quarta-feira, 14 de setembro de 2022

 

“MENINA LUA”

ou

(DAS AGRADÁVEIS

SURPRESAS QUE

O TEATRO NOS RESERVA.)


 

 

          Quem é da “tribo do TEATRO”, como eu, quando vai assistir a algum espetáculo, já parte com determinadas expectativas, principalmente os críticos e jurados de prêmios, uma vez que recebemos, das assessorias de imprensa, um “release” sobre a peça. Às vezes, são completos e excelentes; outras, deixam bastante a desejar. Mas isso não nos interessa agora. Quando recebi o convite, acompanhado de um excelente “release”, para um solo, no SESC Tijuca (Teatro 2), enviado por BRUNO MORAIS (MARROM GLACÊ – Assessoria de Imprensa), imaginei que iria assistir a uma montagem “X”, entretanto – adoro, quando isso acontece – o que vi foi uma montagem “Y”, bem superior à minha expectação. A peça em questão é “MENINA LUA”, um monólogo, interpretado por uma jovem e talentosíssima atriz, LUIZA CESAR, cujo trabalho eu não conhecia, até então, também autora do texto, com direção de RICARDO ROCHA.







(Divulgação.)




SINOPSE:

LARA (LUIZA CESAR) é uma jovem adulta, cheia de energia e intensidade, que observava a Lua, desde pequena, e sempre se sentiu conectada com ela, com suas fases, sua luz prateada e essa influência inexplicável sobre a Terra e sobre ela.

Como podia um “pedaço de pedra”, flutuando no universo, ser tão misterioso e iluminado?

Impulsionada pela sua magia e pela vontade de se conectar, mais profundamente, com ela, embarca em sua primeira grande aventura: viver a experiência de morar sozinha.

 

 


 


     O solo é narrativo e musicado, ao vivo, por KATARINA ASSEF. A montagem apresenta a história de LARA (LUIZA CESAR), uma jovem adulta, que sempre sentiu uma conexão profunda com a Lua, tendo nisso um dos principais motivos que a impulsionaram a embarcar em sua primeira grande aventura: a experiência de morar sozinha, como já foi dito. Um solo sobre um “voo solo”.  Extraído do já citado “release”, “O texto aborda as mudanças pelas quais passa uma jovem, com a chegada da vida adulta. Encarar uma nova e desafiadora experiência é o mote do espetáculo. Abarcando as dúvidas, emoções, vazios e pensamentos acelerados da juventude, que costumam deixar os sentimentos todos misturados, as fases lunares são usadas, como guias, na trajetória de LARA, ao longo da peça, bem como de todas as transições pelas quais ela passa.”. Uma ideia assaz interessante.




(Divulgação.)


 Idealizadora do projeto, um sonho acalentado há muito tempo, LUIZA criou seu texto, partindo de uma pergunta: “Se a Lua respondesse às nossas inquietações, o que ela nos diria?”. Essa pergunta permeou, para LUIZA, todo o período mais crítico da pandemia de COVID-19, que nos obrigou a praticar um isolamento social, jamais imaginado por nenhum ser humano.



       Gostei muito do texto, que se apresenta leve e bem-humorado, abordando a “importância do contato com as próprias emoções, em meio às mudanças e reviravoltas da vida”.



        Um detalhe muito importante, nesta montagem, é a interação da atriz com a plateia, a qual compra a sua ideia, o seu propósito, logo de início, e compartilha, com ela, aquelas sensações vividas pela personagem, torcendo por sua “vitória”. Essa saudável interação já começa quando o público adentra o pequeno espaço do Teatro 2, do SESC Tijuca, local ideal, a meu juízo, para aquela encenação, intimista, que pede um espaço idem, e é recebido, afetuosamente, pela atriz, um a um. Isso é muito cativante. Importante é dizer que o espetáculo é direcionado ao público adulto, apesar do título, que nos reporta a uma peça infantojuvenil, mas atinge, de forma mais aguda, os jovens, os quais se identificam com a personagem. Mas eu também, nada jovem, também me identifiquei com ela, até porque penso que a idade está na nossa cabeça, nas nossas atitudes, na maneira como vivemos e encaramos o mundo à nossa volta.


(Foto: Gilberto Bartholo)


(Divulgação.)


 Achei muito interessante a ideia de LUIZA de construir um texto dramatúrgico em que apresenta a trajetória da personagem obedecendo a uma sequência de fases da Lua e seus arquétipos; ou seja, a LUA NOVA corresponde ao nascimento; a LUA CRESCENTE, ao desenvolvimento; a LUA CHEIA simboliza a plenitude; e a LUA MINGUANTE tem relação com a morte, “para que, depois, tudo possa recomeçar”, como a própria multiartista diz, no referido “release”. Ao lê-lo e, depois, mais ainda, assistindo à peça, fiz uma analogia disso com o que escreveu o poeta Carlos Drummond de Andrade, numa crônica, cuja leitura deveria ser obrigatória, para todos os habitantes do planeta Terra, que é redondo. Chama-se “Fala, Amendoeira” e eu recomendo, com veemência, sua leitura. Com ela, o autor tenta ensinar um homem velho a conviver com a velhice, a enxergar a beleza que há nela e a aceitá-la, fazendo, também, uma correlação entre o ciclo vital de um ser humano e o de uma árvore. A PRIMAVERA seria o nascimento, estação durante a qual as plantas começam a brotar e as flores desabrocham. O VERÃO corresponde à fase madura do ser humano, seu momento de maior vigor, com o sol quente, que caracteriza a estação. Após isso, vem o OUTONO, que equivale à velhice, quando, assim como as árvores perdem as folhas, o ser humano perde dentes e cabelos, e perde seu vigor físico. Depois, inevitavelmente, virá o INVERNO, quando tudo morre. A diferença entre o ser humano e a Amendoeira é que esta tem um ciclo vital que se renova a cada ano, como a renovação das fases da Lua, enquanto o Homem só passa uma vez, na vida, por cada “estação”. No fundo, Drummond, nas entrelinhas, sugere a teoria do “Carpe Diem!” (Aproveite o momento, o dia de hoje!).    


(Foto: Gilberto Bartholo)


(Divulgação.)


          Há quem aplique uma verba alta numa produção teatral e não consegue um bom resultado, por vários motivos, entretanto existem, para a nossa alegria, pessoas que se agarram a um pequeno patrocínio ou a um edital com que foram agraciadas e, com parcos recursos, mas muito talento e criatividade, muito amor e garra envolvidos num projeto, conseguem erguer um espetáculo simples, porém lindo, leve, poético, cheio de verdade e emoção. É assim que qualifico “MENINA LUA”.


(Foto: Gilberto Bartholo)


        A simplicidade, nesta montagem, é diretamente proporcional à sua alta qualidade, quer pela beleza do texto; quer pelo excelente trabalho de direção, de RICARDO ROCHA, e o de direção de movimento, desenvolvido por BÁRBARA ABI-RHIAN; quer pela cenografia, de NÍVEA FASO, que se resume a muitas almofadas, espalhadas pelo espaço cênico, e uma mesinha, com alguns abajures, basicamente; quer pela luz descomplicada e bem desenhada, por ISABELLA CASTRO; quer pelo figurino “descolado”, também criado por NÍVEA FASO; e quer, acima de tudo, pela excelente interpretação de LUIZA CESAR.


(Foto: Gilberto Bartholo)


        É impressionante o modo como a atriz se apropria do pequeno espaço e “ligada a uma tomada de 220 volts”, gasta muita energia, dizendo o texto, muitas vezes, numa velocidade incrível, sem que percamos qualquer coisa do que ela diz, graças, certamente, ao seu talento, em primeiro lugar, e ao trabalho de preparação vocal, feito pela competentíssima fonoaudióloga LUÍSA CATOIRA, cujo trabalho sei que é de um nível estupendo de excelência, e se movimentando, num ritmo frenético. Que bela dicção e respiração ajustada ao ritmo com que o texto sai da boca de LUIZAQuanto carisma acumulado numa só artista!!!


(Foto: Gilberto Bartholo)



FICHA TÉCNICA:

Dramaturgia: Luiza Cesar

Direção: Ricardo Rocha

 

Atuação: Luiza Cesar

Musicista: Katarina Assef

 

Direção de Movimento: Bárbara Abi-Rihan

Direção Musical e Trilha Sonora: Antonia Medeiros

Cenário: Nívea Faso

Figurino: Nívea Faso

Assistente de Cenário e Figurino: Carol Matheus

Iluminação: Isabella Castro

Fonoaudiologia: Luísa Catoira

Técnico de Luz: Gilson Antônio

Direção de Produção: Multifoco Produções Culturais e Meraki Produções Artísticas

Produção Executiva: Rafael Fernandes

Intérprete de Libras: FlorDeLibras

Identidade Visual e Fotografia: Códigos.art (Daniel Debortoli e Viviane Dias)
Assessoria de Mídias Sociais: Rafael Fernandes

Assistente de Mídias Sociais: Iris Cesar

Assessoria de Imprensa: Marrom Glacê Assessoria

Realização: SESC e Olimpo

Apoio: Escola Técnica Estadual de Teatro Martins Penna, Teatro Cesgranrio e DeVoar

 

 

 

(Foto: Gilberto Bartholo)


(Foto: Gilberto Bartholo)



SERVIÇO:

Temporada: De 1º a 25 de setembro de 2022.

Local: SESC Tijuca (Teatro 2).

Endereço: Rua Barão de Mesquita, nº 539 – Tijuca – Rio de Janeiro.

Dias e Horários: De quinta-feira a sábado, às 19h; domingo, às 18h. 

Valor dos Ingressos: R$30,00 (inteira), R$15,00 (meia entrada, em casos previstos por lei, professores e classe artística, com documento comprobatório) e R$7,50 (credencial plena).

Duração: 60 minutos.

Classificação Indicativa: 12 anos.

Capacidade: 44 lugares.

Gênero: Monólogo.

Apresentações com sessão de libras: 17 e 24 de setembro (sábado) – 19h.

 

                                               


(Divulgação.)


      Um sonho de uma jovem atriz, guerreira e talentosa, realizado, merece ser aplaudido por quem admira uma boa peça de TEATRO, motivo que me faz recomendar, com bastante empenho, este ótimo espetáculo.

 


 

(Foto: Bruno Morais.)

 


FOTOS: DANIEL DEBORTOLI

(Oficiais.)

 

 


E VAMOS AO TEATRO,

COM TODOS OS CUIDADOS!!!

 

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO

 DO BRASIL,

COM TODOS OS CUIDADOS!!!

 

A ARTE EDUCA E CONSTRÓI, SEMPRE!!!

 

RESISTAMOS, SEMPRE MAIS!!!

 

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PARA QUE, JUNTOS,

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O QUE HÁ DE MELHOR NO

TEATRO BRASILEIRO!!!




































































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