“31º FESTIVAL
DE CURITIBA”
“VIRA-LATA”
OU
(ENCANTAMENTO
PARA CRIANÇAS
DE TODAS AS IDADES)
(NOTA: Em função da grande quantidade de críticas a serem escritas, entre espetáculos que fizeram parte do “31º FESTIVAL DE CURITIBA” e outros, assistidos no Rio de Janeiro e em São Paulo, por algum tempo, fugirei à minha característica principal, como crítico, de mergulhar, “abissalmente”, nos espetáculos, e vou me propor a ser o mais objetivo e sucinto possível, numa abordagem mais “na superfície”, até que seja atingido o fluxo normal de espetáculos a serem analisados.)
Já há muito tempo, tinha eu o
desejo de conhecer, bem de perto, o trabalho da “TRUPE AVE LOLA”,
sediada numa aprazível casa, no Centro de Curitiba.
Aproveitando minha estada naquela capital, para participar do “31º Festival
de Curitiba”, reservei um dia, uma manhã de domingo, para ir ao “Espaço
Ave Lola de Criação”, onde veria encenada (Era o último dia.) a
primeira produção infantojuvenil da “TRUPE”, o musical “VIRA-LATA”,
do dinamarquês SØREN VALENTE, com direção
de ANA ROSA GENARI TEZZA, diretora daquele grupo teatral.
Uma das coisas que mais marcaram
a minha visita ao “Ave Lola” foi ver uma multidão ávida por um
lugar no minúsculo Teatro de lá, para ver a peça. E, mais ainda,
testemunhar como ANA ROSA, que fundou e administra o “Espaço”,
se empenhava em acomodar tanta gente desejosa de se deixar tocar por uma obra
tão linda e com uma mensagem extremamente importante, que, apesar de receber o
rótulo de “infantojuvenil”, já que o formato foi pensado para que
uma criança entendesse o espetáculo, apresenta um conteúdo direcionado aos
adultos também. Confesso que fiquei muito emocionado, vendo aquela “galinha”
agasalhando, “sob suas asas”, muitas dezenas de “pintinhos”,
nos quais me encaixo. ANA é uma pessoa iluminada, como profissional e
como ser humano, e me recebeu, assim como os meus demais amigos que trabalham
por lá, com extremo carinho e atenção, pelo que muito agradeço. Tenho muito
orgulho de tê-la no meu rol de amigos.
SINOPSE:
Uma jovem mulher persegue a felicidade descrita em
seu livro de romance.
Ela aprende que só o amor ideal a fará feliz.
Um homem, que, de tanto passar por adversidades, como fome e solidão, acaba se convencendo de que é um cachorro vira-lata.
A jovem e o "homem-cachorro" se encontram e viram
grandes amigos, até que, um dia, um outro homem, com flores, bate à porta da
moça.
O que mais ele traz além das flores?
Será que é mesmo ele o dono daquela felicidade
sonhada?
“VIRA-LATA” é uma história que fala sobre amizade, amor,
expectativas e transformação.
É um universo cheio de dança, surpresa e música, capaz de envolver pessoas de todas as idades.
“VIRA-LATA” é a prova cabal de que é possível se fazer TEATRO de boa qualidade, para “crianças”, com seriedade, bom gosto, mesmo com um orçamento curto, compensado por muita garra, talento e, acima de tudo, amor a um nobilíssimo ofício. É uma peça que trata de temas que interessam às pessoas e são da maior importância, até, para a preservação de raça humana. E é preciso cultivar sentimentos como o amor e a amizade, assim como estar atento a expectativas e transformações. E o que dizer de se ter, numa peça, aparentemente, voltada para crianças, pinceladas de desigualdade social e de gênero?
Que ser
humano consegue se realizar plenamente sem a prática do amor e a conquista e manutenção de boas
amizades? Que ser humano consegue viver sem olhar para a frente, voltado a
expectativas? Que ser humano morre da mesma forma como nasce – não em termos físicos,
é óbvio –, sem passar pelas mais diversas transformações em seu ser?
“VIRA-LATA”
toca em temas muito sensíveis e, por vezes, “pesados”, contando
uma história que os aborda com delicadeza e lirismo, além das pitadas de bom
humor. Trata-se de um espetáculo muito leve, porém de grande profundidade, “apresentando
uma visão otimista a partir do fortalecimento dos afetos, da esperança e da
capacidade de transformação”.
A montagem é o feliz resultado de um
intercâmbio entre a “TRUPE AVE LOLA” e um conceituado representante do TEATRO europeu para crianças, o
grupo dinamarquês “Teatergruppen Batida”, com mais de três
décadas de pesquisa e trabalho dedicados ao público infantil. Juntaram-se os
talentos e o resultado, como não poderia ser de outra forma, é o melhor
possível.
Três excelentes atores em cena, HELENA
TEZZA (a Mulher), CESAR MATHEUS (o Homem que se
julgava um cachorro vira-lata) e EDUARDO GIACOMINI (o
Homem que chegou para ganhar o coração da mulher) são encarregados de
nos transmitir todas as mensagens positivas que o ótimo texto apresenta.
Embora, pelo título, sejamos levados a pensar que o protagonismo recai sobre o
personagem “Vira-Lata”, penso que tal distinção seja dividida
entre este e a Mulher, ambos os personagens esplendidamente
representados por CESAR e HELENA. Chamo a atenção para o ótimo
trabalho de corpo da dupla. EDUARDO também faz um correto trabalho de interpretação.
Nos diálogos, é empregada uma linguagem “inventada”,
conhecida, no TEATRO, como “gromelô”, um “idioma
inventado”, com uma mistura de sons onomatopeicos. É um recurso utilizado por muitos atores para despertar a
expressão corporal e vocal. Seus objetivos são trabalhar a utilização de gestos
corporais, a colocação do corpo em cena, as intenções vocais e a articulação da
fala, deixando sempre bem claras as ações e
intenções de seus personagens. A ótima direção de ANA ROSA soube fazer uso, com muita propiedade, desse recurso cênico.
Um elemento que sempre funciona, quando o
público-alvo são as crianças é a música, aqui presente, de forma brilhante, na
trilha sonora original, composta por ARTHUR JAIME e BRENO MONTE
SERRAT DE MOURA, dois ótimos multi-instrumentistas, que a executam, ao
vivo, tocando vários instrumentos, como piano, sanfona, trompete, sineta,
banjo, bateria, clarinete, contrabaixo acústico, reco-reco, cuíca e produzindo
sons curiosos por meio dos mais inusitados objetos, como uma panela, por
exemplo.
A dança também vai muito bem neste tipo de
produção. São bem dinâmicas e alegres, ajudando a contar a história, as coreografias
criadas por ANE ADADE.
Bastante criativos, alegres e expressivos são os figurinos da peça, trabalho de um dos atores, EDUARDO GIACOMINI.
Já a iluminação, que não é complicada e se
ajusta muito bem a cada cena, é uma criação de um dos melhores iluminadores do
Brasil, o curitibano, BETO BRUEL.
FICHA
TÉCNICA:
Dramaturgia: Søren
Valente
Direção: Ana Rosa Genari Tezza
Assistência de Direção: Ane Adade
Composição
e Execução Musical: Arthur Jaime e Breno Monte Serrat
Elenco: Cesar
Matheus, Eduardo Giacomini e Helena Tezza
Cenografia:
A “TRUPE”
Cenotécnico: Anderson
Purcotes Quinsler
Adereços
de Cena: Eduardo Santos, Gabriel Rischbieter
e Helena Tezza
Figurino: Eduardo
Giacomini
Assistência
de Figurino: Daniela Carvalho
Costureiros: Marino
Ferrara e Naty Lopes (figurino), e Dora Peron (cortina)
Iluminação: Beto
Bruel
Técnico e
Operador de Luz: Alexandre Leonardo Luft
Coreografia: Ane Adade
Colaboração
Artística: Regina Bastos
Direção Executiva: “Entre
Mundos Produções Artísticas”
Direção
de Produção: Dara van Doorn, Elza Forte da Silva Carneiro e Laura Tezza
Produção: Carlos
Becker
Assistência
de Produção: Mattheus Boeck
Comunicação
e Assessoria de Imprensa: “Árvore Alta” (Jamilssa Melo) e
Larissa de Lima
Voluntárias: Alyssa
Riccieri, Kao Maria e Larissa Lopes.
Fotografia: Gus
Benke e Larissa de Lima
Registro Videográfico: Larissa
de Lima
Ilustrações
e Projeto Gráfico: Gabriel Rischbieter
Tradução
para Libras: “Fluindo Libras”
Audiodescrição: “CASA”
(Cultura, Acessibilidade, Sensibilidade & Arte)
Confecção
de Cases: “Stronghold Custom Cases”
Manutenção
do Espaço: Francisco Theodoro e Paulo Batistela (Nietzsche)
Assistência
Técnica: Alexandre Leonardo Luft, Douglas Perez,
Inédio Juweerr, Mattheus Boeck e Maurício Dommingues.
Cozinha
Ave Lola: Karla Bruna
Cuidados
com o Espaço: Sirley de Souza Gomes
Depois de uma bem-sucedida temporada no “Ave
Lola Espaço de Cultura”, em 2022, e de uma outra, no final do
mesmo ano, no Rio de Janeiro (Teatro Ipanema), o espetáculo fez
parte da programação do “31º Festival de Curitiba), do dia 29 de
março a 2 deste mês de abril, com sessões disputadíssimas por um público de
todas as idades.
Para finalizar, esperando que a peça tenha, ainda,
uma longa vida, preciso fazer referência à forma de cobrança pelos ingressos,
no “Espaço Ave Lola de Criação”, que não estipula nenhum valor
prévio, deixando a critério de cada um o pagamento pelo valor que julga o
espetáculo merecer (“PAGUE O QUANTO VALE”), uma forma que existe
desde a criação daquele “Espaço” e que visa à democratização do acesso à arte
e cultura.
FOTOS: GUS BENKE
E
LARISSA DE
LIMA (Oficiais)
E
GILBERTO
BARTHOLO
E
NANDA ROVERE
GALERIA PARTICULAR:
Com Ana Rosa Genari Tezza e Nanda Rovere.
Com Helena Tezza, Cesar Matheus
e Eduardo Giacomini.
Ana Rosa Genari Tezza.
Com Nanda Rovere, Helena Tezza,
Eduardo Giacomini, Arthur Jaime e
Cesar Matheus.
Ana Rosa Genari Tezza.
A cozinha do "Ave Lola".
VAMOS AO TEATRO,
COM TODOS OS CUIDADOS!!!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO
DO BRASIL,
COM TODOS OS CUIDADOS!!!
A ARTE EDUCA E CONSTRÓI, SEMPRE!!!
RESISTAMOS, SEMPRE MAIS!!!
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PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO BRASILEIRO!!!
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