segunda-feira, 11 de julho de 2022

 “HISTÓRIAS

DO PORCHAT”

ou

(RIR É O MELHOR

REMÉDIO,

QUANDO SE SABE

COMO FAZER RIR.)

ou

(HUMOR

EM TEMPOS DE

PANDEMIA.)




         Acordo, saio da cama e, enquanto tomo meu banho e escovo os dentes, mesmo antes do café da manhã, num domingo ensolarado, no Rio de Janeiro (O verão chegou, no inverno, e se esqueceram de me avisar.), já fico morrendo de vontade de me sentar à frente do computador, para escrever uma crítica sobre um espetáculo a que assisti, no último sábado (9 de julho de 2022), no Teatro Casa Grande, pensando em como vou fazer isso. Sou crítico de TEATRO, e o que vi, ontem, foi a apresentação de um “stand-up”, que não é TEATRO. Ou será que é? Ou é um “show”? Sei lá, e isso pouco me importa! Só sei que A-DO-REI E JÁ RECOMENDO, DE SAÍDA!!! Eu nunca escrevi uma crítica sobre um “stand-up” e tenho que me reinventar agora, como crítico, visto que sua estrutura é completamente diferente da que se vê numa peça teatral.



E agora, Gilberto? (Estou igual ao “José”, do Drummond.) O espetáculo acabou; você se “arrebentou”, de tanto gargalhar; voltou para casa, dirigindo e rindo, por sorte com os vidros do carro fechados, revestidos pelo “insulfilm” mais escuro que existe, de modo a não permitir que ninguém, de fora do carro, percebesse que um “maluco” estivesse rindo “do nada”, sozinho; você foi dormir, leve e feliz, lembrando-se de algumas partes do que viu e ouviu, pensando em acordar e escrever uma crítica; e você não sabe como fazê-lo. E agora, Gilberto? Sai dessa! Ainda há tempo de desistir e dizer ao FÁBIO e ao assessor de imprensa, LUIZ MENNA BARRETO, que me fez o convite, e a quem agradeço muitíssimo, que “não vai dar para escrever”. Simples assim. Eles vão entender. Mas você é forte e não desiste. Não vai “entregar o jogo no primeiro tempo”. Para, pensa e vai à luta! Que os DEUSES DO TEATRO, que devem ser os mesmos dos “stand-ups”, me iluminem!   


  

Inicio esta crítica da maneira mais insólita possível: pela ficha técnica. O “insólito” não está em iniciar uma apreciação crítica de um espetáculo por ela, mas, sim, no que está contido nela, o que já me fez rir, quando recebi o convite para assistir ao mais recente espetáculo de FÁBIO PORCHAT, “HISTÓRIAS DO PORCHAT”, tão logo bati os olhos na tal da “ficha técnica”:

 

FICHA TÉCNICA:

Texto, Direção e Atuação: Fábio Porchat.

 

        É ou não é para rir? Apenas isso. E o melhor, ou pior, é que o nome do PORCHAT, nas três rubricas, não estava relacionado a uma “ficha técnica”, e, sim, fazia parte do SERVIÇO, que transcreverei mais adiante.



        Uma ficha técnica de um espetáculo de TEATRO deve conter, além dos elementos acima assinalados, os nomes dos artistas de criação e técnicos, além de outros, como, por exemplo, os de quem faz a assessoria de imprensa, as fotos, os do pessoal da produção... Onde estão os nomes do(a) cenógrafo(a), do(a) iluminador(a), do(a) responsável pelo som, do(a) figurinista) do(a)..., do(a)..., do(a)...? Mas não é uma peça de TEATRO. Essas pessoas “não existem”. EXISTEM, SIM, e são muitas e importantíssimas, como o próprio PORCHAT reconhece e faz alusão a elas, no final de sua excelente apresentação. Não resistindo, interrompi a escrita e fiz um contato com o FÁBIO, para falar sobre isso, e ele me passou alguns nomes, todos da maior competência: o consagrado JOSÉ DIAS assina o cenário; o grande mestre AURÉLIO DE SIMONI, a luz; e ROBERTA TOZATO criou o figurino. Todos são “feras”, no que fazem. Ainda que não eu não tenha tido acesso aos outros nomes – se, e quando, tiver, vou acrescentá-los -, de um “batalhão” de profissionais, “cada um no seu quadrado”, “fazendo a engrenagem funcionar”, quero dizer que todos trabalharam impecavelmente, para que o espectador possa assista a um espetáculo da maior qualidade.



        Para quem não sabe o que venha a ser um “stand-up” (Com ou sem hífen; prefiro com.), vai, aqui, uma ligeira explicação:Stand up” é um termo de origem inglesa, que, ao ser traduzido para o português, é o mesmo que ficar de pé ou levantar-se. O termo é bastante empregado em apresentações de humor, em que o artista-comediante faz sua apresentação sozinho, no palco, e em pé, em forma de monólogo, diante de um microfone de pedestal, podendo, vez por outra, retirá-lo de sua base e ficar com ele na mão, mas sem sair do lugar, sem cenário, acessórios e, geralmente, vestindo-se de modo comum. Na verdade, o nome original desse tipo de espetáculo é “stand-up comedy”, entretanto o brasileiro desprezou o último vocábulo. O seu início reporta-se ao final do século XIX e incluía o chamado ‘vaudeville’, ou ‘teatro de revista’. No Brasil, o ‘stand-up comedy’ começou a ganhar destaque por volta do ano de 2008, quando algumas emissoras de TV, como, por exemplo, a Globo e a Bandeirantes, começaram a apostar em artistas que já tinham projeção no TEATRO, como, por exemplo, Marcelo Mansfield, Marcelo Médici, Marco Luque, que integraram o projeto “Terça Insana”, como também Fábio Porchat, Danilo Gentili e Paulo Gustavo, que têm (Infelizmente, Paulo Gustavo já não está entre nós, para a nossa eterna tristeza e saudade.) seus programas televisivos, além de projetos cinematográficos. Programas como CQC (“Custe O Que Custar”), na Band, contaram com comediantes do ‘stand-up’, como Rafinha Bastos, Marco Luque e Oscar Filho. O Multishow é um dos canais que mais apostam nesta modalidade de humor...”


 



SINOPSE: 

“HISTÓRIAS DO PORCHAT” é o novo “show” de “stand-up” de FÁBIO PORCHAT.

Depois de um período longe dos palcos, o artista retorna com novas histórias, que prometem muitas risadas da plateia. São contadas várias situações já vividas por PORCHAT, em suas inúmeras viagens pelo mundo.

Momentos que vão desde massagem na Índia, encontro com gorilas, safáris, na África, e até dor de barriga, no Nepal.

Ao longo de sua carreira e viagens, FÁBIO acumulou várias experiências, dando a ele muito material para ser explorado no TEATRO, na TV e no cinema.

 

 



Sobre a SINOPSE, obtida via assessoria de imprensa, mas que está, fartamente, divulgada pela imprensa, notem que o espetáculo é “vendido” como um “show”, mas isso seria, na minha opinião, uma “meia verdade”, que explicarei adiante. Com relação às risadas, o que diz a SINOPSE é a mais pura verdade; aliás, é mais do que “muitas risadas”, pois são gargalhadas, emendadas umas às outras. Aconselho aqueles que não conseguem “administrar bem a bexiga”, um eufemismo para, com licença para o emprego do termo, “mijões”, a que procurem ir ao banheiro, antes do início do espetáculo, sob risco de passarem vexame em público. Com relação às histórias, destacadas em negrito, mais não posso dizer, com medo de incorrer em “spoilers” e roubar-lhes o prazer de ouvir outras e se “arrebentarem”, de tanto rir. Saí do Teatro com as bochechas e o maxilar “reclamando”, de dores.



É claro que, além de as histórias serem muito engraçadas, para quem não as protagoniza (Aliás, o humor só existe, quando quem está envolvido na situação “constrangedora” é o “OUTRO”. Se este escorrega numa casca de banana, por exemplo, “eu” acho graça daquela situação “ridícula”. Dez minutos depois, se sou “eu” quem leva o escorregão, “não acho a menor graça” e “não compreendo por que os “OUTROS” estão rindo da desgraça alheia”.), FÁBIO sempre atribui a elas um “plus”, que mais as valoriza e mais leva a plateia às gargalhadas.



Achei muito “fofo”, arriscando-me a ser alvo de maledicências, ao usar o adjetivo, a ideia de o espetáculo começar com uma apresentação do artista, em “off”, feita pelo sobrinho e afilhado do FÁBIO, um de seus “tesouros”, o JOÃO FRANCISCO, de quatro anos, que eu não conheço, mas já quero conhecer.

Voltemos à questão da estrutura do “stand-up” e como PORCHAT faz os seus. Ele tem um diferencial, que aproxima seus trabalhos a um espetáculo teatral (Vem aí a explicação prometida lá em cima.) E por quê? Porque FÁBIO PORCHAT rompe com o “gesso” do “stand-up” original, “transforma-o em cacos”, e, como bom ator que é, trabalha com um microfone de mão, não fica parado, e transita, o tempo todo, pelo grande palco do Teatro Casa Grande – mas também faz isso em palcos menores – representando, atuando. Ele não conta, apenas, as histórias, valendo-se, tão somente, da voz, das entonações, do ritmo como as coisas devem ser ditas, das máscaras faciais e das gesticulações. Isso, para ele, é muito pouco, porque, como ator, FÁBIO “é elétrico”, “é hiperativo”, “é intenso” e está habilitado a muito mais. Imita o gorila, com o qual esteve cara a cara, e mostra a cena; ele encena uma massagem, sendo, ao mesmo tempo, o massagista e o massageado; ele se põe na pele de quem – ele mesmo – está “se afogando”, numa das já famosas e eternas enchentes no Rio de Janeiro; corre, de um lado para outro, em reta ou zigue-zague, se a situação assim pede; assume posturas incríveis, com seu corpo, explorando sua capacidade enorme de expressão corporal.



Ele é um ator que sabe, como ninguém, contar histórias e prender a atenção de um público de 926 pessoas, a capacidade do Teatro Casa Grande, o qual as acompanha, atentamente, e dá gargalhadas histriônicas, como as da atriz Ingrid Guimarães, que estava sentada bem próximo a mim. Como eu ri! Como eu gargalhei! Como eu me diverti! Como eu tenho a agradecer ao FÁBIO! Nós, o povo brasileiro, estamos muito carentes disso, de rir, gargalhar, neste momento de trevas que vimos vivendo, há três anos e meio, mas que há de terminar, daqui a poucos meses. Aproveito a oportunidade para dizer que, em momento algum, PORCHAT fala em política. Pelo contrário, num determinado momento, quase ao final da apresentação, quando ele pede à plateia que falem de “coisas boas”, as pessoas atendem ao seu pedido e, na sessão a que assisti, no momento em que alguém gritou um “FORA...!” (Já sabem de quem estou falando, e não quero sujar este texto.), ele apenas disse: “Isso também é bom, mas deixa isso pra lá!”, ou coisa parecida. Nada panfletário.



       A propósito, transcrevo algumas palavras de PORCHAT sobre este seu novo trabalho: “Vai ser um ‘show’ totalmente novo. É para o público dar risada. A ideia é contar as minhas histórias de viagens. Eu vou vivendo umas experiências doidas e resolvi trazer para o palco. Chegou a hora de ouvir as minhas histórias. Já fiquei frente a frente com gorila e hipopótamo. Já comi um bolinho diferente na Holanda. No Nepal, país do continente asiático, comi uma coisa que não me fez bem, em um avião que não tinha banheiro. NÃO VAI TER POLÍTICA E NEM POLÊMICA. O que vai ter é risada para todo mundo. A ideia do ‘show’ é divertir, aliviar, um pouco, toda essa pressão que vivemos nesses últimos anos de pandemia, e rir sempre é um ótimo remédio. O público terá um grande espetáculo e a certeza de que sairão mais leves e felizes do Teatro.”. Quanto a isso, não tenho a menor dúvida e, se alguém insistir em não acreditar no que estou falando, vá conferir, presencialmente, observando os cuidados que ainda devemos ter, com relação à pandemia de COVID-19, QUE NÃO ACABOU AINDA: apesar da não obrigatoriedade de uso, o que acho um absurdo, máscaras e álcool em gel, ao alcance das mãos, são mais que necessários, como prova de empatia e de amor a si próprios.



Num “stand-up”, não há cenografia; normalmente, ao fundo, uma rotunda, preta e nada no palco, além de um microfone de pedestal. Mas, aqui, há um cenário, sim, composto por seis painéis verticais, brancos, ao fundo, e servem, os quatro do meio, menores que os das pontas, quando juntados pelo ator, ao final do espetáculo – uma surpresa (Deixou de ser.) -, para formar uma grande tela, onde são projetas cenas, para ilustrar algumas das histórias anteriormente contadas. Para provar que “não eram mentiras”.



Não gosto de interatividade, em TEATRO: Ator no palco, atuando; plateia, no auditório, assistindo. Mas, em “stand-ups”, é muito difícil não haver essa prática, no entanto, se isso é feito com respeito ao ser humano, como acontece no espetáculo aqui analisado, não vejo nenhum óbice. Pelo contrário; no momento, logo no início, em que FÁBIO pergunta se há, ali, alguém que nunca tivesse ido, anteriormente, a um Teatro, e uma senhora levantou o braço. Ele desceu à plateia e a convidou, sem imposição ou lhe causar constrangimento, a subir ao palco, para “apresentá-la” a um Teatro”, a fim de que a pessoa passasse pela sensação de ver, de cima do palco, como é uma plateia e como o artista se sente. A senhora recebeu um caloroso aplauso. Achei isso lindo e penso que, ali, naquele momento, formou-se uma grande “família”, que conta com o PORCHAT como um de seus membros.



Também achei muito interessantes e didáticas, sem ser “chato”, as explicações que ele deu à senhora, com relação às “pancadas de Molière”, o porquê de elas existirem (Quase não são mais usadas, tendo sido substituídas, infelizmente, por desagradáveis sinais sonoros, eletrônicos), assim como por que se deseja “MERDA” aos atores, como sinônimo de sucesso, boa sorte. Achei muito interessante, bonito, acolhedor e muito próprio esse momento, no roteiro do espetáculo.

Não há um relato, devidamente dramatizado e representado por PORCHAT, que não seja engraçado. Aliás, MUITO ENGRAÇADO.

O espetáculo conta com uma boa e adequada iluminação, e o figurino é bem leve e descontraído, bastante parecido com os que o ator veste em seus programas na TV.



Não poderia terminar esta crítica sem fazer dois comentários, que julgo importantíssimos. O primeiro diz respeito à importância, que nem todos lhe dão, da COMÉDIA, chegando alguns – a meu juízo, dignos de “pena” – a considerá-la um “gênero menor”. Embora seja voz corrente, no meio artístico, mas o público “comum” desconheça, acho pertinente lembrar o fato de que é muito mais difícil fazer uma boa comédia que um drama razoável. Acrescento que qualquer bom ator comediante, regra geral, consegue atuar bem num drama, contudo a recíproca, na grande maioria das vezes, não é verdadeira, visto que – e aqui entra o segundo comentário – dois dos principais pré-requisitos para um bom ator comediante são uma inteligência acima do normal e a agilidade no raciocínio, para reagir, ante o comportamento da plateia, partindo, inclusive, para os “cacos”, os improvisos. FÁBIO PORCHAT reúne esses dois pré-requisitos e, ainda, é dono de um carisma invejável e da consciência de como “dominar” uma plateia, por mais gigantesca que ela seja.


    

 

 

SERVIÇO:

Temporada: de 01 de julho a 28 de agosto de 2022.

Local: Teatro Casa Grande.

Endereço: Avenida Afrânio de Melo Franco, 290 – Leblon – Rio de Janeiro.

Telefone: (21)2511-0800.

Dias e Horários: sextas-feiras e sábados, às 20h; domingo, às 19h.

Valor dos ingressos: Plateia: R$120,00 (inteira) e R$60,00 (meia entrada); Balcão: R$100,00 (inteira) e R$50,00 (meia entrada).

Valores promocionais para as duas primeiras sextas-feiras: Plateia: R$100,00 (inteira) e R$50,00 (meia entrada); Balcão: R$80,00 (inteira) e R$40,00 (meia entrada).

Compras no site: https://www.eventim.com.br/artist/porchat/

Duração: 60 minutos.

Classificação Indicativa: 14 anos.

Gênero: “Stand-Up”.


 



       Para encerrar as minhas modestas, porém mais que sinceras, impressões sobre “HISTÓRIAS DO PORCHAT”, transcrevo um seu depoimento, com cortes do que já foi dito, presente no já referido “release” que recebi: “É uma maravilha poder estar de volta no TEATRO, com gente, de verdade, na frente. As pessoas estão precisando sorrir. Por isso resolvi fazer um espetáculo (...) para geral ficar dando risada, durante uma hora, esquecendo os problemas da vida, e, justamente, poder extravasar coletivamente. Rir junto, todo mundo, gargalhar; então, é uma maravilha poder contar minhas histórias e ver que elas conseguem fazer o público sair do lugar comum. E entrar em cartaz no Rio é voltar para casa, para o lugar de onde eu sou. No fim das contas, é fazer para amigos. Então, fico feliz de estar começando essa temporada, essa peça nova, finalmente, estreando no Rio. Tô muito ansioso com a estreia e, ainda mais, no dia do meu aniversário! Quer coisa mais simbólica do que isso? Dia primeiro de julho é o meu aniversário e estreio no Rio. O aniversário é meu, mas quem ganha o presente é você!”, brinca PORCHAT.


(Foto: Registro feito por alguém da plateia, 

na sessão de domingo, 10 de julho de 2022.)


       Particularmente, e em nome de todos os que tiveram, têm ou ainda terão a oportunidade de “desembrulhar esse pacote”, muito grato pelo presentão!



FOTOS: CRISTINA GRANATO.

 

 

 

GALERIA PARTICULAR



(Foto: Nataly Mega.)



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