quinta-feira, 26 de novembro de 2015


O BEIJO

NO ASFALTO

- O MUSICAL

 

(“ESSE BEIJO

NINGUÉM MAIS

VAI ESQUECER”.)

 

 

O beijo no asfalto – o musical, novo espetáculo no Teatro das Artes!

 

                Estava para surgir a grande sensação do ano, em termos de MUSICAIS. E olha que 2015, no Rio de Janeiro, foi um excelente ano com relação a tal gênero teatral!

 

Surgiu, finalmente, a OBRA-PRIMA, fruto de uma ideia brilhante, genial, e de um árduo trabalho de pesquisa e criação de quase cinco anos. Falo de “O BEIJO NO ASFALTO – O MUSICAL”, idealização de CLAUDIO LINS, o que me enche de orgulho, por ter sido meu aluno, tão aplicado, quando pré-adolescente, quanto é, hoje, um grande artista, respeitado, como cantor, ator e, agora, criador e empreendedor.

 

Ele e JOÃO FONSECA, além de um elenco só de grandes profissionais, dos melhores na praça - atores, criadores e técnicos -, são os responsáveis pelo MELHOR MUSICAL deste ano e por um marco na história dos musicais brasileiros.

 

                Nunca eu poderia imaginar que um texto de NELSON RODRIGUES pudesse, pelas mãos e pela sensibilidade de uma pessoa, se transformar num magnífico MUSICAL. E logo eu, que nunca escondi de ninguém que não vejo, no dramaturgo NELSON RODRIGUES, o gênio que quase todo mundo considera. Não mudei de opinião, entretanto, “O BEIJO NO ASFALTO” é uma das quatro ou cinco peças dele que mexem com o meu emocional.

 

Aí, vem um grande artista e mantém o texto na íntegra, agregando-lhe apenas valores positivos, transformando-o na grande sensação do momento, em termos de MUSICAIS. E com o diferencial de ser um texto genuinamente nacional, o que, ABSOLUTAMENTE, diminui o mérito de todos os que foram montados ou que ainda estejam em cartaz, este ano, versões da Broadway e afins.

 

Ousadia, coragem e muita competência!

 

                Há algum tempo, vinha ouvindo falar dessa “maravilha que o Claudimho está querendo montar”. A curiosidade era muita, mas a expectativa, confesso, não era proporcional à grandeza desse espetáculo. Quando assisti a ele pela primeira vez, senti taquicardia, custou-me algum tempo recuperar o fôlego, surpreendi-me quase saindo da poltrona e me projetando ao palco. Com cinco minutos de espetáculo, já me sentia totalmente impactado por tudo, ABSOLUTAMENTE TUDO. Já sabia que seria difícil segurar a emoção. E não foi diferente na segunda vez nem será nas próximas . Sim, porque ainda quero vê-lo outras vezes mais.

 

                O que se vê, em cena, senhores, é uma verdadeira OBRA-PRIMA do TEATRO MUSICAL BRASILEIRO!!!

 

 


“Álbum de Família”, dentro de “O Beijo no Asfalto – O Musical”:

Claudio Lins, Laila Grin, Yasmin Gomlevsky e Gracindo Jr.

 

 

                Farei uso de algumas informações que me chegaram, via assessoria de imprensa, num perfeito e completo “release”, com adaptações, falando um pouco sobre a obra e a montagem, para, em seguida, me deter nas minhas impressões sobre o espetáculo.

 

É sabido de todos que o musical se baseia num dos clássicos de NELSON RODRIGUES, escrito há 55 anos e que, agora, volta aos palcos, em sua primeira versão musical. A montagem é a concretização de um sonho de CLAUDIO LINS, dono de um DNA privilegiado, por ser filho de Ivan e Lucinha Lins, embora jamais tenha se aproveitado do sobrenome, para provar seu imenso talento. Ele é o CLAUDIO; o “LINS” é por acaso, na certidão de nascimento.

 

Incensado (não por mim), com o epíteto de “maior dramaturgo brasileiro”, NELSON RODRIGUES é, também, considerado um dos pais do teatro moderno, o homem que elevou a arte teatral a uma categoria superior e que revolucionou essa arte, quando seu “Vestido de Noiva” chegou aos palcos.

 

Considerado como dono de um olhar profundo sobre a fragilidade da natureza humana, NELSON legou à posteridade uma série de clássicos, dos quais “O BEIJO NO ASFALTO” é, sem dúvida, um dos maiores destaques. Lançado em 1960, o texto foi adaptado, dezenas de vezes, para o teatro e em duas versões cinematográficas. A atual remontagem estreou no Teatro SESC Ginástico, no Rio de Janeiro, curiosamente onde o espetáculo estreou sua primeira temporada nos palcos, em 1961. Atualmente, continua em cartaz no Teatro das Artes, no Shopping da Gávea (ver SERVIÇO).

 

Para criar as canções, CLAUDIO LINS mergulhou, durante quatro anos, em uma extensa pesquisa sobre a sonoridade musical dos anos 60, período em que se passa a trama, buscando um resultado que soasse “vintage”, canções de estruturas contemporâneas, mas que mantêm referências musicais da época. Utilizou, para isso, vários ritmos, que vão do samba ao “rap” (ligeira e muito bem colocada inserção), passando pelo samba-canção, pelo samba de breque, pelo bolero e pelo tango, dentre outros ritmos. O resultado foi cerca de 20 canções, 15 das quais fazem parte do espetáculo, executadas por uma banda ao vivo, com bases pré-gravadas, que lembram o som dos rádios nos anos 60. CLAUDIO, com muita tristeza, teve de abrir mão de algumas canções, para que o espetáculo não inchasse tanto ou porque, depois de prontas, não se adequavam ao tema.

 

Cauby Peixoto, Tito Madi, Vicente Celestino (um dos favoritos de NELSON), Orlando Dias, Roberto Silva, Nelson Gonçalves, Anísio Silva, todos eles foram fonte de inspiração. “Especialmente Dolores Duran, cujo universo se encaixa, perfeitamente, com os personagens de NELSON”, completa CLAUDIO. As canções, especialmente compostas para a peça, aliás, são intercaladas com trechos de algumas outras de época, cujas sonoridades ou temas são semelhantes, o que gerou um resultado fantástico, belíssimo.

 

 

Claudio Lins: "Tudo que a gente quer é ser orgulho do pai e da mãe" (Foto: Felipe Panfili)

Inqusição.

 

 

 

 
SINOPSE
 
Praça da Bandeira, Rio de Janeiro, uma tarde no início da década de 60.
 
Um homem (PABLO ÁSCOLI), na calçada, perde o equilíbrio e cai na frente de um lotação, que o atira longe. A primeira pessoa a socorrê-lo é ARANDIR (CLAUDIO LINS).
 
Ao se debruçar sobre o moribundo, este pede um último desejo: um beijo. ARANDIR o beija. E, logo depois, o rapaz morre.
 
O episódio é presenciado por APRÍGIO (GRACINDO JÚNIOR), sogro de ARANDIR e pelo jornalista AMADO RIBEIRO (THELMO FERNANDES).
 
O astuto repórter policial, do jornal Última Hora, vislumbra, no acontecimento, a possibilidade de estampar, na primeira página, do dia seguinte, uma história de manchete bombástica: O BEIJO NO ASFALTO.
 
Para isso, convence o delegado CUNHA (CLAUDIO TOVAR) a ajudá-lo na coação de testemunhas e na comprovação de fatos, que pouco terão a ver com a realidade. O que importa é vender jornal.
 
E, assim, os dias subsequentes se tornam um inferno na vida do pacato ARANDIR, um funcionário de escritório, recém-casado com a sonhadora SELMINHA (LAILA GARIN).
 
Namorados, desde a infância, os dois moram ainda com a irmã mais nova de SELMINHA, DÁLIA (YASMIN GOMLEVSKY), e recebem sempre a visita do pai das meninas, APRÍGIO.
 
Levam uma vida morna e feliz de uma família de subúrbio carioca, mas, a partir da reportagem de capa, publicada no jornal Última Hora, a masculinidade de ARANDIR é posta à prova publicamente.
 
Os fatos se confundem com uma ficção rocambolesca e ARANDIR passa a sofrer com a maledicência moral, que vem de todos os lados – da imprensa, da polícia, da vizinhança, dos colegas de trabalho... Até chegar ao ponto de a própria família passar a acreditar mais no jornal do que nele.
 
O desfecho é bastante trágico e revela um segredo que abala o público.
 

 

 

 


O Beijo...

 


...no Asfalto.

 

 

Quanto à trajetória da peça, que conta o drama de ARANDIR e dos que o cercam, é bom saber que o texto original foi escrito em apenas 21 dias. Era uma encomenda feita por Fernanda Montenegro, para a sua companhia, a Sociedade Teatro dos Sete.

 

A peça estreou no dia 7 de julho de 1961, com direção de Fernando Torres e cenários de Gianni Rato. No elenco, além de Fernanda, estavam Oswaldo Loureiro, Sérgio Britto, Mário Lago, Ítalo Rossi, Francisco Cuoco e Suely Franco, entre outros.

 

Desde então, a peça teve inúmeras montagens e duas adaptações para o cinema. A primeira, em 1963, com direção de Flávio Tambellini, tinha Reginaldo Farias, Norma Blum, Xandó Batista e Jorge Dória nos papéis principais. A segunda, em 1981, com direção de Bruno Barreto, era estrelada por Ney Latorraca, Christiane Torloni, Tarcísio Meira, Daniel Filho e Lídia Brondi.

 

Apesar dos percalços e de muita polêmica, a primeira montagem de “O BEIJO NO ASFALTO” acabou se tornando o maior sucesso de NELSON RODRIGUES até então. O sucesso só não foi maior, devido à renúncia de Jânio Quadros, quando a peça completava cerca de um mês e meio de temporada. Obviamente, o fato fez o Brasil parar por quase 10 dias, ficando à beira de uma guerra civil. E não foi um sucesso tranquilo. Muitos espectadores se sentiram ultrajados com a montagem, o que fez com que o próprio autor fosse para o saguão do teatro, para interpelar os espectadores que saíam no meio do espetáculo, quase sempre, convencendo-os a voltar.

 

A história de “O BEIJO NO ASFALTO” é baseada em fatos reais, ocorridos na época. O repórter Pereira Rego, do jornal O Globo, foi atropelado por um arrasta-sandália (espécie de ônibus antigo) e, antes de morrer, pediu um beijo para uma jovem que tentava socorrê-lo. A personagem do repórter policial AMADO RIBEIRO também existiu e era colega de NELSON, na redação do jornal Última Hora. Aliás, NELSON gostava de colocar seus colegas como personagens de suas crônicas.

 

 


Dália decide deixar de morar com a irmã e o cunhado.







            Peçam-me alguns motivos para sair de casa e assistir a “O BEIJO NO ASFALTO – O MUSICAL” e eu lhes darei oito, ou dez, ou vinte, ou...

 

            1) TEXTO – É um dos melhores de NELSON RODRIGUES. Pode ser classificado como uma tragédia contemporânea, que apresenta um enredo nem um pouco simples, motivado por um fato surpreendente e nada convencional, gerador de toda uma trama, que só faz ir crescendo e complicando, cada vez mais, a urdidura.

É tudo muito bem encaixado, minuciosamente pensado. Nesse texto, fica patente a força da imprensa, a manipulação, o poder que ela exerce sobre tudo e sobre todos, chegando a desmoralizar pessoas e instituições, como a Polícia, principalmente a chamada “imprensa marrom”, aquela do jornal que “se espremer, sai sangue”, a que planta fatos, cria situações, forja flagrantes, coage, corrompe, em nome de um bom faturamento.

Quanto à linguagem empregada por NELSON, esse detalhe sempre foi um dos fortes na sua dramaturgia. Ele sabe colocar a palavra certa, na boca de cada personagem, no momento exato. Além disso, trata-se de uma linguagem que apresenta termos pitorescos, que marcaram uma época e nos oferecem farto material para uma pesquisa sociolinguística, como “É batata!” (não falhar, não deixar de ocorrer), “espírito de porco” (pessoa cruel, ranzinza, que se especializa em complicar situações ou em causar constrangimentos), “fazer uma boquinha” (comer alguma coisa), “É uma ova!” (De jeito nenhum!), “Meus para-choques!” (Meus parabéns!), “Não tenho nada a ver com o peixe!” (Não tenho nada a ver com isso!), “Nossa Amizade!” (tratamento dispensado a pessoa íntima ou a desconhecido, por simpatia, e que corresponde a “amigo”), “distrito” (delegacia), “lotação” (tipo de coletivo), “Amigo da Onça” (indivíduo que se mostra amigo e, ao mesmo tempo, é alguém em quem não se pode confiar, pois é uma pessoa falsa, que trai as amizades; hipócrita e infiel), “pra chuchu” e “pra burro” (equivalem a uma locução adverbial, demonstrando intensidade), “Seu vigarista!” (xingamento, equivalente a “Safado!”, “Trapaceiro!”, “Desonesto!” ou algo semelhante), “Chispa!” (“Cai fora!”, “Vai embora!”, “Sai daqui imediatamente!”, “É o escolarinho!” (com diversas equivalências atuais impublicáveis, mas que podem, facilmente, ser entendidas)...

No que se refere aos diálogos, são ágeis e cheios de interrupções, o que concede, ao espetáculo, um ritmo bastante acelerado, dinâmico, frenético, em alguns momentos.

 

 


Não foi o primeiro beijo (?).

 

 

2) DIREÇÃO – Nunca escondi de ninguém que considero JOÃO FONSECA um dos melhores diretores de sua geração, porém sempre fiz algumas restrições aos musicais que dirigiu, mais a uns do que a outros, ainda que, aos poucos, de um para outro, seu trabalho ia me agradando mais. Hoje, posso dizer que JOÃO é um grande diretor de musicais e que, com este espetáculo, entrou para a minha modesta, mas sincera, galeria dos melhores.

O que ele fez neste “O BEIJO...” pode ser considerado como trabalho de gênio. Primeiro, por ter conseguido manter toda a carga emotiva que o texto impõe, mantendo-se fiel ao universo rodriguiano; segundo, por saber definir atores e personagens (isso é fundamental, principalmente em MUSICAIS); em terceiro lugar, por criar situações e encontrar soluções, para as cenas, totalmente criativas, de excelente bom gosto e expressiva criatividade.

A única “sacada” que considero desnecessária é quando coloca JORGE MAYA, numa cena, vestido de mulher, dançando com THELMO FERNANDES, enquanto CLAUDIO TOVAR canta. A plateia se diverte muito; eu também me diverti bastante, porém a letra da canção, que é muito interessante, para o texto, passa totalmente despercebida, ofuscada pelo bailado da hilária dupla. Na segunda vez em que assisti à peça, esforcei-me por ignorar os “dançarinos” e me fixei na letra da canção. Talvez isto pudesse ser repensado: acabar com a “dança”.

Em compensação a ideia de pôr o morto em pé, e cantando, é genial. E as vinhetas, que intercalam algumas cenas, são excelentes. Sem falar nos pequenos detalhes, que enriquecem a encenação, como, por exemplo, a execução do “jingle” utilizado na campanha que elegeu Jânio Quadros para a Presidência da República. As mudanças de cenas são muito rápidas, e ótimas, criando um dinamismo que impossibilita uma piscada.

A cena do escritório, quando ARANDIR é humilhado pelos colegas de repartição, é um primor, com todos fantasiados, como num baile de carnaval, ao som de uma marchinha (“Coitado do Waldemar! / Tá dando o que falar! / Comeu carne de boi, / Falou fino / E deu pra se rebolar. / Mas que azar!”), cantada pelos colegas de trabalho, ao vivo, misturando-se à gravação de Jackson do Pandeiro.

 


A humilhação.

 

A cena de sexo entre o casal, ARANDIR e SELMINHA, no quarto, enquanto DÁLIA se masturba, na sala, ao som dos gemidos de gozo dos dois, além de linda, é totalmente desprovida de qualquer elemento apelativo. É lírica, embora, picante.

A última cena do primeiro ato, entre ARANDIR e SELMINHA, é prova cabal de que alguém sabe escrever um musical. Deixa o “gancho” perfeito para o segundo ato,  criando, no espectador, a vontade de que os 15 minutos de intervalo fossem diminuídos, para que, logo, se desse continuidade à trama.

 

3) ELENCO – O sucesso do trabalho de um bom diretor começa pela escolha de um ótimo texto, continua na definição da proposta de como contar aquela boa história e, logo em seguida, vem, como já disse anteriormente, a parte crucial de sua tarefa: a escalação do elenco, que tem de ser muito bem feita e não pode obedecer a nenhum outro critério, a não ser o de competência e qualidade, de acordo com o seu “feeling”. Nada pior do que figuras decorativas em cena. Nem sempre o diretor acerta. Nem sempre, JOÃO FONSECA acertou. Aqui, porém, ninguém poderia estar melhor no lugar de cada profissional convidado, ou testado, por ele. É um elenco harmonioso, o elenco, competente ao extremo.

 

CLAUDIO LINS (ARANDIR) – Nasceu “CAUDIO” e se tornou “ARANDIR”. A paixão como ele se entrega ao personagem é comovente e facilmente percebida, mesmo por quem não é “habitué” de teatros.

O seu ARANDIR é lindo, convincente, da primeira à última cena. Com a maior facilidade, toca o coração de cada espectador e conta com a piedade de todos, além de uma torcida, para que consiga provar que não é o monstro que fizeram dele.

Como ator, está perfeito; como cantor, abusa do direito de ser bom. Seu personagem passa por uma metamorfose, ao longo da peça, que o vai aniquilando, transformando-o num trapo humano, vítima de preconceitos, intolerâncias e, acima de tudo, maledicências gratuitas.

Foi tomado como “o pato”, para as escusas intenções de um repórter canalha, que conta com a cumplicidade de policiais corruptos, com o firme, e único, propósito de lucrar, com a venda de seu “pasquim”.

De um homem honesto, trabalhador, bom marido, um perfeito cidadão, é alçado à figura de um pervertido, um homossexual, numa época em que a homofobia ainda era muito pior do que se verifica hoje, e, ainda por cima, assassino, visto que não bastava manchar a sua reputação de homem; ainda lhe imputaram um crime que ele jamais cometeu nem teria coragem de cometer; menos, ainda, motivos para tal. No fim, acaba sendo erradamente julgado por uma sociedade hipócrita.

O trabalho de CLAUDIO LINS é digno de premiacÕES. Assim mesmo, no plural.

 

 


Claudio Lins e Laila Garin: a cara do pavor.

 

 

LAILA GARIN (SELMINHA) – Assistam ao espetáculo (e os que já o fizeram também) e respondam a duas perguntas:

a) Alguma outra atriz poderia ocupar o lugar de LAILA?

b) A personagem não parece ter sido escrita para ela?

 

SELMINHA é uma personagem muito boa, desejada por qualquer atriz, um sonho de consumo, mas, ao mesmo tempo, é bastante traiçoeira, no sentido de que exige uma interpretação muito comedida, para não se tornar caricata.

Em outras palavras, tem de ser interpretada por uma grande atriz, que consiga passar uma ingenuidade, de uma dona de casa, uma esposa dedicada, nascida para o casamento, fiel e apaixonadíssima pelo marido, e, ao mesmo tempo, uma certa insegurança, uma incredulidade muito bem dosada, quanto à atitude de ARANDIR e suas consequências. Tudo isso LAILA faz.

Sofre, por isso mesmo, uma transformação, chegando ao ponto de se recusar a encontrar o marido, no hotel vagabundo em que ele se hospedara, para fugir ao assédio da imprensa e à prisão, e nega-se a beijá-lo na boca, por nojo.

Ela é um ser frágil, mas tem de ser forte, para suportar a pressão que pesa sobre seus ombros. Embora não fique bem claro, parece ter sido estuprada pelo inescrupuloso jornalista e pelo irresponsável delegado, como castigo, por não ter revelado o paradeiro de ARANDIR.

LAILA GARIN, que já demonstrou ser uma das melhores cantrizes do TEATRO MUSICAL BRASILEIRO, atinge seu ápice neste trabalho, interpretando, da forma mais perfeita possível, e cantando, como diz a canção (“Cantei, cantei, jamais cantei tão lindo assim...”).

Seus solos são inesquecíveis, tanto nas canções originais, como aquela em que diz conhecer bem o marido e sabê-lo “HOMEM”, como, quase ao final da peça, interpretando “A Noite do Meu Bem”, de Dolores Duran, cena que entrará para os anais do TEATRO MUSICAL BRASILEIRO e que provoca muitas lágrimas. Chorei até ter dó de mim. Canta com técnica e alma.

 O trabalho de LAILA, nesta peça, é um diamante sem a menor imperfeição, trabalho de quem tem muita competência, para dar e vender.

 

 


A Noite do Meu Bem”.

 

 

THELMO FERNANDES – Sempre o considerei um dos melhores atores brasileiros; musicais à parte. Suas primeiras incursões no gênero não foram do meu agrado, talvez nem tanto por culpa dele, mas em função das equivocadas montagens de que participou, se bem que pouco valor, ou nenhum, possa ter essa minha opinião. Mas, como ator, sempre fui seu “fã de carteirinha”.

Agora, não tenho como poupar elogios ao seu magnífico trabalho como o cafajeste AMADO RIBEIRO, o grande articulador de toda a trama. AMADO, que, de “amado” não tem nada.

Sem o seu “mau-caratismo”, não haveria peça. Sem THELMO FERNANDES, representando o personagem, a peça perderia muito. Além de todo o mal que causa a ARANDIR e os que o cercam, ainda chega ao cúmulo de sugerir ao sogro que mate o genro, como forma de “salvar a honra da família”. Suas intenções, porém, eram outras. Nos seus olhos, apenas cifrões...

Além de sua irretocável interpretação, sai-se muito bem nos solos musicais, apoiado e favorecido, obviamente, pelas magníficas letras das canções.

Seu solo musical, quase ao final da peça, no qual se pode perceber um certo “remorso” (será?), mas também uma assunção de seu pérfido caráter, é antológico.

Se a técnica vocal precisa, ainda, ser um pouco mais trabalhada, o coração e a alma já não precisam de expansão. Já é um ator de, e para, MUSICAIS!

Seu personagem é coadjuvante por quê? Porque a estrutura dramatúrgica do texto assim o classifica. Para mim, também é um grande protagonista.

 

 


Thelmo Fernandes.

 

 


Amado e seu antológico solo.

 

 

CLAUDIO TOVAR (DR. CUNHA) – As três últimas frases do comentário sobre o trabalho de THELMO também se aplicam a CLAUDIO TOVAR, na pele de CUNHA, o delegado corrupto, que, da forma mais errada possível, “investiga” um simples fato e, exercendo o abuso do poder, vai aos limites da corrupção e do mau exercício de sua função, que seria a de proteger o cidadão e fazer justiça, infernizando a vida de um homem e sua pacata família.

TOVAR, em musicais, sempre se saiu bem, porém, aqui, consegue sobressair-se, por ter assimilado, de forma perfeita, os trejeitos, o cinismo e todos os defeitos do personagem, o que lhe concede grande credibilidade. Excelente trabalho!

 

 


Claudio Tovar e Jorge Maya.

 

 

YASMIN GOMLEVSKY (DÁLIA) – Falando em escalação de elenco, o nome de YASMIN parece servir de melhor exemplo.

Que DÁLIA maravilhosa YASMIN representa!

A atriz conseguiu captar todas as características da personagem, das mais explícitas e evidentes às que demandam bastante acuidade por parte do espectador.

A convivência com o casal, SELMINHA e ARANDIR, embora não seja explicada no texto, sugere o desejo da jovem de querer estar junto ao cunhado, por quem nutre uma paixão arrebatadora, que não consegue ocultar totalmente.

Na flor da sua juventude, é insinuante, sensual, tem os hormônios do sexo à flor da pele, porém sem ser vulgar, promíscua. Seu amor por ARANDIR parece bastante ingênuo, de mocinha leitora de fotonovela pelos galãs das histórias em quadrinho.

É a única que acredita, piamente, na inocência do cunhado, talvez pela cegueira que a paixão causa aos olhos.

Demonstra uma certa perspicácia ou, até mesmo, uma fraqueza de caráter, ao sonegar à irmã o endereço certo do hotel em que ARANDIR se hospedara, indo, ela mesma, em seu lugar, justificando-se, ao dizer que, como a irmã se recusara a ir, ela a “substituiria”, assumiria o papel de esposa e companheira. E se declara, e se oferece, ao cunhado.

Esqueçam tudo o que YASMIN GOMLEVSKY já fez em TEATRO anteriormente, à exceção de sua Anne Frank. Deixem para lá as suas primeiras experiências em musicais, e vão assistir a uma atriz madura, competente, dando vida a uma excelente personagem, com capricho e dedicação, e cantando excepcionalmente bem.

 

 


Yasmin Gomlevsky, brilhando, ao lado de Claudio Lins.

 

 

GRACINDO JR. – Que prazer enorme, que imenso privilégio é ver GRACINDO JR. em cena, do alto dos seus 72 anos de idade, representando, com tanto vigor e paixão, um personagem riquíssimo, para qualquer ator, mas que também depende muito de quem o represente, para ganhar, na peça, a dimensão que o autor lhe concedeu.

Isso é tarefa para GRACINDO JR., o melhor APRÍGIO que já vi ser representado, seja nos palcos, seja nas telas. E olha que outros grandes atores já tiveram essa difícil incumbência e se saíram bem; quase todos. Mas GRACINDO JR., que tantos brilhantes trabalhos já fez, parece-me estar na plenitude de sua forma artística.

É fantástico o seu trabalho neste musical.

E cantando, não tanto com a garganta, mas com o coração. E, como já dizia o bardo dos heterônimos, “Tudo vale a pena, se a alma não é pequena”.

Seu solo, ao final da peça, é comovente, numa das mais belas cenas do espetáculo.

O personagem nunca chamara ARANDIR pelo nome, uma jura que fizera, a não ser depois de este morto.

Ao personagem, é reservada a grande revelação da peça, valorizada pela belíssima interpretação do ator.

 

 


“Jurei só dizer teu nome depois de morto:

 

 


ARANDIR!!!”

 

 

JORGE MAYA (ARUBA) – Quem é bom, quem conhece o seu ofício valoriza qualquer papel, por mais simples e de menor importância, numa trama. É o caso de JORGE MAYA.

Seu Sancho Pança, em “O Homem de La Mancha”, encenado em São Paulo, durante meses, espetáculo ao qual assisti duas vezes, arrancava aplausos em cena aberta. É certo que era um “quase protagonista”, na trama de Miguel de Cervantes.

Em “O BEIJO...”, seu personagem, ARUBA, é apenas um policial, “capacho” do delgado CUNHA, um “borra-botas”, que, porém, interpretado por JORGE MAYA, é capaz de levar a plateia, também, a aplausos em cena aberta, como ocorreu nas duas ocasiões em que assisti ao MUSICAL.

Simplesmente, com uma entonação especial, uma expressão facial única e um passinho à frente, na marcação da cena, dizendo “O delegado!”, “Um tapa!” ou “O Doutor!”, ele arranca gargalhadas e aplausos dos espectadores.

É o “saber dizer”, o “como dizer”, além, é claro, de seu contagiante carisma.

Recém-saído de um profundo drama particular, fico feliz em vê-lo em cena, como se o TEATRO estivesse funcionando, para ele, como uma terapia. Santa terapia, que faz um ator brilhar em cena! Grande e amantíssimo JORGE MAYA, o meu respeito, o meu carinho e a minha eterna admiração por você, o homem e o artista!

 

 


Não precisa de legenda.

 

 

Em papéis secundários, porém todos, sem exceção, muito bem em cena, o elenco, de primeira, ainda conta com JANAÍNA AZEVEDO (D. MATILDE), GABRIEL STAUFFER (WERNECK), PABLO ÁSCOLI (MORTO), JULIANE BODINI (VIÚVA), RICARDO SOUZEDO (PIMENTEL / COMISSÁRIO BARROS) e JULIANA MARINS (D. JUDITH / VIZINHA). Ainda fazem parte do coro.

 

4) TRILHA ORIGINAL – Um dos grandes trunfos deste musical, a trilha sonora original, composta por CLAUDIO LINS, é uma atração à parte. As canções são belíssimas, ajudam a contar a história e a falar dos personagens. As letras são de um bom gosto inquestionável, assim como as melodias, de fácil assimilação. A plateia sai do teatro, cantarolando alguns trechos. A ideia de agregar às canções originais pequenos trechos de sucessos antigos do cancioneiro popular brasileiro é fantástica, principalmente porque foram muito bem garimpados, para combinar com as composições originais.

Esta trilha sonora merece ser eternizada num CD.

Além disso, existem alguns sucessos de outros compositores, que ganharam roupagem nova, graças à ótima direção musical e arranjos de DÉLIA FISCHER, uma colecionadora de prêmios nesse setor.

 

5) FIGURINOSCLAUDIO TOVAR é um dos melhores figurinistas do nosso TEATRO. Já o comprovou tantas vezes, e, agora, mais uma vez, acerta, ao vestir os personagens, obedecendo aos padrões da época, sem, contudo, deixar de dar, a cada modelo, um toque de contemporaneidade. O resultado disso é um primor. Os figurinos utilizados na cena do funeral, por exemplo, são excelentes. Dão um toque de leveza e de deboche a uma situação que, em si, é trágica.

Poucas vezes, raríssimas mesmo, não apreciei o excelente trabalho do TOVAR!

 

 


Figurinos.

 

 

6) CENÁRIO – Adão e Eva. Romeu e Julieta. Tristão e Isolda. Capitu e Bentinho. Tom e Jerry. JOÃO FONSECA e NELLO MARRESE.

Estamos falando de duplas, de dobradinhas, de pessoas ou pares, cujos nomes, imediatamente reportam um ao outro.

Há anos, assinando cenários dos espetáculos dirigidos por JOÃO, NELLO MARRESE, um dos nossos mais representativos cenógrafos, mais uma vez, brilha, na cenografia de “O BEIJO NO ASFALTO – O MUSICAL”.

Quase todos os cenários assinados por NELLO associam a necessidade de criar o ambiente correto para que as cenas aconteçam, sem se esquecer de proporcionar conforto aos atores, para uma boa mobilização no palco. Em geral, os elementos necessários à cenografia ocupam as paredes e periferias do palco, deixando um espaço bem livre para que os atores apareçam mais que o cenário.

Assim também acontece com este seu sensacional trabalho. Os únicos móveis que entram em cena, poucas vezes, são uma mesa, uma escrivaninha e duas ou três cadeiras.

NELLO utiliza muitos jornais, em diferentes situações: no início da peça, espalhados pelo chão, cobrindo, inclusive, o MORTO; ao longo da peça, jornais vão sendo afixados em painéis, ao fundo e nas laterais do palco, anunciando as manchetes: “O BEIJO NO ASFALTO”, “FOI CRIME”, “NÃO FOI O PRIMEIRO BEIJO”; no final, o palco fica totalmente tomado de jornais amarfanhados, quase “soterrando” os personagens, numa bela alegoria, mais que uma metáfora.

Tanto as laterais como o fundo do palco são delimitados por painéis vazados, que se movimentam, para a frente e para os lados, com o objetivo de delimitar espaços.

Como eu gosto dos trabalhos do NELLO!!!

 

 


Detalhes do cenário I.

 


Detalhes do cenário II.

 


Detalhes do cenário III.

 

 

7) ILUMINAÇÃOLUIS PAULO NENÉN concebeu uma iluminação que valoriza as cenas, separa-as, quando há mais de uma, simultaneamente, no palco, utiliza cores marcantes para cada situação; enfim, concede à montagem uma beleza plástica e, ao mesmo tempo, expressiva e sóbria.

 

 


Detalhe da iluminação.

 

 

8) DIREÇÃO DE MOVIMENTO - SUELI GUERRA é a responsável por uma categoria, de certa forma, recente, nas fichas técnicas, porém de grande importância e constitui uma ajuda incomensurável ao diretor de um espetáculo, ainda mais em se tratando e um MUSICAL.

SUELI GUERRA é uma das mais competentes profissionais do ramo e fez um excelente trabalho neste “O BEJO...”. Apesar de ser um MUSICAL, as coreografias nem parecem (“parecem”) ter tanta importância, porém, todo o trabalho de corpo dos atores e seus deslocamentos em cena são obra de mestre, no caso, de uma mestra: SUELI GUERRA.

É inesquecível a coreografia de um tango, cantado, impecavelmente, por JANAÍNA AZEVEDO. O mesmo se pode dizer para a repetida cena em que o MORTO parece retirar, do peito de ARANDIR, a bala que o matara. Perfeitos os movimentos dos atores.

 

 


Trabalho de Direção de Movimento.

 

 

A ficha técnica é uma das maiores que já vi e explica o porquê de nada falhar em cena, justifica o profissionalismo que há nesta montagem e comprova o quanto de amor, dedicação e energia foi depositado neste trabalho, que reputo como uma OBRA-PRIMA, que vaia marcar o panorama do TEATRO MUSICAL BRASILEIRO, assim com outras produções já o fizeram.

 

“O BEIJO NO ASFALTO – O MUSICAL” é daqueles espetáculos que não precisam de um tempo para aquecimento. Ele já começa no alto, superaquecido, e se mantém assim durante todo o tempo.

 

 

“ESSE BEIJO NINGUÉM MAIS VAI ESQUECER”!!!

 

 

 
FICHA TÉCNICA:
 
Texto (Original): NELSON RODRIGUES
Adaptação: CLAUDIO LINS
Direção Geral: JOÃO FONSECA
 
Elenco: ARANDIR - CLAUDIO LINS
SELMINHA – LAILA GARIN
DÁLIA – YASMIN GOMLEVSKY
AMADO RIBEIRO – THELMO FERNANDES
CUNHA – CLAUDIO TOVAR
ARUBA – JORGE MAYA
D. MATHILDE – JANAÏNA AZEVEDO
WERNECK – GABRIEL STAUFFER
MORTO – PABLO ÁSCOLI
PIMENTEL – RICARDO SOUZEDO
VIÚVA – JULIANE BODINI
D. JUDITH – JULIANA MARINS
APRÍGIO – GRACINDO JR (ATOR CONVIDADO)
 
Músicos: Piano e Regência: EVELYNE GARCIA / HERBERT SOUZA
                Baixo: MATIAS CORREA / PEDRO AUNE
                Bateria e Percussão: CLAUDIO LIMA
                Trombone: WANDERSON CUNHA / BEBETO GERMANO
                Sax, Clarinete e Flauta: ALEX FREITAS / RAPHAEL NOCCHI
 
Trilha Original: CLAUDIO LINS
Direção Musical: DÉLIA FISCHER
Figurinos: CLAUDIO TOVAR
Cenário: NELLO MARRESE
Iluminação: LUIS PAULO NENÉN
Direção de Movimento: SUELI GUERRA
Engenheiro de Som: CARLOS ESTEVES
Programações Eletrônicas e Orquestrações: HEBERTH SOUZA
Arranjos Vocais: AUGUSTO ORDINE
Assistente de direção: LUCAS MASSANO
Estagiário de Direção: PHILIPE CARNEIRO
Pianista Ensaiadora, Regente e Assistente de Direção Musical: EVELYNE GARCIA
Assistente de Figurino: THIAGO DETOFOL
Assistente de Cenografia: LORENA LIMA
Assistente de Direção de Movimento: PRISCILA VIDCA
Preparação Vocal: JANAÍNA AZEVEDO
Visagismo: MÁRCIA ELIAS
“Coach” do Ator Gracindo Jr: MARCÉU PIERROTTI
Fotografias e Vídeos: RENATO PAGLIACCI
Assessoria de Imprensa: HORÁCIO BRANDÃO e ALEX DAYRELL – MIDIORAMA
Marketing/ Apoios: GHEU TIBÉRIO
Produção Executiva: ANA BEATRIZ FIGUERAS
Podutora Assistente: TAIANA STORQUE
Direção de Produção: ISABEL THEMUDO
IDEALIZAÇÃO: CLAUDIO LINS
 

 

 

 


O morto “em pé”.

 

 

 
SERVIÇO:
 
Temporada: Até 13 de dezembro.
Local: Teatro das Artes – Shopping da Gávea (Rua Marquês de São Vicente, 52 – 2º piso – Rio de Janeiro.
Dias e Horários: De 5ª feira a sábado, às 21h; domingo, às 20h.
Valor dos Ingressos: R$80,00 (inteira); R$40,00 (meia-entrada - idosos e estudantes), às 5ªs e 6ªs feiras; R$90,00 (inteira); R$45,00 (meia-entrada - idosos e estudantes), aos sábados e domingos.
Lotação: 421 lugares
Indicação Etária: 14 anos
 

 

 

 

 

(FOTOS: RENATO PAGLIACCI,

RICARDO BRAJTERMAN,

FELIPE PANFILI,

M SENA - CIRCUITO GERAL -

E PRODUÇÃO e DIVULGAÇÃO.

MARISA SÁ – fotos particulares.)

 

 

 


Com Claudio Lins.

 


Com Laila Garin.

 


Com Thelmo Fernandes.

 


Com Claudio Tovar.

 


Com Yasmin Gomlevsky.

 


Com Jorge Maya.

 


Com Pablo Áscoli.

 

2 comentários:

  1. Gilberto, também fiquei encantada e apaixonada por este musical. Concordo com cada frase sua; obrigada, me representou!
    Esse Beijo ninguém mais vai esquecer! Batata!!

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  2. Gilberto, também fiquei encantada e apaixonada por este musical. Concordo com cada frase sua; obrigada, me representou!
    Esse Beijo ninguém mais vai esquecer! Batata!!

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