“ANÍSIO
E A DEVORADORA
DE LIVROS!”
ou
(A PAIXÃO PELOS LIVROS E A IMPORTÂNCIA DA LEITURA TAMBÉM SÃO LIÇÕES QUE SE APRENDEM NO TEATRO.)
Cá estou eu, desafiando a minha falta de tempo e meu excesso de
trabalho, para escrever sobre um espetáculo infantil. E, se o faço, é
porque se faz merecedor, numa categoria teatral que, via de geral, nos
oferece mais montagens ruins ou sofríveis do que ótimos espetáculos,
como o que estou analisando. Ou seria infantojuvenil? Ou seria para todas
as idades? Aposto na última pergunta. Trata-se de “ANÍSIO E A DEVORADORA
DE LIVROS”, em cartaz no Teatro 1 do SESC Tijuca
(VER SERVIÇO.).
SINOPSE:
ANÍSIO
(RAFAEL SARAIVA) é um menino de 9 anos, que vive em Caetité,
interior da Bahia, e que é apaixonado por livros.
Seu irmão, JAIME
(VITOR HUGO GUIMARÃES), é seu grande companheiro.
Certo dia, os livros
começam a desaparecer, misteriosamente, e os dois partem numa aventura
fantástica, musical e repleta de conhecimento, para descobrir o que aconteceu.
Personagens
extraordinários cruzarão o caminho dessa dupla, que contará com a
ajuda da ARARA (GABRIELA RUPPERT) e da PROFESSORA (MADU ARAÚJO), para
desvendar esse mistério.
O
subtítulo desta crítica foi retirado do excelente e completo “release”,
que a mim chegou, via MÁRIO CAMELO (PRISMA Assessoria de Imprensa),
e diz muito bem do que trata o texto da peça, escrito a quatro
mãos, por LEILA MEIRELLES e JOÃO SANT’ANNA, com direção
deste, dramaturgia baseada no livro “Menino
Movimento”, escrito por duas professoras, educadoras do Instituto
Superior de Educação do Rio de Janeiro (ISERJ), Sandra Santos
e Denise Calasans, lançado em 2018, e que apresenta,
às crianças, a infância de Anísio Teixeira, um célebre professor baiano e um dos
responsáveis por desenhar o sistema educacional brasileiro, com a mesma
importância de Paulo Freire e Darcy Ribeiro, e foi
o criador da Universidade de Brasília, entre tantos outros
feitos. O espetáculo promove a importância da leitura, contando a
história do menino ANÍSIO, de 9 anos, um verdadeiro “devorador”
de livros, no sentido conotativo, diferente da sua antagonista,
que é uma traça, SILVERFISH (NEDIRA CAMPOS), a qual devora,
denotativamente falando, livros e qualquer tipo de papel. A peça é
uma bela fábula lúdica, cheia de sensibilidade, de mensagens
explicitamente importantes e construtivas e muito bem produzida, em
todos os sentidos.
Além
de homenagear o ilustre educador, a peça também convida o público,
inclusive os adultos, a se apaixonar pela leitura, por meio da imaginação
fértil do protagonista.
O espetáculo
conta com um elemento, cada vez mais, importante e necessário em espetáculos
direcionados ao público infantojuvenil, que é a música. Aqui,
entramos em contato com uma deliciosa trilha sonora original, composta
por GEORGE SAUMA, “cria” de “O Tablado”, que
apoia o espetáculo. A supervisão artística é de CACÁ MOURTHÉ,
diretora daquela conceituada escola de TEATRO, e o elenco é
formado por alunos de lá, os quais, apesar de não terem, ainda, uma
formação completa, já podem ser considerados, - por mim, pelo menos – profissionais.
Segundo
LEILA MEIRELLES, “‘ANÍSIO E A DEVORADORA DE LIVROS’ é um convite a
olhar o mundo de forma mais generosa, entendendo que dividir pode ser somar e
que todo mundo tem algo a aprender e a ensinar, especialmente as crianças. É um
espetáculo para crianças e para os adultos que conservam a sua criança.”,
com o que concordo plenamente. No popular: do alto dos meus 73 anos,
a criança que habita em mim adorou a peça.
Por
falta de tempo, não vou me deter em detalhes sobre cada um dos positivíssimos
elementos que entram nesta montagem, na qual não encontrei nenhum
defeito, porém direi o mínimo necessário para enaltecê-los, a começar pelo texto,
que é ótimo, com diálogos bem ágeis, com um humor muito bem dosado e
mensagens explícitas e/ou indiretas. As letras das canções também
são de extrema qualidade, assim como as melodias, que animam
bastante o público, gente de todas as idades. Na parte musical,
merece um aplauso PEDRO NÊGO, por sua competente direção musical.
JOÃO
SANT’ANNA, um dos autores do texto, também dirige o espetáculo,
com correção, bom gosto e muita criatividade, explorando
todo o espaço cênico, com ótimas marcações, contando com a
colaboração de KALLANDA CAETANA, que assina uma excelente direção de
movimento, incluindo aí, quero crer, as igualmente excelentes
coreografias.
Fiquei
extremamente encantado com o cenário, de JÚLIA MARINA, e os figurinos,
criados por ELISA FAULHABER. Aquele, extraordinariamente, simples, o que
basta, resumido a uma árvore estilizada, uma PITANGUEIRA, que
acaba sendo mais uma personagem, na trama, ao fundo do palco.
Estes, imensamente coloridos e de uma criatividade ímpar. A cenografia é um belo exemplo do "menos é mais".
Foto: Gilberto Bartholo.
O espetáculo
mereceu uma linda iluminação, variada, colorida, alegre,
intensa, assinada por FELIPE LOURENÇO, que põe em destaque tudo o
que está em cena. Também merecem uma citação ALEXANDRE GUIMARÃES, pela criação
de dois bonecos que têm uma importante participação na peça; uma arara,
que não tem nome, magnificamente manipulada por GABRIELA RUPPERT, e um porquinho
do mato, Caetitu, controlado, remotamente, por JOSÉ
BELTRÃO, e TATI ALVIM, pela preparação vocal.
No elenco,
todos executam sua parte com brilho e talento, numa demonstração de grande
profissionalismo, a começar pela veterana atriz NEDIRA CAMPOS, a traça
SILVERFISHER, a qual, pela primeira vez, vejo participar de um espetáculo
que não seja para adultos, e o faz da melhor forma possível. NEDIRA é
dona de um grande carisma e, apesar de “vilã”, a personagem,
obviamente, conta com a simpatia da plateia.
RAFAEL
SARAIVA, que já vi em cena algumas vezes, é um jovem e excelente ator,
também muito carismático, que encarna, de forma perfeita, o protagonista.
Sua comunicação com o público já se dá na primeira cena da peça. RAFAEL
tem tudo para, muito em breve, estar sendo apontado como um candidato a premiações.
VITOR
HUGO GUIMARÃES, o JAIME, faz uma ótima dobradinha com RAFAEL. O personagem,
irmão do pequeno ANÍSIO, mereceu uma ótima construção, graças ao
trabalho, de corpo e voz, do jovem ator. Suas máscaras faciais
são excelentes.
Fiquei
muito bem impressionado com o trabalho de GABRIELA RUPPERT, que manipula
a arara. Além de uma coordenação motora fantástica, que leva o
boneco a assumir posturas indescritíveis, a atriz encontrou, para a personagem,
uma voz garantidora de seu sucesso com o público, forçando na
emissão de alguns fonemas e sílabas, com graciosidade e preciosismo.
“Last,
but not least”, temos MADU ARAÚJO, que interpreta a professora
dos meninos e que os ajuda a descobrir o mistério do desaparecimento dos
livros, da biblioteca da escola e da casa dos dois irmãos. A professora não
tem nome, é sempre chamada de “PROFESSORA”, como, creio eu, uma
homenagem a todas as professoras e professores do Brasil.
MADU também atua no mesmo nível dos demais colegas de elenco.
FICHA TÉCNICA:
Texto: Leila
Meirelles e João Sant’Anna
Direção: João
Sant’Anna
Assistência de
Direção: Hernane Cardoso
Supervisão
Artística: Cacá Mourthé
Elenco (por
ordem alfabética): Gabriela Ruppert (ARARA), Madu Araújo (PROFESSORA), Nedira
Campos (SILVERFISH), Rafael Saraiva (ANÍSIO) e Vitor Hugo Guimarães (JAIME)
Direção de
Movimento: Kallanda Caetana
Músicas:
George Sauma
Direção
Musical: Pedro Nêgo
Cenografia: Júlia
Marina
Supervisāo de
Cenografia: Lídia Kosovski
Figurino:
Elisa Faulhaber
Iluminação:
Felipe Lourenço
Bonecos:
Alexandre Guimarães
Preparação
Vocal: Tati Alvim
Redes Sociais:
Elisa Nunes
Fotos: Hernane
Cardoso
Assessoria de
Imprensa: Mário Camelo (PRISMA Assessoria de Imprensa)
Produção:
Maria Inês Vale e Luana Manuel
Realização: Araúna Produções
SERVIÇO:
Temporada: De
10 de setembro a 09 de outubro de 2022.
Local: SESC
Tijuca - Teatro I.
Endereço: Rua
Barão de Mesquita, nº 539, Tijuca – Rio de Janeiro.
Telefone: (21)4020-2101.
Dias e Horários:
Sábados, às 16h; domingos, às 11h e às 16h.
Valor dos
Ingressos: Grátis (PCG), R$2,00 (Credencial Plena), R$5,00 (meia entrada) e R$10,00
(inteira).
Horário de
Funcionamento da Bilheteria: De terça-feira a domingo, das 9h às 19h.
Duração: 60
minutos.
Indicação Etária:
Livre.
Gênero:
Musical Infantojuvenil.
Paralelamente à temporada, também acontece uma campanha, em parceria com Lua Oliveira, da Biblioteca Mundo da Lua, da comunidade dos Tabajaras. Lua é uma menina, de 13 anos, apaixonada por livros e que, ao perceber que muitas crianças não tinham acesso à leitura, decidiu alterar essa realidade. Criou uma biblioteca na comunidade, em 2019, que cresceu, ganhou uma sede própria e, hoje, ela envia livros para o Brasil inteiro. Já foram mais de 150 mil livros recolhidos. Para estimular a troca de conhecimento, aceitam-se doações de livros infantis, durante a temporada, que serão enviados, posteriormente, ao projeto. Essa iniciativa me comoveu bastante.
Para
finalizar, fazendo um esforço sobrenatural, para não dar “spoiler”, acrescento
que uma atriz convidada (UMA SUPRESA INCOMENSURÁVEL!!!) faz uma participação especial, em “off”, como a voz da PITANGUEIRA,
uma personagem que surge, num momento inesperado, para ajudar ANÍSIO
e seus amigos a desvendar o mistério. Confiram!!! É preciso dizer que RECOMENDO,
COM O MAIOR EMPENHO, O ESPETÁCULO?
FOTOS: HERNANE CARDOSO
GALERIA PARTICULAR:
E VAMOS AO TEATRO,
COM TODOS OS
CUIDADOS!!!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS
DE ESPETÁCULO
DO BRASIL,
COM TODOS OS
CUIDADOS!!!
A ARTE EDUCA E
CONSTRÓI, SEMPRE!!!
RESISTAMOS, SEMPRE
MAIS!!!
COMPARTILHEM ESTE
TEXTO,
PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO BRASILEIRO!!!
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