segunda-feira, 18 de julho de 2022

 

“O BALCÃO”

ou

(QUEBREI UM

JURAMENTO

E NÃO ME

ARREPENDO.)

ou

(VIVEMOS NUM

ETERNO “BALCÃO”;

ELES AINDA ESTÃO AÍ.)





 


Na última sexta-feira (15 de julho de 2022), quebrei um juramento. E não me sinto nem um pouco culpado por isso. É que, depois que assisti, no início de 1970, à emblemática e icônica montagem de “O BALCÃO”, de JEAN GENET, dirigida pelo argentino Victor García, radicado na França, jurei que “nunca mais assistiria a qualquer outra montagem daquela peça”, de tão encantado e impactado que saí do Teatro Ruth Escobar, em São Paulo. E não o fiz mesmo, embora tivesse tido a oportunidade de assistir, no Rio de Janeiro, a algumas montagens, feitas por amadores e/ou estudantes de TEATRO.







Em 1968, a atriz, produtora e ativista Ruth Escobar, portuguesa, de nascimento, e brasileira, de coração, acreditou, piamente, que poderia, e iria, colocar a cidade de São Paulo, onde era proprietária de um Teatro que levava o seu nome, “no mapa da vanguarda teatral”. Para isso, trouxe, da França, onde era radicado, o encenador argentino Victor García, para dirigi-la, ao lado de um notável elenco (Carlos Augusto Strazzer, Fábio Camargo, Flávio Porto, Íris Bruzzi, JonasMello, Margot Baird, Paulo César Pereio, Stênio Garcia e outros) , na peça, que marcou época, na História do Teatro Brasileiro, “Cemitério de Automóveis”, do grande dramaturgo espanhol Fernando Arrabal. Após isso, Ruth resolveu manter García na cidade, em nome de um projeto “megalomaníaco”, para muitos incrédulos, que incluía a montagem de “O BALCÃO”, cuja trama era ambientada em um bordel, frequentado por políticos, policiais, juízes e padres, espaço o qual, na visão do consagrado e arrojado diretor, servia de metáfora para os bastidores da ditadura militar brasileira, iniciada em 1964. Destemida, uma mulher de extrema coragem e claras convicções políticas, acostumada a “bater de frente” com os “gorilas milicos”, que mandavam e desmandavam, naquele regime autoritário, respondendo, à altura, aos desafios e ameaças que lhe chegavam, Ruth, sem temer represálias, derrubou o palco italiano de seu Teatro, situado na Rua dos Ingleses, no bairro da Bela Vista, e começou uma reforma radical, para atender às exigências do diretor, a começar pelo reaproveitamento do espaço. Para isso, “foi construída uma estrutura de ferro, no formato de um cone invertido, que ia do porão até o teto, e incluía, ao redor, as acomodações para o público. As obras levaram mais de um ano, causando brigas e trocas no elenco — afinal, os artistas duvidavam da viabilidade e abandonavam os ensaios. Mas “O BALCÃO” não virou lenda e estreou, em 29 de dezembro de 1969. Ruth, Raul Cortez, Paulo César Pereio, Sérgio Mamberti, Célia Helena e Ney Latorraca, entre outros, brilhavam em cenas de forte conotação política e carregadas de referências sexuais.”.







Ao final do espetáculo a “ousadia” do encenador houve por bem colocar o ator Carlos Augusto Strazzer, já falecido, infelizmente, pendurado, por cabos de aço, refletindo a imagem do guerrilheiro Che Guevara, em uma associação a Jesus Cristo. Em dois anos, aquela inesquecível e arrojadíssima montagem de “O BALCÃO” recebeu espectadores ilustres, como o próprio GENET, que veio, especialmente, para ver a montagem brasileira. A “loucura” de Ruth Escobar, a quem o TEATRO BRASILEIRO deve muito, não parou por aí, visto que ela também levou a São Paulo alguns dos mais controvertidos, ousados e incensados diretores da época, como o americano Bob Wilson, o romeno Andrei Serban e o polonês Jerzy Grotowski. QUEREM MAIS DO QUE ISSO?!





Mas não é para falar daquela montagem que me sentei diante de um computador e, menos ainda, para estabelecer qualquer tipo de comparação entre as duas versões. E, jamais, eu ousaria dizer que uma é melhor ou pior do que a outra. Dois momentos, duas realidades, sendo que, na política, no (DES)governo federal, estamos muito próximos daquela década. E vivemos – isso ninguém pode negar – sob um regime em que um “balcão de negócios”, no qual os mais escabrosos escândalos e barganhas possíveis acontecem, DESCARADAMENTE, todos os dias, desde o dia 1º de janeiro de 2019, nos nossos narizes, contrariando o “Estado Democrático de Direito”, ignorando-se a “Constutição de 1988”, e ficamos sem poder reagir, “engolindo todos os sapos”, impostos por um “presidente” (?), equivocadamente, eleito, ainda que de forma democrática, regime que ele não respeita. Tudo para tentar manter no poder um ... (Prefiro não comentar.) Mas tenho fé em que esses dias estão contados e, em dois meses e meio, voltaremos a ter orgulho das cores da nossa bandeira.







Como GENET, falecido em 1986, era um autor extremamente apegado a metáforas e alegorias, em praticamente, toda a sua obra dramatúrgica, esse fato faz com que os diretores realizem leituras muito diversas de seus textos, umas das outras, não, necessariamente, uma melhor que a outra, e se permitam pôr em cena a sua, da forma mais original possível.



Jean Genet.

A história de vida de JEAN GENET parece estar presente nas suas peças, ou tê-lo influenciado, a começar pelo fato de ter nascido de uma mãe prostituta, que o criou até os sete meses de vida, e de pai desconhecido. Foi posto para adoção e, depois, criado numa família adotiva, amorosa e atenciosa, segundo seus biógrafos. Estudou em boas escolas, mas, na infância, tentou fugir de casa, várias vezes, e foi pego, realizando pequenos furtos. Após a morte de sua mãe adotiva, foi morar com um casal mais velho, com quem ficou por menos de dois anos. Passava as noites fora, usava maquiagem e roubava com frequência. Seus delitos, contravenções e atos, repetidos, de vadiagem fizeram com que ele fosse enviado, com 15 anos de idade, para a Colônia Penal de Mettray, onde ficou detido por cerca de dois anos e meio. Ao ser libertado, alistou-se na  "Legião Estrangeira Francesa", mas foi dispensado, sem honras, por "atos indecentes" com outros colegas. Depois disso, ele passou um tempo vagando e roubando e, algumas vezes, se prostituindo, para poder sobreviver. GENET retornou a Paris, em 1937, e entrou e saiu da prisão por uma série de crimes menores, como furtos e falsificações. Tornou-se famoso, graças à influência de Jean Paul Sartre, que virou um grande admirador do que ele escrevia, ainda na prisão. Quase experimentou uma condenação à prisão perpétua. Será que isso é o bastante, para entendermos suas peças, suas temáticas e seus personagens?







A peça “O BALCÃO”, em cartaz na Arena, do SESC Copacabana, é a primeira encenação profissional dela no Rio de Janeiro. E lá se passaram mais de 50 anos, e eu consegui manter o juramento, até não resistir e ter ido assistir à concepção do espetáculo, feita por RENATO CARRERA, um diretor relativamente jovem, porém com um vasto currículo, em 33 anos de TEATRO, também considerado um encenador vanguardista, “à frente do seu tempo”, ousado, um quase “sem limites” (E não vejam, por favor, nessas palavras, nenhuma conotação de crítica negativa. Gosto muito do seu trabalho; de quase tudo. E aprovei o seu olhar para “O BALCÃO”.), mas que até “se comportou bem”, à frente de sua proposta de direção. Caberiam, perfeitamente, por exemlo, neste espetáculo, cenas de nudez explícita, um recurso do qual CARRERA não se utilizou. Eu esperava ver algo mais “forte”, entretanto a opção do encenador parece-me ter sido ater-se mais ao texto do que à concepção de cenas mais ousadas, ainda que existam algumas, as quais, certamente, “chocam” algumas pessoas mais conservadoras. Vi umas poucas deixando o Teatro no meio da encenação. São “ossos do ofício”.






 

 

SINOPSE:

“O BALCÃO”, de JEAN GENET, é ambientado em uma grande casa de prostituição de luxo, frequentada por bispos, juízes, militares, policiais e políticos, servindo de metáfora para os bastidores da atual sociedade brasileira.

Enquanto uma revolução ameaça tomar conta do reino, fregueses do bordel, o “GRANDE BALCÃO”, satisfazem suas mais secretas fantasias de sexo e poder, representando as figuras que compõem a mitologia da sociedade e que são responsáveis pela ordem estabelecida.

IRMA (CARMEN FRENZEL) é a dona do “BALCÃO”, o sofisticado prostíbulo, que oferece, aos clientes, a possibilidade de vivenciarem suas fantasias, interpretando papéis que, talvez, desejam ocupar dentro da sociedade.

Suas prostitutas são uma espécie de coparticipantes das “cenas”, tornando mais palpável a realização do desejo de seus clientes.

Um BISPO (RICARDO LOPES), um JUIZ (ALEXANDRE BARROS) e um GENERAL (IVSON RAINERO) abençoam, julgam e cavalgam suas ilusórias manifestações, através de seus desejos não sucumbidos.

Porém uma revolta está prestes a estourar.

IRMA teme pelos seus clientes e por seu “BALCÃO”, mantido, graças ao seu “bom relacionamento” com o poder estabelecido.

E é de dentro de sua casa que sai a traidora, CHANTAL (YUMO APURINÃ), que, mais tarde, se tornará o símbolo da revolução.

Com a revolução chegando às portas do “BALCÃO”, cria-se a expectativa de que o jogo de papéis seja, enfim, destruído e a liberdade de “ser” possa, finalmente, retornar.

Através desses jogos de opostos, com um revolucionário, que deseja o papel do chefe de polícia, ou a heroína, que passeia com a morte, aos clientes, não resta outra alternativa, a não ser continuar vivenciando seus promíscuos papéis, enquanto “O BALCÃO” se rearranja, para que as ilusões continuem “ad eternum”.

Talvez os atores possam mudar, mas as personagens e os papéis sociais continuarão lá, sendo oferecidos, para quem os desejar.

A peça é de uma beleza poética e de uma ironia ácida, que deixa o espectador atônito, reflexivo e, por vezes, incomodado, por perceber que aqueles jogos sórdidos, de fato, acontecem, e sempre aconteceram, com naturalidade, na vida real.

Um paralelo com o Brasil atual nos coloca numa situação semelhante, escancarando, sem disfarces, as proezas nada fantasiosas de nossos governantes e adjacentes.

Vivemos em um imenso “balcão de trocas, falcatruas e imoralidades”.

JEAN GENET, de seu lugar dolorosamente privilegiado, quebrou pactos, para escancarar como ele enxerga a sociedade.

       Cabe a nós decidir: continuar a aceitar o papel que nos é imposto ou sermos protagonistas de nós mesmos?

 

 







Não resta a menor sombra de dúvida de que se trata de um texto icônico, questionando, do princípio ao fim, e pondo em xeque, a Igreja, a Justiça, a Força Militar e a Polícia, considerados alguns dos pilares de sustentação de um regime democrático. Não é para se entender, facilmente, o texto da peça, principalmente nesta nova tradução, de ANGELA LEITE LOPES. Pareceu-me bem hermética, mas aqueles que não conseguirem acompanhar bem o andamento da trama vão aplaudir, com todo merecimento, o fantástico trabalho de todos do elenco, sem distinções: (em ordem alfabética): ALEXANDRE BARROS, ANDREZA BITTENCOURT, CARMEN FRENZEL, FERNANDA SAL, IVSON REINERO, JEAN MARCEL GATTI, JOSÉ KARINI, LUCAS ORADOVSCHI, RICARDO LOPES e YUMO APURINÃ. Dez atores em cena, uma raridade, nos dias de hoje; dez profissionais artistas empregados; dez famílias sobrevivendo do TEATRO. Isso é muito lindo e digno de aplausos.







Muitos aplausos, também, para os responsáveis pela direção, pelo cenário e direção de arte, pelos figurinos, pela iluminação, pela caracterização e pela trilha sonora, elementos da montagem sobre os quais falarei um pouco.







Quanto à direção, creio que já falei o suficiente, repetindo que RENATO CARRERA conta com o meu aplauso, quanto à escolha do rumo que deveria tomar o seu trabalho. Conduziu, com bastante segurança, a interpretação de cada ator/atriz, obtendo um esplêndido resultado. Considero genial a ideia de que a personagem CHANTAL fosse interpretada por um homem, o jovem e excelente ator YUMO APURINÃ, filho de pai indígena e mãe branca, uma vez que esse detalhe estaria relacionado, talvez, na minha percepção, à intenção de fazer, daquele “actante”, um ser “híbrido”, quanto ao gênero e, quiçá, à sua etnia: É homem ou mulher? As pinturas, no seu corpo, “são coisa de índios”. Seria uma forma de abrir um espaço para reflexões sobre gênero, transexualidade ou algo parecido? Creio que sim, e o resultado é ótimo. Também realço a concepção de algumas cenas contundentes, assim como as marcações, chamando a atenção para o fato de que o espetáculo foi montado, especificamente, para um espaço como o da Arena do SESC Copacabana, dando margem a várias entradas e saídas dos atores, em cena, o que, obviamente, merecerá muitas modificações, se, e quando – e eu espero que SIM – a peça for encenada em outros espaços, em palco italiano. Tenho, porém, a certeza de que CARRERA encontrará outras soluções, e a montagem não sofrerá nenhum prejuízo por esse motivo.



Renato Carrera.





Não é impactante o cenário, de DANIEL DE JESUS, mas me agradou bastante, assim como a sua direção de arte. São poucos elementos cenográficos que o artista utiliza, entretanto são o suficiente para instigar o espectador e levá-lo a “enxergar” o que não está, fisicamente, no espaço cênico.






Carmen Frenzel.



Alexandre Barros.


Dos elementos de criação, considero excelentes os figurinos, criados por MARIA DUARTE, muito próximos da realidade de cada personagem. Da mesma forma, para complementar o visagismo de cada um, em cena, achei muito boa a caracterização, a cargo de MONA MAGALHÃES, principalmente com relação à personagem CHANTAL.






Yumo Apurinã.


Outro elemento que agrega muitos pontos positivos a esta montagem é a linda iluminação, assinada, a quatro mãos, pelo mestre RENATO MACHADO e por MAURÍCIO FUZIYAMA. A dupla soube, muito bem, trabalhar com a luz, em sua plenitude, equilíbrio ou quase ausência, de acordo com a exigência de cada cena, utilizando uma paleta de cores que agrada aos espectadores. Muitas cenas se tornaram enriquecidas, graças à ótima iluminação.






Lucas Oradovschi.


Presente em, praticamente, todo o espetáculo, da primeira à ultima cena, aplaudo bastante a precisa trilha sonora, criada por GUSTAVO BENJÃO, que sublinha as ações, acompanhando o grau de tensão e sensualidade que há em cada uma delas. Confesso que foi dos elementos que mais me chamaram a atenção, e me peguei, vez por outra, apurando mais a audição, para a trilha, e não para o texto, do que a visão; da primeira fila, como sempre, meu lugar preferido nos Teatros, olhava para a Arena, mas os ouvidos estavam mais atentos à referida trilha.  




 


Jean Marcel Gatti.


“O BALCÃO”, uma das obras-primas de JEAN GENET, que também escreveu outras maravilhas de peças, como “As Criadas”, “Querelle” e “Nossa Senhora das Flores”, por exemplo. É uma peça que expõe, com implacável lucidez, a lógica perversa das instituições da sociedade burguesa. E É SUPER ATUAL!!!






Ricardo Lopes.

 

  

FICHA TÉCNICA:

Texto: Jean Genet 
Idealização: Alexandre Barros, Carmen Frenzel e Renato Carrera 
Direção: Renato Carrera 
Assistente de Direção: Jean Marcel Gatti 

Elenco (por ordem alfabética): Alexandre Barros (Juiz), Andreza Bittencourt (Carmen), Carmen Frenzel (Irma), Fernanda Sal (Mulher e Enviado), Ivson Rainero (General), Jean Marcel Gatti (Revolucionário e Escravo), José Karini (Chefe de Polícia), Lucas Oradovschi (Carrasco e Roger), Ricardo Lopes (Bispo) e Yumo Apurinã (Chantal) 

Tradução: Angela Leite Lopes 
Cenário e Direção de Arte: Daniel de Jesus 
Figurino: Maria Duarte 
Produção de Figurino: Márcia Pitanga 
Caracterização: Mona Magalhães
Assistente de Caracterização: Everton Cherpinski 
Iluminação: Renato Machado e Maurício Fuziyama
Programação Visual e Vídeo Projeções: Daniel de Jesus 
Trilha Sonora: Gustavo Benjão 
Fotografia: Sabrina da Paz 
“Filmmaker”: Sandro Demarco 
Assessoria de Imprensa: Júnia Azevedo (Escrita Comunicação) 
Redes Sociais: Lucas Gouvêa 
Produção: Gabriel Garcia 
Assistente de Produção: Isabella Ferreira 
Realização: “A Palavra Forte Produções Artísticas” 
Apoio: Bossa Rio, Café Manuedu, Rádio Roquette Pinto e Restaurante La Fiorentina
 

 






Ivson Rainero.


 

SERVIÇO:

Temporada: De 07 a 31 de julho 2022.

Dias e Horário: De quinta-feira a domingo, sempre às19h.

Local: SESC Copacabana (Arena).

Endereço: Rua Domingos Ferreira, 160 – Copacabana – Rio de Janeiro.

Valor dos Ingressos: R$7,50, para comerciários; R$15,00, para jovens de até 21 anos, estudantes e maiores de 60 anos; e R$30,00, para os demais.

Vendas na bilheteria do Teatro.

Classificação Etária: 18 anos.

Duração: 140 minutos.

Gênero: Drama.


 






José Karini.


    Para encerrar esta apreciação crítica do espetáculo, rendo minhas homenagens e apresento meus agradecimentos, principalmente, a RENATO CARRERA, ALEXANDRE BARROS e CARMEN FRENZEL, pelo fato de, muito corajosamente, serem os idealizadores deste projeto, que proporciona, a muita gente, a oportunidade de entrar em contato com a obra de um dos maiores nomes da dramaturgia internacional, um “maldito bendito”, JEAN GENET, e é óbvio que esses meus sentimentos se estendem a todos os que colocaram um dedinho de seu trabalho nesta produção, além de dizer que, como resumo de tudo o que escrevi, e ainda poderia ter escrito mais, se tempo para isso eu tivesse, RECOMENDO O ESPETÁCULO, ao qual pretendo assistir no final da temporada, no último dia, talvez.






Fernanda Sal.



Andreza Bittencourt.

 



FOTOS: SABRINA DA PAZ

 

 

 

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