terça-feira, 11 de junho de 2024

“A NOVIÇA REBELDE”

ou

 (MENOS NOVIÇA 

E MAIS "REBELDE".)

ou

(OPS! MAIS AUTÊNTICA e SÉCULO XXI)

 

 



 

         O que já nasce bom será, para sempre, bom. O que pode acontecer é se tornar melhor, cada vez mais. Mas tem que nascer bom (“MELHOR” é comparativo de superioridade de “BOM”, não de outro adjetivo.). Diz-se, frequentemente, por aí, com relação ao vinho, que “quanto mais velho, melhor”, o que não é totalmente verdade. Assim será, se ele tiver boa origem e qualidade; se, porém, não for assim, não há tempo que o torne mais cobiçado ou, no mínimo, menos ruim. Isso sem falar que, se guardado por muito tempo, armazenado em condições não apropriadas, vira vinagre. “Já vi esse filme: era em preto e branco e eu, o mocinho, morria, no final”. Momento descontração nº 1.). Ganhei, aos 23 anos, às vésperas de me casar (1973), uma raridade em forma de vinho, produzida no ano em que nasci (1949) e mal guardada pela minha madrinha, que a reservou a mim, destinada, segundo ela, a ser aberta “numa ocasião especial”, a qual decidi, naquele momento, que seria num jantar no dia em quem eu completasse 10 anos de casado. Que decepção ao abri-la! Nem para temperar a salada serviu.

 

 

 

         Mas deixemos de “divagações etílicas e saudosistas” e falemos de “A NOVIÇA REBELDE”, um clássico do TEATRO MUSICAL, que, vira e mexe, volta ao cartaz, sempre muito bem recebido pelo público e pela crítica especializada, como é o caso da atual montagem, que pode ser vista, até o dia 23 próximo (junho de 2024), no Teatro Riachuelo, Rio de Janeiro, já com apresentações agendadas em São Paulo, numa temporada relâmpago, de 13 a 28 de julho, na Vibra São Paulo (NÃO ENTENDO O MOTIVO DE TÃO CURTA TEMPORADA. CREIO TER HAVIDO UM ERRO NA DIVULGAÇÃO DO ESPETÁCULO.). Importante é dizer que esta encenação é levada ao palco, pela terceira vez, pelas mesmas mãos, da dupla chamada de “Os Reis dos Musicais”, CHARLES MÖELLER e CLAUDIO BOTELHO, aos quais sempre aplaudo efusivamente.

 

 

 

         Assisti à primeira, em 2008, três vezes, mas não escrevi sobre ela, porque meu blogue só passou a existir a partir de agosto de 2013. Fiquei extremamente encantado com a história, que eu já conhecia do cinema, pelo filme do mesmo título, de 1965, que foi um acontecimento no universo cinéfilo. Dez anos depois, a mesma dupla de encenadores remontou o musical, que mereceu uma apurada crítica minha, cujo “link” segue aqui: http://oteatromerepresenta.blogspot.com/2018/08/a-novica-rebelde-um-classico-que.html. O fato de eu ter liberado, nesta crítica, o acesso à que foi escrita sobre a montagem anterior (2018) é para não precisar escrever alguns detalhes que já registrei 6 anos atrás e que se repetem agora, mais potencializados, é verdade. Seria uma enorme perda de tempo a repetição. Guardo, para aqui, apenas o que há de diferente daquela segunda montagem para a atual.

 

 

 


SINOPSE: 

peça conta, de forma ficcional, a história verídica da família de cantores Von Trapp, mostrando, desde os dias da noviça Maria (MALU RODRIGUES), num convento em SalzburgoÁustria, até o momento em que a família foge do país, quando este é ocupado pelos nazistas, os quais estão prestes a preparar o Anschluss (anexação político-militar da Áustria, por parte da Alemanha, em 1938).

Maria, que não consegue seguir as rígidas normas de conduta das religiosas, é enviada para trabalhar como governanta dos sete filhos do Capitão Georg Von Trapp (PIERRE BAITELLI), viúvo e, desde a morte de sua esposa, responsável pela educação das crianças, com extremado rigor militar.

A chegada de Maria modifica, drasticamente, a vida da família, ao trazer alegria e conquistar o carinho e o respeito das crianças.

No início, ela enfrenta alguns problemas com o Capitão, mas este acaba desenvolvendo um grande afeto pela jovem, ao ver que ela conseguiu fazer o que nenhuma outra governanta havia antes feito por seus filhos.

Eles acabam se apaixonando e o Capitão, antes comprometido com Elsa Schraeder (INGRID GAIGHER), uma rica baronesa de Viena, rompe o noivado, para poder se casar com a jovem postulante a freira.

Daí para frente, porém, nem tudo, na vida da família, será tão fácil assim, pois, quando os nazistas dominam a Áustria, o Capitão é convocado para servir na marinha alemã. 

A família decide, então, fugir de carro, através da fronteira, mas estas são fechadas e eles se veem obrigados a caminhar pelas montanhas, numa das mais emocionantes cenas do musical, embalada pela canção “Sobe a Montanha” (“Climb Ev'ry Mountain”).

A peça termina em “final aberto”, com o grupo nas montanhas, mostrando a importância de viver em família, um ajudando o outro, pela sobrevivência de suas vidas e de seus ideais.

 


 

 

         Um pouco de lembrança e curiosidades sobre a primeira montagem: Alguns dos profissionais que faziam parte da FICHA TÉCNICA daquela encenação estiveram presentes na segunda e nesta terceira. MALU RODRIGUES, a grande protagonista das segunda e terceira montagens, era uma adolescente (15 anos) e fez o papel de uma das filhas do Capitão Von Trapp: Louisa. LARISSA MANOELA marca presença nas três montagens: uma criança, de 8 anos, na época, encarnou a pequena Gretel; em 2018, aos 18, foi a mais velha das filhas, Liesl, personagem que repete na atual versão. Algumas das outras crianças/adolescentes que atuaram nas duas primeira versões cresceram e se tornaram nomes sempre presentes nos palcos, em grandes musicais brasileiros ou em TEATRO declamado, como Elton Towersey, Julia Bernat, Estrela Blanco, Gabriel Lara, e Daniel Rocha.

 

 

 

         Às vezes, os grandes musicais do TEATRO são montados em função de algum filme que fez grande sucesso. No caso de “A NOVIÇA REBELDE”, deu-se o contrário: o filme, de 1965, veio depois da estreia do musical, na Broadway, em 1959, com o título original “The Sound of Music” (“O Som da Música”).

 

 

 

         Que evolução o musical ganhou no Brasil? Em primeiro lugar, que fique bem claro que as três versões são, igualmente, fabulosas. Ao partir para a segunda montagem, dez anos após a primeira, CHARLES MÖELLER houve por bem aproveitar as facilidades e benefícios que a tecnologia nos oferece. Na ocasião, Cleto Baccic, representando o “Atelier Cultural”, um dos produtores do espetáculo, ao lado de M&B, assim se colocou: São Paulo e Rio de Janeiro podem esperar uma superprodução, que reunirá um texto e músicas repletos de romantismo e heroísmo, um elenco estelar, combinado com os mais envolventes recursos de luz, projeção e ‘design' de som.”. Isso também poderia ser dito sobre o que nos é dado ver na montagem atual, só que com mais propriedade ainda. Reparem que, nas palavras de Baccic, há uma referência aos “recursos de luz” e “projeção”. Aqui, implicitamente, a meu juízo, está um dos dois grandes diferenciais com relação às montagens anteriores. Falarei, detalhadamente, sobre eles adiante.

 

 


          É importante saber que, num momento em que o planeta se vê ameaçado pela ascensão, em vários países, inclusive no Brasil, de células fascistas, de extrema direita, cujo malefício para a Humanidade todos conhecemos – Hitler e seus assassinos não nos deixam mentir -, a temática está cada vez mais viva, sendo, portanto, pertinente a montagem desta peça. Em 2018, assim se pronunciou CHARLES MÖELLER: Será algo, realmente, novo, tanto na concepção artística como na realização. O mais interessante é observar como a história está ainda mais atual e que os valores passados pela Noviça, como lealdade, verdade e bondade, são mais necessários do que nunca. Maria Von Trapp é uma das mulheres mais empoderadas de seu tempo. Ela consegue, sempre com amor e música, amolecer corações e enfrentar inimigos tão desumanos embrutecidos pelo nazismo ascendente da época. Além de tudo, a protagonista se apresenta como uma mulher muito corajosa e à frente de seu tempo, como, cada dia mais, as mulheres têm que ser; um exemplo a ser seguido.

 

 

 

          O primeiro grande diferencial que a atual montagem apresenta, e que é de tirar o fôlego, pode ser considerado um marco na história do TEATRO Musical Brasileiro e está relacionado ao revolucionário cenário. Para a atual encenação, a dupla MÖELLER & BOTELHO planejou um trabalho absolutamente diferente do que já foi feito, com uma gama maior de recursos técnicos e profissionais especializados. Isso pode ser comprovado, por exemplo, pela cenografia, sem a menor dúvida. O conjunto cenográfico soma um total de mais de 20 cenários, em ambientações que misturam peças concretas (móveis e objetos de decoração de um refinamento só), que são colocados à frente de uma escada com poucos degraus, a qual leva a várias ambientações, tudo isso tendo, ao fundo, a grande novidade cenográfica do espetáculo, um gigantesco telão de LED, de “ultíssima” geração, provocando efeitos realistas. Este elemento “high-tech”, de há muito, vem sendo utilizado, com bastante sucesso, no TEATRO, entretanto nunca como da forma atual, visto que é de uma perfeição tão intensa, de uma nitidez a toda prova, que nos dá a impressão de que, a qualquer momento, podemos sair das nossas poltronas, subir ao palco e entrar naquele ambiente mágico, como se os ambientes verdadeiros fossem; ou, no mínimo, que estamos diante de um filme. As imagens são de uma cristalinidade tamanha e cheias de detalhes, capazes de fazer com que águas se movam, assim como as folhas das árvores; pássaros voem; estrelas pisquem; nuvens se movimentem; e, até mesmo, um temporal cair sobre a mansão dos Von Trapp. Este último efeito, na visão do leigo aqui, parece-me ser obra de videografismo, que também é utilizado para mostrar casais dançando, durante um jantar, algo estupendo. Procurei detalhes sobre essa peça-chave da montagem, porém não os encontrei, infelizmente. Parece-me ter ouvido falar que tal tecnologia teria sido desenvolvida por um mexicano, porém nada mais do que isso, que nem sei se é verdade. Na FICHA TÉCNICA, o crédito de cenógrafo é atribuído a NIKOLÁS BONI, um artista Doutor em História da Arte, formado em Belas Artes, pela Universidade Nacional de Rosário, Argentina, que, há mais de vinte anos, desenvolve uma renomada carreira internacional, em diversos teatros da Europa, Estados Unidos, China e América Latina, autor da cenografia de mais de cinquenta títulos, entre óperas, balés, zarzuelas e musicais, e suas produções foram premiadas pela crítica especializada em repetidas ocasiões. No Brasil, em 2017, recebeu um prêmio pelos cenários de “My Fair Lady”.


 


           O segundo grande diferencial aqui parece-me um desdobramento do que o diretor já fizera acointecer na segunda montagem, com relação à primeira. Em 2008, o espetáculo era “sisudo, cerimonioso, clássico”, o que não lhe tirava, absolutamente, nada do brilho. Era a proposta do momento, muito bem “digerida” pelo público e pela crítica. Em 2018, a opção foi por uma montagem mais “leve”. Em vez de uma Madre Superiora austera e solene, até "temida" pelas outras freiras e pelas noviças, esplendidamente interpretada por Mirna Rubim e Vera do Canto e Mello (alternantes), por exemplo, a opção pela titular do papel recaiu sobre Gottsha, que, como já era de se esperar, fez um ótimo trabalho também. Na época, escrevi sobre a troca: “uma Madre mais jovem, menos severa, mais carismática, mais afetiva, mais leve, fugindo ao estereótipo de uma Madre Superiora” e “A personagem ganhou um frescor, totalmente dentro da nova proposta...”. ANALU PIMENTA, que vive, magistralmente, a personagem aqui, seria uma soma das duas interpretações, tendendo mais para a segunda. Seu trabalho é impecável, como atriz e cantora, mormente nos seus solos.


 

 

  Os dois personagens que mais receberam tintas de “modernidade e leveza”, na minha visão, e que arrancam risadas, e mesmo gargalhadas, da plateia, foram Maria e Tio Max. Da segunda para a primeira versão, temos, interpretada pela mesma atriz, uma Maria Reiner, depois Von Trapp, mais “soltinha”, composta, da forma mais brilhante possível, por MALU RODRIGUES, uma das mais completas atrizes do TEATRO Musical Brasileiro, “cria” da dupla MÖELLER & BOTELHO, e que, por si só, leva aos Teatros um número considerável de pessoas, só para vê-la atuar. Nesta versão, a estupenda “cantriz” nos apresenta a personagem mais “ousadinha, molequinha”, muito mais próxima de como eu enxergo a postulante à vida religiosa, saindo-se com mais “intemperança, despojamento, humor; mais “saidinha”, enfim, o que cai, perfeitamente, no gosto popular.

 

 


 

 Também o “sem-noção” e inconveniente Tio Max (PEDROCA MONTEIRO), para dizer o mínimo, vem com um toque de “excentricidade”, com “pinceladas” (“Broxadas” ficaria melhor, já que uma “broxa” é bem maior que um pincel. Momento descontração nº 2!) de um “excesso de gestos e uma prosódia provocativa” (Os eufemismos me salvam sempre. Momento descontração nº 3!), o que não permite que, sobre ele, recaia a aversão do público, que era de se esperar. O personagem, de certa forma, pode ser comparado a Odorico Paraguaçu (Viva Dias Gomes!) inesquecível composição de Paulo Gracindo, o mais “mau caráter do universo”, que acabava sendo “bem-amado” pelo público. Muito pelo contrário, por mais que o personagem não esconda que é capaz de tudo, para salvar a própria pele e “se dar bem na vida”, “levar vantagem em tudo”, ainda que tenha seu momento de redenção, ao final da peça, cativa a plateia, graças ao excelente trabalho do ator. De uma forma reversa, o personagem é carismático, como o ator quer o representa.

 

 


  KAREN BRUSTTOLIN não faz nada mais do que se superar, a cada trabalho, e desenhou mais de 300 figurinos, cada um mais deslumbrante que o outro, adequados à época e aos personagens, algo digno de premiações, ao final da temporada teatral deste ano. Como outros já criados pela grande figurinista, os trajes usados pelos personagens não parecem peças de um figurino de TEATRO, muitas vezes “matados” (Mal confeccionados e com material inferior.), por vários motivos (Tempo para a confecção, verbas modestas, mão de obra desqualificada...). Os figurinos da peça são “obras de arte”, como peças para serem usadas em momentos e situações cerimoniosas reais. Se qualquer um de nós pudesse "voltar no tempo", considerando a situação econômico-social daqueles personagens, numa “festa temática, de época”, usaria qualquer uma daquelas vestes, com toda a certeza. Um deslumbre de trabalho, cheio de detalhes, com destaque para os bordados e aplicações.

 

 



           Creio não ser necessário tecer maiores comentários sobre o texto, já tão amplamente conhecido, mas cabe, evidentemente, um crédito, mais que positivo, para a excelente versão de CLAUDIO BOTELHO, tanto para o que é dito como para as letras das belas canções. Contamos, no Brasil, com excelentes versionistas, entretanto sempre reservo um destaque para BOTELHO, um ás em fazer caber, numa linha melódica, uma frase que se encaixe nela, na métrica, buscando palavras e uma sintaxe que não fujam ao sentido do texto original.


 

 

            A direção de cena, de CHARLES MÖELLER, também dispensa qualquer análise, pois, impecável, como sempre, ele assina um de seus mais belos e completos trabalhos. O diretor das três montagens é o mesmo, porém são leituras totalmente diferentes, que se estendem aos demais elementos de uma montagem teatral, além do elenco, acompanhando o frescor desta em tela, e a presença da tecnologia, dando apoio incondicional à encenação.

  

 

 

           Para falar do elenco, é preciso, antes, citar o ótimo trabalho de “casting”, a cargo de MARCELA ALTBERG. Alguns atores foram diretamente convidados, entretanto a maioria dos papéis foi destinada aos que melhor se apresentaram nas muitas audições. Paciente e acuradamente, MARCELA fez uso do seu “feeling”, de muitos anos de experiência nessa área, e fez, tenho certeza, as melhores escolhas, com o aval, evidentemente, da direção.

 

 

 

  O elenco é afinadíssimo, em tudo o que faz em cena: cantar, dançar e representar. Dos personagens e atores principais, além dos já citados, todos merecem destaque: PIERRE BAITELLI (Capitão Georg von Trapp) comporta-se com elegância e sobriedade, totalmente dentro das características do personagem. Sua mudança de comportamento se dá naturalmente. A direção/produção deve ter pensado em seu nome, primeiramente, além de seu talento, é claro, que justifica sua presença no elenco, para tê-lo, novamente, fazendo par romântico com MALU RODRIGUES, como há 15 anos, no icônico musical “O Despertar da Primavera”, sob a mesma direção desta “A NOVIÇA...”. Confesso que fiquei meio cético, dado que o ator, ainda que, na vida real, tenha idade para ter filhos adolescentes de 16 anos - a filha mais velha -, tem uma aparência bem jovem, de menos idade, e o personagem, parece-me, teria que aparentar ser mais velho, a julgar pelos atores que defenderam o papel nas montagens anteriores, porém fiquei extremamente convencido daquele Capitão Von Trapp. PIERRE o dignifica.

 

 


  Na primeira vez em que assisti à atual montagem, o papel de Liesl, cuja titular é LARISSA MANOELA, foi interpretado por sua alternante, GIOVANNA RANGEL, a quem admiro profundamente, como a poucas “cantrizes”. GIOVANNA me fez adorar a sua interpretação. Fiquei, porém, curioso e com vontade de ver a titular do papel em ação, o que consegui, na segunda vez em que estive no Teatro Riachuelo-RJ, para rever a peça. Agradou-me, da mesma forma, a sua “performance”.

 

 

 

   INGRID GAIGHER (Baronesa Elsa Schraeder, postulante a esposa do Capitão), EDUARDO BORELLI (Rolf, funcionário do Correio e namorado de Liesl), CLAUDIO MENDES (Franz, mordomo da mansão dos Von Trapp) e MARTINA BLINK (Frau Schmidt, a governanta) formam um quarteto de excelentes atores e dão conta, à altura, de seus personagens.

 

 

 

Os demais do elenco, em papéis de menor relevância na trama, porém valorizados por eles, são SAULO RODRIGUES (Herr Zeller, oficial nazista), KADU VEIGA (Barão Elberfeld), HAMILTON DIAS (Padre e Almirante Von Schreiber, da Marinha alemã), SUZANA SANTANA (Irmã Berthe), LUÍSA VIANNA (Irmã Margaretta), FEGAB (Irmã Sophia), TABATHA ALMEIDA, FERNANDA BIANCAMANO, TALITA SILVEIRA, ANA LOBO, CAROL PFIFER, GABI BORBA, HELEN TORMINA, ROBERTA GALUZZO e CELSO TILL.

 

 


   Um dos destaques da peça sempre foi o elenco infantojuvenil. Como os que me leem já devem saber, por conta de uma exigência legal, um elenco em que atuem crianças e menores de idade deve ser constituído por mais de um nome para cada personagem. Assim, à exceção de LARISSA MANOELA, que conta com apenas uma alternante, GIOVANNA RANGEL, mas não por tal motivo, todos os demais “filhos” contam com três nomes para cada papel. Assim, temos CHIKO, JOÃO PEDRO CHASELIOV e THEO NÓBREGA, como Friedrich; BIA BRUMATTI, BRUNA NEGENDANK e MARIA SCALETSKY, como Louisa; ENZO PACÍFICO, PEDRO BURGARELLI e SAMUEL EBENDINGER, como Kurt; ALICE CAMARGO, CAROL BINDER e OLI BELA, como Brigitta; JULIA SALARINI, MALU MIRANDA e MARIA NEDER, como Marta; e CLARA PORTELA, MAYA DIAS e VALENTINA REIS, como Gretl. Quando assisti ao musical na primeira vez, atuaram, nos papéis dos filhos, além de GIOVANA, todos os nomes assinalados em vermelho, excelentes, afinadíssimos e atentos às coreografias e às falas. Na segunda, igualmente talentosos, os assinalados em azul. É interessante dizer que, para esse elenco de “crianças”, todos foram selecionados após uma maratona de audições.


 



 

  MARCELO CASTRO, maestro regente, nas três montagens, também dividiu a direção musical, em 2008, com CLAUDIO BOTELHO, porém, nas duas últimas, assinou, sozinho, essa função, num trabalho digno dos maiores aplausos, à frente de uma magnífica orquestra, de 15 exímios músicos.


 

 

 Em 2008, a coreografia era assinada pela consagrada bailarina e coreógrafa DALAL ACHCAR, que não fez parte da FICHA TÉCNICA de 2018, porém volta a nos alegrar com seu desenho coreográfico, na atual versão. Não sei se DALAL manteve os mesmos traçosnão tenho como me lembrar disso. Recordo-me, porém, de que eram números bem alegres, como cada cena pedia, o que ela repete agora.



Devemos a FELICIANO SAN ROMAN e seus colaboradores todo o ótimo visagismo do musical, com destaque para o conjunto de perucas e penteados femininos, tudo dentro do contexto da época.


 


  Sempre que escrevo sobre musicais, faço questão de chamar a atenção para o desenho de som, de tal forma ele é importante neste tipo de TEATRO, uma vez que toda harmonia e ajustes são necessários na mixagem de sons da orquestra com as vozes dos cantores, já que as letras das canções fazem parte do texto, ajudam a contar a história. Fiquei deslumbrado com a qualidade do som que ANDRÉ BREDA teve o cuidado de preparar para o “show”, indubitavelmente, a melhor sonoridade que conheci nos últimos anos.


 

          Desde os primórdios da produtora MÖELLER & BOTELHO, em 1997, com o espetáculo “As Malvadas”, um nome é importantíssimo para que todos os processos de montagem aconteçam a tempo e a contento. Ela é os quatro braços e as quatro pernas de CHARLES e CLAUDIO, “os meninos”, como carinhosamente me refiro aos dois, desde quando nos conhecemos. Ela é a responsável pela coordenação artística dos trabalhos: TINA SALLES.

 

 

 

   A entrada do coro de freiras, pela plateia, abrindo o espetáculo, com um canto, em latim, “a capella”, é algo supremo, sublime. É de fazer arrepiar.

  

 

 

   A personagem da Madre Superiora, como já disse, ganhou um frescor, totalmente dentro da nova proposta, e ANALU PIMENTA, quando canta, nos leva às lágrimas, solando, em coro ou num belo dueto com MALU, em “My Favorite Things” (“Minhas Coisas Favoritas”.).

 

  

 

  Algumas das cenas ficam marcadas na mente e no coração do espectador, como, por exemplo, a do casamento entre MARIA e o BARÃO VON TRAPP, também a magnífica cena final, todas as que envolvem as “crianças” e a da preparação para a fuga, quando a família se vê, cercada por nazistas, num cemitério, antes de conseguir atingir a montanha. Na primeira versão e no filme, esse momento é muito tenso, para quem assiste a ela, na torcida de que os heróis não sejam descobertos e presos pelos vilões, porém, na atual versão, ela se reveste de um ar de romantismo, de pureza, que não provoca a mesma sensação de pânico, no público. Ficou mais leve e mais bonita; mais humana. Foi essa a minha sensação.


 

       É indubitável que “A NOVIÇA REBELDE” é um dos mais lindos e importantes musicais da história desse gênero, que eu amo, e que, felizmente, nas três vezes em que foi montado no Brasil caiu nas mãos sensíveis e competentes da dupla CHARLES MÖELLER e CLAUDIO BOTELHO.

 

 

 

            Para concluir os comentários sobre os artistas de criação envolvidos com a plasticidade do espetáculo, faltava falar da iluminação, de PAULO CESAR MEDEIROS, que também assinou a luz da primeira encenação. Não sei o que dizer sobre o Paulinho, além do que sempre já disse, em todos as peças que ele ilumina. É um dos nossos mais competentes iluminadores e, nesta montagem, teve um trabalho e uma preocupação a mais, devido à necessidade de ter que se preocupar com um dado assaz relevante: mensurar bem a intensidade de seus focos e cores, da metade do palco para a frente, com o objetivo de não “sujar” as projeções no telão de LED. Acredito que tenha sido um novo desafio, perfeitamente cumprido.


 

 


FICHA TÉCNICA:

Música de Richard Rodgers e Letra de Oscar Hammerstein II
Libreto de Howard Lindsay e Russel Crouse
UM ESPETÁCULO DE CHARLES MÖELLER & CLAUDIO BOTELHO
Versão Brasileira e Supervisão Musical: Claudio Botelho
Direção: Charles Möeller

 

Elenco: Malu Rodrigues (Maria), Pierre Baitelli (Capitão Georg Von Trapp), Larissa Manoela (Liesl), Giovanna Rangel (Liesl – alternante), Pedroca Monteiro (Tio Max), Ingrid Gaigher (Baronesa Elsa Schraeder), Analu Pimenta (Madre Superiora), Eduardo Borelli (Rolf), Claudio Mendes (Franz), Martina Blink (Frau Schmidt), Saulo Rodrigues (Herr Zeller), Kadu Veiga (Barão Elberfeld), Hamilton Dias (Padre e Almirante Von Schreiber), Suzana Santana (Irmã Berthe), Luísa Vianna (Irmã Margaretta), Fegab (Irmã Sophia), Tabatha Almeida, Fernanda Biancamano, Talita Silveira, Ana Lobo, Carol Pfifer, Gabi Borba, Helen Tormina, Roberta Galuzzo, Celso Till.

 

As crianças: Chiko (Friedrich), João Pedro Chaseliov (Friedrich), Theo Nóbrega (Friedrich), Bia Brumatti (Louisa), Bruna Negendank (Louisa), Maria Scaletsky (Louisa), Enzo Pacífico (Kurt), Pedro Burgarelli (Kurt), Samuel Ebendinger (Kurt), Alice Camargo (Brigitta), Carol Binder (Brigitta), Oli Bela (Brigitta), Julia Salarini (Marta), Malu Miranda (Marta), Maria Neder (Marta), Clara Portela (Gretl), Maya Dias (Gretl) e Valentina Reis (Gretl).

 

Direção Musical: Marcelo Castro
Coreografia: Dalal Achcar
Cenografia: Nicolás Boni
Figurinos: Karen Brusttolin
Visagismo: Feliciano San Roman
Desenho de Som: André Breda
“Casting”: Marcela Altberg
Coordenação Artística: Tina Salles

Fotos: André Wanderley (Estúdio) e Caio Gallucci (Cena)

Direção de Produção Möeller&Botelho: Carla Reis
Direção de Produção Aventura: Bianca Caruso

Direção Artística e Produção Geral Aventura: Aniela Jordan
Direção de Negócios e “Marketing” Aventura: Luiz Calainho

Realização: Aventura e Möeller&Botelho




SERVIÇO:

Temporada: De 19 de abril a 23 de junho de 2024.
Local: Teatro Riachuelo – RJ.

Endereço: Rua do Passeio, nº 40 – Centro – Rio de Janeiro.

Dias e Horários: 5ªs feiras, às 19h; 6ªs feiras, às 20h; sábados e domingos e feriados, às 15h e 19h.

Valores dos Ingressos: Entre R$ 19,50 (meia-entrada) e R$ 360 (inteira), a depender do dia, da sessão e da localização do assento.

Ingressos à venda na plataforma Sympla (com taxa de conveniência) ou na bilheteria do Teatro Riachuelo.

São Paulo: ingressos à venda em https://uhuu.com/evento/sp/sao-paulo/a-novica-rebelde-12496#.


Datas de apresentação de Larissa Manoela:

RIO DE JANEIRO: Abril: 19, 20, 24, 26 e 28 (19h); Maio: 02, 04 (19h), 10, 12 (19h), 16, 18 (19h), 23, 26 (19h) e 31; Junho: 01 (19h), 06, 08 (15h), 16 (19h), 20, 23 (15h). 

SÃO PAULO: Julho: 13 (15h), 14 (20h), 18, 19, 25, 28 (20h).

 

Sessões Acessíveis:

Rio de Janeiro: 04/05, às 15h; 09/06, às 15h; 21/06, às 20h (Libras e Audiodescrição)

São Paulo: 14/07, às 15h; 20/07, às 15h; 26/07, às 20h (Libras e Audiodescrição)

Haverá acessibilidade (libras, audiodescrição e legendagem) em todas as sessões através de tablet. Os interessados em assistir podem entrar em contato pelo e-mail: producao.novicarebelde@gmail.com.

Duração: 180 minutos.

Indicação Etária: livre.

Gênero: Musical.

 


 

 

  “A NOVIÇA REBELDE” existe há 65 anos e é sempre uma estrondosa “novidade” onde quer que seja montado. Trata-se de um espetáculo musical imperdível, que eu não me canso de rever e de recomendar, direcionado às famílias. Encanta do neto ao avô, muito também por conta das belíssimas e alegres canções da dupla RODGERS e HAMMERSTEIN, “papas” do TEATRO Musical, compostas para o musical de 1959. A dupla imortalizou, definitivamente, canções como “The Sound of Music”, “Do-Re-Mi”, “My Favorite Things” e “So Long, Farewell”, as mais populares. Eis o “set list” completo:

PRIMEIRO ATO: Prelúdio (Freiras); “O Som da Música” (Maria); “Maria” (Madre Superiora e Imãs Berthe, Margaretta e Sophia); *“Coisas que Eu Amo” (Maria e Madre Superiora); “Eu Confio” (Maria); “Dó-Ré-Mi” (Maria e Crianças); “Dezesseis e Dezessete” (Liesl e Rolf); “O Pastorzinho” (Maria e Crianças); “Quanto Vai Durar” (Tio Max e Baronesa Elsa Scharaeder); “O Som da Música” – Reprise (Capitão Von Trapp, Maria e Crianças); “Até Logo, Adeus” (Crianças); “Hino matinal” (Freiras) e “A Montanha” (Madre Superiora).

SEGUNDO ATO: “Entreato” (Orquestra); Abertura: “O Pastorzinho” (Tio Max e Crianças); “Alguma Coisa Boa” (Maria e Capitão Von Trapp); “Gaudemus Domino” (Freiras); O Concerto: “Dó-Ré-Mi” (Maria, Capitão Von Trapp e Crianças); O Concerto: “Edelweiss” (Capitão Von Trapp, Maria e Crianças); O Concerto – Reprise: “Até Logo, Adeus” (Maria, Capitão Von Trapp e Crianças) e **”Sobe a Montanha” (Finale) (Madre Superiora e Freiras).



* A interpretação de MALU RODRIGUES e ANALU PIMENTA, duas “cantrizes” de primeira linha, é uma delícia!!!

** O solo de ANALU PIMENTA é sublime, de fazer chorar, de tão emocionante!!!

 

 


  Por oportuno, acho muito interessante, por parte da produção, que, durante o intervalo entre os dois atos, a ideia de projetar um pequeno vídeo, tendo, como apresentador, JOÃO PEDRO CHASELIOV, mostrando os bastidores da peça e da produção, em si.



  E, para encerrar estas modestas considerações acerca desta OBRA-PRIMA, senti vontade – e vou fazê-lo – de prestar uma singela e verdadeira homenagem a duas saudosas e queridas amigas, que nos deixaram, respectivamente, em 2015 e 2017, as quais participaram da primeira montagem de “A NOVIÇA REBELDE”: Ada Chaseliov (Frau Schimidt) e Solange Badim (Baronesa Elsa Schraeder).  

 

 

 

 

 

 

 

FOTOS: ANDRÉ WANDERLEY (Estúdio)

e

CAIO GALLUCCI (Cena)

 


GALERIA PARTICULAR

(FOTOS: JOÃO PEDRO BARTHOLO.)



Com Pierre Baitelli.




Com Malu Rodrigues.





VAMOS AO TEATRO!

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!

A ARTE EDUCA E CONSTRÓI, SEMPRE; E SALVA!

RESISTAMOS SEMPRE MAIS!

COMPARTILHEM ESTA CRÍTICA, PARA QUE, JUNTOS, POSSAMOS DIVULGAR O QUE HÁ DE MELHOR NO TEATRO BRASILEIRO!











Nenhum comentário:

Postar um comentário