KILLER
JOE
(E HAJA
ADRENALINA!!!
“KILLER JOE”, peça em cartaz no Teatro Poeira, até 26 de agosto (2015), no horário alternativo de 3ªs e 4ªs feiras, às 21h, é daqueles espetáculos sobre os quais temos de pensar
muito, antes de recomendar a alguém. Ou
melhor, pode, e deve, ser
recomendado, porém com a advertência de que se trata de uma peça “maravilhosamente” perversa, violenta,
horrível”. De arrepiar!!! Ficou sem entender o aparente paradoxo?
Trata-se
de um texto muito denso, de um realismo intenso e recheado de crueldade, de
sadismo, que, por vezes, pode até causar, no espectador, um arrependimento por
ter ido ao teatro. Mas, como é TEATRO, ou seja, tudo “mentirinha”, não
vi ninguém saindo no meio da peça, e os comentários, na saída, eram unânimes: “terrível, mas fantástica”, e coisas
semelhantes. Indo, já sabendo o que vai
encontrar no palco, o espectador, já preparado para grandes emoções, há de se
comportar corretamente e aplaudir muito a atuação dos atores, os quais, uma vez
descido o pano, não têm condições, nem físicas, nem emocionais, de voltar, para
agradecer ao público, pela receptividade.
Aliás, fiquei bastante frustrado, quando
assisti à peça (Vou voltar.), porque
não tenho o hábito de aplaudir no escuro.
Fico aguardando o retorno dos atores ao palco, para direcionar a eles os
meus aplausos. Como não voltaram, e eu
entendo muito bem o motivo, não aplaudi, concretamente, mas estou aplaudindo-os
até hoje, e não me canso de recomendar o espetáculo a quem se dispõe a ver uma
grande encenação, mais uma excelente direção de MÁRIO BORTOLOTTO.
Tramando.
A sinopse da peça pode ser esta:
SINOPSE:
A peça se passa no Texas,
no final da década70, quando quatro membros de uma “família” planejam um
assassinato.
Os quatro são CHRIS SMITH (GABRIEL PINHEIRO), de 22
anos, o mentor do plano; ANSEL SMITH
(FERNÃO LACERDA), seu pai; a irmã DOTTIE
SMITH (ANA HARTMANN); e SHARLA
(ALINE ABOVISKI), atual mulher de ANSEL,
uma “periguete”, bem mais jovem que ele, e, consequentemente, madrasta dos
irmãos.
A vítima seria ADELE, que não aparece em cena,
ex-esposa de ANSEL, e o motivo, o
mais torpe possível, conseguir o dinheiro de um suposto seguro de vida, que
teria DOTTIE como beneficiária, o
que foi confidenciado a CHRIS por REX, namorado de ADELE.
Para piorar, ainda mais, a
torpeza do plano, parte do dinheiro seria para que CHRIS saldasse dívidas com traficantes de drogas, aos quais estava
devendo, vivendo, então, a condição de jurado de morte, caso não “honrasse a
sua dívida”.
O plano é aceito pela
família e nele estava prevista a contratação de um matador de aluguel, na pele
de JOE COPPER (CARCARAH), detetive, integrante
do Departamento de Polícia de Dallas
e que, nas horas vagas, particularmente, “fazia bicos”, exterminando pessoas, por
uma boa “recompensa”. Atendia pela
alcunha de KILLER JOE; JOE MATADOR (ASSASSINO), em bom
português.
Juntando-se, num só
caldeirão, doses muito generosas de violência; de humor negro; de total falta
de escrúpulos; de banalização da vida humana; de desrespeito mútuo, entre seres
humanos; de desagregação familiar; de corrupção; de traição; de selvageria
sexual, de valorização do capital; e eis que surge o enredo da peça “KILLER JOE”.
Toda a ação se passa
dentro do “trailer” da “família, começando pela “visita” do filho, expulso de
casa pela mãe, com quem morava, após uma briga com esta, a qual, ao descobrir a
droga que CHRIS armazenava em casa,
vendeu-a, com o objetivo de reformar um velho veículo de sua propriedade,
passando pela primeira visita do matador, para acertar os detalhes do
“serviço”, seguindo-se uma série de acontecimentos, que não haviam sido inicialmente previstos, até atingir um
clímax chocante e extremamente surpreendente, bem na linha dos grandes filmes
ou peças de suspense.
A trama continua.
O texto foi escrito, no início
dos anos 90, pelo americano, TRACY
LETTS, também ator e roteirista, e encenado, pela
primeira vez, em Chicago, em 1993. Em
pouco mais de duas décadas, a peça já foi vista em mais de quinze países,
incluindo cidades como Nova York e Londres, traduzido em doze idiomas e já teve
a sua versão cinematográfica.
Este
é seu segundo texto encenado no Brasil.
O primeiro foi “Bichado”,
levado ao palco em 2012, em São Paulo, não tendo chegado ao Rio de Janeiro,
salvo algum engano de minha parte. Nele,
um soldado norte-americano, desertor da Guerra do Golfo,
obcecado por insetos, desenvolve uma estranha paranoia, acreditando que o
governo de seu país usara-o em experimentos secretos. Outro texto muito interessante do autor.
Quando
escreveu “KILLER JOE”, TRACY LETTS era um ilustre
desconhecido. Hoje, é um nome respeitado,
na dramaturgia norte-americana e em outros países, principalmente depois de ter
conquistado o Pulitzer, em 2008, com
“Álbum de Família”. Este título, de LETTS, nos reporta a uma peça homônima, de Nélson Rodrigues, entre os quais podemos identificar muitos pontos
em comum.
O
espetáculo KILLER JOE, que estreou
em junho de 2014 no minúsculo espaço do Teatro
e Bar Cemitério dos Automóveis (32 lugares), em São Paulo, estava previsto
para uma temporada de apenas dois meses, sem muita expectativa de boa
aceitação, por parte do público e da crítica.
Ocorre que os dois meses se transformaram numa longa temporada, de um
ano, com dezenas de pessoas voltando, frustradas, para suas casas, a cada
sessão, por não terem conseguido um ingresso para a peça. Aqui, no Rio, é o primeiro trabalho da Companhia Cemitério de Automóveis.
Ana Hartmann e Carcarah.
O original de “KILLER JOE”
sofreu uma boa tradução,
para o português, de MAURÍCIO
ARRUDA MENDONÇA, que não nos poupa do
contato com um vocabulário forte e chulo, puro realismo, bem dentro das
características de cada personagem.
Adequa-se, perfeitamente, ao chamado estilo “pulp”, encontrado em
revistas, novelas, romances e filmes (faltava o TEATRO), considerado
subliteratura, que se caracteriza por aventuras com
violência, chocantes e sensacionalistas. Tanto que um famoso filme de Quentin Tarantino, lançado em 1994 e
que tanto sucesso fez, “Pulp Fiction”,
recebeu, entre nós, o subtítulo de “Tempo
de Violência”.
O
espetáculo é bem do feitio do trabalho explorado pela Companhia Cemitério de Automóveis, voltado para o mundano, o universo
do mundo cão, o submundo dos bandidos, dos vícios, das drogas, das bebidas, da
prostituição (O quê?! Lembrou-se de Plínio Marcos? Por que será?!...)... Tudo é tão promíscuo, em cena... A verdadeira estética do horror. Se a intenção é provocar medo e comiseração, chocar,
horrorizar o público, sem dúvida, o objetivo é alcançado. Ouvem-se, a todo momento, na plateia, risos
nervosos, além de muxoxos curtos e abafados.
Parece até faltar oxigênio, em determinados momentos, tal é a
“contaminação” do ar que dividimos, atores e público, no acanhado espaço do Teatro Poeira.
Se podemos qualificar TRACY LETTS de arrojado, corajoso, atrevido, por escrever sobre
gente inescrupulosa, repugnante, que provoca repulsa, muito distante dos personagens
de comerciais de margarina, que representam a típica família classe média
americana e seu “american way of life”,
não poderíamos negar os mesmos adjetivos a MÁRIO
BORTOLOTTO, que assina mais uma de suas brilhantes direções, e que não se preocupa em agradar a quem procura, no TEATRO, apenas uma diversão leve,
digestiva. Ao contrário, torna-se muito
difícil digerir o seu TEATRO, sem
correr, inclusive, o perigo de uma indigestão.
É um prato, intencionalmente, muito pesado, principalmente para ser
“degustado” à noite. MÁRIO é um dos nossos melhores
diretores, infelizmente, conhecido, no Rio de Janeiro, apenas por quem é mais
chegado ao TEATRO. Espero não ter mais de ir a São Paulo para
ver seus trabalhos. Que venham todos
para cá! Também é um bom ator e ótimo
autor, já tendo sido indicado a vários prêmios de TEATRO, tendo conquistado alguns.
Aline Abovski e Ana Hartmann.
A peça é um balde de água quase congelando, vinda dos polos,
sobre as cabeças de quem tem a ideia de perfeição e prosperidade da típica
família americana, a das telinhas e telonas.
Trata-se, a de KILLER JOE, de
uma “família” mais que disfuncional: grotesca.
Por ter reunido um elenco corajoso e muito competente,
que topou as propostas do diretor, MÁRIO BORTOLOTTO conseguiu montar um
espetáculo com um teor de verdade cênica, de um realismo superlativo, cujo
saldo, ao final de cada sessão, é um chafariz de adrenalina, jorrando dos sete
buracos da cabeça de cada ator, no palco; de cada espectador, na plateia; e
(Por que não dizer?) de cada técnico, nos bastidores.
Creio que os personagens da peça não se dão conta do
quanto não prestam, e quão vis e doentes são.
Há uma patologia mental tão exacerbada neles, que até poderiam ser
considerados amorais e isentos de qualquer “culpa”, não fosse tão grande o
requinte de perversidade contido em cada fala e em cada gesto, não escapando
ninguém, nem mesmo a “aparentemente ingênua” DOTTIE, explicitamente perturbada psiquicamente, um misto de
retardada mental e sonsa, de inimputável e cúmplice consciente de um bárbaro
crime.
Sobre o elenco
da peça, posso assegurar que cada um dos atores demonstra uma total entrega ao
personagem, quase que sem destaques.
O elenco.
Como
protagonista, JOE COPPER, ou KILLER JOE, é representado por CARCARAH (Carlos Henrique Figueroa,
parece-me ser seu nome civil). O
personagem é um detetive profissional, funcionário público (Portanto, um
representante da “lei”. Veio-lhe à
cabeça alguma relação com a atual situação política brasileira?), porém um
grande profissional do crime, com um considerável currículo e grande
especialista em extermínios encomendados.
Em função da falha no plano sinistro, aceita receber, como “pagamento”,
os favores sexuais de DOTTIE,
passando a ser o seu “dono”. O ator se
sai bem na composição do personagem. Na
sua primeira entrada, achei que estaria diante de algo bem estereotipado, que
pudesse chegar ao patamar do ridículo, principalmente em função de sua postura,
meio na linha dos cow-boys” do faroeste americano. Enganei-me.
O personagem assusta, por seus instintos nada convencionais. Bom trabalho do ator!
De
pé, Carcarah (Joe), num dos seus muitos momentos de fúria.
Apesar de todo o elenco estar bastante nivelado, por
cima, destaco, com apenas um pouco de vantagem sobre os demais, GABRIEL PINHEIRO (CHRIS) e ANA HARTMANN (DOTTIE).
CHRIS é o
responsável pela existência da macabra trama.
Representante legítimo do submundo, em todas as suas classificações e
particularidades, é um pária, que vive com a mãe, desempregado, sem estudos,
viciado em drogas, “avião” do tráfico e, ainda apor cima, ameaçado de morte por
representantes deste, por “descumprimento de compromisso”. O personagem exige muito do ator incumbido de
representá-lo e requer, para isso, bastante talento e uma enorme dose de
disposição, física e psicológica. É
muita pressão para um ator só!!!
Encontrou, em GABRIEL, um
perfeito “cavalo”, para que “o santo baixasse”.
Fiquei bastante impressionado com o grau de naturalidade e realismo com que o ator executa seu
trabalho. Um forte candidato a prêmios!
Gabriel
Pinheiro.
ANA convence a plateia logo em sua primeira aparição,
num episódio de sonambulismo, adentrando o espaço onde o pai está tomando
conhecimento da proposta do filho. E ela
ouve tudo. Percebe-se, logo de cara, uma fragilidade
e inocência da personagem, a serem questionadas, com o desfecho da peça. Ao longo do espetáculo, o público vai
percebendo os traços de debilidade mental de DOTTIE. Apesar de (Ou “por
causa de”.) tudo isso, entra no jogo proposto pelo irmão, mas acaba caindo na
teia, minuciosa e ardilosamente, armada por JOE. Sua reação, no desfecho
da trama, é surpreendente, de deixar o público de queixo caído. A atriz gaúcha já foi premiada por sua
atuação na peça, o que tem grandes chances de se repetir.
Ana
Hartmann (Dottie), em primeiro plano, “cortejada” por Joe (Carcarah).
ANSEL (FERNÃO
LACERDA) é o pai, o chefe daquela “família”, um homem rude, trabalhador
rural, bebedor compulsivo de cervejas e apreciador de maconha. Apesar da aparência de esperto” e durão, é
covarde e, interesseiro que é, sem nenhum escrúpulo, por se tratar da
ex-mulher, cai, facilmente, na lábia do filho, que ele conhece muito bem, como
sendo um vagabundo, um desclassificado. É incapaz de perceber que dorme com o inimigo,
SHARLA. Gostei da atuação do ator, cujo trabalho eu
não conhecia.
Fernão
Lacerda.
Fechando o elenco, “last, but not least”, falemos do
ótimo trabalho de ALINE ABOVSKY, que
interpreta a periguete e oportunista SHARLA. Visivelmente, é quem mais sofre, fisicamente,
durante a encenação. A atriz compõe, com
bastante competência, a personagem e demonstra muita garra, nas violentas cenas
com CARCARAH, no final da peça, após
este ter “decifrado o enigma”. A plateia
sofre com, e por, ela e tem vontade de interferir na cena (Eu tive.), mesmo conhecendo
o “enigma”, do qual ela é a peça chave. Muito
bom o trabalho da atriz, que eu também não conhecia anteriormente e que espero
ver em outros espetáculos.
Aline
Abovski.
Fica um pouco difícil acreditar que o ótimo cenário, de MARIKO e SEIJI OGAWA,
represente o interior de um “trailer”, que todos sabemos ser um espaço exíguo,
claustrofóbico até. Nem mesmo um super e
moderníssimo “home car”, bem equipado, dispõe de tanto espaço. A decisão da dupla de cenógrafos deve ter
sido tomada por motivos práticos, apenas para favorecer bastante a circulação
dos atores no espaço cênico e, por não corresponder, fielmente, à realidade, a cenografia pode ser considerada uma
“licença poética”. Não há o menor
problema. Gostei muito dos detalhes contidos
no cenário, mas confesso que
gostaria de ver a ação se passar dentro de um contêiner, por exemplo, como no
espetáculo “Blackbird”.
A
conquista.
O figurino, de
LETÍCIA MADEIRA, é satisfatório e
não compromete, em nada, a encenação.
A ótima sonoplastia,
do diretor, e as chamadas inserções sonoras, de GABRIELA SPACIARI e de uma pessoa que
se assina, artisticamente, como NINGUÉM,
assim como os efeitos especiais, de KAPEL FURMAN, RODRIGO TELLES e VICTOR
AKKAS, também são fundamentais, para que a história seja bem contada.
O reforço, na divulgação
do espetáculo, está bem entregue, nas mãos de JOÃO e STELLA, da JS PONTES COMUNICAÇÃO, na parte de assessoria de imprensa.
A PROMISCUIDADE
está presente em tudo, nesta peça: no tipo de moradia; no comportamento dos
personagens, principalmente no que diz respeito ao vocabulário chulo e no altíssimo
volume de voz; no comer, grotescamente, frango frito, empanado, de uma
conhecida cadeia de “fast-food”, com as mãos, a gordura a correr pelo canto das
bocas; na ingestão excessiva de cerveja (Chegam a não beber todo o conteúdo de
uma lata e já abrem outra, ou garrafa.); na desarrumação da “casa”, um
verdadeiro caos; e no lixo acumulado por todo o espaço cênico...
O que
esse tipo de TEATRO pode agregar, em
termos de valores positivos? Por
incrível que possa parecer, muito.
Talvez nem tanto, como fator de informação e formação, com o objetivo de
criticar um “status quo”. Por outro
lado, como representação artística, vale a pena a ida ao Teatro Poeira, para conferir a minha empolgação com o espetáculo.
Recomendo muito!!!
A casa está caindo?
Está caindo?
Caiu?
FICHA TÉCNICA:
Texto: Tracy Letts
Tradução: Maurício Arruda Mendonça
Direção: Mário Bortolotto
Assistentes de Direção: Gabriella Spaciari e Valentine
Durant
Iluminação: Fernando Azevedo
Elenco (por ordem alfabética): Aline Abovski (Sharla), Ana
Hartmann (Dottie), Carcarah (Joe Copper
ou Killer Joe), Fernão Lacerda (Ansel) e Gabriel Pinheiro (Chris)
Cenário: Mariko e Seiji Ogawa
Cenário: Mariko e Seiji Ogawa
Figurino: Letícia Madeira
Sonoplastia: Mário Bortolotto
Inserções Sonoras: Gabriella Spaciari e Ninguém
Operação Técnica: Gabriel Oliveira (Little Beat)
Efeitos Especiais: Kapel Furman, Rodrigo Telles e Victor
Akkas
Coreografia das Lutas: Aline Abovkki e Mário Bortolotto
Programação Visual: André Kitagawa
Fotos: Hudson Motta e Leekyung Kim
Produção: Aline Abovsky (SP), Ana Hartmann (SP) e Ana Nero (RJ)
Produção Executiva: Carcarah
Assessoria de Imprensa: JS Pontes Comunicação – João Pontes
e Stella Stephany
Entre
uma coxa e um peito de frango empanado, a verdade vai surgindo.
Fim
trágico.
SERVIÇO:
Temporada: Até 26 de agosto.
Local: Teatro Poeira – Rua São João
Batista, 104 – Botafogo, RJ
Telefone: (21) 2537-8053.
Horários: Às 3ªs e 4ªs feiras, às 21h.
Ingressos: R$50,00 e R$25,00 (meia entrada).
Horário de funcionamento da bilheteria: De
3ª feira a sábado, das 16h às 21h; domingo, das 16h às 20h.
Formas de Pagamento: dinheiro e todos os
cartões de débito e crédito (NÃO ACEITA CHEQUE.).
Vendas: ingresso.com
Duração: 90min.
Capacidade: 90 espectadores (ACESSO A
CADEIRANTES).
Gênero: Drama.
Classificação: 16 anos.
Sim, a casa caiu!!!
(FOTOS:
HUDSON MOTTA
e
LEEKIUNG KIM.)
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