terça-feira, 30 de setembro de 2014


A QUANTAS SEPARAÇÕES UMA MULHER É CAPAZ DE SOBREVIVER?
 

 

 

  (QUER SE DIVERTIR?  ENTÃO VÁ!)

 

 


 

 

 

            Não sei se alguém se interessaria pelo título.  É longo, eu sei; talvez meio impróprio para “vender” uma peça.  Mas eu fui.

            Não sei se alguém se interessa tanto por monólogos quanto eu.  Mas, porque gosto muito deles e os valorizo, eu fui.

Não sei se alguém sairia de casa para assistir a um monólogo, escrito e dirigido por uma atriz que frequenta pouco a mídia, principalmente a “grande mídia”.  Mas eu fui.

Não sei se mesmo quem conhece GUIDA VIANNA, como a grande atriz que é, acreditaria que ela também se sai bem dirigindo.  Mas disso eu já sabia, por trabalhos anteriores; e fui.

 

EU FUI E GOSTEI!

 

 

A quantas separações uma mulher é capaz de sobreviver?

Renata ou Ana?

 

 


 Na peça, Ana resolve fazer um vídeo contando sus história, após desilusão amorosa

 

 

O monólogo A QUANTAS SEPARAÇÕES UMA MULHER É CAPAZ DE SOBREVIVER?, escrito e representado por RENATA TOBELEM e dirigido por GUIDA VIANNA, com co-direção de MICHEL BERCOVITH, está em cartaz, até 29 de outubro, no Teatro do Leblon (Sala Tônia Carrero), às 3ªs e 4ªs feiras, às 21h.

 

 

  
                                    SINOPSE:
 
ANA é uma mulher de 33 anos, destemperada e intensa nas suas decisões, que faz da sua vida uma incessante busca de sua alma gêmea, do seu “príncipe encantado”.  Após o fracasso de seu último relacionamento, ela grava um vídeo, contando a sua história, transformando seus depoimentos em um hilário e caótico ritual.
 

 

 

 


 

 

Não preciso escrever muito para dizer que gostei de um espetáculo.  É por isso que serei um pouco breve, mas não posso deixar de recomendar esta deliciosa comédia dramática, em forma de monólogo.  E por quê?

 

1) O texto apresenta um humor simples, de bom gosto, fácil de ser assimilado e que traça relações com o cotidiano das pessoas normais, principalmente das mulheres – que todos conhecemos – que “não dão sorte no amor”, vivem se entregando, de corpo e alma, a quem lhes acena com uma mínima possibilidade de fazer parte da sua felicidade; aquelas que investem tudo numa relação e que vivem “quebrando a cara’, sem, contudo, perder a esperança.

RENATA, a pessoa física, parece ter passado por situações análogas às que faz desfilar em cena ou, simplesmente pode ter se baseado em histórias observadas por ela própria ou, até mesmo, ter imaginado aquelas situações.  O fato é que cada desilusão amorosa parece muito verdadeira, quando encenada. 

A personagem ANA é apresentada como uma “vítima”, embora o que ele faz e diz faça com que o trágico se transforme em cômico, provocando as gargalhadas que pipocam pela minúscula Sala Tônia Carrero, durante todo o espetáculo. 

O título deixa bem claro que sua intenção, com esse texto, é mostrar o que uma mulher consegue fazer, até onde ela pode chegar, para suportar as dores de várias separações.  

RENATA sabe brincar com o sério e isso ameniza o sentimento de piedade pela personagem, que possa começar a brotar no coração dos espectadores.  (Na sessão a que estive presente, ao meu lado, uma senhora – Quem sabe uma ANA? – não parava de sussurrar; “Coitadinha!”.  Mas também não parava de rir.)

 

 


 

 

Nas palavras da personagem: “Separações dão muito trabalho.  Temos que administrar os nossos sentimentos e os da outra pessoa também.  E, quando nos recuperamos de uma, começa tudo outra vez…  No final de cada relação mal sucedida, quando tudo o que resta são feridas, mágoas e dúvidas, a pergunta volta: tudo isso valeu a pena?  Queremos mesmo ter uma vida de comercial de margarina ou fomos programados para isso?  Viajar ao passado pode trazer à tona as mais dolorosas lembranças.  Quanto mais dolorosas elas tiverem sido, mais divertidas elas podem e devem se tornar no futuro.”

E o que fazer para voltar à realidade?  Como levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima?  Servirá de alguma coisa tocar o fundo do poço, cortar os pulsos, beber uísque com formicida?  Não seria melhor secar o pranto, retocar a maquiagem e voltar para a pista?

A peça não "puxa para baixo", por contar histórias de amor mal-sucedidas, que não foram ruins, e sim boas, enquanto duraram.  Ao contrário, os percalços de ANA acabam por ser positivos, para o espectador, elevando o astral; propiciam uma reflexão sobre como ser feliz na vida, com ou sem amor.

 

 

 

Foto: Divulgação


 

 

 


 

 


2) A interpretação de RENATA, que, não por acaso, é cria de O Tablado, tendo sido aluna de GUIDA, é ótima.  Sua veia cômica é inegável e a atriz demonstra conhecer muito bem o tempo da comédia e sabe dosar os gestos, as pausas, as entonações, de modo a provocar boas gargalhadas, principalmente porque está solta, num bom texto, de sua própria lavra.

 

3) A direção de GUIDA VIANNA é competente, sem maiores novidades, explorando o que de melhor a atriz pode render em cena, funcionando, pereceu-me, mais como uma “orientadora” do trabalho.  Tudo com muita correção e parcimônia.  Nada soa falso nem exagerado nas marcações nem na linha de interpretação da atriz.

 

 

 

 A peça tem direção de Guida Vianna
Guida Vianna e Renata Tobelem.

 

 

4) Os demais elementos da ficha técnica, abaixo relacionados, colaboram bastante para a correção do espetáculo, que pode “não ser uma Brastemp”, mas que deixa a nossa cervejinha muito bem gelada, tinindo, na temperatura ideal para nos proporcionar um bom prazer.  E isso é o que interessa.

 

Se sua intenção é procurar um bom divertimento, pronto; já o encontrou.

 

 

 

 Renata Tobelem interpreta Ana, uma mulher com várias histórias amorosas

 

 

 

 

 
FICHA TÉCNICA:
 
TEXTO: RENATA TOBELEM
DIREÇÃO: GUIDA VIANNA
CO-DIREÇÃO: MICHEL BERCOVITH
ELENCO: RENATA TOLEBEM
ASSISTENTE DE DIREÇÃO: RENATA AMARAL
CENÁRIO: LÍDIA KOSOVSKI e NICOLE MARENGO
FIGURINO: SOL AZULAY
ILUMINAÇÃO: FELIPE LOURENÇO
TRILHA SONORA: MICHEL BERCOVITCH
PREPARAÇÃO VOCAL: LETÍCIA CARVALHO
ASSESSORIA DE IMPRENSA: MINAS DE IDEIAS
FOTOS: GUGA MELGAR
ASSISTENTE DE PRODUÇÃO: KEVIN COSTA
DIREÇÃO DE PRODUÇÃO: FERNANDO DO VAL
REALIZAÇÃO: DO VAL PRODUÇÕES ARTÍSTICAS 
 

 

 

 
SERVIÇO:
 
Até 29 de outubro de 2014
Dias e Horários: 3ªs e 4ªs feiras, às 21h
Local: TEATRO LEBLON – SALA TÔNIA CARRERO
Endereço: Rua Conde de Bernadote - 26 – Leblon
Duração: 65min
Classificação: 14 anos
Gênero: Comédia Dramática
 
 

 

 

(FOTOS: GUGA MELGAR.)

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