“O CÁLICE”
ou
(FRUTOS MADUROS,
PRONTOS PARA
O CONSUMO.)
ou
(ESPERA O TERCEIRO
SINAL E “MERDA!”)
Vivo
dizendo que há lugares, Teatros, no Rio de Janeiro,
que me dão uma alegria imensa, quando tenho a oportunidade de ir a eles, para
assistir a um espetáculo. Não sei explicar, exatamente, o porquê, mas
sinto uma certa “magia”, um quê diferente, algo contagiante,
tomando conta de mim. Um desses lugares é “O TABLADO”, que completou 70
anos de existência, em 2021, ano em que, também seria comemorado o centenário
de nascimento de sua fundadora, a grande MARIA CLARA MACHADO,
a quem o TEATRO INFANTOJUVENIL BRASILEIRO, principalmente, deve muito.
Disse que “seria comemorado”, porque, em função da pandemia de
Covid-19, “O TABLADO” se manteve fechado, por dois anos, e CACÁ
MOURTHÉ, sobrinha de CLARA, que herdou seu legado e é quem o dirige,
chegou até a pensar em encerrar as atividades daquele grande centro de
excelência e referência do TEATRO BRASILEIRO, um celeiro de talentos, de
grandes nomes da arte de representar e dirigir, como, por
exemplo, Ada Chaseliov, Andréa Beltrão, Bernardo Jablonski,
Catarina Abdala, Cininha de Paula, Cláudia Abreu, Cláudio Corrêa e Castro, Déborah
Lamm, Drica Moraes, Enrique Diaz, Ernesto Piccollo, Fernando Caruso, George
Sauma, Guida Vianna, Hamilton Vaz Pereira, Ivan de Albuquerque, Louise Cardoso,
Lúcio Mauro Filho. Malu Mader, Maria Clara Gueiros, Mercelo Adnet, Marieta Severo,
Miguel Falabella, Pedro Cardoso, Rodrigo Sant’Anna, Rubens Corrêa, Sílvia Buarque, Sura Berditchevski,
Wolf Maia e Zezé Motta, só para citar alguns, que
ali se formaram. A relação é infinita... Uns já foram, ou ainda são, professores
de lá.
É
muito curioso, mesmo, mas é só eu cruzar aquele portão, que me sinto “em casa”
e nada vai conseguir tirar a minha alegria, o meu bom humor, a delícia e o
prazer de estar naquele lugar. E olha que não vou lá com tanta frequência;
apenas quando estão em cartaz peças de TEATRO, montadas com os alunos.
É como se “O TABLADO” já existisse há centenas de anos, sei lá, e eu
tivesse, numa vida passada, feito minha formação de ator lá. Realmente,
não sei como explicar essa agradabilíssima sensação, que se repetiu, no último
sábado, dia 16 de julho de 2022, quando, a convite da LEILA MEIRELLES (Assessoria de Imprensa), fui assistir a “O CÁLICE”
(VER SERVIÇO.)
Foram
dois anos de agonia e incógnitas, para todos, professores, alunos
e funcionários da grande escola de TEATRO, e, também, para as
pessoas que, como eu, costumam ir lá, em busca de bons espetáculos teatrais.
“O TABLADO” fechado, por conta dessa maldita pandemia, QUE AINDA NÃO
ACABOU. Que isso fique bem claro! Foram dois anos de muita tristeza,
a ponto de levar CACÁ MOURTHÉ a pensar até em encerrar as atividades da
escola, o que seria uma lástima, uma perda irreparável para a CULTURA
BRASILEIRA, já tão vilipendiada por um (DES)governo federal, que
odeia os ARTISTAS e a CULTURA. Felizmente, o pesadelo passou: “O
TABLADO” está mais vivo que nunca.
Passado
o “tsunâmi”, ele reabre suas portas, com uma montagem de alto
nível, que merece ser vista por todos: “O CÁLICE”, espetáculo
livremente inspirado no filme “Monty Python em Busca do Cálice Sagrado”,
com um excelente elenco de vinte e nove jovens, sendo quatro
musicistas, que tocam, ao vivo, com direção de CACÁ MOURTHÉ e
texto de LUCAS BARBOSA.
SINOPSE:
A jornada do REI ARTHUR, junto aos cavaleiros
da Távola Redonda, na busca do Cálice Sagrado.
Uma aventura guiada por músicas, personagens absurdos
e muito humor.
A história retrata o REI ARTHUR, da Bretanha, reunindo os cavaleiros da Távola Redonda, para, juntos, encontrar o Santo Graal, um cálice que, segundo a lenda, foi utilizado por Jesus Cristo, durante a última ceia com seus discípulos.
Uma SINOPSE bem curta, porém nada mais precisa ser
dito; apenas visto. E não tenham a menor dúvida de que vão se divertir
muito, “rir às bandeiras despregadas”, como dizia minha avó. E eu
nunca consegui entender o significado dessa expressão. Por qual motivo “bandeiras
despregadas”? De onde? Rindo?! Deixa para lá!
Para CACÁ MOURTHÉ, a diretora desta excelente
montagem, considerando-se os dois últimos anos “de trevas”,
este é um momento muito emocionante: “A gente teve receio de fechar ‘O
TABLADO’, então essa retomada é uma sensação maravilhosa”. E como,
querida CACÁ!!!
O espetáculo é voltado para o público jovem, e os não
tão jovens, como eu, e, como bem está escrito, no já referido “release”,
“faz lembrar aqueles espetáculos do TABLADO, dirigidos por Carlos Wilson,
o Damião, nos anos 80, quando, no palco, havia um elenco numeroso, com nomes
que brilham no mercado de trabalho até hoje”. Sim, foi, exatamente, no
que pensei, quando recebi a ficha técnica e vi que, em cena, eu
encontraria 25 atores e atrizes (A banda fica na lateral esquerda
do balcão, bem próxima ao palco.). Quanta saudade daqueles espetáculos, criados
pelo inesquecível e querido Damião, e por outros diretores,
como a própria CACÁ e outro saudoso e querido, Bernardo Jablonski!
Não perco uma produção de “O TABLADO”. Já vi,
lá, espetáculos marcantes, mas posso afirmar que nenhum outro supera, em
qualidade “O CÁLICE”, que mereceu uma produção muito caprichada e
cuidadosa, tendo o “luxo” de contar, inclusive, com figurinos,
lindos e de fino acabamento, obra de um consagrado artista do ramo, RONALD
TEIXEIRA, um profissional renomado, de primeira linha, que dividiu a tarefa
com JOVANNA SOUZA e RICARDO JÚNIOR. Os figurinos representam
uma boa parcela na qualidade do espetáculo, sem a menor sombra de dúvidas.
Jamais vi peças tão bem criadas e confeccionadas, em produções anteriores
de “O TABLADO”. Coisa de teatro profissional, até vistas em
grandes musicais. RONALD também assina a direção de arte.
Acho que LUCAS BARBOSA conseguiu, em apenas 60
minutos, condensar o conteúdo do filme, numa adaptação bem livre,
bem escrita, numa linguagem de hoje, voltada para o público-alvo, com ótimos
diálogos e explorando, em forma de piadas, algumas situações do nosso dia a dia
contemporâneo. Dei boas gargalhadas com o que ele escreveu.
Eu não classificaria o espetáculo,
exatamente, como um “musical”, visto que as letras das canções,
compostas por LINCOLN VARGAS, que também assina a direção musical,
não se prestam, propriamente, para ajudar a contar a história; em outras
palavras, a meu juízo, não seriam parte do texto. Por outro lado, todas
elas são bem interessantes e estão muito bem inseridas na narrativa. Aqui,
reservo um elogio ao trabalho dos quatro músicos: CAIO PARANAGUÁ,
LINCOLN VARGAS, NEY FEIJÃO e VINÍCIUS NESI.
Foto: Gilberto Bartholo (A banda).
DANIEL
GALVAN (Seria parente do grande ator e cantor Cláudio
Galvan?) é o responsável pela iluminação do espetáculo, e
seu trabalho pode ser considerado bom, sem apresentar nenhum detalhe em
especial, até porque há limitações para “grandes estrepolias luminosas”
naquele espaço, no entanto seu rendimento merece aplausos, pela variação de
cores e intensidade de luz que ele utiliza, para pôr em relevo o que merece ser
posto.
O Rei Arthur e... (SURPRESA).
Mas
chegou a hora da cereja do bolo, que justifica o primeiro subtítulo
que criei para esta crítica: o elenco, o melhor que já vi
atuando, até hoje, em produções “tabladianas”. Que elenco!
Por que “FRUTOS MADUROS, PRONTOS PARA O CONSUMO”?
Simplesmente, porque, pelo que me demonstraram, considero que mais da metade
dos 25 artistas em cena estão preparados para fazer parte de qualquer elenco
profissional, neste exato momento. Aliás, o espetáculo, guardadas
algumas pequenas devidas proporções, parece ser feito por profissionais. Se não for
dito, a alguém, que se trata de uma montagem feita com estudantes de TEATRO,
qualquer pessoa pode, tranquilamente, pensar que assistiu a uma produção
profissional. Não tomem isso como exagero, ou qualquer outra coisa do
gênero! A minha sinceridade está acima de tudo. É claro que, como em todas as
profissões, qualquer indivíduo não pode, nem deve, parar de estudar, para melhorar seu
rendimento, para procurar chegar, o mais próximo possível, à perfeição. Estudar
é para sempre; aperfeiçoar-se, idem. O que quero dizer é que, pela
atuação do conjunto, que muito me agradou, eu, na função de diretor
ou produtor, contrataria muitos daquele elenco, agora.
Vicente Valle.
Rafael Saraiva.
Lucas Barbosa.
Vini Portella.
De uma forma geral, há um grande equilíbrio nas atuações, porém me reservo o direito de destacar alguns nomes, como o de VICENTE VALLE, o REI ARTHUR, o protagonista, que apresenta muita segurança, em cena, além de sua bela figura, postura cênica e marcante voz, muito bem colocada (Aqui, aproveito para chamar a sua atenção para o nome de DODI CARDOSO, responsável pelo treinamento vocal terapêutico.). No mesmo nível de VALLE, incluo RAFAEL SARAIVA (SIR GALAHAD); JOSÉ BELTRÃO (SIR LANCELOT – Esse nome lembra alguma excelente atriz? DNA é coisa para ser levada a sério, gente! “A fruta não cai longe do pé.”, uma amiga, Marisa Sá, lembrou-me.); LUCAS BARBOSA (SIR BEDEVERE); BRENO BRIZOLA (SIR ROBIN - O titular do personagem é VINI PORTELLA, o qual, na sessão a que assisti, fez um personagem secundário. Quero voltar lá e rever a peça, com ele, como o cavaleiro.); JOANA CHAVES (PATSY), que rouba a cena, sem dizer uma palavra, só nas expressões faciais e corporais, “batendo seus dois coquinhos” (Não darei “spoiler”.); VITOR HUGO GUIMARÃES (NARRADOR); HERNANE CARDOSO (DEUS - O titular do papel é CHICO MORAES, que se apresentou, também, em outro personagem coadjuvante. O personagem é coadjuvante; o ator NUNCA!); THEO JOST (MAYNARD); GABRIEL AGUIAR (HERBERT, o “princeso”); e ÁGATHA MARINHO (NARRADORA). Mas os meus calorosos e sinceros aplausos foram para todos: ALYSSA MISCHLER, BEATRIZ LINHALES, BERNARDO RILEY, CLARA FARROCO, DIOGO TARRÉ, GABRIEL AGUIAR, GABRIEL TERRA, GABRIELA RUPPERT, GRILA GRIMALDI, HELENA ALPINO, ISADORA RUPPERT, JOÃO PEDRO SCHNEIDER, MARIANA TEPEDINO e SAMUEL VALLADARES.
Joana Chaves.
Vitor Hugo Guimaraães.
Chico Moraes.
Theo Jost.
Não apenas eu fiquei entusiasmado com o elenco. A plateia inteira, que superlotava o auditório, também aplaudiu a todos, calorosa e longamente, ao final da sessão, e a diretora, segundo o “release”, “está empolgada com esta nova geração”, que, segundo ela, “são pessoas muito voltadas para a arte, muito criativas”. Compartilho da opinião de CACÁ MOURTHÉ: vi, em todos, uma grande dedicação e garra, para pisar as tábuas. Vem aí uma excelente geração de atores e atrizes.
Samuel Valladares.
Gabriel Terra.
Gabriel Aguiar.
Beatriz Linhales.
CACÁ
MOURTHÉ faz uma excelente direção, valendo-se das “limitações”,
em termos de espaço. São bem acertadas as entradas e saídas dos atores,
assim como todas as marcações. Tudo na dependência do minúsculo espaço, que se
presta a tão excelentes montagens, como esta, repito.
Cacá Mourthé.
O
cenário se resume a uma parede, de tijolos aparentes (Foi o que me
pareceu, de onde eu estava sentado.) e, no palco, apenas uma rampa, baixa, que
ocupa, praticamente, todo o fundo do espaço cênico. É assinado por JULIA
MARINA. E não era preciso mais nada mesmo, até porque, naquele pequeno
palco, ou cabem os atores, ou cabe um cenário de maiores
proporções.
Gabriela Ruppert.
Ágatha Marinho.
Grila Grimaldi.
Clara Farroco.
Alissa Miscler.
FICHA TÉCNICA:
Texto: Lucas
Barbosa
Direção Geral:
Cacá Mourthé
Codireção:
Isadora Ruppert e Marcelo Cavalcanti
Direção Musical e
Músicas: Lincoln Vargas
Assistência de
Direção Musical: Caio Paranaguá
Elenco (em ordem alfabética): Ágatha
Marinho, Alyssa Mischler, Beatriz Linhales, Bernardo Riley, Breno Brizola,
Chico Moraes, Clara Farroco, Diogo Tarré, Gabriel Aguiar, Gabriel Terra,
Gabriela Ruppert, Grila Grimaldi, Helena Alpino, Isadora Ruppert, Joana Chaves,
João Pedro Schneider, José Beltrão, Lucas Barbosa, Mariana Tepedino, Rafael
Saraiva, Samuel Valladares, Theo Jost, Vicente Valle, Vini Portella e Vitor
Hugo Guimarães
Músicos: Caio
Paranaguá, Lincoln Vargas, Ney Feijão e Vinícius Nesi
Treinamento Vocal
Terapêutico: Dodi Cardoso
Cenografia: Julia
Marina
Direção de Arte:
Ronald Teixeira
Figurinos: Ronald
Teixeira, Jovanna Souza e Ricardo Júnior
Produção de
Figurinos: Cris Chevriet
Costureiras:
Bebel Rosa e Risonete Monteiro de Lima
Adereços: Gabriel
Boliclifer
Iluminação:
Daniel Galvan
Equipe de Montagem
de Luz: Hudson Figueiredo, Rodrigo Macedo e Rodrigo Miranda
Cenotécnico:
Guilherme Tomasi
Operador de Luz:
Rodrigo Miranda
Operador de Som:
Hernane Cardoso e Vitor Schei
Técnico de Som:
Antonio Nunes
Assessoria de
Imprensa: Leila Meirelles e Maria Fernanda Gurgel
Ilustração:
Gabriela Ruppert
“Design”:
Dupla Design
Fotos de Divulgação:
Chico Cerchiaro
Produção: Isadora Ruppert e Luana Manuel
Mariana Tepedino.
Diogo Tarré.
João Pedro Schneider.
Breno Brizola.
SERVIÇO:
Temporada: De 9 de julho a 28 de agosto de 2022.
Local: Teatro O Tablado.
Endereço: Avenida Lineu de Paula Machado, nº 795 – Jardim Botânico – Rio de Janeiro.
Telefone: (21)2294-7847.
Dias e Horários: Sábados e domingos, às 20 horas.
Valor dos Ingressos: R$40,00 (inteira) e R$20,00
(meia entrada).
Venda online:
https://bileto.sympla.com.br/event/74570
Duração: 60 minutos.
Classificação Indicativa: 14 anos.
Gênero: COMÉDIA.
Bê Riley.
Isadora Ruppert.
Ney Feijão.
Caio Paranaguá.
Vinícius Nesi.
“O TABLADO” sempre foi um motivo de orgulho para os
brasileiros, e continuará sendo, tenho certeza, principalmente para aqueles que
amam o TEATRO. O trabalho feito lá é da melhor qualidade e o resultado disso
pode ser conferido nas suas montagens. Jamais me decepcionei com algum espetáculo
a que lá assisti, e, agora, com muita alegria, RECOMENDO
“O CÁLICE”, repetindo que, em função do empenho e do talento de
todos os envolvidos no projeto, vejo, nesta produção, a melhor a
que já tive a oportunidade de conferir lá.
FOTOS: CHICO CERCHIARO
E VAMOS AO TEATRO,
COM TODOS OS
CUIDADOS!!!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS
DE ESPETÁCULO
DO BRASIL,
COM TODOS OS
CUIDADOS!!!
A ARTE EDUCA E
CONSTRÓI, SEMPRE!!!
RESISTAMOS, SEMPRE
MAIS!!!
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