UM
ESTRANHO NO NINHO
(OU “ESTRANHO” SERIA O
NINHO?!)
Fico, profundamente,
triste, quando vejo um espetáculo ruim, porque sei que, por trás daquele resultado,
por vezes, até catastrófico, existe toda uma vontade de acertar e o empenho de
muitas pessoas, a busca de um sucesso.
Em
compensação, quando assisto a uma peça que me faz arrepiar, compromete a minha
capacidade de respiração, por me tirar o fôlego, mexe, ao extremo, com a minha
emoção, a ponto de me levar às lágrimas, reforço o meu pensamento de que o
artista de TEATRO brasileiro se
equipara, em talento, a qualquer outro, de qualquer nacionalidade, e que a
determinação, a perseverança e o amor a um ofício são capazes de gerar uma obra
de arte da melhor qualidade, como é o caso de UM ESTRANHO NO NINHO, que está em cartaz no teatro do Centro Cultural Justiça Federal, um
espaço tão simpático quanto mínimo, com capacidade para apenas 141 espectadores.
UM ESTRANHO NO NINHO é um espetáculo
para uma sala que comporte centenas de pessoas.
Não é difícil entender a relação.
O
projeto foi idealizado por um ator, TATSU
CARVALHO, que merece todo o meu respeito e aplauso, pelo empenho e
determinação aplicados, para trazer, ao Brasil, esse brilhante texto, de DALE WASSERMAN, o mesmo autor do
clássico O Homem de La Mancha (em
cartaz em São Paulo), traduzido por RICARDO
VENTURA, baseado no livro de Ken
Kesey (One Flew Over the Cuckoo's Nest), que, segundo apurei, retrata fatos
reais vividos pelo autor. A peça foi
montada, na Broadway, em 1963, e,
também, já teve uma versão cinematográfica, dirigida por Milos Forman, vencedora de muitos prêmios, em 1975, estrelada,
genialmente, pelo grande ator Jack
Nicholson.
Pode-se
dizer que TATSU viveu uma verdadeira
“saga”, para conseguir montar o espetáculo.
Apaixonado pela obra e pelo trabalho de Nicholson, o ator não poupou sacrifícios, pessoais e financeiros (“economias de alguns anos”, segundo o
próprio), para adquirir os direitos de montagem da peça no Brasil, o que lhe custou
muito caro.
Feita a
compra, achou ele que conseguiria ganhar algum edital, ser agraciado com algum
fomento, que propiciasse a montagem da peça, porém não foi bem sucedido. Buscou, insistentemente, patrocínios, que
viabilizassem o seu projeto, contudo não logrou êxito. Por duas vezes, teve de recorrer à renovação
do direito de montagem do texto. Vendo
que o prazo para a utilização dos direitos adquiridos estava quase vencendo,
jogou-se, de cabeça, por inteiro, nessa empreitada, sem qualquer patrocínio,
utilizando apenas recursos financeiros próprios. Só por isso, BRAVO!
Uma festinha... perder a
virgindade... Grande trabalho de Vitor
Thiré.
Convidou
atores e técnicos, todos amigos, e organizou sessões de leitura dramatizada da
peça, com o objetivo de sensibilizá-los, para, juntos, toparem um grande
desafio. Não houve um que não se
apaixonasse pelo projeto e, logo, todos se envolveram nele, sabendo que só
ganhariam, como remuneração pelo trabalho, o produto da bilheteria, o que
equivale dizer “quase nada”. Uma verdadeira
ação entre amigos.
Foi
assim que, de todos os que fizeram parte das leituras, foram escolhidos 15,
todos muitíssimo talentosos, com os quais TATSU
já havia trabalhado anteriormente, e começou o mutirão. Como diz TATSU,
“Teatro se faz na coxia”.
A
equipe técnica foi convidada pelo diretor do espetáculo, BRUCE GOMLEVSKY, nas mesmas condições do elenco.
Alguns
amigos ajudaram, como podiam, durante os ensaios, levando, de suas casas,
lanches e objetos pessoais (rádio, ventilador, lençol...), para auxiliar na
composição do cenário e dos elementos de cena.
O
Centro Cultural Justiça Federal, na
pessoa do responsável pelas pautas, Sérgio
Mota, também acreditou no projeto, cedeu o espaço e ainda contribuiu com a
confecção dos programas e cartazes da peça, uma colaboração mais que valiosa.
Se tanta gente
série se jogou, de corpo e alma, nesse projeto, é óbvio que méritos ele
tinha. Aliás, TEM, e muitos.
A opressão e a pressão.
Creio
que todos devem imaginar o quanto é dispendioso o gasto com a construção de
cenário, a confecção de figurinos, a compra de objetos de cena, o aluguel de
espaço para ensaios... Tudo isso correu às
expensas de uma só pessoa: TATSU
CARVALHO. Tudo por um ideal, tudo
por amor e dedicação a um ofício, tudo pelo TEATRO.
TATSU sabe que, dificilmente, conseguirá
cobrir o seu custo financeiro, ter o retorno do que investiu, mas, segundo ele,
tudo o que fez valeu a pena, está valendo e valerá, para sempre, pelo reforço
dos laços afetivos com todos os que se aproximaram dele, para erguer um só troféu,
e pelos resultados já obtidos, de público e de crítica, com a peça, em tão pouco
tempo em cartaz.
BRAVO! BRAVO! BRAVO!!!
SINOPSE:
RANDLE PATRICK McMURPHY (TATSU CARVALHO) é um prisioneiro,
condenado por estupro a uma menina de quinze anos, o qual simula estar insano,
para se livrar dos forçados trabalhos pesados na cadeia, e é internado numa
instituição judicial, para doentes mentais.
Convicto de que a opressão
é o pior inimigo dos pacientes, o “estranho
no ninho” questiona e confronta, permanentemente, o sistema ao qual os
pacientes são submetidos ali e, com seu forte poder persuasivo e carisma, estimula
os internos a se revoltarem contra as rígidas normas impostas pela cruel e
sádica enfermeira-chefe RATCHED (HELENA
VARVAKI), pouco sensível e determinada a manter a ordem, de qualquer forma.
R.P. McMURPHY, porém, não tem ideia do preço que iria pagar, por
desafiar o sistema de uma clínica “especializada em recuperar doentes mentais”. Não imagina ele o que aquela subversão
coletiva poderia lhe custar.
É
uma gama enorme de conflitos e valores que, de forma muito clara, e definitiva,
o autor do texto discute, durante a trama, tais como o exagerado peso das
regras e doutrinas, ditadas pela “razão, leis ou consciência” de uma sociedade,
dita organizada e “justa”, sobre as cabeças dos mais fracos, oprimidos, excluídos
desse sistema, ao quais tentam lutar, de forma inglória, contra os limites e
humilhações a que são submetidos.
Pode
parecer, a princípio, que a peça trata da oposição entre o que seja considerado
sanidade e loucura, delírio e lucidez, entretanto o que está em xeque, na verdade,
é muito mais do que isso; é a oposição entre a liberdade e a falta dela, o
aprisionamento do ser humano, externa e internamente, um sistema de controle e
a luta pela autonomia, independência, emancipação. Não há diferença entre se livrar de uma
cadeia ou de um manicômio judicial. A
sensação de falta de liberdade independe do espaço físico. É mais uma questão da alma que do corpo. O que mais aflige o ser humano é a falta de
liberdade interior. É como não estar
sozinho, mas se sentir solitário.
É contra o
abuso de poder e a falta de humanização como são tratados os frágeis internos
que se rebela R.P. McMURPHY; contra a
desordem em relação à rigidez do cumprimento das regras, muitas vezes, até,
totalmente injustificadas e arbitrárias ao extremo.
O texto pode
ser considerado um canto, um preito à liberdade humana e um grito de alerta à
não aceitação de um pensamento que torna o ser humano escravo do meio que o
cerca.
Concordo,
plenamente, com o diretor do espetáculo, BRUCE
GOMLEVSKY, quando diz que “o texto é
atemporal, muito bem estruturado, e com personagens riquíssimos”.
Já
que estamos falando em BRUCE, está
na hora de dizer que, depois de suas duas ultimas assinaturas, como diretor,
muito aquém de sua competência e talento, o espectador, que acompanha e admira
seu trabalho, como eu, consegue ver, no palco do CCJF, um excelente trabalho do mesmo premiado diretor de tantos
sucessos, como Aos Domingos; Festa
de Família (indicada ao Prêmio Shell, de Melhor Direção); O Funeral (indicado ao Prêmio Shell, de
Melhor Direção, e ao Prêmio Cesgranrio, de Melhor Espetáculo); A Volta ao Lar; O Homem Travesseiro, a grande vencedora do 7º Prêmio da Associação
dos Produtores de Teatro do Rio de Janeiro (APTR); nas categorias de Melhor Espetáculo
e Melhor Direção; e Blackbird. Ali está o trabalho do BRUCE que eu conheço, admiro e aplaudo, com muito prazer.
Lidar
com pessoas é complicado; lidar com atores é mais ainda; lidar com 16 atores é
muito mais ainda. Administrar egos,
conhecer, profundamente, o arquétipo de cada personagem e colocá-los
interagindo, sabendo como e o momento de pôr em destaque esta ou aquela
característica de cada um, conter os excessos de emoção, os exageros nas
elocuções, dispor todos em cena, num espaço cênico muito limitado é tarefa difícil
de ser administrada. Disso tudo, um
diretor talentoso, como BRUCE,
consegue dar conta, gerando, como produto final, um espetáculo digno de prêmios. Quando assistir à peça, repare bem que, mesmo
fora da ação, os personagens “atuam”, no seu silêncio gritante. É mérito dos atores e, principalmente, da direção.
Diferentes posturas: a do dominador (a enfermeira-chefe) e a do
dominado (o funcionário do manicômio).
Quanto ao elenco, homogêneo, em atuações que variam do
“bom” ao “excelente”, cujo protagonismo é defendido por TATSU CARVALHO e HELENA
VARVAKI, aqui vão algumas observações:
“Assistindo” ao jogo.
1) TATSU CARVALHO (R.P. McMURPHY): Merece destaque a coragem do
ator, ao protagonizar um personagem tão rico, difícil de ser interpretado, já
consagrado, no cinema, pelo gênio de Jack
Nicholson. É claro que, ao assumir
esse “atrevimento”, ele sabia que poderia ser alvo de comparações, o que,
absolutamente, não se justifica, não faz o menor sentido, por serem, inclusive,
canais diferentes, o cinema e o TEATRO.
O
personagem é cínico, debochado, amoral, desafiador... Utiliza as fragilidades de seus pares, para se
fortalecer e tentar alcançar seus propósitos, mas, ao mesmo tempo, mostra-se
agregador. Muito carismático, ele se
apresenta, de início, com um aspecto de superioridade, diante de um ambiente composto
por “farrapos humanos”, entretanto sucumbe, ao perceber que pode ser
transformado em mais um deles e ao ver a sua impossibilidade de suplantar as
limitações impostas pelo sistema, depois de muitos murros em ponta de faca, acabando por ser
levado ao desespero, quando lhe vem a constatação de que não detém os poderes e
a força que supunha ter, indo à derrota final.
“Quando
ele chega à clínica, acha que está ‘dando uma volta’ no sistema, mas, depois,
vê que não é bem assim” - diz o ator que interpreta o protagonista. “Lá, ele precisa lutar contra regras insanas,
ditadas por uma enfermeira (HELENA VARVAKI). Há um embate constante contra o
aprisionamento, tanto físico quanto mental. No fim, acho que o grande dilema que ele
enfrenta é o de tentar viver a seu modo, sem regras, e mostrar que isso é
possível, que devemos sempre questionar os sistemas de controle” -
completa.
Chega ao auge
de sua revolta numa cena em que tenta matar, por estrangulamento, a adversária,
no que é contido pelos funcionários do manicômio.
É
muito boa a interpretação do ator, considerando-se o grau de dificuldade que
ela exige e por ser, salvo engano, seu primeiro protagonista. Precisa, sim, ainda, de um tempo para
incorporar melhor o personagem, o que, certamente, lhe dará mais oportunidade
de explorar certos meandros da personalidade do falso enfermo. Isso vem com a experiência adquirida, sessão
após sessão. Parabéns, pela atuação!
Cena de um dos embates entre os protagonistas.
(É estranho falar de “oposição entre protagonistas”, não é? Aqui, é possível; e há.)
2) HELENA VARVAKI
(ENFERMEIRA RATCHED): é uma tarimbada atriz, que, mais uma vez, se comporta,
em cena, com classe e domínio de sua personagem. Ela é o
principal elemento de confronto de McMURPHY,
a “pedra no seu sapato”. Trata-se de uma
mulher metódica, disciplinada, fria, sádica, controladora, opressora, presa a
seus princípios rígidos de disciplina e que controla a instituição com punhos
de ferro. É ela quem julga, quem decide,
quem aplica as sanções, quem dá as cartas.
É o juiz e o carrasco, ao mesmo tempo. Funciona ao sabor de seus humores, quase
sempre os mais azedos. Os funcionários
sempre concordam com ela. Por que será?
Helena Varvaki.
Uma “estranha no ninho”?
3) CHARLES ASEVEDO (CHEFE BROMDEN) é um dos destaques, dentre os
coadjuvantes. É um chefe indígena, que
parece viver num mundo próprio, completamente alheio a tudo que o rodeia, num
quase estado de catatonia, e que, vez por outra, embora se passe, perante os
outros, como surdo-mudo, “conversa” com seu pai, sempre no proscênio, o que não
deixa de despertar a curiosidade do espectador.
Quase ao final do espetáculo, o mistério dessas “conversas” é
esclarecido. Nesses momentos de
distanciamento da ação, é possível perceber, e admirar, a força da
interpretação do ator, que também “fala” muito, por meio do seu silêncio e pela
expressão do olhar. Excelente trabalho!
Tatsu Carvalho e Charles Asevedo.
4) FELIPE MARTINS (DALE HARDING): Fazia tempo que não o via em cena, mas retorna com uma força
incrível, interpretando um homem frágil, de passado meio nebuloso, muito
cordato e, aparentemente, um dos mais próximos da “cura”. Era o “chefe do conselho dos pacientes”. De forma ponderada e tranquila, tenta sempre
entender as intenções do protagonista, conter-lhe os impulsos e contornar os
embates. Sua fragilidade externa é o
retrato do seu interior. Desde o início
da trama, passa a impressão de ser homossexual, o que não fica bem claro, mas é
sugerido por várias vezes. Constantemente,
defende a enfermeira-chefe, talvez como uma estratégia para angariar sua
simpatia e uma consequente proteção. Também
é excelente o trabalho do ator.
Felipe Martins.
5) HENRIQUE GOTTARDO (AUXILIAR TURKLE) Tem uma participação
limitada o seu personagem, que o ator interpreta dignamente. É o personagem que se deixa corromper por McMURPHY, liberando, às ocultas, o
espaço do manicômio, para uma festinha, em troca de bebida. Acaba por, também, participar dela.
6) HYLKA MARIA (CANDY STAR):
Outra coadjuvante de participação curta na trama (só aparece no segundo
ato), porém bastante correta. É uma
prostituta, amiga do protagonista, convidada para a festinha, com a tarefa de
tirar a virgindade de BILLY BIBBIT, o
mais jovem de todos os internos.
7) ISAAC BARDAVID (DR. SPIVEY): O veterano ator, de mais de 80 anos,
muitos dos quais de relevantes serviços prestados ao TEATRO BRASILEIRO, é o médico chefe, o diretor da instituição, que
se mostra entediado com seus longos anos dedicados àquela tarefa, o que faz
dele uma pessoa alheia a tudo o que acontece naquele lugar. O poder que sua função lhe poderia conceder
ele o transfere à ENFERMEIRA RATCHED. Aceita todos os seus métodos de “tratamento”
e confia totalmente na “eficiência de sua “comandada”.
8) JÚNIOR PRATA (RUCLEY):
Fiquei extremamente fascinado pelo trabalho deste ator. Seu personagem, praticamente, não tem texto
(falado), mas é dono de um “texto mudo”, que lhe dá a oportunidade de
demonstrar um grande potencial interpretativo.
Lobotomizado, praticamente um morto-vivo, passa todo o tempo da peça
calado, porém se expressando com um vigor enorme, pelos cantos do palco, fora
da cena, desenvolvendo uma comunicação com a plateia, por meio de gestos e
reações esquizofrênicas, ou algo parecido (não sou técnico no assunto). Por diversas vezes, deixei de me fixar nos
atores que estavam sob o foco dos refletores, para prestar atenção ao trabalho
de JÚNIOR. Passa boa parte da peça no fundo do cenário,
com os braços abertos, como se estivesse crucificado e, algumas vezes, do nada,
sai-se com uma única frase: “FODAM-SE
TODOS ELES!”. O “eles” fica para cada espectador identificar. Aplaudo de pé o artista.
9) LORENA SÁ RIBEIRO
(ENFERMEIRA FLINN): Pouco se tem a dizer sobre a personagem; quanto à
atriz, apenas atestar que faz um trabalho satisfatório.
10) MARCELO MORATO (CHARLES CHESWICK):
Outro grande destaque do elenco coadjuvante.
Personagem tão interessante quanto o trabalho executado pelo ator. Seu texto é recheado de um humor, por vezes,
cáustico e, em outros momentos, apenas irônico. Destaco, dentre tantas de suas boas cenas,
aquela em que ele tenta forçar HARDING
a se confessar “gay”. Ótima a atuação de MARCELO.
Marcelo Morato.
Cheswick (a Harding): “Não seria mais fácil assumir logo que é veado”?
11) RAFAEL OLIVEIRA (AUXILIAR WILLIAMS): Outro funcionário do
nosocômio. Personagem bastante
secundário, mas, nem por isso deixa de ser interpretado corretamente pelo ator.
12) RICARDO LOPES (AUXILIAR WARREN): Também é um dos funcionários
do manicômio, encarregado de operar a máquina que aplica eletrochoques nos
pacientes mais exaltados, prática, hoje, vista como ineficaz, torturante e
desumana, no tratamento de enfermidades da mente. Trabalho discreto e correto do ator.
13) RICARDO VENTURA (SCANLON): Muitos aplausos para o ator, que, de
forma brilhante, faz um personagem duplamente “prejudicado”, pois, não
bastassem os seus problemas de ordem mental, é deformado, fisicamente, o que
também compromete a fala do personagem.
Certamente, um dos mais difíceis papéis a serem representados na trama e
que requer um esforço sobre-humano do ator.
Podem reparar, atentamente, nele, durante todo o espetáculo, e verão que
mantém a mesma postura torta, nos mínimos detalhes, que atingem até os
dedos. Um trabalho primoroso de composição
de personagem.
O diretor do hospital, cercado pelos pacientes.
Duas excelentes atuações.
14) TATIANA MUNIZ (SANDRA): A personagem é uma prostituta, que aparece na festinha, organizada pelo protagonista,
para “alegrar um pouco a vida dos rapazes”.
Papel de pouca relevância, feito ,com correção, pela atriz.
15) VITOR THIRÉ (BILLY BIBBIT): Trata-se de uma das melhores
revelações de ator dos últimos tempos.
Já o vi em outros papéis, mas, como o jovem virgem e gago, totalmente
introspectivo e ingênuo, temente, de forma exagerada, à mãe, é o que mais se
deixa levar pelas artimanhas de McMURPHY
e o que mais sofre, nas mãos da
ENFERMEIRA RATCHED. Está excelente
no palco. Todas as cenas de que
participa se revestem de algo “especial”, que me custa descrever. É muito bom vê-lo atuar, é muito bom saber
que um descendente – bisneto - de uma das maiores damas do TEATRO BRASILEIRO, a sempre eterna diva, Tônia Carrero, dá continuidade ao trabalho da família, já na quarta
geração. VITOR tem uma força interior de dimensões gigantescas e a aplica em
seu personagem. A escalação do jovem
ator para o difícil papel de BILLY
foi um grande acerto de TATSU e BRUCE.
Aplaudo de pé!
Vítor e Tatsu: os planos deste, para que aquele deixe de ser virgem.
E os planos continuam...
16) ZÉ GUILHERME GUIMARÃES (MARTINI): O louco de imaginação fértil,
o que vê coisas que não existem e vive
num mundo totalmente à parte, completamente fora da realidade, o que, de certa
forma, ameniza o sofrimento naquele “inferno”.
Seus tiques nervosos, com os dedos, são marcantes no personagem. Muito boa a atuação do ator.
Tatsu Carvalho, Zé Guilherme Guimarães e Felipe Martins.
Para encerrar
estas minhas emocionadas (até agora) considerações sobre o espetáculo, devo
acrescentar que adorei o cenário, de
PATI FAEDO, o qual reproduz, nos
mínimos detalhes, o ambiente de uma enfermaria de um manicômio judicial,
utilizando uma interessante mistura de materiais e com o grande mérito de ter
sido montado num espaço mínino do palco do CCJF,
por onde ainda circulam muitas pessoas.
Parabéns a mais um dos trabalhos acertados dessa competente
profissional.
Atores em cena e panorâmica do cenário, em dois
níveis.
Também são
muito corretos os simples, porém adequados, figurinos, criados por ALESSANDRA
PADILHA e JERRY RODRIGUES. Apenas um detalhe, de todas as peças vestidas
pelos atores, me desagradou, que é o figurino do personagem DR. SPIVEY. Dá a impressão de que havia sido
confeccionado para um outro ator, de dimensões corporais diferentes das de ISAAC BARDAVID, parecendo ter sido
adaptado a este. Destoa de todos os
demais figurinos. Nada, porém, que comprometa
a qualidade do trabalho, no geral.
Quanto à iluminação, de ELISA TANDETA, nada além de boa, como, em geral, são os trabalhos
assinados por ela.
Ainda
há de se destacar a boa trilha sonora
original, a cargo de MAURO BERMAN,
e o visagismo de UIRANDE HOLANDA.
O jogo é proibido no recinto.
Mas vai dizer isso a McMurphy?
FICHA TÉCNICA:
Elenco (por ordem alfabética):
Charles Asevedo (Chefe Bromden)
Felipe Martins (Dale Harding)
Helena Varvaki (Enfermeira Ratched)
Henrique Gottardo (Auxiliar Turkle)
Hylka Maria (Candy Starr)
Isaac Bardavid (Dr. Spivey)
Júnior Prata (Ruckley)
Lorena Sá Ribeiro (Enfermeira Flinn)
Marcelo Morato (Cheswick)
Rafael Oliveira (Auxiliar Williams)
Ricardo Lopes (Auxiliar Warren)
Ricardo Ventura (Scanlon)
Tatiana Muniz (Sandra)
Tatsu Carvalho (R.P. McMurphy)
Vitor Thiré (Billy Bibbit)
Zé Guilherme Guimarães (Martini)
Texto: Dale Wasserman
Tradução: Ricardo Ventura
Direção: Bruce Gomlevsky
Assistente de Direção: Lorena Sá Ribeiro
Direção de Produção: Rafael Fleury e Tatsu Carvalho
Cenário: Pati Faedo
Iluminação: Elisa Tandeta
Técnico de Luz: Rafael Tonoli
Figurinos: Alessandra Padilha e Jerry Rodrigues
Visagismo: Uirande Holanda
Trilha Sonora Original: Mauro Berman
Programação Visual: Ana Andreiolo
Fotografia: Felipe Diniz e Ricardo Brajterman
Assistente de Produção e Camareira: Fernanda Moura
Assessoria de Imprensa: Lu Nabuco Assessoria em Comunicação
Coordenação de Projeto: Midday Produções Artísticas e Culturais
A imagem diz tudo.
É extremamente
gratificante ver, nos dias de hoje, de recessão e de tantas opções midiáticas,
16 atores em cena, com o suporte de cerca de duas dezenas de outros
profissionais, trabalhando, juntos e com
muita garra, para nos deliciar com uma produção que considero de
excelentíssimo nível e que marcará o ano teatral carioca de 2015.
Recomendo o
espetáculo, com o maior empenho, e estou ávido para que chegue a oportunidade
de revê-lo.
Parabéns a
todos os envolvidos no projeto!
Obrigado,
deuses do TEATRO, por UM ESTRANHO NO NINHO!
SERVIÇO:
Temporada:
de 01 de março a 3 de maio de 2015
Horário:
sextas-feiras, sábados e domingos, às 19h
Local:
Centro Cultural Justiça Federal (avenida Rio Branco, 241 – metrô Cinelândia)
Gênero:
Drama
Duração:
130 minutos
Classificação
Etária: 14 anos
(FOTOS:
FELIPE DINIZ e
RICARDO
BRAJTERMAN.)
A peça é incrível e sua resenha sensacional😀
ResponderExcluirUm prazer enorme assistir ao espetáculo e posteriormente poder relembra-lo nos mínimos detalhes, através da sua resenha!
Parabéns duplo😍