O BEIJO
NO ASFALTO
- O MUSICAL
(“ESSE
BEIJO
NINGUÉM
MAIS
VAI
ESQUECER”.)
Estava
para surgir a grande sensação do ano, em termos de MUSICAIS. E olha que 2015, no Rio de Janeiro, foi um excelente ano
com relação a tal gênero teatral!
Surgiu,
finalmente, a OBRA-PRIMA, fruto de
uma ideia brilhante, genial, e de um árduo trabalho de pesquisa e criação de quase
cinco anos. Falo de “O BEIJO NO ASFALTO
– O MUSICAL”, idealização de CLAUDIO
LINS, o que me enche de orgulho, por ter sido meu aluno, tão aplicado,
quando pré-adolescente, quanto é, hoje, um grande artista, respeitado, como
cantor, ator e, agora, criador e empreendedor.
Ele e JOÃO FONSECA, além de um elenco só de
grandes profissionais, dos melhores na praça - atores, criadores e técnicos -,
são os responsáveis pelo MELHOR MUSICAL
deste ano e por um marco na história dos musicais brasileiros.
Nunca
eu poderia imaginar que um texto de NELSON
RODRIGUES pudesse, pelas mãos e pela sensibilidade de uma pessoa, se
transformar num magnífico MUSICAL. E
logo eu, que nunca escondi de ninguém que não vejo, no dramaturgo NELSON RODRIGUES, o gênio que quase
todo mundo considera. Não mudei de opinião, entretanto, “O BEIJO NO ASFALTO” é uma das quatro ou cinco peças dele que mexem
com o meu emocional.
Aí, vem um grande
artista e mantém o texto na íntegra, agregando-lhe apenas valores positivos,
transformando-o na grande sensação do momento, em termos de MUSICAIS. E com o diferencial de ser um
texto genuinamente nacional, o que, ABSOLUTAMENTE,
diminui o mérito de todos os que foram montados ou que ainda estejam em cartaz,
este ano, versões da Broadway e
afins.
Ousadia, coragem e muita competência!
Há
algum tempo, vinha ouvindo falar dessa “maravilha que o Claudimho está querendo
montar”. A curiosidade era muita, mas a expectativa, confesso, não era
proporcional à grandeza desse espetáculo. Quando assisti a ele pela primeira
vez, senti taquicardia, custou-me algum tempo recuperar o fôlego, surpreendi-me
quase saindo da poltrona e me projetando ao palco. Com cinco minutos de
espetáculo, já me sentia totalmente impactado por tudo, ABSOLUTAMENTE TUDO. Já sabia que seria difícil segurar a emoção. E
não foi diferente na segunda vez nem será nas próximas . Sim, porque ainda
quero vê-lo outras vezes mais.
O
que se vê, em cena, senhores, é uma verdadeira OBRA-PRIMA do TEATRO MUSICAL
BRASILEIRO!!!
“Álbum de
Família”, dentro de “O Beijo no Asfalto – O Musical”:
Claudio Lins,
Laila Grin, Yasmin Gomlevsky e Gracindo Jr.
Farei
uso de algumas informações que me chegaram, via assessoria de imprensa, num perfeito e completo “release”, com adaptações, falando um
pouco sobre a obra e a montagem, para, em seguida, me deter nas minhas
impressões sobre o espetáculo.
É sabido de todos que o musical se baseia num dos clássicos
de NELSON RODRIGUES, escrito há 55
anos e que, agora, volta aos palcos, em sua primeira versão musical. A montagem
é a concretização de um sonho de CLAUDIO
LINS, dono de um DNA privilegiado, por ser filho de Ivan e Lucinha Lins,
embora jamais tenha se aproveitado do
sobrenome, para provar seu imenso talento. Ele é o CLAUDIO; o “LINS” é por
acaso, na certidão de nascimento.
Incensado (não
por mim), com o epíteto de “maior
dramaturgo brasileiro”, NELSON
RODRIGUES é, também, considerado um dos pais do teatro moderno, o homem que
elevou a arte teatral a uma categoria superior e que revolucionou essa arte,
quando seu “Vestido de Noiva” chegou
aos palcos.
Considerado como dono de um olhar profundo sobre a
fragilidade da natureza humana, NELSON
legou à posteridade uma série de clássicos, dos quais “O BEIJO NO ASFALTO” é, sem dúvida, um dos maiores destaques.
Lançado em 1960, o texto foi adaptado, dezenas de vezes, para o teatro e em
duas versões cinematográficas. A atual remontagem estreou no Teatro SESC Ginástico, no Rio de Janeiro, curiosamente onde o
espetáculo estreou sua primeira temporada nos palcos, em 1961. Atualmente,
continua em cartaz no Teatro das Artes,
no Shopping da Gávea (ver SERVIÇO).
Para criar as canções, CLAUDIO LINS mergulhou, durante quatro anos, em uma extensa
pesquisa sobre a sonoridade musical dos anos 60, período em que se passa a
trama, buscando um resultado que soasse “vintage”, canções de estruturas contemporâneas,
mas que mantêm referências musicais da época. Utilizou, para isso, vários
ritmos, que vão do samba ao “rap” (ligeira e muito bem colocada inserção),
passando pelo samba-canção, pelo samba de breque, pelo bolero e pelo tango,
dentre outros ritmos. O resultado foi cerca de 20 canções, 15 das quais fazem
parte do espetáculo, executadas por uma banda ao vivo, com bases pré-gravadas,
que lembram o som dos rádios nos anos 60. CLAUDIO,
com muita tristeza, teve de abrir mão de algumas canções, para que o espetáculo
não inchasse tanto ou porque, depois de prontas, não se adequavam ao tema.
Cauby Peixoto,
Tito Madi, Vicente Celestino (um dos favoritos de NELSON), Orlando Dias, Roberto Silva, Nelson Gonçalves, Anísio
Silva, todos eles foram fonte de inspiração. “Especialmente Dolores Duran,
cujo universo se encaixa, perfeitamente, com os personagens de NELSON”,
completa CLAUDIO. As canções,
especialmente compostas para a peça, aliás, são intercaladas com trechos de
algumas outras de época, cujas sonoridades ou temas são semelhantes, o que
gerou um resultado fantástico, belíssimo.
Inqusição.
SINOPSE
Praça da Bandeira, Rio de
Janeiro, uma tarde no início da década
de 60.
Um homem (PABLO ÁSCOLI), na calçada, perde o equilíbrio
e cai na frente de um lotação, que o atira longe. A primeira pessoa a
socorrê-lo é ARANDIR (CLAUDIO LINS).
Ao se debruçar sobre o
moribundo, este pede um último desejo: um beijo. ARANDIR o beija. E, logo depois, o rapaz morre.
O episódio é presenciado
por APRÍGIO (GRACINDO JÚNIOR), sogro
de ARANDIR e pelo jornalista AMADO RIBEIRO (THELMO FERNANDES).
O astuto repórter policial,
do jornal Última Hora, vislumbra, no
acontecimento, a possibilidade de estampar, na primeira página, do dia seguinte,
uma história de manchete bombástica: O
BEIJO NO ASFALTO.
Para isso, convence o
delegado CUNHA (CLAUDIO TOVAR) a
ajudá-lo na coação de testemunhas e na comprovação de fatos, que pouco terão a
ver com a realidade. O que importa é vender jornal.
E, assim, os dias
subsequentes se tornam um inferno na vida do pacato ARANDIR, um funcionário de escritório, recém-casado com a sonhadora
SELMINHA (LAILA GARIN).
Namorados, desde a
infância, os dois moram ainda com a irmã mais nova de SELMINHA, DÁLIA (YASMIN
GOMLEVSKY), e recebem sempre a visita do pai das meninas, APRÍGIO.
Levam uma vida morna e
feliz de uma família de subúrbio carioca, mas, a partir da reportagem de capa,
publicada no jornal Última Hora, a
masculinidade de ARANDIR é posta à
prova publicamente.
Os fatos se confundem com
uma ficção rocambolesca e ARANDIR
passa a sofrer com a maledicência moral, que vem de todos os lados – da
imprensa, da polícia, da vizinhança, dos colegas de trabalho... Até chegar ao
ponto de a própria família passar a acreditar mais no jornal do que nele.
O desfecho é bastante
trágico e revela um segredo que abala o público.
O Beijo...
...no Asfalto.
Quanto à trajetória da peça, que conta o drama de ARANDIR e dos que o cercam, é bom saber
que o texto original foi escrito em apenas 21 dias. Era uma encomenda feita por
Fernanda Montenegro, para a sua
companhia, a Sociedade Teatro dos Sete.
A peça estreou no dia 7 de julho de 1961, com direção
de Fernando Torres e cenários de Gianni Rato. No elenco, além de Fernanda, estavam Oswaldo Loureiro, Sérgio
Britto, Mário Lago, Ítalo Rossi, Francisco Cuoco e Suely
Franco, entre outros.
Desde então, a peça teve inúmeras montagens e duas
adaptações para o cinema. A primeira, em 1963, com direção de Flávio Tambellini, tinha Reginaldo Farias, Norma Blum, Xandó Batista
e Jorge Dória nos papéis principais.
A segunda, em 1981, com direção de Bruno
Barreto, era estrelada por Ney
Latorraca, Christiane Torloni, Tarcísio Meira, Daniel Filho e Lídia Brondi.
Apesar dos percalços e de muita polêmica, a primeira
montagem de “O BEIJO NO ASFALTO”
acabou se tornando o maior sucesso de NELSON
RODRIGUES até então. O sucesso só não foi maior, devido à renúncia de Jânio Quadros, quando a peça completava
cerca de um mês e meio de temporada. Obviamente, o fato fez o Brasil parar por
quase 10 dias, ficando à beira de uma guerra civil. E não foi um sucesso
tranquilo. Muitos espectadores se sentiram ultrajados com a montagem, o que fez
com que o próprio autor fosse para o saguão do teatro, para interpelar os
espectadores que saíam no meio do espetáculo, quase sempre, convencendo-os a
voltar.
A história de “O
BEIJO NO ASFALTO” é baseada em fatos reais, ocorridos na época. O repórter Pereira Rego, do jornal O Globo, foi atropelado por um
arrasta-sandália (espécie de ônibus antigo) e, antes de morrer, pediu um beijo
para uma jovem que tentava socorrê-lo. A personagem do repórter policial AMADO RIBEIRO também existiu e era
colega de NELSON, na redação do
jornal Última Hora. Aliás, NELSON gostava de colocar seus colegas
como personagens de suas crônicas.
Dália decide deixar de morar com a irmã e o cunhado.
Peçam-me alguns
motivos para sair de casa e assistir a “O
BEIJO NO ASFALTO – O MUSICAL” e eu lhes darei oito, ou dez, ou vinte, ou...
1) TEXTO – É um dos
melhores de NELSON RODRIGUES. Pode
ser classificado como uma tragédia
contemporânea, que apresenta um enredo nem um pouco simples, motivado por
um fato surpreendente e nada convencional, gerador de toda uma trama, que só
faz ir crescendo e complicando, cada vez mais, a urdidura.
É tudo muito bem encaixado, minuciosamente pensado.
Nesse texto, fica patente a força da imprensa, a manipulação, o poder que ela
exerce sobre tudo e sobre todos, chegando a desmoralizar pessoas e instituições,
como a Polícia, principalmente a chamada “imprensa
marrom”, aquela do jornal que “se
espremer, sai sangue”, a que planta fatos, cria situações, forja flagrantes,
coage, corrompe, em nome de um bom faturamento.
Quanto à linguagem
empregada por NELSON, esse detalhe
sempre foi um dos fortes na sua dramaturgia. Ele sabe colocar a palavra certa,
na boca de cada personagem, no momento exato. Além disso, trata-se de uma
linguagem que apresenta termos pitorescos, que marcaram uma época e nos
oferecem farto material para uma pesquisa sociolinguística, como “É batata!” (não falhar, não deixar de
ocorrer), “espírito de porco” (pessoa cruel, ranzinza, que se especializa em complicar situações
ou em causar constrangimentos), “fazer uma boquinha” (comer alguma coisa),
“É uma ova!” (De jeito nenhum!), “Meus para-choques!” (Meus parabéns!), “Não tenho nada a ver com o peixe!” (Não
tenho nada a ver com isso!), “Nossa
Amizade!” (tratamento dispensado a pessoa
íntima ou a desconhecido, por simpatia, e que corresponde a “amigo”), “distrito” (delegacia), “lotação” (tipo de coletivo), “Amigo da Onça” (indivíduo que se mostra amigo e, ao mesmo tempo, é alguém em quem não se pode
confiar, pois é uma pessoa falsa, que trai as amizades;
hipócrita e infiel), “pra chuchu”
e “pra burro” (equivalem a uma locução adverbial, demonstrando intensidade), “Seu vigarista!” (xingamento, equivalente a “Safado!”, “Trapaceiro!”, “Desonesto!” ou
algo semelhante), “Chispa!” (“Cai
fora!”, “Vai embora!”, “Sai daqui imediatamente!”, “É o escolarinho!” (com diversas equivalências atuais impublicáveis,
mas que podem, facilmente, ser entendidas)...
No que se refere aos diálogos, são ágeis e cheios de interrupções, o que concede, ao
espetáculo, um ritmo bastante acelerado, dinâmico, frenético, em alguns
momentos.
Não foi o primeiro beijo (?).
2) DIREÇÃO – Nunca escondi de ninguém que
considero JOÃO FONSECA um dos
melhores diretores de sua geração, porém sempre fiz algumas restrições aos
musicais que dirigiu, mais a uns do que a outros, ainda que, aos poucos, de um
para outro, seu trabalho ia me agradando mais. Hoje, posso dizer que JOÃO é um grande diretor de musicais e que, com este espetáculo, entrou
para a minha modesta, mas sincera, galeria dos melhores.
O que ele fez neste “O BEIJO...” pode ser considerado como trabalho de gênio. Primeiro,
por ter conseguido manter toda a carga emotiva que o texto impõe, mantendo-se
fiel ao universo rodriguiano; segundo, por saber definir atores e personagens
(isso é fundamental, principalmente em MUSICAIS);
em terceiro lugar, por criar situações e encontrar soluções, para as cenas,
totalmente criativas, de excelente bom gosto e expressiva criatividade.
A única “sacada” que considero desnecessária é quando
coloca JORGE MAYA, numa cena,
vestido de mulher, dançando com THELMO
FERNANDES, enquanto CLAUDIO TOVAR
canta. A plateia se diverte muito; eu também me diverti bastante, porém a letra
da canção, que é muito interessante, para o texto, passa totalmente despercebida,
ofuscada pelo bailado da hilária dupla. Na segunda vez em que assisti à peça,
esforcei-me por ignorar os “dançarinos” e me fixei na letra da canção. Talvez
isto pudesse ser repensado: acabar com a “dança”.
Em compensação a ideia de pôr o morto em pé, e cantando, é genial. E as vinhetas, que intercalam
algumas cenas, são excelentes. Sem falar nos pequenos detalhes, que enriquecem
a encenação, como, por exemplo, a execução do “jingle” utilizado na campanha
que elegeu Jânio Quadros para a Presidência da República. As mudanças
de cenas são muito rápidas, e ótimas, criando um dinamismo que impossibilita
uma piscada.
A cena do escritório, quando ARANDIR
é humilhado pelos colegas de repartição, é um primor, com todos fantasiados, como
num baile de carnaval, ao som de uma marchinha (“Coitado do Waldemar! / Tá dando
o que falar! / Comeu carne de boi, / Falou fino / E deu pra se rebolar. / Mas
que azar!”), cantada pelos colegas de trabalho, ao vivo, misturando-se à
gravação de Jackson do Pandeiro.
A humilhação.
A cena de sexo entre o casal, ARANDIR
e SELMINHA, no quarto, enquanto DÁLIA se masturba, na sala, ao som dos
gemidos de gozo dos dois, além de linda, é totalmente desprovida de qualquer
elemento apelativo. É lírica, embora, picante.
A última cena do primeiro ato, entre ARANDIR e SELMINHA, é
prova cabal de que alguém sabe escrever um musical. Deixa o “gancho” perfeito
para o segundo ato, criando, no
espectador, a vontade de que os 15 minutos de intervalo fossem diminuídos, para
que, logo, se desse continuidade à trama.
3) ELENCO –
O sucesso do trabalho de um bom diretor começa pela escolha de um ótimo texto,
continua na definição da proposta de como contar aquela boa história e, logo em
seguida, vem, como já disse anteriormente, a parte crucial de sua tarefa: a escalação
do elenco, que tem de ser muito bem feita e não pode obedecer a nenhum outro
critério, a não ser o de competência e qualidade, de acordo com o seu “feeling”.
Nada pior do que figuras decorativas em cena. Nem sempre o diretor acerta. Nem
sempre, JOÃO FONSECA acertou. Aqui,
porém, ninguém poderia estar melhor no lugar de cada profissional convidado, ou
testado, por ele. É um elenco
harmonioso, o elenco, competente ao extremo.
CLAUDIO LINS
(ARANDIR) – Nasceu “CAUDIO” e se
tornou “ARANDIR”. A paixão como ele
se entrega ao personagem é comovente e facilmente percebida, mesmo por quem não
é “habitué” de teatros.
O seu ARANDIR
é lindo, convincente, da primeira à última cena. Com a maior facilidade, toca o
coração de cada espectador e conta com a piedade de todos, além de uma torcida,
para que consiga provar que não é o monstro que fizeram dele.
Como ator, está perfeito; como cantor, abusa do
direito de ser bom. Seu personagem passa por uma metamorfose, ao longo da peça,
que o vai aniquilando, transformando-o num trapo humano, vítima de
preconceitos, intolerâncias e, acima de tudo, maledicências gratuitas.
Foi tomado como “o pato”, para as escusas intenções de
um repórter canalha, que conta com a cumplicidade de policiais corruptos, com o
firme, e único, propósito de lucrar, com a venda de seu “pasquim”.
De um homem honesto, trabalhador, bom marido, um
perfeito cidadão, é alçado à figura de um pervertido, um homossexual, numa
época em que a homofobia ainda era muito pior do que se verifica hoje, e, ainda
por cima, assassino, visto que não bastava manchar a sua reputação de homem;
ainda lhe imputaram um crime que ele jamais cometeu nem teria coragem de
cometer; menos, ainda, motivos para tal. No fim, acaba sendo erradamente
julgado por uma sociedade hipócrita.
O trabalho de
CLAUDIO LINS é digno de premiacÕES. Assim
mesmo, no plural.
Claudio Lins e Laila Garin: a cara do pavor.
LAILA GARIN
(SELMINHA) – Assistam ao espetáculo (e os que já o fizeram também) e
respondam a duas perguntas:
a) Alguma outra atriz poderia ocupar o lugar de LAILA?
b) A personagem não parece ter sido escrita para ela?
SELMINHA é
uma personagem muito boa, desejada por qualquer atriz, um sonho de consumo, mas,
ao mesmo tempo, é bastante traiçoeira, no sentido de que exige uma interpretação
muito comedida, para não se tornar caricata.
Em outras palavras, tem de ser interpretada por uma
grande atriz, que consiga passar uma ingenuidade, de uma dona de casa, uma
esposa dedicada, nascida para o casamento, fiel e apaixonadíssima pelo marido,
e, ao mesmo tempo, uma certa insegurança, uma incredulidade muito bem dosada,
quanto à atitude de ARANDIR e suas
consequências. Tudo isso LAILA faz.
Sofre, por isso mesmo, uma transformação, chegando ao
ponto de se recusar a encontrar o marido, no hotel vagabundo em que ele se
hospedara, para fugir ao assédio da imprensa e à prisão, e nega-se a beijá-lo
na boca, por nojo.
Ela é um ser frágil, mas tem de ser forte, para suportar
a pressão que pesa sobre seus ombros. Embora não fique bem claro, parece ter
sido estuprada pelo inescrupuloso jornalista e pelo irresponsável delegado,
como castigo, por não ter revelado o paradeiro de ARANDIR.
LAILA GARIN,
que já demonstrou ser uma das melhores cantrizes do TEATRO MUSICAL BRASILEIRO, atinge seu ápice neste trabalho,
interpretando, da forma mais perfeita possível, e cantando, como diz a canção (“Cantei, cantei, jamais cantei tão lindo
assim...”).
Seus solos são inesquecíveis, tanto nas canções originais,
como aquela em que diz conhecer bem o marido e sabê-lo “HOMEM”, como, quase ao final da peça, interpretando “A Noite do Meu Bem”, de Dolores Duran, cena que entrará para os
anais do TEATRO MUSICAL BRASILEIRO e
que provoca muitas lágrimas. Chorei até ter dó de mim. Canta com técnica e alma.
O trabalho de LAILA, nesta peça, é um
diamante sem a menor imperfeição, trabalho de quem tem muita competência, para
dar e vender.
“A Noite do Meu Bem”.
THELMO
FERNANDES – Sempre o considerei um dos melhores atores brasileiros;
musicais à parte. Suas primeiras incursões no gênero não foram do meu agrado,
talvez nem tanto por culpa dele, mas em função das equivocadas montagens de que
participou, se bem que pouco valor, ou nenhum, possa ter essa minha opinião.
Mas, como ator, sempre fui seu “fã de carteirinha”.
Agora, não tenho como poupar elogios ao seu magnífico
trabalho como o cafajeste AMADO RIBEIRO,
o grande articulador de toda a trama. AMADO,
que, de “amado” não tem nada.
Sem o seu “mau-caratismo”, não haveria peça. Sem THELMO FERNANDES, representando o
personagem, a peça perderia muito. Além de todo o mal que causa a ARANDIR e os que o cercam, ainda chega
ao cúmulo de sugerir ao sogro que mate o genro, como forma de “salvar a honra
da família”. Suas intenções, porém, eram outras. Nos seus olhos, apenas
cifrões...
Além de sua irretocável interpretação, sai-se muito
bem nos solos musicais, apoiado e favorecido, obviamente, pelas magníficas letras
das canções.
Seu solo musical, quase ao final da peça, no qual se
pode perceber um certo “remorso” (será?), mas também uma assunção de seu pérfido
caráter, é antológico.
Se a técnica vocal precisa, ainda, ser um pouco mais
trabalhada, o coração e a alma já não precisam de expansão. Já é um ator de, e para, MUSICAIS!
Seu personagem é coadjuvante
por quê? Porque a estrutura dramatúrgica do texto assim o classifica. Para mim, também é um grande protagonista.
Thelmo Fernandes.
Amado e seu antológico solo.
CLAUDIO TOVAR
(DR. CUNHA) – As três últimas frases
do comentário sobre o trabalho de THELMO
também se aplicam a CLAUDIO TOVAR,
na pele de CUNHA, o delegado
corrupto, que, da forma mais errada possível, “investiga” um simples fato e,
exercendo o abuso do poder, vai aos limites da corrupção e do mau exercício de
sua função, que seria a de proteger o cidadão e fazer justiça, infernizando a
vida de um homem e sua pacata família.
TOVAR, em
musicais, sempre se saiu bem, porém, aqui, consegue sobressair-se, por ter
assimilado, de forma perfeita, os trejeitos, o cinismo e todos os defeitos do
personagem, o que lhe concede grande credibilidade. Excelente trabalho!
Claudio Tovar e Jorge Maya.
YASMIN
GOMLEVSKY (DÁLIA) – Falando em escalação de elenco, o nome de YASMIN parece servir de melhor exemplo.
Que DÁLIA
maravilhosa YASMIN representa!
A atriz conseguiu captar todas as características da
personagem, das mais explícitas e evidentes às que demandam bastante acuidade
por parte do espectador.
A convivência com o casal, SELMINHA e ARANDIR, embora
não seja explicada no texto, sugere o desejo da jovem de querer estar junto ao
cunhado, por quem nutre uma paixão arrebatadora, que não consegue ocultar
totalmente.
Na flor da sua juventude, é insinuante, sensual, tem
os hormônios do sexo à flor da pele, porém sem ser vulgar, promíscua. Seu amor
por ARANDIR parece bastante ingênuo,
de mocinha leitora de fotonovela pelos galãs das histórias em quadrinho.
É a única que acredita, piamente, na inocência do
cunhado, talvez pela cegueira que a paixão causa aos olhos.
Demonstra uma certa perspicácia ou, até mesmo, uma
fraqueza de caráter, ao sonegar à irmã o endereço certo do hotel em que ARANDIR se hospedara, indo, ela mesma,
em seu lugar, justificando-se, ao dizer que, como a irmã se recusara a ir, ela a
“substituiria”, assumiria o papel de esposa e companheira. E se declara, e se
oferece, ao cunhado.
Esqueçam tudo o que YASMIN GOMLEVSKY já fez em TEATRO
anteriormente, à exceção de sua Anne
Frank. Deixem para lá as suas primeiras experiências em musicais, e vão
assistir a uma atriz madura, competente, dando vida a uma excelente personagem,
com capricho e dedicação, e cantando
excepcionalmente bem.
Yasmin Gomlevsky, brilhando, ao lado de Claudio Lins.
GRACINDO JR.
– Que prazer enorme, que imenso privilégio é ver GRACINDO JR. em cena, do alto dos seus 72 anos de idade,
representando, com tanto vigor e paixão, um personagem riquíssimo, para
qualquer ator, mas que também depende muito de quem o represente, para ganhar,
na peça, a dimensão que o autor lhe concedeu.
Isso é tarefa para GRACINDO JR., o melhor APRÍGIO
que já vi ser representado, seja nos palcos, seja nas telas. E olha que outros
grandes atores já tiveram essa difícil incumbência e se saíram bem; quase
todos. Mas GRACINDO JR., que tantos
brilhantes trabalhos já fez, parece-me estar na plenitude de sua forma
artística.
É fantástico o
seu trabalho neste musical.
E cantando, não tanto com a garganta, mas com o
coração. E, como já dizia o bardo dos heterônimos, “Tudo vale a pena, se a alma não
é pequena”.
Seu solo, ao final da peça, é comovente, numa das mais
belas cenas do espetáculo.
O personagem nunca chamara ARANDIR pelo nome, uma jura que fizera, a não ser depois de este
morto.
Ao personagem, é reservada a grande revelação da peça,
valorizada pela belíssima interpretação do ator.
“Jurei só dizer teu nome depois de morto:
ARANDIR!!!”
JORGE MAYA
(ARUBA) – Quem é bom, quem conhece o seu ofício valoriza qualquer papel,
por mais simples e de menor importância, numa trama. É o caso de JORGE MAYA.
Seu Sancho
Pança, em “O Homem de La Mancha”,
encenado em São Paulo, durante meses, espetáculo ao qual assisti duas vezes, arrancava
aplausos em cena aberta. É certo que era um “quase protagonista”, na trama de Miguel de Cervantes.
Em “O BEIJO...”,
seu personagem, ARUBA, é apenas um
policial, “capacho” do delgado CUNHA,
um “borra-botas”, que, porém, interpretado por JORGE MAYA, é capaz de levar a plateia, também, a aplausos em cena
aberta, como ocorreu nas duas ocasiões em que assisti ao MUSICAL.
Simplesmente, com uma entonação especial, uma
expressão facial única e um passinho à frente, na marcação da cena, dizendo “O delegado!”, “Um tapa!” ou “O Doutor!”,
ele arranca gargalhadas e aplausos dos espectadores.
É o “saber
dizer”, o “como dizer”, além, é
claro, de seu contagiante carisma.
Recém-saído de um profundo drama particular, fico
feliz em vê-lo em cena, como se o TEATRO
estivesse funcionando, para ele, como uma terapia. Santa terapia, que faz um
ator brilhar em cena! Grande e amantíssimo
JORGE MAYA, o meu respeito, o meu carinho e a minha eterna admiração por você,
o homem e o artista!
Não precisa de legenda.
Em papéis
secundários, porém todos, sem exceção,
muito bem em cena, o elenco, de
primeira, ainda conta com JANAÍNA AZEVEDO
(D. MATILDE), GABRIEL STAUFFER (WERNECK), PABLO ÁSCOLI (MORTO), JULIANE BODINI
(VIÚVA), RICARDO SOUZEDO (PIMENTEL / COMISSÁRIO BARROS) e JULIANA MARINS (D. JUDITH / VIZINHA).
Ainda fazem parte do coro.
4) TRILHA
ORIGINAL – Um dos grandes trunfos deste musical, a trilha sonora original, composta por CLAUDIO LINS, é uma atração à parte. As canções são belíssimas,
ajudam a contar a história e a falar dos personagens. As letras são de um bom
gosto inquestionável, assim como as melodias, de fácil assimilação. A plateia
sai do teatro, cantarolando alguns trechos. A ideia de agregar às canções
originais pequenos trechos de sucessos antigos do cancioneiro popular brasileiro
é fantástica, principalmente porque foram muito bem garimpados, para combinar
com as composições originais.
Esta trilha
sonora merece ser eternizada num CD.
Além disso, existem alguns sucessos de outros
compositores, que ganharam roupagem nova, graças à ótima direção musical e arranjos
de DÉLIA FISCHER, uma colecionadora
de prêmios nesse setor.
5) FIGURINOS
– CLAUDIO TOVAR é um dos melhores
figurinistas do nosso TEATRO. Já o
comprovou tantas vezes, e, agora, mais uma vez, acerta, ao vestir os
personagens, obedecendo aos padrões da época, sem, contudo, deixar de dar, a
cada modelo, um toque de contemporaneidade. O resultado disso é um primor. Os
figurinos utilizados na cena do funeral, por exemplo, são excelentes. Dão um
toque de leveza e de deboche a uma situação que, em si, é trágica.
Poucas vezes,
raríssimas mesmo, não apreciei o excelente trabalho do TOVAR!
Figurinos.
6) CENÁRIO
– Adão e Eva. Romeu e Julieta. Tristão e Isolda. Capitu e Bentinho. Tom e
Jerry. JOÃO FONSECA e NELLO MARRESE.
Estamos falando de duplas, de dobradinhas, de pessoas
ou pares, cujos nomes, imediatamente reportam um ao outro.
Há anos, assinando cenários dos espetáculos dirigidos
por JOÃO, NELLO MARRESE, um dos nossos mais representativos cenógrafos, mais
uma vez, brilha, na cenografia de “O BEIJO NO ASFALTO – O MUSICAL”.
Quase todos os cenários
assinados por NELLO associam a
necessidade de criar o ambiente correto para que as cenas aconteçam, sem se
esquecer de proporcionar conforto aos atores, para uma boa mobilização no
palco. Em geral, os elementos necessários à cenografia ocupam as paredes e periferias do palco, deixando um
espaço bem livre para que os atores apareçam mais que o cenário.
Assim também acontece com este seu sensacional
trabalho. Os únicos móveis que entram em cena, poucas vezes, são uma mesa, uma
escrivaninha e duas ou três cadeiras.
NELLO utiliza
muitos jornais, em diferentes situações: no início da peça, espalhados pelo chão,
cobrindo, inclusive, o MORTO; ao
longo da peça, jornais vão sendo afixados em painéis, ao fundo e nas laterais
do palco, anunciando as manchetes: “O
BEIJO NO ASFALTO”, “FOI CRIME”, “NÃO
FOI O PRIMEIRO BEIJO”; no final, o palco fica totalmente tomado de jornais
amarfanhados, quase “soterrando” os personagens, numa bela alegoria, mais que
uma metáfora.
Tanto as laterais como o fundo do palco são
delimitados por painéis vazados, que se movimentam, para a frente e para os
lados, com o objetivo de delimitar
espaços.
Como eu gosto
dos trabalhos do NELLO!!!
Detalhes do cenário I.
Detalhes do cenário II.
Detalhes do cenário III.
7) ILUMINAÇÃO
– LUIS PAULO NENÉN concebeu uma iluminação que valoriza as cenas,
separa-as, quando há mais de uma, simultaneamente, no palco, utiliza cores
marcantes para cada situação; enfim, concede à montagem uma beleza plástica e,
ao mesmo tempo, expressiva e sóbria.
Detalhe da iluminação.
8) DIREÇÃO DE
MOVIMENTO - SUELI GUERRA é a
responsável por uma categoria, de certa forma, recente, nas fichas técnicas, porém de grande importância
e constitui uma ajuda incomensurável ao diretor de um espetáculo, ainda mais em
se tratando e um MUSICAL.
SUELI GUERRA
é uma das mais competentes profissionais do ramo e fez um excelente trabalho neste
“O BEJO...”. Apesar de ser um MUSICAL, as coreografias nem parecem (“parecem”)
ter tanta importância, porém, todo o trabalho de corpo dos atores e seus
deslocamentos em cena são obra de mestre, no caso, de uma mestra: SUELI GUERRA.
É inesquecível a coreografia
de um tango, cantado, impecavelmente, por JANAÍNA
AZEVEDO. O mesmo se pode dizer para a repetida cena em que o MORTO parece retirar, do peito de ARANDIR, a bala que o matara. Perfeitos
os movimentos dos atores.
Trabalho de Direção de Movimento.
A ficha técnica
é uma das maiores que já vi e explica o porquê de nada falhar em cena,
justifica o profissionalismo que há nesta montagem e comprova o quanto de amor,
dedicação e energia foi depositado neste trabalho, que reputo como uma OBRA-PRIMA, que vaia marcar o panorama
do TEATRO MUSICAL BRASILEIRO, assim
com outras produções já o fizeram.
“O BEIJO NO
ASFALTO – O MUSICAL” é daqueles espetáculos que não precisam de um tempo
para aquecimento. Ele já começa no alto, superaquecido, e se mantém assim
durante todo o tempo.
“ESSE
BEIJO NINGUÉM MAIS VAI ESQUECER”!!!
FICHA TÉCNICA:
Texto (Original): NELSON RODRIGUES
Adaptação: CLAUDIO LINS
Direção Geral: JOÃO FONSECA
Elenco: ARANDIR - CLAUDIO LINS
SELMINHA – LAILA GARIN
DÁLIA – YASMIN GOMLEVSKY
AMADO RIBEIRO – THELMO FERNANDES
CUNHA – CLAUDIO TOVAR
ARUBA – JORGE MAYA
D. MATHILDE – JANAÏNA AZEVEDO
WERNECK – GABRIEL STAUFFER
MORTO – PABLO ÁSCOLI
PIMENTEL – RICARDO SOUZEDO
VIÚVA – JULIANE BODINI
D. JUDITH – JULIANA MARINS
APRÍGIO – GRACINDO JR (ATOR CONVIDADO)
Músicos: Piano e Regência: EVELYNE GARCIA / HERBERT SOUZA
Baixo: MATIAS CORREA
/ PEDRO AUNE
Bateria e
Percussão: CLAUDIO LIMA
Trombone: WANDERSON
CUNHA / BEBETO GERMANO
Sax, Clarinete e
Flauta: ALEX FREITAS / RAPHAEL NOCCHI
Trilha Original: CLAUDIO LINS
Direção Musical: DÉLIA FISCHER
Figurinos: CLAUDIO TOVAR
Cenário: NELLO MARRESE
Iluminação: LUIS PAULO NENÉN
Direção de Movimento: SUELI GUERRA
Engenheiro de Som: CARLOS ESTEVES
Programações Eletrônicas e Orquestrações: HEBERTH SOUZA
Arranjos Vocais: AUGUSTO ORDINE
Assistente de direção: LUCAS MASSANO
Estagiário de Direção: PHILIPE CARNEIRO
Pianista Ensaiadora, Regente e Assistente de Direção Musical: EVELYNE
GARCIA
Assistente de Figurino: THIAGO DETOFOL
Assistente de Cenografia: LORENA LIMA
Assistente de Direção de Movimento: PRISCILA VIDCA
Preparação Vocal: JANAÍNA AZEVEDO
Visagismo: MÁRCIA ELIAS
“Coach” do Ator Gracindo Jr: MARCÉU PIERROTTI
Fotografias e Vídeos: RENATO PAGLIACCI
Assessoria de Imprensa: HORÁCIO BRANDÃO e ALEX DAYRELL – MIDIORAMA
Marketing/ Apoios: GHEU TIBÉRIO
Produção Executiva: ANA BEATRIZ FIGUERAS
Podutora Assistente: TAIANA STORQUE
Direção de Produção: ISABEL THEMUDO
IDEALIZAÇÃO: CLAUDIO LINS
O morto “em pé”.
SERVIÇO:
Temporada: Até 13 de dezembro.
Local: Teatro das Artes – Shopping da Gávea (Rua Marquês de São Vicente,
52 – 2º piso – Rio de Janeiro.
Dias e Horários: De 5ª feira a sábado, às 21h; domingo, às 20h.
Valor dos Ingressos: R$80,00 (inteira); R$40,00 (meia-entrada - idosos
e estudantes), às 5ªs e 6ªs feiras; R$90,00 (inteira); R$45,00 (meia-entrada - idosos
e estudantes), aos sábados e domingos.
Lotação: 421 lugares
Indicação Etária: 14 anos
(FOTOS: RENATO PAGLIACCI,
RICARDO BRAJTERMAN,
FELIPE PANFILI,
M SENA - CIRCUITO GERAL -
E PRODUÇÃO e DIVULGAÇÃO.
MARISA SÁ – fotos
particulares.)
Com Claudio Lins.
Com Laila Garin.
Com Thelmo Fernandes.
Com Claudio Tovar.
Com Yasmin Gomlevsky.
Com Jorge Maya.
Com Pablo Áscoli.
Gilberto, também fiquei encantada e apaixonada por este musical. Concordo com cada frase sua; obrigada, me representou!
ResponderExcluirEsse Beijo ninguém mais vai esquecer! Batata!!
Gilberto, também fiquei encantada e apaixonada por este musical. Concordo com cada frase sua; obrigada, me representou!
ResponderExcluirEsse Beijo ninguém mais vai esquecer! Batata!!