIO”.
MARIA ALICE, uma das grandes damas do TEATRO BRASILEIRO, aos 81 anos de
idade, mais de 50 deles vividos no palco, é a grande homenageada deste ano. Com
um currículo extenso, além de ser uma grande e respeitada referência para o
nosso TEATRO, também teve excelentes
passagens pelo cinema e pela televisão.
Além de atriz,
é pedagoga e professora. Integrou o Teatro
Oficina, participou de suas montagens mais radicais (O Rei da Vela), fundou o irreverente Grupo Ornitorrinco (com Cacá Rosset), interpretou as principais
peças de Brecht (Mãe Coragem)
e fez um extraordinário Beckett (Katastrophé).
“Sua
história se confunde com a própria história do moderno teatro brasileiro. Ela
é, sem dúvida, um dos grandes nomes da arte cênica nacional e nada mais justo
que prestarmos a nossa homenagem e reconhecimento”, reforça a já citada
MÁRCIA RODRIGUES, Gerente de Cultura do
Departamento Nacional do SESC.
Após seis meses no hospital, tratando de artroses, com próteses implantadas nos
joelhos e mal de Parkinson, a atriz, que ficou famosa, entre os jovens, pelo
vídeo “Tapa na Pantera”, em 2006,
com mais de seis milhões de visualizações, no Youtube, mesmo com muitas limitações, para se locomover (utiliza
uma cadeira de rodas) e para falar, instigada pelo tema da morte e
reconhecendo seu próprio e natural receio diante do fim, convocou seus
parceiros do Grupo Pândega de Teatro,
estabelecido em São Paulo, para a
criação de um espetáculo em que pudesse “ensaiar
seu derradeiro momento”. Surgiu, então, uma montagem instigante e de gênero
não definido (para mim, pelo menos), “WHY
THE HORSE?”.
“Mas o que eu acho interessante é que, mesmo quando eu estou lá, no
velório, eu não fico, propriamente, querendo imitar a morta. Eu gosto de me
tornar acessível às pessoas que vão me ver, que vão perto, que às vezes cantam
músicas no meu ouvido”, revela MARIA
ALICE VERGUEIRO, que também dirige
o espetáculo, atuando ao lado de ALEXANDRE
MAGNO, CAROLINA SPLENDORE, LUCIANO CHIROLLI, parceiro de cena, há
mais de 20 anos, e ROBSON CATALUNHA.
A “peça”, que está mais para
um “happening”, com duração prevista
para 60 minutos (pode demorar mais ou
menos, dependendo da reação da plateia), é uma reflexão sobre a morte,
quando a atriz reconhece, em cena, seu próprio e natural receio diante do fim,
como qualquer mortal.
É
preciso prevenir os que se interessam por prestigiar alguma sessão de “WHY THE HORSE?” que, com toda certeza,
não irão ver um espetáculo de teatro convencional. É preciso que estejam
preparados para, pelo menos, tentar entender tudo o que verão em cena. Ou não.
Trata-se
de um espetáculo teatral em que a dramaturgia,
atribuída a FÁBIO FURTADO, na ficha técnica, é o que menos conta ou
interessa; praticamente, não existe. É um espetáculo mais voltado ao visual e a
instigar o público, a provocar reações e, até mesmo, reflexões, acerca dos “simples”
atos de viver e/ou morrer. Uma ode à teoria do “carpe diem”.
Apesar
de o ápice da encenação ser o próprio
velório da atriz, e não de uma
personagem, o que pretendem os atores, no palco, é, na verdade, celebrar a
vida de MARIA ALICE.
FICHA TÉCNICA:
Dramaturgia – Fábio Furtado
Elenco (por ordem
alfabética): ALEXANDRE MAGNO, CAROLINA SPLENDORE, LUCIANO CHIROLLI,
MARIA ALICE VERGUEIRO e ROBSON CATALUNHA
Direção: Maria Alice Vergueiro
Assistente de Direção: Pedro Monticelli
Cenário: J.C. Serroni
Figurino: Telumi Hellen
Desenho de Luz: Guilherme
Bonfanti
Trilha Sonora Original:
Otávio Ortega
Direção de Movimento :
Alexandre Magno
Direção de Produção:
Carla Estefan
Direção de Cena e Produção Executiva: Elisete Jeremias
Assistente de Produção: Ariane
Cuminale
Camareira: Maria
Cícera
Duração: 60 minutos
Indicado
para maiores de 16 anos
(FOTOS:
DIVULGAÇÃO DO ESPETÁCULO.)
Gostaria de agradecer, nominalmente,
a todos os envolvidos no “PROJETO” –
diretores, curadores, artistas e funcionários do SESC – pela gentileza do
convite e pela fidalguia como me trataram, durante aquele curto, porém
inesquecível, tempo que passamos juntos em Salvador,
porém isso ocuparia um grande espaço e eu correria o grave, desagradável e
deselegante risco de me esquecer de citar alguns nomes.
Assim, faço um agradecimento coletivo, nas pessoas de CARLOS ANDRÉ SANT’ANNA, Assessor de Imprensa da CDN COMUNICAÇÃO, que intermediou o convite,
entre mim e o SESC, e a DENISE OLIVEIRA, Assessora de Comunicação do
Departamento Nacional do SESC.
Reproduzo, aqui, parte de uma postagem
que fiz, numa rede social, logo após o evento:
Quando tive a honra de ser convidado, pelo SESC, para o lançamento do “PROJETO
PALCO GIRATÓRIO”, em Salvador,
não tinha a menor ideia do quanto o evento me enriqueceria, como homem de TEATRO e como pessoa.
AJAYÔ!
Da esquerda para a direita: com Leandro Nunes, do jornal Estado de São
Paulo; Carlos André Sant’Anna, assessor de imprensa do evento; Diego Ponce de
Leon, do jornal Correio Braziliense; Denise Oliveira, Assessora
de Comunicação do Departamento Nacional do SESC e André Bern, editor do “site” ctrl+alt+dança.
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