A BELA
E A
FERA
(NEM MELHOR, NEM PIOR; APENAS
DIFERENTE,
MODESTO, BONITO...
...E BOM!)
O
“release” do musical infantil “A BELA E A FERA – UM MUSICAL SOBRE A VERDADEIRA
BELEZA” é bem claro e elucidativo: não é uma reprodução da versão da Disney. Trata-se de uma boa adaptação de
uma história que, há tanto tempo, quase três séculos, vem encantando crianças e
adultos, sendo que muitos não conseguem atingir sua mensagem principal, que,
felizmente, está exposta, da forma mais explícita possível, neste musical.
Extraído
do “release”: “Diferente da versão da Disney,
queremos retratar a história o mais fiel possível ao conto original francês,
mas com algumas surpresas, é claro”.
Apesar
de escrito, originalmente, em 1740,
por GABRIELLE- SUZANNE BARBOT, o
conto, e, obviamente, sua mensagem, permanecem atuais, “uma vez que ressalta a
importância de se enxergar além das aparências físicas e rompe com os
paradigmas de submissão da mulher e seu suposto desinteresse pela cultura”.
Um prato cheio
para os dias de hoje, quando o senso estético domina os demais, muito em função
de uma sociedade consumista, que incentiva o culto à beleza física, que não é,
absolutamente, condenável, entretanto não é o tipo de beleza que mais importa.
Além
disso, o espetáculo se reveste de uma importância também quando apresenta a
mulher dentro de uma visão moderna, de conquistar seu espaço fora do lar,
exercitando o seu potencial de inteligência e força para o trabalho que não
seja, apenas, o de se dedicar à casa. Procura-se, nesta versão, dar um “BASTA!” ao protótipo de mulher
submissa, criada para servir ao marido e procriar, sem o direito de se
interessar pela leitura, pela cultura, por adquirir saber. Esta BELA é uma digna representante da
mulher do século XXI. Ponto para quem
teve a feliz ideia!!!
SINOPSE:
Nesta montagem, um PRÍNCIPE (ANDRÉ RAYOL), arrogante e egoísta,
é castigado, por uma FEITICEIRA
(GIULIANNA FARIAS), com uma aparência horrível, ao expulsar uma pobre
mendiga de seu castelo, sofrendo, assim, as consequências de seus próprios
atos.
Apenas o despertar de um amor
verdadeiro, que consiga vê-lo além do seu exterior, é capaz de romper com o feitiço.
No castelo, FERA (o mesmo ANDRÉ RAYOL), vive trancada, ao lado de seus serventes: a COZINHEIRA (GIULIANNA FARIAS), o MORDOMO GASTÓN (AUGUSTO VOLCATO), a ARRUMADEIRA (GIOVANNA RANGEL) e o CHEFE DOS EMPREGADOS (ED MUÑOZ), os quais, com a maldição, foram
transformados em objetos encantados: BULE, CASTIÇAL, ESPANADOR e RELÓGIO,
respectivamente.
BELA (JULIE DUARTE), uma jovem, inteligente e decidida garota,
acaba indo parar no castelo amaldiçoado, à procura de seu PAI (ED MUÑOZ), desaparecido, porque foi preso pela FERA, e se torna prisioneira desta, em
troca da liberdade do PAI.
Com muito humor, ação,
drama e sensibilidade, o espetáculo conta uma instigante história em que apenas
o amor é capaz de salvar o que precisa ser salvo.
Em
cena, apenas atores que já têm experiência em musicais, o que já é garantia de se ouvir boas vozes. Todos, sem exceção,
além de atuarem bem, cantam, com o mesmo desembaraço, as lindas canções,
compostas, especialmente, para o espetáculo, por BRUNO CAMURATI, que também assina a boa direção musical, ao lado de WAGNER
MÔNACO.
Além
dos protagonistas, JULIE DUARTE e ANDRÉ RAYOL, o par romântico, há
momentos de destaque para todos os outros do elenco, os quais, além dos
personagens já apresentados, na sinopse,
se desdobram, alguns, em outros, a saber: GIOVANNA
RANGEL (IRMÃ), GIULIANNA FARIAS (IRMÃ),
AUGUSTO VOLCATO, ED MUÑOZ e PEDRO THOMAS
(CACHORRO e MORADOR DE RUA).
Fiquei
impressionado com o potencial de voz de todos e com a maneira de cantar de cada
um. Creio ser interessante acrescentar que todos do elenco ganharam seus papéis por meio de testes, em audições
abertas.
O
Teatro Vannucci é famoso, por
abrigar, simultaneamente, três ou mais espetáculos infantojuvenis, a maioria de
qualidade duvidosa, porque não é possível trabalhar com um cenário mais elaborado, uma iluminação
perfeita, pois, mal termina uma peça, entra, no palco, a equipe do espetáculo
seguinte, para arrumar as coisas para o seu.
Felizmente,
isso não ocorre em “A BELA E A FERA”,
graças a uma excelente produção.
Podemos dizer que se trata de uma feliz e agradável exceção. O espetáculo, além
de ter um bom texto, de CARLA REIS, bem simples e
ao nível de compreensão de qualquer criança, atingindo, obviamente os mais
velhos, é muito bem cuidado, contando com uma correta direção, também de CARLA REIS, um elenco
bastante afinado, bons cenários, de ANDRÉ GUERRA, e lindos e variados figurinos, de FERNANDA LIMA, além de poder utilizar uma boa luz, idealizada por ÉDER
NASCIMENTO. Como musical, não
poderiam faltar as coreografias, a
cargo da autora e diretora CARLA REIS.
A
ideia de fugir ao original e de apenas se basear nele, para, por meio de outra
trama, se chegar à mensagem original pareceu-me uma boa solução, para evitar a
mesmice e fazer com que outras pessoas se interessem pelo espetáculo.
Durante o
tempo em que permaneci no corredor que dá acesso ao Teatro Vannucci, completamente lotado, ouvi várias pessoas dizerem
que estavam voltando, para rever a peça, ou que ali estavam por sugestão de “A” ou “B”, sinal de que a divulgação de boca em boca (“boca a boca” está errado, é outra coisa) está funcionando.
Fiquei feliz
por ter visto o Teatro lotado,
praticamente com a lotação esgotada, o que, fiquei sabendo, acontece a cada
sessão, desde a estreia, contando que o espetáculo terá uma longa duração
naquele Teatro, até o dia 25 de junho (2017).
Mas não deixem para ir nos últimos dias!
Para
mim, assistir a um espetáculo infantojuvenil e ter de ficar “fazendo hora”, até
a o início do espetáculo da noite, é um sacrifício muito grande, entretanto,
quando vejo um bom espetáculo, que respeita o público em formação, sinto-me
bastante gratificado, como ocorreu no último domingo, 19 de março de 2017.
Recomendo
o espetáculo e felicito a todos os envolvidos no projeto.
FICHA TÉCNICA:
Texto
e Direção: Carla Reis
Elenco
(por ordem alfabética): André Rayol, Augusto Volcato, Ed Muñoz, Julie Duarte,
Giovanna Rangel, Giulianna Farias e Pedro Thomas
Trilha
Sonora Original e Direção Musical: Bruno Camurati e Wagner Mônaco
Composições:
Bruno Camurati
Arranjos
Instrumentais: Wagner Mônaco
Cenografia:
André Guerra
Figurinos:
Fernanda Lima
Iluminação:
Éder Nascimento
Sonorização:
Fernanda Nanzali
Coreografia:
Carla Reis
Fotos:
Marcos Carvalho
Direção
de Produção: Roberta Marinho Duarte
Produção
Executiva: Erika Thomas
Realização:
Setembro Produções
SERVIÇO:
Temporada: Até o dia 25 de junho de 2017.
Local: Teatro Vannucci.
Endereço: Rua Marquês de São Vicente, 52- Gávea – Shopping da Gávea – 3º piso – Rio de Janeiro.
Dias e Horários: Sábados, domingos e feriados, às 17h.
Valor do Ingresso: R$60,00 (inteira), R$30,00 (meia entrada).
Classificação Etária: Livre
Duração: 50 min
Endereço: Rua Marquês de São Vicente, 52- Gávea – Shopping da Gávea – 3º piso – Rio de Janeiro.
Dias e Horários: Sábados, domingos e feriados, às 17h.
Valor do Ingresso: R$60,00 (inteira), R$30,00 (meia entrada).
Classificação Etária: Livre
Duração: 50 min
(FOTOS: MARCOS CARVALHO.)
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