MACUNAÍMA –
UMA RAPSÓDIA
MUSICAL
(O “HERÓI SEM NENHUM
CARÁTER”,
O “HERÓI DE NOSSA
GENTE”,
EM VERSÃO “OVER”,
RAPSÓDIA: “Composição livre, que obedece a características especiais
ou clássicas; é uma justaposição, de escassa unidade formal de melodias
populares e de temas conhecidos (...). Também pode ser associada a uma peça
próxima ao improviso, com fulcro em temas de inspiração folclórica, como
podemos ver na literatura, em MACUNAÍMA, de MÁRIO DE ANDRADE. As rapsódias
caracterizam-se por terem apenas um movimento, mas podendo integrar fortes
variações de tema, intensidade, tonalidade, sem necessidade de seguir
uma estrutura pré-definida. A sua forma consegue ser mais livre que as
variações, uma vez que não há necessidade de repetir os temas; podem-se
criar novos ao sabor da inspiração. (...).”. (Wikipédia, com supressões.).
A
definição supra explica o título da peça a ser aqui analisada,
chamando-se a atenção para os detalhes em negrito, pois eles têm uma
ligação direta com o trabalho de encenação de BIA LESSA, nesta montagem,
processo que teve uma “gestação” de sete meses.
Todo brasileiro, por obrigação e para justificar a sua
nacionalidade, deveria saber tocar violão, ir ao TEATRO, no mínimo, uma
vez por semana, e ter lido “MACUNAÍMA”. Eu seria, talvez, partindo de
tal raciocínio, 2/3 de um cidadão brasileiro, uma vez que o violão e a
minha pessoa não falam a mesma língua; pensei em tentar, mas ficou só na
intenção. Na verdade, porém, acho que posso ser considerado um brasileiro
inteiro (3/3), por compensar a minha incompatibilidade com o instrumento
musical, que tanto aprecio, com a paixão pelo TEATRO, o que me leva a
assistir, no mínimo, na pior das hipóteses, a cinco espetáculos por semana.
Li, duas vezes, o livro “MACUNAIMA”, de Mário
de Andrade, publicado em 1928, assisti ao fantástico filme, obra-prima,
do saudoso cineasta Joaquim Pedro de Andrade, em 1969, e tenho
uma cópia em DVD, além de ter assistido, três ou quatro vezes, à icônica
e inesquecível montagem teatral de Antunes Filho, à frente do Grupo
Pau-Brasil, no Teatro João Caetano, em 1979 . Acho que não
preciso dizer que a peça, na visão de Antunes
Filho, era um convite a ser vista todos os dias. E eu o faria, se pudesse,
naquela época. Mais nada preciso dizer, para que entendam o quanto eu gosto dessa
obra, um marco para a literatura, o cinema e o TEATRO brasileiro.
O livro é daqueles que nos fazem sentir vontade de
não parar de ler, de não interromper a leitura. Por volta dos meus 18 anos,
entrava pelas madrugadas, para desespero de minha mãe, lutando contra o sono. A
cada página lida, mais vontade de chegar ao final eu tinha. Ele é duplamente difícil:
para se entender e para receber uma classificação literária, didaticamente
falando. Quando se o lê, entretanto, ninguém quer saber se é um romance de Machado,
uma crônica de Martha, um conto de Clarice, um poema de Drummond
ou lá o que seja. O importante é estar lendo “MACUNAÍMA”, obra-prima
de um dos gênios do Modernismo Brasileiro, MÁRIO DE ANDRADE.
“MACUNAÍMA” tem a ver com a miscigenação da nossa
raça. O protagonista é o nosso maior "anti-herói", ou
seja, “o protagonista que não possui as virtudes, tradicionalmente,
atribuídas aos heróis”, atributos físicos e morais, “um
verdadeiro e ativo símbolo da resistência ao colonialismo” e vai de
encontro a tudo o que é considerado “politicamente correto”, conceito que muito
me aborrece: “massificação, homogeneização, higienização étnica e
cultural, preconceitos e discursos hegemônicos; MACUNAÍMA é um escudo contra o
racionalismo frio e desumanizante, o mundo das convenções, das regras fixas,
dos horários rígidos e dos valores supostamente eternos e universais, que nos
perseguem até hoje”..
Tudo
aquilo me fascinava, incluindo a linguagem do “herói sem nenhum caráter”,
o qual, sem escolaridade, utiliza-se de um linguajar bem raso, de um matuto do
interior, recheado de “expressões, ditados, quadras, frases feitas,
contos, lendas e outros textos das várias regiões do país” e também faz
uso, abundantemente, de “provérbios e frases feitas”, muitos dos
quis eram frequentes nas bocas de minha mãe, avós e tias.
Acendiam-me,
mexiam com a minha libido, num momento de descobertas, de efervescência da
carne, a sua sexualidade e toda a sensualidade contida na obra. Nela,
a sexualidade é uma temática que salta das páginas e desperta o
interesse do leitor. Via-o como um quase ninfomaníaco, desde a infância. Sua
efetiva iniciação, narrada em detalhes, se dá, quando, no meio da mata, se
transforma num "príncipe lindo" - ele, que era feio -, para seduzir SOFARÁ,
mulher se JIGUÊ, seu irmão, e manter relações sexuais com ela, o que
também fez com as outras cunhadas, IRIQUI e SUZI, mulheres do tal
irmão. O “herói sem nenhum caráter”. Ele e o sexo caminham lado a lado,
e, quando chega a São Paulo, farta-se com as prostitutas, as “máquinas-mulheres”.
O cheiro do sexo, mesmo a distância, sempre chegava às suas narinas; e, dali
para a prática, era um pulo; até sexo grupal.
Também
me chamava atenção, no livro, o caráter místico-religioso: religião,
mito e magia. Mitos e ritos indígenas, lendas folclóricas,
tradições católicas e africanas... Vira e mexe, deparamo-nos com seres
sobrenaturais, dotados de poderes diversos, algumas vezes, a favor do herói
e outras contra ele, este, também, dotado de poderes mágicos. Achava uma
delícia animais falando como humanos, o herói morrendo e ressuscitando,
mais de uma vez... E as explicações para o que havia de concreto, no mundo,
no que MACUNAÍMA acreditava piamente, ou ele mesmo as criava? “A
Lua é a cabeça da boiuna Capei. Os automóveis foram onças. As pedras têm poder.
As estrelas foram animais ou gentes. Do corpo de seu filho, nasce o guaraná e,
das lágrimas do herói, nasce o miosótis”. Ocorrem, frequentemente, transmutações
bizarras de seres em outros seres e gerações sobrenaturais. Pode-se dizer
que, nessa obra, o realismo mágico e o surrealismo assinam ponto,
abrindo um “espaço para o onírico, o subjetivo, o maravilhoso, o que foge
à razão, o primitivo.”. (Muitos trechos contidos nos parágrafos acima
tiveram como base de pesquisa, além das minhas sensações, ao ler e reler o livro,
informações contidas na Wikipédia.)
No que concerne ao filme, “do
gênero comédia e fantasia, escrito e dirigido por Joaquim Pedro de Andrade, foi
considerado, em novembro de 2015, pela Associação Brasileira de críticos de Cinema (ABRACCINE) um dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos”. Pra
mim, fica entre os 10. O cineasta foi brilhante na transposição do livro
para a tela, com suas próprias contribuições, sem descaracterizar a obra
literária, e criando cenas inesquecíveis, como a do nascimento do
protagonista; a de uma guerrilheira, escapando de uma kombi, que, ao que se
presume, pertencia às forças repressivas do governo autoritário que comandava o
país, à época em que o filme foi produzido, os agentes da ditadura militar; e a
uma “feijoada”, com carne humana, promovida pelo gigante Venceslau Pietro
Pietra, comedor de gente, por exemplo, além de tantas outras. “No
filme, ao contrário do livro, o protagonista não tem poderes mágicos. O
MACUNAÍMA do filme representa o típico brasileiro, que acaba sendo devorado
pelo sistema (à época, apesar do autoritarismo, muitos brasileiros eram
tragados pelas ‘maravilhas’ do milagre econômico).”. (Obrigado, Wikipédia,
pela base as informações.)
A icônica e inesquecível versão cênica de “MACUNAÍMA”,
na visão de Antunes Filho, um dos maiores gênios do TEATRO que este
país conheceu, falecido recentemente, em maio de 2019, estreou, em São
Paulo (Teatro São Pedro), em 1978, e pode ser considerada um
dos mais importantes acontecimentos no TEATRO BRASILEIRO, do mesmo modo
como o foram “Vestido de Noiva” (1943) e “O
Rei da Vela” (1967), marcos do nosso modernismo teatral brasileiro.
Além do sucesso no Brasil, o “MACUNAÍMA” de Antunes também
o conquistou no exterior, tendo excursionado, de 1979 a 1987, por vinte
países. Quase às vésperas de sua estreia, o espetáculo contabilizava,
aproximadamente, sete horas de ação, reduzidas, após muitos cortes, a quatro
horas e meia, chegando, posteriormente, a três. Para essa montagem,
muito colaborou outro gênio, também já falecido, Naum Alves de Souza, diretor
de arte, responsável pela impressionante plasticidade do espetáculo,
fazendo uso abundante de jornais, que poderiam ser qualquer coisa, na encenação.
(Santa Internet!)
Mas
vamos dar início a uma abordagem crítica da encenação de BIA
LESSA. Antes, porém, faz-se necessário deixar bem claro que não farei
nenhuma comparação entre a montagem em tela e a de Antunes Filho,
nem pretendo comparar o espetáculo aqui analisado com outras obras que
levam a assinatura de BIA, na direção, como a obra-prima “Grande
Sertão: Veredas”, que, graças aos DEUSES DO TEATRO, voltou ao
cartaz, no Rio de Janeiro e já revi, na semana passada.
Antes
de ter contato direto com a montagem/leitura de BIA, à qual
assisti duas vezes, li várias críticas sobre “MACUNAÍMA – UMA
RAPSÓDIA MUSICAL”, feitas por críticos paulistas, o que me aguçou
bastante o desejo de conferir o que diziam sobre o espetáculo, já não
bastasse, para me atiçar, ser um trabalho dirigido por BIA LESSA
e tendo, como base, no elenco, os magistrais atores/músicos/cantores/compositores
da Cia. Barca dos Corações Partidos”, de “Auê” e “Suassuna
– o Auto do Reino do Sol”. Ouvi, de vários amigos de São Paulo - e
com alguns conversei pessoalmente - que o espetáculo era para ser amado
ou odiado. Não amei nem odiei. Gostei, simplesmente. É instigante,
sim, bastante ousado e provocador; um pouco exagerado nas tintas, porém.
Quem
não conhece BIA LESSA, quem nunca teve a oportunidade de ter contato com
seu trabalho, pode (E tem todo o direito de.) se assustar com o que vê. Quem,
por ouro lado, já é “íntimo” de sua maneira de fazer TEATRO parte para
um novo espetáculo dessa grande encenadora, sabendo que pode
encontrar de tudo, já que, para BIA, não há limites, quanto à criatividade.
Tudo o que se pode esperar ainda será pouco, e mesmo os que acompanham seu
trabalho mais de perto, como é o meu caso, há muitos anos, podem se surpreender
e se incomodar com alguma coisa em cena. Isso não tem acontecido comigo, nas
suas últimas criações, mas ocorreu em “MACUNAÍMA”.
Gosto
do espetáculo, no todo. Agradam-me muitos aspectos, porém achei um pouco “over”
certas cenas, desnecessárias mesmo, e penso que um “enxugamento” nas três
horas de duração, poderia tornar o espetáculo mais atraente. Assisti
a ele na sessão para convidados e revi-o, para ratificar ou retificar certos
conceitos, no último dia 24 de setembro (2019). Na primeira vez, quando
a plateia era formada por amigos e gente da classe artística, jornalistas,
críticos e jurados de prêmios de TEATRO, na sua grande maioria, não ouvi
qualquer comentário sobre a peça, até porque, deixei o Teatro Carlos
Gomes, no Rio de Janeiro, onde a “MACUNAÍMA” está em cartaz (VER
SERVIÇO.), muito rapidamente, tão logo terminou a sessão, por motivos
pessoais. Na segunda vez, porém, enquanto aguardava meus amigos do elenco,
para cumprimentá-los, pude ouvir, de muita gente, que “gostei da peça,
mas podiam cortar um pouco; fica muito cansativo”, com o que concordo,
ainda que entenda ser isso um tanto difícil, para a encenadora.
BIA
tem como proposta, desta vez, explorar muito mais o aspecto plástico, das
cenas, e não valorizar o conteúdo literário. Perfeito! É uma opção e um
direito de quem assina a direção de um espetáculo teatral, e tem de merecer
respeito. Vejo aí, porém, um problema que se resume a isto: nada a
criticar, negativamente, a beleza e a plasticidade do espetáculo; muito
pelo contrário, e isso me parece ser unanimidade, contudo quem não conhece a saga
do personagem, quem não teve acesso à obra literária, sai do Teatro
da mesma forma como entrou, ou seja, sem saber nada, sem entender nada, ou
quase nada, do enredo, uma vez que a dramaturgia é bastante
fragmentada, não há uma linearidade na história, que, por si, já é
complicada. E não estou falando de pessoas de poucas letras; gente “de estudo” ou
pessoas que estão acostumadas a ir a Teatro também reclamavam. Não
quero que vejam, neste comentário, algo que poderia me fazer não recomendar o
espetáculo. Muito pelo contrário, gosto da encenação e não me arrependo de tê-la
revisto. Se eu não tivesse gostado da peça, não perderia tempo,
escrevendo sobre ela.
Vamos
à realidade: agora, estamos diante de uma nova leitura teatral, de “MACUNAÍMA”,
dirigida por BIA LESSA, e pronto! Isso, como disse anteriormente,
já mobiliza qualquer um que conheça seus trabalhos anteriores, mormente sua
leitura de “Grande Sertão: Veredas”, alvo de grande sucesso, de púbico e
de crítica, assim como está sendo o espetáculo ora avaliado, ainda que
não na mesma proporção. Mas são duas obras e duas propostas completamente
diferentes.
BIA LESSA é uma encenadora genial, mas ninguém consegue ser gênio sempre, todo tempo.
Lembro-me de que, em 1986, salvo engano, no Paço Imperial, Rio
de Janeiro, houve uma exposição, “Gravuras de Picasso”, que
mobilizou a cidade de tal forma, que as filas eram extensíssimas. Milhares e
milhares de pessoas prestigiaram o evento, inclusive eu e minha família, da
qual fazia parte minha filha, com 11 anos, à época. Lá, estavam expostas
obras, apenas gravuras, do consagrado mestre da pintura, um dos
maiores artistas espanhóis de todos os tempos; um gênio, resumindo. Só
que, ao lado de gravuras feitas em suas fases de maior genialidade, de
inspiração, de força criativa, também estavam expostas outras, em folhas de
caderno, de um menino, da idade da minha filha. Lembro-me bem de uma, na qual
era representada uma mulher gorda, muito mal traçada. Era a sua professora de
matemática, disciplina da qual o pequeno Pablo não gostava e, em vez de
acompanhar as aulas, ficava “retratando” seus professores “chatos”. Havia
outras assim, de outros docentes, na sua escola. Minha filha, quando era mais
nova que o grande “gênio”, de 11 anos, já fazia desenhos
melhores. Mas, como aquelas coisas tinham sido desenhadas por Picasso,
além do valor material, recebiam aplausos e incenso de todos. É claro que a
Flávia, nem aos 11 anos nem hoje, não teria competência para dirigir melhor um
“MACUNAÍMA”. Não é isso, evidentemente o que estou querendo dizer, e sim, o
exemplo serve para reforçar a minha afirmação acima, de que ninguém é gênio
24 horas por dia, a vida inteira, do seu nascimento à morte. Todo gênio tem
esse direito, o de não o ser de vez em quando ou desde que nasce. O artista
ora acerta, ora erra. Ou “equivoca-se”. E o que agrada a um pode não
agradar ao outro. Nada mais natural. A frase não é minha, desconheço quem a
cunhou, entretanto gosto muito dela e aqui a reproduzo: “A visão do crítico é
sempre um ponto de vista. Nunca uma verdade.”. Eu sou, apenas, um crítico
teatral. Mais um, embora, à frente, haja um apaixonado espectador de TEATRO.
Continuo dizendo que não estou interessado em
comparações, no entanto, analisando-se as duas montagens teatrais de “MACUNAÍMA”,
a de Antunes e a de BIA, poder-se-ia dizer que são a mesma peça?
Em princípio, sim. Só que não!!! Não há nada a ver, do ponto de vista
estético e de conceituação, entre as duas versões teatrais. Para
quem teve a oportunidade de assistir à de Antunes e, agora, viu, ou
ainda verá, a de BIA, pode surgir, até mesmo de forma não intencional,
uma comparação entre as duas. Já deixei bem claro que não fui mordido por esse
bichinho nem vou me deixar morder, durante o longo tempo que estou dispensando
à escrita desta crítica. Só estou interessado em escrever sobre “MACUNAÍMA
– UMA RAPSÓDIA MUSICAL”. É tão somente sobre esta montagem que decidi
escrever, do ponto de vista crítico.
SINOPSE:
“MACUNAÍMA”, de Mário de Andrade, ganha nova montagem da CIA. BARCA
DOS CORAÇÕES PARTIDOS.
A encenação,
de BIA LESSA, propõe uma reflexão sobre a vida contemporânea,
transformando o texto em uma rapsódia musical.
O espetáculo
parte da permanente atualidade da obra mais característica do Modernismo Brasileiro:
da sua capacidade de ainda provocar espectadores, mais de noventa anos depois
de sua criação.
Por trás da
comédia aparente, estamos diante de uma personagem trágica, que resume
muitos dos impasses do Brasil contemporâneo.
Afinal, MACUNAÍMA
é, ao mesmo tempo, um índio e um quilombola, que se vê, por força das
circunstâncias, deslocado para a cidade grande, onde tudo é diferente e
assustador, e se torna vítima de um grande choque de culturas.
É, também, um
sobrevivente: ao voltar para sua querência, descobre que essa foi dizimada. Não
há mais lugar para ele no mundo. Talvez não haja mais mundo.
Assim como no livro,
a peça retrata a saga de MACUNAÍMA, desde o nascimento, em uma
tribo, na Amazônia, e passa por momentos definitivos em sua vida: a
relação com a família, a paixão e a ida ao Sudeste, em busca do Muiraquitã,
espécie de amuleto que recebeu da amada CI, que ele perdeu e foi parar
nas mãos do gigante VENCESLAU PIETRO PIETRA, devorador de gente.
Entre
encontros com deuses, mitos e monstros, o personagem passa por aventuras
e transformações, até retornar à tribo natal.
Conhecido pelo
epíteto de “herói sem nenhum caráter”, MACUNAÍMA não seria um personagem
mau-caráter, mas alguém sem caráter definido, com atitudes inesperadas, cuja
maioria das ações é movida por um certo prazer mundano.
A sugestão para uma nova montagem da peça
surgiu do grande ator Cacá Carvalho, o qual, ainda bem jovem,
representou, brilhantemente, MACUNAÍMA, na montagem de Antunes,
quase que por acaso. Dada a ideia, acertou, em cheio, a produtora
ANDRÉA ALVES (Leia-se Sarau – Agência de Cultura
Brasileira), idealizadora do projeto, ao fazer o convite a BIA
LESSA, para assinar a direção da peça, que teria, como base
do elenco, os rapazes da CIA. BARCA DOS CORAÇÕES PARTIDOS,
ao qual se juntaram outros músicos e atores aprovados em testes e
convidados. BIA topou o convite, que, de certa forma, também poderia ser
considerado um grande desafio, o que ela jamais rejeita, do que ela nunca foge,
e duas grandes potências artísticas, do TEATRO e da música,
uniram suas forças e talentos, para dar forma ao interessante espetáculo.
Além do elenco da BARCA,
formado por ADRÉN ALVES, ALFREDO DEL-PENHO, BETO LEMOS, FÁBIO
ENRIQUEZ, EDUARDO RIOS, RENATO LUCIANO e RICCA BARROS,
a encenação tem seis artistas escolhidos por testes - ÂNGELO FLÁVIO
ZUHALÊ, HUGO GERMANO, LANA RHODES, LÍVIA FELTRE, SOFIA
TEIXEIRA e ZAHY GUAJAJARA - e o músico PEDRO AUNE. O processo
criativo durou sete meses, como já mencionado, entre concorridas
audições, oficinas, encontros, leituras e os ensaios propriamente ditos.
“Traço marcante em todos os trabalhos da companhia,
a música tem lugar de destaque na montagem, ainda que esteja inserida de
maneira bem diferente do habitual. A concepção de BIA LESSA se distancia do
musical tradicional e segue um fluxo que a diretora prefere associar à
estrutura de uma ópera. Além de canções originais, a BARCA musicou alguns
trechos da adaptação. A direção musical, assinada mais uma vez por ALFREDO
DEL-PENHO E BETO LEMOS, contou com a música adicional do duo O GRIVO.”. (Extraído do “release”
enviado por PEDRO NEVES – FACTORIA COMUNICAÇÃO.).
A adaptação do texto original, do livro, para a dramaturgia, foi feita por VERONICA STIGGER e inclui trechos ditos em outras línguas e diletos indígenas, o que dificulta a compreensão, para qualquer pessoa, principalmente no caso do falar dos silvícolas. “A proposta era se manter fiel ao original, mas também transpor suas palavras para o conceito da encenação. Ao longo do período de ensaios, a dramaturgia foi sendo modificada pela encenadora e ganhando novas formas, em um grande processo colaborativo.”. A escritura cênica final recebe a chancela de BIA LESSA.
Passo a tecer comentários sobre cada
escaninho da peça, o que me levou a gostar do espetáculo
sem, contudo, me deixar apaixonar ou arrebatar por ele.
Com relação à dramaturgia,
creio já ter esgotado o assunto. Não sendo ela o mais importante, nesta montagem,
não lhe foi dada a devida atenção e o resultado já foi comentado.
Seria impróprio falar em direção.
“Encenação” é o vocábulo que mais se adéqua ao trabalho de BIA LESSA,
uma grande artista plástica, uma encenadora, muito mais que uma diretora
de atores. Aí está o seu grande diferencial. Cada uma de suas montagens
é um acontecimento, transforma-se numa efeméride. E assim é “MACUNAÍMA”.
Coerência não lhe falta. Se a proposta era não valorizar tanto o texto
literário e provocar emoções e causar grandes impressões aos olhos do
espectador, seu objetivo foi totalmente atingido. A cada cena, uma nova e extraordinária
surpresa. Aqui, BIA usou, e abusou, muito – e isso não é nada ruim – do plástico,
como matéria-prima para suas ideias mirabolantes. Logo na primeira cena, o
nascimento do protagonista, a plateia se sente perplexa com o parto, em
meio a uma profusão de plástico preto, cobrindo todo o palco. MACUNAÍMA
vem à luz três vezes. Nasce e volta para o interior do ventre da mãe, por duas
vezes, como se antevisse o que, para ele, estava reservado neste mundo. BIA
contou com a colaboração de alguns assistentes de direção, dos quais destaco
o trabalho de AMÁLIA LIMA, responsável pela impressionante preparação
corporal do elenco.
Em quase toda a sua totalidade, as
cenas são bastante criativas, ricas em plasticidade e sonoridade musical,
e eu ousaria uma classificação inusitada para o espetáculo: uma “instalação-onírico-teatral-móvel”.
Durante o longo processo de criação, BIA foi explorando o
potencial de cada artista e, juntos, foram dando forma a esta “rapsódia
musical”. E quem saiu lucrando com isso foi o público.
Falar do elenco é quase
desnecessário, uma vez que adjetivar o talento e o trabalho dos componentes da CIA.
BARCA DOS CORAÇÕES PARTIDOS não é tarefa fácil, a não ser que se queira repetir
lugares-comuns. É impressionante o potencial artístico desse grupo, quer
como atores, musicistas, compositores e dançarinos. A BARCA é das
melhores coisas que surgiram, nos últimos anos, no TEATRO MUSICAL BRASILEIRO.
Quem analisa a atuação dos sete artistas sente muita dificuldade em
destacar algum nome, uma vez que todos, sem exceção, são excelentes. Todos se
destacam, por um ou outro aspecto e, dependendo dos personagens que têm
a oportunidade de representar, pode-se, às vezes, jogar mais um pouquinho de
luz sobre um dos deles. No caso específico de “MACUNAÍMA”, há um grande
refletor especialmente reservado para ADRÉN ALVES, que representa o protagonista
na última fase de sua vida. Que potência interpretativa! Que interpretação
visceral! Quanta energia, física e emocional, se concentra num só corpo de
ator!
Aqui está a relação de todos os multiartistas
da BARCA e seus principais personagens: ADRÉN ALVES (Príncipe,
Macunaíma III e Cotia), ALFREDO DEL-PENHO (Pastor), BETO LEMOS
(Currupira e Ogan da Macumba), EDUARDO RIOS (Maanape I, Mau Agouro,
Uirapuru, Fazendeiro, Urubu, Repórter, Teque-Teque, Chofer, Árvore
Dzlaúra-Legue, Papagaio, Pregador da Procissão e Vendedor do Micura), FÁBIO
ENRIQUEZ (Mau Agouro, Fome, Agiota da Bolsa de Mercadorias, Venceslau Pietro
Pietra e Guarda/Policial), RENATO LUCIANO (Jiguê, Carniceiro e Cobra
Preta) e RICCA BARROS (Rei Nagô, Militar, Segurança e Macaco dos Bagos).
À BARCA somaram-se outros
talentos, que dão a impressão de que já faziam parte do grupo antes, por
tocarem no mesmo diapasão dos “barqueiros”. São eles: ÂNGELO FLÁVIO ZUHALÊ (Macunaíma
II, Maanape II e Tia Ciata), HUGO GERMANO (Macunaíma I – criança,
Segurança e Micura), LANA RHODES (Veada Mãe, Ci, Capei - a Lua,
Empregada, Piolhenta e Lua) LÍVIA FELTRE (Iriqui, Veada Parida, Ceiuci,
Portuguesa, Cotia, Amazona, Estudante e Puta), PEDRO AUNE (Músico de Rua
e Segurança), SOFIA TEIXEIRA (Sofará, Filha de Vei – a Sol, Puta,
Amazona, Empregada e Princesa) e ZAHY GUAJAJARA (Mãe, Exu, Vei – a Sol ,
Amazona, Uiará, Empregada e Puta).
Além da cena do nascimento de MACUNAÍMA,
são bem interessantes, bonitas ou de grande impacto outras, como a da caça à
anta e à veada parida; a da pregação e do “milagre” do pastor evangélico,
carregada de humor; a do final do primeiro ato, quando decidem ir para São
Paulo e o elenco inteiro, todos sentados, em traje de gala, como uma orquestra sinfônica, toca e
canta a canção “Orquestra Atropela”, numa grande fileira, a qual, aos
poucos, vai se aproximando do proscênio, à medida que o volume da execução vai
aumentando; a cena do “balé dos cubos”, ao som de Danúbio Azul; a de MACUNAÍMA
num terreiro de macumba, diante de Exu, à procura de uma punição para o PIAIMÃ,
que se apoderara do amuleto da sorte, o Muiraquitã; e a da morte do
herói, engolido pelas águas do reino da UIARA.
Por outro lado, como não tolero
escatologia, tenho sérias restrições a algo que julgo totalmente desnecessário,
cena das quais lhes pouparei detalhes. Mas a encenadora houve por bem
criá-la e, não por purismo, puritanismo ou qualquer outro “ismo”, reprovo-a
veemente. Na minha humilde visão, ofende a estética e choca; mas essa,
certamente, foi a intenção e o porquê de ela ser inserida na peça.
Grande artista plástica que é,
ousada e inteligente, BIA LESSA chamou a si, com seus dois
assistentes, na área da cenografia, o trabalho de criar a do espetáculo,
na qual predominam o plástico e material reciclável, aproveitados
da maneira mais criativa possível. No primeiro ato, o plástico é preto; no segundo,
incolor e transparente. A ideia dos cubos de plástico, na segunda parte da encenação,
lembrando as construções da grande metrópole, é, simplesmente genial, da mesma
forma como os atores são orientados a fazer uso das peças infláveis. Se BIA
LESSA está na berlinda, acho que posso arriscar, também, um pouco de
ousadia (Ou seria um “voo” muito alto?), lembrando o genial filósofo canadense Herbert
Marshall McLuhan, ao afirmar que “o mundo se transformou numa aldeia
global”, que os equipamentos infláveis poderiam, mais ainda,
representar a solidão humana, nas grandes cidades, quando os homens, por escolha,
necessidade, prevenção ou qualquer outro motivo, vivem isolados, trocando o
relacionamento com seus iguais, na forma de contatos diretos, presenciais,
pelos virtuais, mergulhados no reino da comunicação virtual. Essa ambientação
cenográfica torna-se enriquecida, em função dos adereços de cenografia,
criados por DERÔ MARTÍN e ERIC FULY.
É impecável a direção musical,
mais uma vez sob a responsabilidade de ALFREDO DEL-PENHO e BETO LEMOS,
os quais também colocam suas assinaturas na mais que eclética trilha sonora,
feita de composições originais, criadas, especialmente, para a peça
(dezenas delas, inteiras ou em vinhetas, em vários idiomas) pelos
componentes da BARCA (principalmente ALFREDO e BETO, a
grande maioria), PEDRO AUNE e ZAHY GUAJAJARA (esta compôs as
canções indígenas), contando com a contribuição de um grupo musical, o duo O
GRIVO (música adicional), além da utilização de canções conhecidas e
consagradas, clássicas e populares, de compositores do nível de Rachmaninoff,
Bach, Strauss, Edith Piaf, Caetano Veloso, Adoniram
Barbosa, Jackson do Pandeiro, Gilberto Gil e Rita Lee,
dentre outros. Que deliciosa “salada musical”! Praticamente, todas as
músicas são interpretadas ao vivo, por todo o elenco, que canta e toca
instrumentos musicais.
Foi necessário o trabalho de três
profissionais, fora os assistentes e a costureira, para criar dezenas de ótimos
figurinos: SYLVIE LEBLANC, MAIRA HIMMELSTEIN e BIA
RIVATO. Durante boa parte da peça, o elenco se apresenta nu,
mas sempre com alguns interessantes adereços, criados por ANDY LOPES e
MARKOZ VIEIRA. Em cada figurino, notam-se detalhes de suma
importância para os personagens.
O desenho de luz apresenta detalhes muito
interessantes. Durante o primeiro ato, por exemplo, que se passa na floresta, o
habitat dos personagens, a luz não é intensa, com raríssimos momentos de
maior abundância luminosa, em função, penso eu, da necessidade de se criar um
ambiente meio sombrio, das grandes florestas, escuras e úmidas, por força da
natureza, com frondosas árvores. Sob outro aspecto, menos conjuntural e mais
hipotético, seria durante todo esse tempo que o “herói” estaria tentando sair
do mundo das trevas, à procura de luz, de uma razão e uma explicação para a sua
existência. Mas aí já posso estar partindo para uma “viagem”. Tenho esse
direito? No segundo ato, a cena é muito mais iluminada. Afinal de contas, os personagens
estão na cidade grande, a “urbis” iluminada, com prostitutas nas vitrines, tal
qual o Bairro Vermelho, de Amsterdã, paraíso da prostituição, e o
palacete de VENCESLAU PIETRO PIETRA, que, por estar sempre em festa, tem
de esbanjar luz; e assim por diante...
Quanto ao desenho de som, a cargo de GABRIEL
D'ANGELO e FELIPE MALTA, encontrei algumas falhas, em determinadas
cenas, nas duas vezes em que assisti ao espetáculo, no que diz respeito
ao volume do som, que não permitia que se ouvissem, nitidamente, algumas falas
dos atores. Com tanta movimentação em cena, essas falhas podem ser “aceitáveis”,
até, mas não poderiam, não deveriam ocorrer. Na parte musical, não encontrei
problemas.
Não há, na ficha técnica, qualquer referência
sobre responsável(eis) por uma coreografia que existe no espetáculo,
a qual não chega a ser marcante, porém dá um colorido especial às cenas em que
está inserida. De qualquer forma, fica feito o registro.
Devo, não por obrigação, mas por justiça, lembrar
que um espetáculo dessa grandiosidade, para acontecer, precisa de que,
por trás de tudo, nas coxias e camarins, haja um batalhão de pessoas, na produção,
nos trabalhos de trocas de cenários e afins e no atendimento ao
elenco, sem o que nada conseguiria ir em frente. Parabéns, LEILA MARIA
MORENO (coordenação de produção). JANAÍNA SANTOS e RAPHAEL BAÊTA (produção
executiva), LAURA PICORELLI e PRISCILA CARDOSO (assistentes de produção),
TUCA BENVENUTI (produção de arte), FLÁVIA PRIMO (produção local),
HELDER BEZERRA (diretor de palco), CARLOS EDUARDO CARVALHO (contrarregragem)
e PATY RIPOLL (camareira), além dos que trabalham na operação técnica
de todos os equipamentos.
FICHA TÉCNICA:
Encenação,
Cenário e Escritura Cênica: Bia Lessa
Adaptação: Veronica Stigger
Assessoria Teórica: Flora Sussekind
Direção Musical: Alfredo Del-Penho e Beto Lemos
Música Adicional: O Grivo
“Design” de Som: Gabriel D'Angelo e Felipe Malta
“Design” de Luz: Paulo Pederneiras e Pedro Pederneiras
Figurino: Sylvie Leblanc, Maira Himmelstein e Bia Rivato
Idealização e Direção de Produção: Andréa Alves
Adaptação: Veronica Stigger
Assessoria Teórica: Flora Sussekind
Direção Musical: Alfredo Del-Penho e Beto Lemos
Música Adicional: O Grivo
“Design” de Som: Gabriel D'Angelo e Felipe Malta
“Design” de Luz: Paulo Pederneiras e Pedro Pederneiras
Figurino: Sylvie Leblanc, Maira Himmelstein e Bia Rivato
Idealização e Direção de Produção: Andréa Alves
Com a Cia.
Barca dos Corações Partidos: Adrén Alve, Alfredo Del-Penho, Beto Lemos, Eduardo rios, Fábio Enriquz, Renato Luciano e rica Barros. E os artistas convidados: Ângelo Flávio Zuhalê, Hugo Germano, Lana Rhodes, Lívia Feltre, Pedro Aune, Sofia Teixeira e Zahy Guajajara
Voz (em off)
– Maria Bethânia e Arnaldo Antunes
Colaboradores:
Silviano Santiago, Marilia Martins, Inês Cardoso, Eduardo Jardim, Pedro Duarte,
Renato Sztutman, Dany Roland e Marcelo Cipis
Citações e
Inspirações: Antunes Filho, Augusto de Campos, Caetano Veloso, Cildo Meireles,
Décio Pignatari, Franklin Cassaro, Gilberto Gil, Glauco Mattoso, Grande Otelo,
Haroldo de Campos, Helio Oiticica, Murnau, Oswald de Andrade, João Guimaraes
Rosa, Joaquim Pedro de Andrade, José Celso Martinez Correa, Ligia Clark, Lygia
Pape, Novos Baianos, Oswald de Andrade, Padre Anchieta, Paulo José, Pero de
Magalhães Gândavo, Pina Bausch, Rita Lee, Tunga
Diretora Assistente e Preparadora Corporal: Amália Lima
Assistentes de Direção: Pedro Henrique Müller e Daniel Passi
Assistente de Direção Musical: Pedro Aune
Assistente de Iluminação: Rodrigo Maciel
Assistentes de Direção: Pedro Henrique Müller e Daniel Passi
Assistente de Direção Musical: Pedro Aune
Assistente de Iluminação: Rodrigo Maciel
Assistentes de
Cenografia: Raphael Baêta e Tuca Benvenutti
Designer de Som Associado: Rodrigo Oliveira
Fisioterapeuta: Núbia Barbosa
Designer de Som Associado: Rodrigo Oliveira
Fisioterapeuta: Núbia Barbosa
Adereços de Figurino: Andy
Lopes e Markoz Vieira
Adereços de Cenografia: Derô Martín e Eric Fuly
Assistentes de Adereços de Cenografia: Elísio
Diretora Assistente e Preparadora Corporal: Amália Lima
Adereços de Cenografia: Derô Martín e Eric Fuly
Assistentes de Adereços de Cenografia: Elísio
Diretora Assistente e Preparadora Corporal: Amália Lima
Assistentes de
Direção: Pedro Henrique Müller e Daniel Pas Moura Barros e Renato Sousa
Estruturas Infláveis: João Mancha
Cenotécnico: André Salles
Costureira: Rosário Soares
Estruturas Infláveis: João Mancha
Cenotécnico: André Salles
Costureira: Rosário Soares
Produção:
Coordenação de
Produção: Leila Maria Moreno
Produção Executiva: Janaína Santos e Raphael Baêta
Assistente de Produção: Laura Picorelli e Priscila Cardoso
Produção de Arte: Tuca Benvenutti
Produção Local: Flavia Primo
Produção Executiva: Janaína Santos e Raphael Baêta
Assistente de Produção: Laura Picorelli e Priscila Cardoso
Produção de Arte: Tuca Benvenutti
Produção Local: Flavia Primo
Técnica:
Diretor de Palco: Helder
Bezerra
Contrarregra: Carlos Eduardo Carvalho
Camareira: Paty Ripoll
Operador de Luz: Rodrigo Maciel
Operador de Som: Felipe Malta
Técnico de Monitor, Microfonista e Coordenador de RF: Rodrigo Oliveira
Contrarregra: Carlos Eduardo Carvalho
Camareira: Paty Ripoll
Operador de Luz: Rodrigo Maciel
Operador de Som: Felipe Malta
Técnico de Monitor, Microfonista e Coordenador de RF: Rodrigo Oliveira
Comunicação:
Fotografias: Silvana
Marques
Programação Visual: Beto Martins
Vídeos: Ana Rezende
Edição Entrevistas: Elisa Mendes
Assessoria de Comunicação: Factoria Comunicação
Programação Visual: Beto Martins
Vídeos: Ana Rezende
Edição Entrevistas: Elisa Mendes
Assessoria de Comunicação: Factoria Comunicação
Equipe Sarau:
Direção Geral
: Andréa Alves
Coordenação de Produção: Leila Maria Moreno e Vivi Borges
Produção de Planejamento: Ana Caroline Araújo, Bruno Barros e Mariana Sobreira
Produção Executiva: Rafael Lydio e Felipe Valle
Produção de Comunicação: Marcelo Alves, Flávia Garcia e Daniel Barboza
Prestação de Contas: Débora Giangiarulo e Carolina Villas-Boas
Coordenação Administrativo-Financeira: Luciana Verde
Assistente Administrativo-Financeira: Letícia Copaja
Apoio de Produção e Office Boy: Leandro Barbalho
Estagiário: César Augusto
Coordenação de Produção: Leila Maria Moreno e Vivi Borges
Produção de Planejamento: Ana Caroline Araújo, Bruno Barros e Mariana Sobreira
Produção Executiva: Rafael Lydio e Felipe Valle
Produção de Comunicação: Marcelo Alves, Flávia Garcia e Daniel Barboza
Prestação de Contas: Débora Giangiarulo e Carolina Villas-Boas
Coordenação Administrativo-Financeira: Luciana Verde
Assistente Administrativo-Financeira: Letícia Copaja
Apoio de Produção e Office Boy: Leandro Barbalho
Estagiário: César Augusto
Agradecimento
especial ao grande artista Cacá Carvalho, que nos inspirou a revisitar essa
obra.
SERVIÇO:
Temporada: De 05
de setembro a 10 de novembro de 2019.
Local: Teatro
Municipal Carlos Gomes.
Endereço: Praça
Tiradentes, s/nº. – Centro – Rio de Janeiro.
Dias e
Horários: De 4ª feira a sábado, às 19h; domingo, às 18h.
Valor dos Ingressos: R$40,00 (plateia) e R$20,00 (balcão), com direito a meia entrada, nos casos previstos por lei.
Valor dos Ingressos: R$40,00 (plateia) e R$20,00 (balcão), com direito a meia entrada, nos casos previstos por lei.
Classificação Etária:
18 anos.
Duração: 180 minutos.
Duração: 180 minutos.
Gênero:
Rapsódia Musical (?)
Mesmo com as restrições que faço ao espetáculo,
não posso deixar de recomendá-lo e de valorizar a de uma produção que, nos dias de hoje,
num bravo gesto de resistência, tem o destemor de enfrentar o tsunâmi cultural
que nos está sendo imposto, por (des)governos, nas três esferas, ignorantes e
que não valorizam nem respeitam as artes, os artistas e a cultura,
e faz com que chegue ao público uma montagem que mobiliza 14 atores e
dezenas e mais dezenas de artistas criadores e técnicos, os quais, uma vez
empregados, conseguem sustentar, honrada e honestamente, suas famílias.
Belo ato de resistência do TEATRO BRASILEIRO, que
ficará nos seus anais!!!
E VAMOS AO TEATRO!!!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS
DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!
A ARTE EDUCA E
CONSTRÓI!!!
RESISTAMOS!!!
COMPARTILHEM ESTE
TEXTO,
PARA QUE, JUNTOS, POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR NO
PARA QUE, JUNTOS, POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR NO
(FOTOS: SILVANA MARQUES.)
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