quinta-feira, 28 de julho de 2022

 “WEST SIDE STORY”

ou

(“OBRA-PRIMA”

É INSUFICIENTE

PARA DEFINIR

ESTE MAGNÍFICO

ESPETÁCULO.)




    Iniciei a minha segunda temporada anual de TEATRO, referente a 2022, em São Paulo, no dia 21 próximo passado, por “WEST SIDE STORY”, no suntuoso Theatro São Pedro. Antes de fazer a análise mais profunda possível do espetáculo, transcrevo três publicações que fiz, numa rede social:



 

 

A primeira, no intervalo do “show”, às 21h46min: Intervalo de ‘WEST SIDE STORY’. Amigos, rezem por mim, para que eu sobreviva até o final do segundo ato e não sofra um infarto, ou enfarte, o que daria no mesmo. Deus me proteja! QUE OBRA-PRIMA!!!

 

A segunda, no hotel, aos 17 minutos já do dia 22: Acabou “WEST SIDE STORY” e, apesar de quase ter precisado de uma tenda gigantesca de oxigênio, EU SOBREVIVI. Não me perguntem como. A poltrona ao me lado era a única vazia, na plateia. Mas, na verdade, ela não estava. Deus sentou-se ao meu lado. Chorei tudo o que eu tinha para chorar, até o último dia da minha vida. E ainda espero chegar aos 100, INDO AO TEATRO. Existe alguma classificação acima de OBRA-PRIMA? Se houver, foi criada para “WEST SIDE STORY”. Quanto orgulho dos meus muitos queridos e talentosíssimos amigos do elenco, de todos os artistas de criação, dos técnicos e de CHARLES MÖELLER e CLAUDIO BOTELHO!!! Espero que o chafariz de adrenalina que jorra pelos sete buracos da minha cabeça me deixe dormir.

 

A terceira, no hotel, no mesmo dia da segunda, às 09h43min: Daquelas noites que nos emocionam ao extremo, que nos transportam ao Nirvava, dão-nos a certeza de que A ARTE SALVA e de que O ARTISTA BRASILEIRO NÃO DEVE, ABSOLUTAMENTE, NADA A QUALQUER OUTRO. “WEST SIDE STORY”, em curtíssima, e incompreensível, temporada, no belíssimo e centenário Theatro São Pedro, em São Paulo, e, ATÉ O PRESENTE MOMENTO, A COISA MAIS LINDA QUE JÁ VI NUM PALCO, QUE ME FEZ CHORAR LITROS E QUASE ENTRAR EM TRANSE, EM MUITAS CENAS. EU NÃO ESTOU EXAGERANDO. E olha que, em mais de 50 anos dedicados ao TEATRO, eu já vi muita coisa que pensava que jamais seria superada. Não vejo a hora de voltar para o Rio, sentar-me diante do computador e dedicar, com certeza, mais de um dia a escrever sobre este musical, muito mais do que uma OBRA-PRIMA.

 

 

THEATRO SÃO PEDRO


Foto: Gilberto Bartholo


THEATRO SÃO PEDRO

Foto: Gilberto Bartholo


THEATRO SÃO PEDRO


    Voltei ao Rio, estou sentado em frente ao computador e completamente sem saber por onde começar. São 17horas e 27minutos. O conjunto das três postagens, talvez, fosse o suficiente para alguém considerar já ter eu escrito uma crítica sobre esse magnífico espetáculo, entretanto é minha intenção seguir as características que me identificam, como crítico, e aceitar a realidade de que levarei horas, mais de um dia, para ficar satisfeito com o que escrevi, cônscio de que era o que deveria ser dito, da forma mais completa e abrangente possível.



        Desde minha adolescência, sou, arrebatadoramente, apaixonado pelo musical, que conheci, primeiro no cinema (Já há alguns anos, tenho, primeiro, em VHS e, depois, em DVD, a primeira versão cinematográfica, na qual, a título de curiosidade, o namorado de uma amiga minha, à época, estando em Nova Iorque, morando e trabalhando temporariamente lá, ao passar pelo “set” de filmagem, numa rua, foi convidado a fazer uma figuração.).



      O musical conta com libreto de ARTHUR LAURENTS, música de LEONARD BERNSTEIN e letras de STEPHEN SONDHEIM. Já isso seria uma “covardia” e representaria um selo de qualidade insuperável. Embora a maioria das pessoas já o saiba, nunca deve ser considerado irrelevante lembrar que a obra foi inspirada numa das clássicas tragédias shakespearianas, “Romeu e Julieta”.


ARTHUR LAURENTS

LEONARD BERNSTEIN


STEPHEN SONDHEIM


JEROME ROBBINS

        WEST SIDE STORY” estreou, em 26 de setembro de 1957, em Nova Iorque, com uma icônica coreografia de JEROME ROBBINS, que também assinou sua direção, e ficou em cartaz durante quase dois anos, na Broadway, com 732 apresentações. Nas telas, ganhou duas versões. A primeira foi em 1961, tornada um clássico e vencedora de 10 “Oscars”. Uma verdadeira OBRA-PRIMA!!! A segunda chegou ao Brasil em dezembro de 2021, dirigida pelo cineasta Steven Spielberg, cuja leitura, apesar de ser muito boa e de ter ganhado 3 “Globos de Ouro” e 1 “Oscar”, de melhor atriz coadjuvante, para Ariana DeBose, na minha modesta opinião, ficou bem aquém da primeira. Ouro, a primeira; prata, a segunda. O musical é reconhecido, até hoje, como um dos maiores títulos da história da Broadway.

 




SINOPSE:

A trama se passa no bairro de Upper West Side, em Nova Iorque, de minoria étnica e classe trabalhadora, em meados dos anos 1950.

O musical explora a rivalidade entre dois grupos de adolescentes, de diferentes origens étnicas: os “Jets”, uma gangue branca, de nascidos nos Estados Unidos, e os “Sharks”, constituída por porto-riquenhos.

Os membros dos “Sharks”, de Porto Rico, são insultados, perseguidos e rejeitados pelos “Jets”, uma gangue que os considerava uma raça “inferior” e “intrusos”, “não norte-americanos”, ainda que Porto Rico tenha se tornado território dos Estados Unidos, em 1898, depois que os americanos derrotaram a Espanha, na guerra hispano-americana. Desde então, Porto Rico faz parte dos Estados Unidos, sendo controlado pelo governo, em Washington D.C. Os habitantes da ilha também podem entrar, livremente, no territóriuo norte-americano, sem necessidade de visto, transitar, à vontade, por lá e morar naquele país.

O jovem protagonista, TONY (BETO SARGENTELLI), ex-líder dos “Jets” e melhor amigo do novo líder da gangue, RIFF (ANDRÉ TORQUATO), se apaixona por MARIA (GIULIA NADRUZ), recém-chegada à América, irmã de BERNARDO (GUILHERME LOGULLO), que lidera os “Sharks”, e é correspondido.

Os “Jets” e os “Sharks” lutam pelo domínio do bairro, seguindo um código próprio de guerra e honra, e o amor entre dois jovens, pertencentes a grupos rivais, vai acabar numa tragédia, na qual três vidas são inutilmente sacrificadas.

A paixão dos dois jovens fere princípios, em ambos os lados, acirrando, ainda mais, a disputa.

 

 




“O tema sombrio, música sofisticada, cenas estendidas de dança e foco em problemas sociais marcaram um ponto de viragem no TEATRO MUSICAL AMERICANO”. As canções de BERNSTEIN, para o musical, como  “Somewhere, “Tonight”, “Maria” e “América”, por exemplo, gravadas por grandes cantores de renome, tornaram-se bastante conhecidas e ícones do cancioneiro norte-americano.



A montagem original da Broadway, de 1957, produzida por ROBERT E. GRIFFITH e HAROLD PRINCE, marcou a estreia de STEPHEN SONDHEIM na “meca” dos musicais. A produção do “show” que ficou por mais tempo em cartaz foi em Londres. Houve, ainda, vários “revivals” e montagens internacionais, incluindo o Brasil e Portugal. A primeira, em nosso país, ocorreu em 2008, no Teatro Alfa, em São Paulo, com direção de Jorge Takla, coreografias de Tania Nardini e direção musical de Gustavo Petri. O elenco principal era formado por Fred Silveira (Tony), Bianca Tadini (Maria), Sara Sarres (Anita), Luciano Andrey (Riff), Adalberto Halvez (Bernardo) e Francarlos Reis (Doc).



A atual montagem se dá no palco do Theatro São Pedro, também em São Paulo, e está calcada na montagem original, para, infelizmente, apenas 25 récitas, com direção geral de CHARLES MÖELLER e versão brasileira de CLAUDIO BOTELHO. A direção musical está a cargo de CLÁUDIO CRUZ, que comanda a ORQUESTRA DO THEATRO SÃO PEDROFABIO NAMATAME assina os figurinos, a cenografia é de ROGÉRIO FALCÃO, a iluminação é desenhada por PAULO CESAR MEDEIROS e a remontagem da coreografia leva o nome de MARIANA BARROS.



Por se tratar de uma produção tão singular e “classuda”, achei bem interessante e oportuno que o substantivo “sessões”, no plural, que designa cada uma das vezes em que o “show” é apresentado, tivesse sido trocado por “récitas”, termo aplicado a apresentações em TEATRO lírico, óperas. O vocábulo escolhido, na divulgação do espetáculo, faz jus à sua extremíssima qualidade, importância e altivez. Pode ser um detalhe ou um comentário, aparentemente, “pueril”, mas que representou muito para mim. Eu não assisti a uma “sessão” de “WEST SIDE STORY”; assisti a uma “récita” (Encho o peito, para dizer isso.)







Segundo o mestre em musicais e diretor geral desta montagem, CHARLES MÖELLER, “WEST SIDE STORY” é um dos maiores espetáculos da história e pode ser considerado um “divisor de águas”, uma vez que “é a maturidade, em que o texto falado é tão profundo e importante quanto a música cantada e a dança. É onde as três artes se juntam por excelência”. Comentando essa afirmação de MÖELLER, pelos modestos estudos e conhecimentos que tenho de musicais, meu gênero teatral preferido, sou levado a concordar com ele. Não me lembro de nada, antes, em que os três elementos se amalgamassem tão bem e com o mesmo peso. A dramaticidade que marca a obra está presente nos perfeitos diálogos, nas letras das belíssimas canções e em todo o desenho coreográfico. Cada um deles corresponde, indubitavelmente, a um terço de um inteiro.  


CHARLES MÖELLER


 CLAUDIO BOTELHO, responsável pela brilhante versão brasileira atual, afirma que “WEST SIDE STORY” “é um espetáculo forte, renovador, considerado uma dessas obras que dão o pontapé inicial em quem decide trabalhar com teatro musical”. Com relação às palavras de BOTELHO, têm elas a minha total aprovação. Se, num elenco desse musical, houver algum estreante, tenho certeza de que “será mordido pelo bichinho dos musicais” e não vai querer fazer outra coisa no palco.


CLAUDIO BOTELHO


“WEST SIDE STORY” é atemporal, contém uma exacerbada carga dramática (Isso não é um defeito; pelo contrário, é a sua excelente proposta.) e representa um grande desafio, para todos os artistas envolvidos numa de suas montagens. Além disso, talvez, seja muito mais moderno e atual do que se possa pensar, dado que a temática muda de cara e de cores, mas seu âmago está presente, ainda, infelizmente, nos dias de hoje. A essência é a mesma, apresentada em “outras vestimentas”.



Há um vocábulo, no léxico da língua portuguesa, tão na moda, “polarização”, que se aplica à trama, envolvendo intolerância, falta de empatia e necessidade do ser humano em demonstrar força e poder. Trava-se um embate inglório, totalmente injustificável, desnecessário, em nome de conquistas e demonstração de superioridade.



Assistir à montagem de “WEST SIDE STORY”, dirigida pela dupla MÖELLER & BOTELHO, era das minhas maiores aspirações, e aguardei, com muita ansiedade, a chegada do grande dia. A emoção já começou a tomar conta de mim, quando desci de um aplicativo, coloquei os pés na calçada, olhei um pouco para o alto e vi a fachada do deslumbrante Theatro São Pedro, que eu não conhecia ainda, centenário, inaugurado em 1917, uma instituição do Governo do Estado de São Paulo e da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado, gerido pela organização social Santa Marcelina Cultura, construído em estilo eclético, predominantemente neoclássico, com detalhes em “art nouveau”. Uma casa perfeita, para abrigar um espetáculo do nível, do quilate de “WEST SIDE STORY”.



Tudo o que eu poderia esperar do produto final deste trabalho, que já era, absurdamente, algo grandioso, estava lá, à minha frente, muito mais potencializado ainda, superando todas as minhas expectativas e provocando, em mim, um misto de uma transbordante alegria e receio de não conseguir suportar tamanha emoção, a cada nova cena. Faço questão de dizer que não estou exagerando nem “fazendo gênero”. O abrir das cortinas, deixando à mostra a impactante visão do cenário, criado por ROGÉRIO FALCÃO, os primeiros acordes da canção inicial, o som de dedos estalando e a sequência coreográfica inicial, com cerca de dez minutos, já eram um prenúncio de que uma OBRA-PRIMA estava sendo desenhada diante dos meus olhos e que eu teria de ter muitas lágrimas armazenadas, para reagir àquela apresentação.



Não se tratava, absolutamente, de mais um ótimo musical que eu estaria vendo. Seria algo, como, realmente foi, que marcaria a minha vida, não de crítico, mas de espectador e amante de TEATRO, com ênfase para os musicais. É preciso ser muito insensível, para não ficar com as palmas das mãos vermelhas, de tanto aplaudir, e com a voz embargada, de tanta emoção e por ter forçado as cordas vocais, bradando muitos gritos de “Bravo!”.



Tenho uma teoria, já bem antiga, sobre este musical: a história não é original, entretanto a transposição dos conflitos pensados por Shakespeare (“Romeu e Julieta” deve ter sido escrita entre 1593 e 1594.) para pouco mais de três séculos e meio depois é, e sempre será, válida, porquanto há motivações diferentes, para a existência de tais conflitos e do tema abordado na peça. Mas a teoria a que me referi, no início do parágrafo, é a de que “WEST SIDE STORY” é um bolo com duas cerejas, o que considero mais importante e lindo e emocionante no espetáculo, seja no palco, seja nas telas: a música e a coreografia.



Não gastarei muito tempo, para falar do texto, a não ser o mínimo necessário, que é um elogio à versão brasileira, feita por CLAUDIO BOTELHO, quer para os diálogos, quer para as letras das canções, o que é mais difícil de ser feito (Encaixar palavras em compassos, fazer esse “casamento”, mantendo o que o original quer dizer.), porém não para ele, que é um “craque” nesse fazer.



A parte musical, incluindo melodias e letras, é de fazer arrepiar. Leia-se LEONARD BERNSTEIN e STEPHEN SONDHEIM, respectivamente, dois grandes gênios. São canções bem “quentes” e um afago nos nossos ouvidos, misturando ritmos caribenhos com americanos, sem falar nas que são, extremamente, românticas. Todas, sem nenhuma exceção, são mais do que ajustadas às cenas em que estão presentes e ajudam a contar a história. Algumas apresentam momentos de grande exigência das vozes dos que as interpretam, e não é qualquer um que consegue levar a cabo isso da forma irretocável, como se comportam todos do elenco da montagem ora analisada. Ainda relacionado a essa parte, seria imperdoável não render uma merecidíssima homenagem à ORQUESTRA DO THEATRO SÃO PEDRO, sinfônica, formada por quarenta músicos, regidos pelo maestro CLÁUDIO CRUZ, responsável pela impecável direção musical. É muito difícil de se acreditar que isso ainda exista, nos dias de hoje, um verdadeiro privilégio, um “luxo”.



  Sem, absolutamente, contar com uma expertise com relação à dança, falo somente o que é de minha modesta competência: a coreografia é um primor, e sua execução idem. Agrada-me sobremaneira, parece provocar o espectador (Comigo, pelo menos, é assim.), convidando-o a se movimentar, na poltrona, com vontade de se juntar aos que executam os números coreográficos, no palco. MARIANA BARROS se comporta com total profissionalismo, na remontagem da coreografia original, de JEROME ROBBINS.



 Já disse que a cenografia, de ROGÉRIO FALCÃO, é impactante, mas isso seria muito pouco; é preciso justificar esse juízo. Como a história se passa em vários ambientes, internos e externos, acredito ser um projeto muito complexo para qualquer cenógrafo, mesmo para os mais conceituados, entretanto é inacreditável ver de que forma ROGÉRIO deslindou esse “problema”, com soluções muito criativas e, ao mesmo tempo, lindas, e tudo a serviço das cenas e da direção. As passagens de uma ambientação a outra são feitas, em pouquíssimos segundos, com entradas e saídas de elementos cenográficos em cena, descidas e subidas de outros, viradas de um painel, deixando à mostra outro, e assim por diante... Um ambiente de rua se transforma, por exemplo, num piscar de olhos, num ginásio de esportes, onde se realiza um baile estudantil, com uma simples subida de grades e a descida de uma tabela de basquetebol e fitas coloridas, para compor a decoração de uma quadra de esportes, transformada num “salão de festa”. A rapidez com que essas trocas são feitas é importantíssima, para não comprometer o ritmo do espetáculo, que é ótimo, diga-se de passagem, graças à maestria de CHARLES MÖELLER, diretor desta OBRA-PRIMA.



Cada vez mais, numa montagem teatral, faz-se necessária uma “conversa bem íntima” entre cenografia e iluminação. E quando os responsáveis por ambas são profissionais vencedores, em suas carreiras, o resultado mais agrada ao público. Uma boa iluminação valoriza, mais ainda, uma boa cenografia. PAULO CESAR MEDEIROS sabe muito bem, melhor do que ninguém, disso e criou um desenho de luz esplêndido, abusando, no melhor sentido da palavra, de uma variada paleta e de intensidades de luz, provocando imagens que, dificilmente, um dia, deixarão de existir na nossa memória afetiva. Muita luz, colorida, nas cenas em que isso é solicitado, e uma iluminação mais tênue, com sombras propositais, nos momentos em que o tom dramático mais se faz presente, ou nas cenas de profunda tensão emocional. Obra de outro gênio.



 FABIO NAMATAME, como sempre, foi de uma felicidade extrema, ao desenhar e supervisionar a confecção dos inúmeros figurinos, os quais, além de serem fiéis à época em que se dá a trama, precisariam de uma costura especial, em função da exigência dos movimentos dos atores, dançando ou nas cenas de luta corporal. Todas as peças são perfeitas, em todos os sentidos, e o conjunto da obra é digno dos maiores aplausos.



 E o elenco? O que dizer dele? Apenas que é admirável, deslumbrante, esplendoroso, portentoso, perfeito, brilhante, colossal... (Encontrei 76 sinônimos para “magnífico”, para tentar não repetir um epíteto que o adjetivasse.)? Se encontrasse muitos mais que 76, acho que eu teria de criar um neologismo que se adequasse ao trabalho do conjunto de artistas que vi em cena, dos protagonistas aos que representaram personagens de menor relevância (Os personagens. Que isso fique bem claro!). A impressão que nos passa é a de que – Acho que não é impressão; é pura certeza – cada um, ao ser convidado para representar um personagem ou selecionado numa audição, deve ter pensado: “Esta é a grande chance da minha vida”. “Este é o meu momento”. “Eu vou incluir ‘WEST SIDE STORY’ no meu currículo”. E, para isso, não ninguém poupou esforços nem ocultou seu talento e apostou todas as fichas no seu trabalho. Não há um, naquele palco, ator ou atriz, que deixe a desejar. Muito pelo contrário; todos “conquistaram o seu território”, com muita garra e talento. Que privilégio, para um diretor, poder contar com tanta gente que sabe tudo de musicais!



 O par romântico de protagonistas, GIULIA NADRUZ e BETO SARGENTELLI, dá-nos a impressão, ou certeza, de que não poderia ser outro, tais são os talentos de ambos, interpretando, cantando e dançando, e a sintonia, para não utilizar o já tão desgastado termo “química”, que há entre eles. Ambos nos comovem, às lágrimas, na defesa do seu direito à felicidade, pela verdade do amor entre os dois, na convicção de que o amor não vê qualquer tipo de obstáculo, que, para amar, não importam diferenças, de qualquer tipo, principalmente, talvez, as étnicas. Para o amor, não há limites, e, por ele, deve-se lutar sempre, ainda que, por um infortúnio, algum sacrifício, como o da morte de uma das partes aconteça. Morre um, literalmente, e a outra metade “morre em vida”. Que seja um “dramalhão”, para uns, que preferem outros tipos de histórias, mas a beleza e a pureza do sentimento entre os dois nos encantam e nos comovem em grande profusão.



 Tanto BETO quanto GIULIA, são, sem a menor sombra de dúvidas, dois dos maiores representantes de intérpretes de musicais de sua geração. São aplicadíssimos naquilo que fazem, mergulham nas profundezas de seus personagens – sempre agem assim -, e o resultado é algo que nos leva a crer – digo isso aos quatro cantos do mundo, e em bom e alto som – que O ARTISTA BRASILEIRO NÃO FICA NADA A DEVER AOS GRANDES NOMES ESTRANGEIROS, EM TERMOS DE MUSICAIS. O som de suas vozes são bálsamos para nossas almas. Tenho muito orgulho de ambos, da mesma forma como incenso outros do elenco, principalmente os que interpretam os principais personagens da trama, como INGRID GAIGHER (ANITA), ANDRÉ TORQUATO (RIFF) e GUILHERME LOGULLO (BERNARDO). MARIA e TONY nascem das entranhas de GIULIA NADRUZ e BETO SARGENTELLI, em interpretações viscerais.





 Com relação a INGRID GAIGHER, ela – ignoro o motivo - não participou da “récita” a que assisti. Como grande admirador de seu trabalho, não posso deixar de confessar minha frustração, quando soube, na véspera do dia em que eu iria ver a peça, que tal baixa ocorreria, mas não tinha como transferir para outra data, visto que a agenda já estava preparada, e confirmada, antes mesmo de eu sair do Rio de Janeiro, rumo a Sampa. Não sabia quem a substituiria. Na verdade, não estava me interessando saber, fosse quem fosse. Não seria a INGRID. “Fiquei no vácuo”, quando anunciaram, antes da abertura da cortina que “O papel de ANITA será interpretado, esta noite, por LUANA ZEHNUN.”, que eu não conhecia, ou não estava ligando o nome à pessoa. Qual não foi a minha agradabilíssima surpresa, ao vê-la atuar! Ocorre que LUANA, creio que muito consciente de sua responsabilidade, se armou de toda a sua munição de talento, que eu, repito, não conhecia, e interpretou uma ANITA irrepreensível, trabalho reconhecido, pelo público que lotava o Theatro, na hora dos aplausos finais. Fiquei de queixo caído com sua “performance”, sua magistral atuação, o que me levou a aplaudi-la de pé; mas aguçou a minha vontade de ver INGRID também, a titular do papel. Ainda tenho esperanças de rever, muitas outras vezes, o musical, no Rio de Janeiro, ainda que essa probabilidade seja bem remota, infelizmente, segundo apurei. 


  

Acompanho a carreira de ANDRÉ TORQUATO, que sempre admirei, há mais de dez anos, desde muito mais jovem, em montagens da dupla MÖELLER & BOTELHO e de outros diretores, porém não o via atuando fazia um bom tempo, muito por conta da pandemia de COIVID 19, que fechou os Teatros. Fiquei deveras encantado com o seu amadurecimento profissional e como é possível quem já é bom, no que faz, se tornar melhor, cada vez mais. Parece “ter nascido” RIFF. Um trabalho vigoroso.



 Outro que sempre me provoca grande prazer, ao vê-lo atuar, é GUILHERME LOGULLO. Já perdi a conta da quantidade de musicais em que o vi brilhando. Um detalhe bastante interessante é que, em todos eles, seus papéis nunca tiveram um peso dramático como exige seu personagem, BERNARDO. Neste espetáculo, conheci um outro LOGULLO, que canta e dança de forma excelente, assim como interpreta, porém só agora – acredito que seja a primeira vez – escancara seu lado de ator dramático. É comovente sua interpretação.






 Um veterano dos musicais, dono de uma possante voz, que, neste musical, não tem a oportunidade de mostrar, é FERNANDO PATAU (DOC), que aliviou muito a minha tristeza, durante a fase mais crucial da pandemia – AINDA NÃO SAÍMOS DELA - com suas “lives” diárias.



 Da primeira à ultima cena, todas me encantaram e impactaram, nesta montagem, mas devo dizer que duas fizeram acelerar as batidas do meu coração. Uma delas é o momento em que RAQUEL PAULIN, como uma diva, solta sua maviosa e “robusta” voz, interpretando o clássico “Somewhere”, da sacada de uma das casas do cenário, enquanto MARIA e TONY sonham, no meio do palco com “algum lugar” onde pudessem ser felizes, apenas isso, amando um ao outro. Tive a sensação de que não suportaria tanta emoção. A outra é o momento em que, em dueto, sem a menor chance de ser descrito, MARIA e ANITA se consolam, mutuamente, depois da morte de BERNARDO. Eu não sabia que as glândulas lacrimais de um ser humano pudessem produzir tanto líquido. 

  





      Todos, do elenco, contribuem, com uma parcela de apuro e talento, para me levar a classificar esta leitura de “WEST SIDE STORY” como uma OBRA-PRIMA do TEATRO MUSICAL BRASILEIRO.

 



 

FICHA TÉCNICA:

Baseado na concepção de Jerome Robbins

Texto: Arthur Laurents

Música: Leonard Bernstein

Letras: Stephen Sondheim

Produção original dirigida e coreografada por Jerome Robbins (Originalmente produzido, na Broadway, por Robert E. Griffith e Harold S. Prince, em acordo com Roger L. Stevens.)

 

ORQUESTRA DO THEATRO SÃO PEDRO

 

Direção Geral: Charles Möeller

Versão Brasileira: Claudio Botelho

Direção Musical: Claudio Cruz

Remontagem de Coreografia: Mariana Barros

Cenografia: Rogério Falcão

Figurino: Fabio Namatame

Iluminação: Paulo Cesar Medeiros

Fotos: Heloísa Bortz

 

ELENCO: Giulia Nadruz (Maria), Beto Sargentelli (Tony), Ingrid Gaigher (Anita), André Torquato (Riff) e Guilherme Logullo (Bernardo)

JETS BOYS: Gabriel Conrad (Diesel), Thadeu Torres (Action), Diego Martins (A-Rab), Danilo Barbieri (Baby John), Bruno Boer (Big Deal), Alvinho de Pádua (Snowboy) e Caru Truzzi (Anybodys)

JET GIRLS: Andreza Meddeiros (Velma), Mari Amaral (Graziella), Nathalia Serra (Minnie) e Larissa Leão (Clarice)

SHARKS BOYS: Victor Medeiros (Chino), Gabriel Querino (Pepe), Cezar Rocafi (Índio), Davi Tostes (Luis), Paulo Victor (Anxious) e Victor Vargas (Mordidelas)

SHARK GIRLS: Carol Botelho (Rosalia), Luana Zehnun (Consuelo), Moira Osório (Teresita) e Mariana Montenegro (Francisca)

OS ADULTOS: Fernando Patau (Doc), Romis Ferreira (Schrank), Ubiracy Paraná do Brasil (Krupke), Henrique Moretzsohn (Glad Hand) e Raquel Paulin (Uma Jovem)

SWINGS: André Gomes, Bia Freitas, Diego Fecini e Mari Nogueira

 

 


Foto: Gilberto Bartholo


Foto: Gilberto Bartholo



SERVIÇO:

 

Temporada: De 08 de julho a 07 de agosto de 2022.

Récitas: 08, 09, 10, 13, 14, 15, 16, 17, 20, 21, 22, 23, 24, 26, 27, 28, 29, 30 e 31 de julho; 02, 03, 04, 05, 06 e 07 de agosto.

Local: Theatro São Pedro.

Endereço: Rua Barra Funda, nº 171 – Barra Funda – São Paulo.

Dias e Horários: terças-feiras, quintas-feiras, sextas-feiras e sábados, às 20h; quartas-feiras, às 15h; domingos, às 17h.

Valor dos Ingressos: De R$15,00 (meia entrada) a R$80,00.

https://theatrosaopedro.byinti.com/#/event/westsidestory

Classificação Etária: 14 anos.

Gênero: MUSICAL. 


 



        Como a curtíssima temporada se encerra no próximo dia 07 de agosto (2022) e diante de uma mínima possibilidade de o musical vir para o Rio de Janeiro ou seguir para outras cidades, ainda dá tempo de correr ao Theatro São Pedro e ser testemunha de um dos maiores acontecimentos da HISTÓRIA DO TEATRO MUSICAL BRASILEIRO.

        Que saudade deixou!

Que vontade de ver muito mais vezes!




Foto: Leonardo Soares Braga

 

 

FOTOS (OFICIAIS): HELOÍSA BORTZ





GALERIA PARTICULAR:


Foto: Leonardo Soares Braga


Com Giulia Nadruz

Foto: Leonardo Soares Braga


Com Beto Sargentelli

Foto: Leonardo Soares Braga


Com Giulia Nadruz e Leonardo Soares Braga


Com Beto Sargentelli e Leonardo Soares Braga


Com Moira Osório

Foto: Leonardo Soares Braga


Com Nathalia Serra

Foto: Leonardo Soares Braga



E VAMOS AO TEATRO,

COM TODOS OS CUIDADOS!!!

 

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO

 DO BRASIL,

COM TODOS OS CUIDADOS!!!

 

A ARTE EDUCA E CONSTRÓI, SEMPRE!!!

 

RESISTAMOS, SEMPRE MAIS!!!

 

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PARA QUE, JUNTOS,

POSSAMOS DIVULGAR

O QUE HÁ DE MELHOR NO

TEATRO BRASILEIRO!!!




























































































































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