MEU
DEUS!
(PODE
ENTRAR!
A
CASA É TODA SUA!)
Um
ótimo texto.
Uma excelente
direção.
Belo
cenário.
Figurino de muito
bom gosto.
E, o mais
importante de tudo: IRENE RAVACHE e DAN STULBACH em cena, em toda a sua plenitude
profissional, contando, ainda, com a participação de PEDRO CARVALHO.
Estou falando
de MEU DEUS!, espetáculo que, até o dia 29 de setembro, estará em
cartaz no Teatro dos Quatro, depois
de estrondoso e merecido sucesso em São Paulo.
A ideia não
seria das mais originais, se fosse resumida a fazer com que DEUS descesse à Terra, para, talvez,
apenas conferir “como estavam as coisas”.
Disso ele já sabia, e continua sabendo. Mas o motivo
de sua “visita” é o que torna o texto original.
Ele, vivido
por DAN, marca, por telefone, sem se
identificar, uma consulta com ANA
(IRENE), uma psicóloga, que faz atendimentos em sua própria casa, por conta
de ter de cuidar de um filho autista, PAULO
(PEDRO CARVALHO).
MEU DEUS! Em quatro tempos.
Irene Ravache e Dan
Stulbach.
SINOPSE:
A história se passa num dia na vida da psicóloga ANA, personagem interpretada por IRENE RAVACHE, que recebe um telefonema misterioso de um homem
desesperado, interpretado por DAN
STULBACH, o qual, sem se identificar, insiste em marcar uma consulta com
ela imedatamente, para o mesmo dia.
Quando chega, apresenta-se como sendo DEUS,
ou apenas D, como prefere ser
chamado, o que, a princípio, não foi levado a sério pela terapeuta, a qual, aos
poucos, vai se acostumando com a estapafúrdia ideia de estar cara a cara com o
Criador.
DEUS, profundamente deprimido, durante os últimos 2000
anos, com a situação do Paraíso que, um dia, criou, conta seus problemas,
chegando, em seu desespero, a pensar em suicídio.
ANA, por sua vez, tem apenas uma sessão de terapia
para convencê-lo do contrário e a continuar tentando salvar o mundo.
O
texto, com diálogos dinâmicos e muito inteligentes, recheados de muitas frases
de duplo sentido, foi escrito pela
dramaturga israelense ANAT GOV,
falecida em 2012 (no original, OH, MY
GOD!) mostra uma situação, no mínimo inusitada, totalmente inverossímil,
embora facilmente assimilada pelo público.
Há
algumas passagens bastante hilárias na dramaturgia, mas, sem dúvida nenhuma, a
que leva a plateia às gargalhadas – a minha foi escandalosa, extremamente
exagerada - é o momento em que, após a revelação, feita por D, de que não fora gerado por um pai e
uma mãe, ANA se diz impossibilitada
de prosseguir na sessão e a tratar do “Paciente”, uma vez que, “sem pai nem
mãe, ninguém pode estar credenciado a fazer análise” (não foram exatamente
estas as palavras, mas foi nessa linha), uma genial sacada crítica contra os
terapeutas, que, regra geral, certos ou não, costumam atribuir a culpa dos
desvios de conduta e problemas de seus pacientes às relações paterna e materna,
na infância, principalmente, o que me fez tentar a terapia, e desistir dela, por
três vezes (A culpa é minha. Não admito
papai e mamãe como bodes expiatórios! Está aí o motivo da minha gargalhada.)
Preciso da sua ajuda, pobre
mortal!
Sem pai nem mãe, a terapia não
faz sentido, meu Deus!
Pode-se
dizer que o texto é uma comédia, porém, a partir de um determinado momento,
talvez no terço final, parafraseando o poeta e compositor Billy Blanco, “o que dá pra
rir dá pra chorar; questão só de peso e medida”, o diálogo vai caminhando
para levar as pessoas a uma reflexão acerca do estágio em que se encontra a Humanidade
e o papel de cada uma delas nessa complicada engrenagem.
ELIAS ANDREATO, além de excelente ator,
é um ótimo diretor, em tantas oportunidades provado, e merece, outra vez, ser
elogiado por seu trabalho na direção desta peça. Seu maior mérito, neste trabalho, é não querer
inventar a roda. Se o tentasse,
certamente, não teria alcançado o brilhante resultado visto e apreciado em
cena. Tendo em mãos um texto de
excelente qualidade e dois atores que dispensam qualquer adjetivação, não se
arvorou a querer mais do que já tinha ao seu alcance e se limitou a uma
encenação de forma discreta e corretíssima.
Para chegar
aos palcos brasileiros, o texto original sofreu a tradução de ELOÍSA CANTON, a versão de CÉLIA REGINA FORTE e
a adaptação de JORGE SCHUSSHEIM.
Ainda que sem o conhecimento do texto original, parece-me muito bom o conjunto
da obra. Acredito que, lá, no original,
haja algumas piadas que funcionariam melhor em outro idioma, porém as soluções
e adaptações encontradas, para o português, não conduzem a um resultado
diferente. Funcionam muito bem em cena.
E não é só isso, Ana!
É exatamente como estou dizendo.
E Deus chorou...
IRENE RAVACHE e DAN STULBACH são dois atores de TEATRO, dos melhores e garantem o
sucesso de qualquer produção de que participem.
Aqui, ambos monopolizam todas as atenções, com interpretações
irretocáveis. Não há muito mais a ser
dito, falta-me uma adjetivação que não me faça cair no lugar-comum. É um grande privilégio e motivo de enorme
prazer vê-los contracenando e valorizando, mais ainda, um texto, por si só,
ótimo. É perfeita a transição da dupla
entre o que faz rir e o que, se não faz chorar, faz refletir.
O jovem ator PEDRO
CARVALHO deve ser muito invejado, por dividir o palco com IRENE e DAN. Por conta da pouca
relevância de seu personagem na trama, o ator não tem a oportunidade de ser
melhor avaliado em sua discreta participação, entretanto, quando em cena, dá o
seu recado com dignidade e correção.
Dan Stulbach e Pedro Carvalho.
Aprovo, o cenário,
de ANTÔNIO FERREIRA JÚNIOR, que
reproduz a sala de estar da casa da psicóloga, não chegando a ser luxuosa, mas
apresentando uma fina decoração, de muito bom gosto, com alguns objetos de cena
bastante interessantes, incluindo pequenas obras de arte, quadros,
principalmente. O detalhe do jardim
suspenso, ao fundo, é de extrema beleza plástica. É um ambiente que transmite uma grande
sensação de paz, harmonia e bem-estar.
Gosto de tudo nos mínimos detalhes...
Mas é verdade mesmo!
Presta atenção, Ana!
Pode parar!
Sem dramatizar, D!
Os figurinos,
do consagrado estilista FAUSE HATEN,
valorizam, em muito, o espetáculo. São
discretos, sóbrios, muito bem talhados e confeccionados, exibidos, da forma
mais elegante possível, pelo casal de protagonistas. Os modelos valorizam os modelos.
Da mesma forma, agradam-me a iluminação e a trilha sonora,
assinadas, respectivamente, por WAGNER
FREIRE e JONATAN HAROLD.
MEU DEUS! é um
presente ao público que ama o TEATRO,
generosamente ofertado por SELMA MORENTE
e CÉLIA FORTE, duas das maiores
produtoras de TEATRO no Brasil, que
sempre se envolvem em grandes empreitadas, para nos oferecer o que há de melhor
no universo teatral.
Um grande espetáculo, que me fez relembrar grandes
produções, quase perdidas num passado não muito remoto.
Obrigado, MEU DEUS!
Minha vida em suas mãos.
O “marketing”
da peça trabalha em cima de uma frase: “O
QUE VOCÊ FARIA, SE RECEBESSE A VISITA DELE?”
Eu,
sinceramente, não saberia o que dizer, mas, depois de recuperar a fala, para o
que, provavelmente, precisaria de um bom tempo, pediria a Ele que não deixasse
que nos faltassem espetáculos do nível de MEU
DEUS! e que, assim como Seu Filho fez a multiplicação dos pães, que Ele
também fizesse com que se multiplicassem atores e atrizes do nível de DAN e IRENE.
Um abraço de Deus.
FICHA TÉCNICA COMPLETA:
TEXTO: ANAT GOV
ADAPTAÇÃO: JORGE
SCHUSSHEIM
TRADUÇÃO: ELOÍSA CANTON
VERSÃO: CÉLIA REGINA FORTE
DIREÇÃO: ELIAS ANDREATO
ELENCO: IRENE RACHE – ANA; DAN
STULBACH – D; PEDRO CARVALHO – PAULO
CENÁRIO: ANTÔNIO
FERREIRA JÚNIOR
FIGURINO: FAUSE HATEN
ILUMINAÇÃO: WAGNER
FREIRE
TRILHA SONORA : JONATAN HAROLD
ASSESSORIA DE IMPRENSA
NACIONAL: DANIELA BUSTOS E BETH GALLO - MORENTE FORTE COMUNICAÇÕES
ASSESSORIA DE IMPRENSA - RIO DE JANEIRO : BARATA
COMUNICAÇÃO
DESIGN GRÁFICO: VICKA
SUAREZ
FOTOS: JOÃO CALDAS
ASSISTENTE DE DIREÇÃO: ANDRÉA
BASSITT
ASSISTENTE DE ILUMINAÇÃO: ALESSANDRA
MARQUES
ASSISTENTE DE FIGURINO: GABRIELA
MARUMOTO
ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA: ANDRÉIA
MACHADO
ASSISTENTE DE CENOGRAFIA:
CAMILA AZEVEDO
ASSISTENTE DE PRODUÇÃO: CELSO
DORNELLAS E THAÍS PERES FORTE
ASSESSORIA CONTÁBIL: MARINA
MORENTE
PRODUÇÃO – RIO DE JANEIRO : BIANCA DE FELIPPES
ADMINISTRAÇÃO: MAGALI
MORENTE
PRODUÇÃO EXECUTIVA: KÁTIA
PLACIANO
COORDENAÇÃO DE PROJETOS: EGBERTO
SIMÕES
PRODUTORAS: SELMA MORENTE E CÉLIA FORTE
REALIZAÇÃO: MORENTE
FORTE PRODUÇÕES TEATRAIS
SERVIÇO:
TEATRO DOS QUATRO - Rua Marquês de São Vicente, 52, Loja
265 – Gávea – Rio de Janeiro
5ªs e 6ªs feiras - 21h30min
Sábados - 19h e 21h30min
Domingos - 18h30min
Duração: 80 minutos
Recomendação: 12 anos
Temporada: até 28 de setembro
(FOTOS: JOÃO CALDAS)
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