terça-feira, 13 de setembro de 2022

 

“ANÍSIO

E A DEVORADORA

DE LIVROS!”

ou

(A PAIXÃO PELOS LIVROS E A IMPORTÂNCIA DA LEITURA TAMBÉM SÃO LIÇÕES QUE SE APRENDEM NO TEATRO.)




 

        Cá estou eu, desafiando a minha falta de tempo e meu excesso de trabalho, para escrever sobre um espetáculo infantil. E, se o faço, é porque se faz merecedor, numa categoria teatral que, via de geral, nos oferece mais montagens ruins ou sofríveis do que ótimos espetáculos, como o que estou analisando. Ou seria infantojuvenil? Ou seria para todas as idades? Aposto na última pergunta. Trata-se de “ANÍSIO E A DEVORADORA DE LIVROS”, em cartaz no Teatro 1 do SESC Tijuca (VER SERVIÇO.).



 

SINOPSE:

ANÍSIO (RAFAEL SARAIVA) é um menino de 9 anos, que vive em Caetité, interior da Bahia, e que é apaixonado por livros.

Seu irmão, JAIME (VITOR HUGO GUIMARÃES), é seu grande companheiro.

Certo dia, os livros começam a desaparecer, misteriosamente, e os dois partem numa aventura fantástica, musical e repleta de conhecimento, para descobrir o que aconteceu.

Personagens extraordinários cruzarão o caminho dessa dupla, que contará com a ajuda da ARARA (GABRIELA RUPPERT) e da PROFESSORA (MADU ARAÚJO), para desvendar esse mistério.

 

 



        O subtítulo desta crítica foi retirado do excelente e completo “release”, que a mim chegou, via MÁRIO CAMELO (PRISMA Assessoria de Imprensa), e diz muito bem do que trata o texto da peça, escrito a quatro mãos, por LEILA MEIRELLES e JOÃO SANT’ANNA, com direção deste, dramaturgia baseada no livro “Menino Movimento”, escrito por duas professoras, educadoras do Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro (ISERJ), Sandra Santos e Denise Calasans, lançado em 2018, e que apresenta, às crianças, a infância de Anísio Teixeira, um  célebre professor baiano e um dos responsáveis por desenhar o sistema educacional brasileiro, com a mesma importância de Paulo Freire e Darcy Ribeiro, e foi o criador da Universidade de Brasília, entre tantos outros feitos. O espetáculo promove a importância da leitura, contando a história do menino ANÍSIO, de 9 anos, um verdadeiro “devorador” de livros, no sentido conotativo, diferente da sua antagonista, que é uma traça, SILVERFISH (NEDIRA CAMPOS), a qual devora, denotativamente falando, livros e qualquer tipo de papel. A peça é uma bela fábula lúdica, cheia de sensibilidade, de mensagens explicitamente importantes e construtivas e muito bem produzida, em todos os sentidos.



      Além de homenagear o ilustre educador, a peça também convida o público, inclusive os adultos, a se apaixonar pela leitura, por meio da imaginação fértil do protagonista.



      O espetáculo conta com um elemento, cada vez mais, importante e necessário em espetáculos direcionados ao público infantojuvenil, que é a música. Aqui, entramos em contato com uma deliciosa trilha sonora original, composta por GEORGE SAUMA, “cria” de “O Tablado”, que apoia o espetáculo. A supervisão artística é de CACÁ MOURTHÉ, diretora daquela conceituada escola de TEATRO, e o elenco é formado por alunos de lá, os quais, apesar de não terem, ainda, uma formação completa, já podem ser considerados, - por mim, pelo menos – profissionais.



    Segundo LEILA MEIRELLES, “‘ANÍSIO E A DEVORADORA DE LIVROS’ é um convite a olhar o mundo de forma mais generosa, entendendo que dividir pode ser somar e que todo mundo tem algo a aprender e a ensinar, especialmente as crianças. É um espetáculo para crianças e para os adultos que conservam a sua criança.”, com o que concordo plenamente. No popular: do alto dos meus 73 anos, a criança que habita em mim adorou a peça.



        Por falta de tempo, não vou me deter em detalhes sobre cada um dos positivíssimos elementos que entram nesta montagem, na qual não encontrei nenhum defeito, porém direi o mínimo necessário para enaltecê-los, a começar pelo texto, que é ótimo, com diálogos bem ágeis, com um humor muito bem dosado e mensagens explícitas e/ou indiretas. As letras das canções também são de extrema qualidade, assim como as melodias, que animam bastante o público, gente de todas as idades. Na parte musical, merece um aplauso PEDRO NÊGO, por sua competente direção musical.



       JOÃO SANT’ANNA, um dos autores do texto, também dirige o espetáculo, com correção, bom gosto e muita criatividade, explorando todo o espaço cênico, com ótimas marcações, contando com a colaboração de KALLANDA CAETANA, que assina uma excelente direção de movimento, incluindo aí, quero crer, as igualmente excelentes coreografias.



      Fiquei extremamente encantado com o cenário, de JÚLIA MARINA, e os figurinos, criados por ELISA FAULHABER. Aquele, extraordinariamente, simples, o que basta, resumido a uma árvore estilizada, uma PITANGUEIRA, que acaba sendo mais uma personagem, na trama, ao fundo do palco. Estes, imensamente coloridos e de uma criatividade ímpar. A cenografia é um belo exemplo do "menos é mais".


Foto: Gilberto Bartholo.

     O espetáculo mereceu uma linda iluminação, variada, colorida, alegre, intensa, assinada por FELIPE LOURENÇO, que põe em destaque tudo o que está em cena. Também merecem uma citação ALEXANDRE GUIMARÃES, pela criação de dois bonecos que têm uma importante participação na peça; uma arara, que não tem nome, magnificamente manipulada por GABRIELA RUPPERT, e um porquinho do mato, Caetitu, controlado, remotamente, por JOSÉ BELTRÃO, e TATI ALVIM, pela preparação vocal.



      No elenco, todos executam sua parte com brilho e talento, numa demonstração de grande profissionalismo, a começar pela veterana atriz NEDIRA CAMPOS, a traça SILVERFISHER, a qual, pela primeira vez, vejo participar de um espetáculo que não seja para adultos, e o faz da melhor forma possível. NEDIRA é dona de um grande carisma e, apesar de “vilã”, a personagem, obviamente, conta com a simpatia da plateia.



        RAFAEL SARAIVA, que já vi em cena algumas vezes, é um jovem e excelente ator, também muito carismático, que encarna, de forma perfeita, o protagonista. Sua comunicação com o público já se dá na primeira cena da peça. RAFAEL tem tudo para, muito em breve, estar sendo apontado como um candidato a premiações.



      VITOR HUGO GUIMARÃES, o JAIME, faz uma ótima dobradinha com RAFAEL. O personagem, irmão do pequeno ANÍSIO, mereceu uma ótima construção, graças ao trabalho, de corpo e voz, do jovem ator. Suas máscaras faciais são excelentes.



      Fiquei muito bem impressionado com o trabalho de GABRIELA RUPPERT, que manipula a arara. Além de uma coordenação motora fantástica, que leva o boneco a assumir posturas indescritíveis, a atriz encontrou, para a personagem, uma voz garantidora de seu sucesso com o público, forçando na emissão de alguns fonemas e sílabas, com graciosidade e preciosismo.



        “Last, but not least”, temos MADU ARAÚJO, que interpreta a professora dos meninos e que os ajuda a descobrir o mistério do desaparecimento dos livros, da biblioteca da escola e da casa dos dois irmãos. A professora não tem nome, é sempre chamada de “PROFESSORA”, como, creio eu, uma homenagem a todas as professoras e professores do Brasil. MADU também atua no mesmo nível dos demais colegas de elenco.

         


 

FICHA TÉCNICA:

Texto: Leila Meirelles e João Sant’Anna

Direção: João Sant’Anna

Assistência de Direção: Hernane Cardoso

Supervisão Artística: Cacá Mourthé

 

Elenco (por ordem alfabética): Gabriela Ruppert (ARARA), Madu Araújo (PROFESSORA), Nedira Campos (SILVERFISH), Rafael Saraiva (ANÍSIO) e Vitor Hugo Guimarães (JAIME) 

 

Direção de Movimento: Kallanda Caetana

Músicas: George Sauma

Direção Musical: Pedro Nêgo

Cenografia: Júlia Marina

Supervisāo de Cenografia: Lídia Kosovski

Figurino: Elisa Faulhaber

Iluminação: Felipe Lourenço

Bonecos: Alexandre Guimarães 

Preparação Vocal: Tati Alvim

Redes Sociais: Elisa Nunes

Fotos: Hernane Cardoso

Assessoria de Imprensa: Mário Camelo (PRISMA Assessoria de Imprensa)

Produção: Maria Inês Vale e Luana Manuel

Realização: Araúna Produções

 

 


 

SERVIÇO:

Temporada: De 10 de setembro a 09 de outubro de 2022.

Local: SESC Tijuca - Teatro I.

Endereço: Rua Barão de Mesquita, nº 539, Tijuca – Rio de Janeiro.

Telefone: (21)4020-2101.

Dias e Horários: Sábados, às 16h; domingos, às 11h e às 16h. 

Valor dos Ingressos: Grátis (PCG), R$2,00 (Credencial Plena), R$5,00 (meia entrada) e R$10,00 (inteira).

Horário de Funcionamento da Bilheteria: De terça-feira a domingo, das 9h às 19h.

Duração: 60 minutos.

Indicação Etária: Livre.

Gênero: Musical Infantojuvenil.


 



        Paralelamente à temporada, também acontece uma campanha, em parceria com Lua Oliveira, da Biblioteca Mundo da Lua, da comunidade dos Tabajaras. Lua é uma menina, de 13 anos, apaixonada por livros e que, ao perceber que muitas crianças não tinham acesso à leitura, decidiu alterar essa realidade. Criou uma biblioteca na comunidade, em 2019, que cresceu, ganhou uma sede própria e, hoje, ela envia livros para o Brasil inteiro. Já foram mais de 150 mil livros recolhidos. Para estimular a troca de conhecimento, aceitam-se doações de livros infantis, durante a temporada, que serão enviados, posteriormente, ao projeto. Essa iniciativa me comoveu bastante.



      Para finalizar, fazendo um esforço sobrenatural, para não dar “spoiler”, acrescento que uma atriz convidada (UMA SUPRESA INCOMENSURÁVEL!!!) faz uma participação especial, em “off”, como a voz da PITANGUEIRA, uma personagem que surge, num momento inesperado, para ajudar ANÍSIO e seus amigos a desvendar o mistério. Confiram!!! É preciso dizer que RECOMENDO, COM O MAIOR EMPENHO, O ESPETÁCULO?









 

 

 

FOTOS: HERNANE CARDOSO

 

GALERIA PARTICULAR:

  

Com Rafael Saraiva, Nedira Campos e José Beltrão.
Foto: Rogério Wiltgen.

 

E VAMOS AO TEATRO,

COM TODOS OS CUIDADOS!!!

 

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO

 DO BRASIL,

COM TODOS OS CUIDADOS!!!

 

A ARTE EDUCA E CONSTRÓI, SEMPRE!!!

 

RESISTAMOS, SEMPRE MAIS!!!

 

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