terça-feira, 19 de julho de 2022

 “O CÁLICE”

ou

(FRUTOS MADUROS,

PRONTOS PARA

O CONSUMO.)

ou

(ESPERA O TERCEIRO

SINAL E “MERDA!”)


 

Vivo dizendo que há lugares, Teatros, no Rio de Janeiro, que me dão uma alegria imensa, quando tenho a oportunidade de ir a eles, para assistir a um espetáculo. Não sei explicar, exatamente, o porquê, mas sinto uma certa “magia”, um quê diferente, algo contagiante, tomando conta de mim. Um desses lugares é “O TABLADO”, que completou 70 anos de existência, em 2021, ano em que, também seria comemorado o centenário de nascimento de sua fundadora, a grande MARIA CLARA MACHADO, a quem o TEATRO INFANTOJUVENIL BRASILEIRO, principalmente, deve muito. Disse que “seria comemorado”, porque, em função da pandemia de Covid-19, “O TABLADO” se manteve fechado, por dois anos, e CACÁ MOURTHÉ, sobrinha de CLARA, que herdou seu legado e é quem o dirige, chegou até a pensar em encerrar as atividades daquele grande centro de excelência e referência do TEATRO BRASILEIRO, um celeiro de talentos, de grandes nomes da arte de representar e dirigir, como, por exemplo, Ada Chaseliov, Andréa Beltrão, Bernardo Jablonski, Catarina Abdala, Cininha de Paula, Cláudia Abreu, Cláudio Corrêa e Castro, Déborah Lamm, Drica Moraes, Enrique Diaz, Ernesto Piccollo, Fernando Caruso, George Sauma, Guida Vianna, Hamilton Vaz Pereira, Ivan de Albuquerque, Louise Cardoso, Lúcio Mauro Filho. Malu Mader, Maria Clara Gueiros, Mercelo Adnet, Marieta Severo, Miguel Falabella, Pedro Cardoso, Rodrigo Sant’Anna, Rubens Corrêa, Sílvia Buarque, Sura Berditchevski, Wolf Maia e Zezé Motta, só para citar alguns, que ali se formaram. A relação é infinita... Uns já foram, ou ainda são, professores de lá.



É muito curioso, mesmo, mas é só eu cruzar aquele portão, que me sinto “em casa” e nada vai conseguir tirar a minha alegria, o meu bom humor, a delícia e o prazer de estar naquele lugar. E olha que não vou lá com tanta frequência; apenas quando estão em cartaz peças de TEATRO, montadas com os alunos. É como se “O TABLADO” já existisse há centenas de anos, sei lá, e eu tivesse, numa vida passada, feito minha formação de ator lá. Realmente, não sei como explicar essa agradabilíssima sensação, que se repetiu, no último sábado, dia 16 de julho de 2022, quando, a convite da LEILA MEIRELLES (Assessoria de Imprensa), fui assistir a “O CÁLICE” (VER SERVIÇO.)



Foram dois anos de agonia e incógnitas, para todos, professores, alunos e funcionários da grande escola de TEATRO, e, também, para as pessoas que, como eu, costumam ir lá, em busca de bons espetáculos teatrais. “O TABLADO” fechado, por conta dessa maldita pandemia, QUE AINDA NÃO ACABOU. Que isso fique bem claro! Foram dois anos de muita tristeza, a ponto de levar CACÁ MOURTHÉ a pensar até em encerrar as atividades da escola, o que seria uma lástima, uma perda irreparável para a CULTURA BRASILEIRA, já tão vilipendiada por um (DES)governo federal, que odeia os ARTISTAS e a CULTURA. Felizmente, o pesadelo passou: “O TABLADO” está mais vivo que nunca.



Passado o “tsunâmi”, ele reabre suas portas, com uma montagem de alto nível, que merece ser vista por todos: “O CÁLICE”, espetáculo livremente inspirado no filme “Monty Python em Busca do Cálice Sagrado”, com um excelente elenco de vinte e nove jovens, sendo quatro musicistas, que tocam, ao vivo, com direção de CACÁ MOURTHÉ e texto de LUCAS BARBOSA.





SINOPSE:

A jornada do REI ARTHUR, junto aos cavaleiros da Távola Redonda, na busca do Cálice Sagrado.

Uma aventura guiada por músicas, personagens absurdos e muito humor.

A história retrata o REI ARTHUR, da Bretanha, reunindo os cavaleiros da Távola Redonda, para, juntos, encontrar o Santo Graal, um cálice que, segundo a lenda, foi utilizado por Jesus Cristo, durante a última ceia com seus discípulos. 

 




        Uma SINOPSE bem curta, porém nada mais precisa ser dito; apenas visto. E não tenham a menor dúvida de que vão se divertir muito, “rir às bandeiras despregadas”, como dizia minha avó. E eu nunca consegui entender o significado dessa expressão. Por qual motivo “bandeiras despregadas”? De onde? Rindo?! Deixa para lá!



      Para CACÁ MOURTHÉ, a diretora desta excelente montagem, considerando-se os dois últimos anos “de trevas”, este é um momento muito emocionante: “A gente teve receio de fechar ‘O TABLADO’, então essa retomada é uma sensação maravilhosa”. E como, querida CACÁ!!!



      O espetáculo é voltado para o público jovem, e os não tão jovens, como eu, e, como bem está escrito, no já referido “release”, “faz lembrar aqueles espetáculos do TABLADO, dirigidos por Carlos Wilson, o Damião, nos anos 80, quando, no palco, havia um elenco numeroso, com nomes que brilham no mercado de trabalho até hoje”. Sim, foi, exatamente, no que pensei, quando recebi a ficha técnica e vi que, em cena, eu encontraria 25 atores e atrizes (A banda fica na lateral esquerda do balcão, bem próxima ao palco.). Quanta saudade daqueles espetáculos, criados pelo inesquecível e querido Damião, e por outros diretores, como a própria CACÁ e outro saudoso e querido, Bernardo Jablonski!



     Não perco uma produção de “O TABLADO”. Já vi, lá, espetáculos marcantes, mas posso afirmar que nenhum outro supera, em qualidade “O CÁLICE”, que mereceu uma produção muito caprichada e cuidadosa, tendo o “luxo” de contar, inclusive, com figurinos, lindos e de fino acabamento, obra de um consagrado artista do ramo, RONALD TEIXEIRA, um profissional renomado, de primeira linha, que dividiu a tarefa com JOVANNA SOUZA e RICARDO JÚNIOR. Os figurinos representam uma boa parcela na qualidade do espetáculo, sem a menor sombra de dúvidas. Jamais vi peças tão bem criadas e confeccionadas, em produções anteriores de “O TABLADO”. Coisa de teatro profissional, até vistas em grandes musicais. RONALD também assina a direção de arte.



     Acho que LUCAS BARBOSA conseguiu, em apenas 60 minutos, condensar o conteúdo do filme, numa adaptação bem livre, bem escrita, numa linguagem de hoje, voltada para o público-alvo, com ótimos diálogos e explorando, em forma de piadas, algumas situações do nosso dia a dia contemporâneo. Dei boas gargalhadas com o que ele escreveu.



    Eu não classificaria o espetáculo, exatamente, como um “musical”, visto que as letras das canções, compostas por LINCOLN VARGAS, que também assina a direção musical, não se prestam, propriamente, para ajudar a contar a história; em outras palavras, a meu juízo, não seriam parte do texto. Por outro lado, todas elas são bem interessantes e estão muito bem inseridas na narrativa. Aqui, reservo um elogio ao trabalho dos quatro músicos: CAIO PARANAGUÁ, LINCOLN VARGAS, NEY FEIJÃO e VINÍCIUS NESI.


Foto: Gilberto Bartholo (A banda).


 DANIEL GALVAN (Seria parente do grande ator e cantor Cláudio Galvan?) é o responsável pela iluminação do espetáculo, e seu trabalho pode ser considerado bom, sem apresentar nenhum detalhe em especial, até porque há limitações para “grandes estrepolias luminosas” naquele espaço, no entanto seu rendimento merece aplausos, pela variação de cores e intensidade de luz que ele utiliza, para pôr em relevo o que merece ser posto.


O Rei Arthur e... (SURPRESA).


 Mas chegou a hora da cereja do bolo, que justifica o primeiro subtítulo que criei para esta crítica: o elenco, o melhor que já vi atuando, até hoje, em produções “tabladianas”. Que elenco! Por que “FRUTOS MADUROS, PRONTOS PARA O CONSUMO”? Simplesmente, porque, pelo que me demonstraram, considero que mais da metade dos 25 artistas em cena estão preparados para fazer parte de qualquer elenco profissional, neste exato momento. Aliás, o espetáculo, guardadas algumas pequenas devidas proporções, parece ser feito por profissionais. Se não for dito, a alguém, que se trata de uma montagem feita com estudantes de TEATRO, qualquer pessoa pode, tranquilamente, pensar que assistiu a uma produção profissional. Não tomem isso como exagero, ou qualquer outra coisa do gênero! A minha sinceridade está acima de tudo. É claro que, como em todas as profissões, qualquer indivíduo não pode, nem deve, parar de estudar, para melhorar seu rendimento, para procurar chegar, o mais próximo possível, à perfeição. Estudar é para sempre; aperfeiçoar-se, idem. O que quero dizer é que, pela atuação do conjunto, que muito me agradou, eu, na função de diretor ou produtor, contrataria muitos daquele elenco, agora.


Vicente Valle.


Rafael Saraiva.



José Beltrão.


Lucas Barbosa.


Vini Portella.


         De uma forma geral, há um grande equilíbrio nas atuações, porém me reservo o direito de destacar alguns nomes, como o de VICENTE VALLE, o REI ARTHUR, o protagonista, que apresenta muita segurança, em cena, além de sua bela figura, postura cênica e marcante voz, muito bem colocada (Aqui, aproveito para chamar a sua atenção para o nome de DODI CARDOSO, responsável pelo treinamento vocal terapêutico.). No mesmo nível de VALLE, incluo RAFAEL SARAIVA (SIR GALAHAD)JOSÉ BELTRÃO (SIR LANCELOT – Esse nome lembra alguma excelente atriz? DNA é coisa para ser levada a sério, gente! “A fruta não cai longe do pé.”, uma amiga, Marisa Sá, lembrou-me.); LUCAS BARBOSA (SIR BEDEVERE); BRENO BRIZOLA (SIR ROBIN - O titular do personagem é VINI PORTELLA, o qual, na sessão a que assisti, fez um personagem secundário. Quero voltar lá e rever a peça, com ele, como o cavaleiro.); JOANA CHAVES (PATSY), que rouba a cena, sem dizer uma palavra, só nas expressões faciais e corporais, “batendo seus dois coquinhos” (Não darei “spoiler”.); VITOR HUGO GUIMARÃES (NARRADOR); HERNANE CARDOSO (DEUS - O titular do papel é CHICO MORAES, que se apresentou, também, em outro personagem coadjuvante. O personagem é coadjuvante; o ator NUNCA!); THEO JOST (MAYNARD); GABRIEL AGUIAR (HERBERT, o “princeso”); e ÁGATHA MARINHO (NARRADORA). Mas os meus calorosos e sinceros aplausos foram para todos: ALYSSA MISCHLER, BEATRIZ LINHALES, BERNARDO RILEY, CLARA FARROCO, DIOGO TARRÉ, GABRIEL AGUIAR, GABRIEL TERRA, GABRIELA RUPPERT, GRILA GRIMALDI, HELENA ALPINO, ISADORA RUPPERT, JOÃO PEDRO SCHNEIDER, MARIANA TEPEDINO e SAMUEL VALLADARES.


Joana Chaves.


Vitor Hugo Guimaraães.


Chico Moraes.


Theo Jost.


       Não apenas eu fiquei entusiasmado com o elenco. A plateia inteira, que superlotava o auditório, também aplaudiu a todos, calorosa e longamente, ao final da sessão, e a diretora, segundo o “release”, “está empolgada com esta nova geração”, que, segundo ela, “são pessoas muito voltadas para a arte, muito criativas”. Compartilho da opinião de CACÁ MOURTHÉ: vi, em todos, uma grande dedicação e garra, para pisar as tábuas. Vem aí uma excelente geração de atores e atrizes.       


Samuel Valladares.


Gabriel Terra.


Gabriel Aguiar.


Beatriz Linhales.

              

  CACÁ MOURTHÉ faz uma excelente direção, valendo-se das “limitações”, em termos de espaço. São bem acertadas as entradas e saídas dos atores, assim como todas as marcações. Tudo na dependência do minúsculo espaço, que se presta a tão excelentes montagens, como esta, repito.


Cacá Mourthé.


 O cenário se resume a uma parede, de tijolos aparentes (Foi o que me pareceu, de onde eu estava sentado.) e, no palco, apenas uma rampa, baixa, que ocupa, praticamente, todo o fundo do espaço cênico. É assinado por JULIA MARINA. E não era preciso mais nada mesmo, até porque, naquele pequeno palco, ou cabem os atores, ou cabe um cenário de maiores proporções.


Gabriela Ruppert.


Ágatha Marinho.


Grila Grimaldi.


Clara Farroco.


Alissa Miscler.


 

FICHA TÉCNICA:

Texto: Lucas Barbosa

Direção Geral: Cacá Mourthé

Codireção: Isadora Ruppert e Marcelo Cavalcanti

Direção Musical e Músicas: Lincoln Vargas

Assistência de Direção Musical: Caio Paranaguá

 

Elenco (em ordem alfabética): Ágatha Marinho, Alyssa Mischler, Beatriz Linhales, Bernardo Riley, Breno Brizola, Chico Moraes, Clara Farroco, Diogo Tarré, Gabriel Aguiar, Gabriel Terra, Gabriela Ruppert, Grila Grimaldi, Helena Alpino, Isadora Ruppert, Joana Chaves, João Pedro Schneider, José Beltrão, Lucas Barbosa, Mariana Tepedino, Rafael Saraiva, Samuel Valladares, Theo Jost, Vicente Valle, Vini Portella e Vitor Hugo Guimarães

 

Músicos: Caio Paranaguá, Lincoln Vargas, Ney Feijão e Vinícius Nesi

 

Treinamento Vocal Terapêutico: Dodi Cardoso

Cenografia: Julia Marina

Direção de Arte: Ronald Teixeira

Figurinos: Ronald Teixeira, Jovanna Souza e Ricardo Júnior

Produção de Figurinos: Cris Chevriet

Costureiras: Bebel Rosa e Risonete Monteiro de Lima

Adereços: Gabriel Boliclifer

Iluminação: Daniel Galvan

Equipe de Montagem de Luz: Hudson Figueiredo, Rodrigo Macedo e Rodrigo Miranda

Cenotécnico: Guilherme Tomasi

Operador de Luz: Rodrigo Miranda

Operador de Som: Hernane Cardoso e Vitor Schei

Técnico de Som: Antonio Nunes

Assessoria de Imprensa: Leila Meirelles e Maria Fernanda Gurgel

Ilustração: Gabriela Ruppert

“Design”: Dupla Design

Fotos de Divulgação: Chico Cerchiaro

Produção: Isadora Ruppert e Luana Manuel

 



Mariana Tepedino.


Diogo Tarré.


João Pedro Schneider.


Breno Brizola.



SERVIÇO:

Temporada: De 9 de julho a 28 de agosto de 2022.

Local: Teatro O Tablado.

Endereço: Avenida Lineu de Paula Machado, nº 795 – Jardim Botânico – Rio de Janeiro.

Telefone: (21)2294-7847.

Dias e Horários: Sábados e domingos, às 20 horas.

Valor dos Ingressos: R$40,00 (inteira) e R$20,00 (meia entrada). 

Venda online: https://bileto.sympla.com.br/event/74570

Duração: 60 minutos.

Classificação Indicativa: 14 anos.

Gênero: COMÉDIA.

 



Bê Riley.


Isadora Ruppert.


Ney Feijão.


Caio Paranaguá.


Vinícius Nesi.


       “O TABLADO” sempre foi um motivo de orgulho para os brasileiros, e continuará sendo, tenho certeza, principalmente para aqueles que amam o TEATRO. O trabalho feito lá é da melhor qualidade e o resultado disso pode ser conferido nas suas montagens. Jamais me decepcionei com algum espetáculo a que lá assisti, e, agora, com muita alegria, RECOMENDO “O CÁLICE”, repetindo que, em função do empenho e do talento de todos os envolvidos no projeto, vejo, nesta produção, a melhor a que já tive a oportunidade de conferir lá.



 

 

FOTOS: CHICO CERCHIARO

 

 

E VAMOS AO TEATRO,

COM TODOS OS CUIDADOS!!!

 

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO

 DO BRASIL,

COM TODOS OS CUIDADOS!!!

 

A ARTE EDUCA E CONSTRÓI, SEMPRE!!!

 

RESISTAMOS, SEMPRE MAIS!!!

 

COMPARTILHEM ESTE TEXTO,

PARA QUE, JUNTOS,

POSSAMOS DIVULGAR

O QUE HÁ DE MELHOR NO

TEATRO BRASILEIRO!!!



















































































































Nenhum comentário:

Postar um comentário