1ª “MARATONA” TEATRAL
EM SÃO PAULO / 2015
(CHAPLIN, O MUSICAL;
GALILEU GALILEI;
MAS POR QUÊ? A
HISTÓRIA DE ELVIS;
NINE;
MUDANÇA DE HÁBITO.)
Santa
semana a Semana Santa em São Paulo, com o objetivo de assistir a espetáculos de
TEATRO, principalmente musicais, que
têm nenhuma, ou pouca, chance de vir para o Rio de Janeiro. Cinco espetáculos em quatro dias.
Com
um mês de atraso, vou me ater a apenas alguns comentários sobre cada um deles,
aguardando a oportunidade de fazer uma crítica, completa e profunda, aos que
desembarcarem no Rio.
Por
questões técnicas, dividirei os comentários em cinco partes, separadamente.
PARTE
IV
NINE
(6/6/2015
- TEATRO PORTO SEGURO)
NINE é um de mais de duas dezenas de
musicais que levam a assinatura da dupla que melhor entende do assunto no
Brasil: CHARLES MÖLLER e CLAUDIO BOTELHO.
O
espetáculo foi montado para a inauguração do mais novo teatro de São Paulo, o Teatro Porto
Seguro , um dos mais bonitos da cidade, confortável e com
recursos técnicos de primeiríssima qualidade.
Não
sei se o espetáculo virá para o Rio de Janeiro (Espero que sim.), condição para
que eu escreva sobre ele, com maiores detalhes, seguindo o mesmo procedimento
em relação aos demais a que assisti nesta “maratona”.
Por
enquanto, custa-me muito ter de fazê-lo, limito-me a dizer que, infelizmente,
esta montagem ficou aquém das minhas expectativas, o que muito me entristece e,
mais ainda, me causa um imenso desconforto, já que não há ninguém que admire
mais (Igualmente, pode até ser.), aplauda e propague o talento da dupla de
diretores do que eu.
O
meu olhar, de espectador, amante de TEATRO,
principalmente de MUSICAIS, e de
humilde crítico, detectou algumas falhas, que contribuíram para que eu não me
empolgasse com esta montagem, a ponto de ter o desejo de assistir a ela
inúmeras vezes (Inúmeras mesmo! Até dezenas, sem exagero!), como tenho o
hábito de fazer, quando se trata de um musical da dupla M&B. É óbvio que, vindo
para o Rio, terei o maior interesse em rever o espetáculo, jamais com o desejo
de ratificar a minha atual opinião sobre ele, mas com o firme propósito de retificá-la, pelo que torço
bastante.
Mas, para
isso, seria necessário que se procedesse a imperiosas mudanças, na montagem, a
começar por substituições no elenco, cuja escalação me perece não ter sido das
mais felizes, e, sim, bastante equivocada.
Nicola Lama e Malu Rodrigues.
Ainda
que, em 1982, tenha sido o vencedor do Tony,
em cinco categorias, inclusive como o melhor
musical daquele ano, não gosto muito de NINE, do seu enredo. Não
vejo nele nada de especial. Da mesma
forma, não gostei do filme NINE,
baseado em outro, Fellini Oito e Meio,
uma quase autobiografia do grande cineasta italiano Federico Fellini. Mas
estamos falando da peça. Das canções do
filme, do grande compositor Nino Rota,
gosto muito; o mesmo não posso dizer das que foram compostas por MAURY YESTON, a despeito de a sua trilha para a peça corresponder a um
dos cinco prêmios acima mencionados (Os outros foram para melhor atriz, melhor
figurino e melhor direção.). Não são de
fazer o espectador deixar o teatro com elas no ouvido. Eu, pelo menos, não saí, o que nunca acontecera
antes, com relação a todos os musicais assinados por M&B.
O
texto parece ter sido escrito para
que um ator, o único homem no elenco, excetuando-se um ator mirim, que vive o
protagonista, GUIDO CONTINI, brilhe,
se tiver talento. Quanto a isto, os
diretores acertaram bem no centro do alvo.
É muito prazeroso e, até mesmo, comovente ver, e aplaudir muito, o
trabalho de NICOLA LAMA, na pele do
personagem. NICOLA faz um trabalho irretocável, digno de prêmios, cantando,
dançando e representando magnificamente.
E, sem qualquer ufanismo, até porque, de nascimento, ele é italiano, não
considero exagero dizer que se nivela a qualquer um dos bons atores de musicais
da Broadway.
Nicola Lama, absoluto em cena.
No
elenco feminino, só merecem os meus comentários, por serem positivos, os nomes
de TOTIA MEIRELES (LILI LA FLEUR), MALU RODRIGUES (CARLA), MYRA RUIZ (SARRAGHINA) e ISABELLA MOREIRA (GIULIETTA).
TOTIA e MALU dispensam comentários, em função de um notável currículo em
musicais. Além de ótimas atrizes e de
duas grandes belezas femininas, ambas dominam, ao extremo, um detalhe FUNDAMENTAL para quem se propõe a atuar
em musicais: CANTAM DIVINAMENTE!!! É uma pena que, neste espetáculo, exclusivamente por conta das suas
personagens, as duas não tenham a oportunidade de mostrar nem 50% de seus
incomensuráveis talentos. Mas nem
precisam, pelos magníficos serviços já prestados ao TEATRO MUSICAL BRASILEIRO, pois são duas de suas melhores divas, de
gerações diferentes. Mas a pouca
oportunidade que têm para brilhar, neste espetáculo, elas sabem aproveitar e
ofuscam, a tudo e a todos, com seu brilho inato.
Totia Meireles, magnífica, como sempre!
Malu Rodrigues, cada vez melhor.
Quanto
a MYRA RUIZ, uma jovem de apenas 22
anos, confesso que estou apaixonado por seu trabalho. Lamento não ter tido a oportunidade de
cumprimentá-la pessoalmente e dizer-lhe da alegria que ela me proporcionou, com
seu talento. Tem uma belíssima presença
em cena, revelou-se uma boa atriz e canta e dança lindamente. Aplaudidíssima, em cena aberta, inclusive por
mim. Não tenho dúvidas de que já pode
ser incluída na galeria das melhores atrizes brasileiras, em musicais.
Mas,
para atuar em musicais, só é bom quem estuda bastante, quem se dedica ao canto,
à dança e à interpretação. O meu
entusiasmo pelo trabalho de MYRA
levou-me a uma rápida pesquisa sobre sua formação profissional. É formada em balé clássico, vem estudando
canto e TEATRO desde criança, fez
curso de “performing arts”, nos Estados Unidos, onde se formou numa das mais importantes escolas de TEATRO MUSICAL daquele país (PPAS –
Professional Performing Arts School, de Nova York). Com apenas 17
anos, de volta ao Brasil, entrou no elenco do musical “Mamma Mia!”. Depois, atuou
em “Fame!”, “Shrek” e “Nas Alturas”.
Mais tarde, de novo, em Nova York,
estudou na Escola de Teatro Lee
Strasberg e se formou em canto, com uma das melhores mestras, Mary Setrakian. É preciso dizer mais alguma coisa, para
justificar o trabalho desta moça em NINE? Vá conferir!
Myra Ruiz.
Sobre a adolescente ISABELLA MOREIRA, de 16 anos,
encantou-me a maneira como canta e sua belíssima e suave voz. Consegui enxergar nela o mesmo futuro
promissor que reconheci em MALU
RODRIGUES, também com a mesma idade, com protagonista de O Despertar da Primavera, um dos
melhores musicais de todos os tempos, também de M&B. Tomara que eu
esteja certo! Quem ganha somos nós,
espectadores e amantes do gênero, e o TEATRO
MUSICAL BRASILEIRO.
O grande momento de Myra Ruiz.
De qualquer forma, recomendo este
espetáculo, até para futuros debates, uma vez que não sou dono da verdade,
nunca o fui e jamais desejo sê-lo.
Por ora, basta. Vamos aguardar, com a ajuda e a bênção dos DEUSES DO TEATRO, uma temporada
carioca.
(FOTOS:
PRODUÇÃO e DIVULGAÇÃO DA PEÇA.)
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