domingo, 7 de setembro de 2014


MEU DEUS!

 

 

 

(PODE ENTRAR! 

A CASA É TODA SUA!)

 

 

 

 


 

 

 

            Um ótimo texto. 

Uma excelente direção. 

Belo cenário. 

Figurino de muito bom gosto.  

E, o mais importante de tudo: IRENE RAVACHE e DAN STULBACH em cena, em toda a sua plenitude profissional, contando, ainda, com a participação de PEDRO CARVALHO. 

 

Estou falando de MEU DEUS!, espetáculo que, até o dia 29 de setembro, estará em cartaz no Teatro dos Quatro, depois de estrondoso e merecido sucesso em São Paulo.

           

A ideia não seria das mais originais, se fosse resumida a fazer com que DEUS descesse à Terra, para, talvez, apenas conferir “como estavam as coisas”.  Disso ele já sabia, e continua sabendo.  Mas o motivo de sua “visita” é o que torna o texto original.

 

Ele, vivido por DAN, marca, por telefone, sem se identificar, uma consulta com ANA (IRENE), uma psicóloga, que faz atendimentos em sua própria casa, por conta de ter de cuidar de um filho autista, PAULO (PEDRO CARVALHO).

           

 


MEU DEUS! Em quatro tempos.

 

 

MEU DEUS 1 - DNG

Irene Ravache e Dan Stulbach.

 

 

 

 
SINOPSE:
 
A história se passa num dia na vida da psicóloga ANA, personagem interpretada por IRENE RAVACHE, que recebe um telefonema misterioso de um homem desesperado, interpretado por DAN STULBACH, o qual, sem se identificar, insiste em marcar uma consulta com ela imedatamente, para o mesmo dia. 
Quando chega, apresenta-se como sendo DEUS, ou apenas D, como prefere ser chamado, o que, a princípio, não foi levado a sério pela terapeuta, a qual, aos poucos, vai se acostumando com a estapafúrdia ideia de estar cara a cara com o Criador.  
DEUS, profundamente deprimido, durante os últimos 2000 anos, com a situação do Paraíso que, um dia, criou, conta seus problemas, chegando, em seu desespero, a pensar em suicídio. 
ANA, por sua vez, tem apenas uma sessão de terapia para convencê-lo do contrário e a continuar tentando salvar o mundo.
 

 

 

            O texto, com diálogos dinâmicos e muito inteligentes, recheados de muitas frases de duplo sentido, foi escrito pela dramaturga israelense ANAT GOV, falecida em 2012 (no original, OH, MY GOD!) mostra uma situação, no mínimo inusitada, totalmente inverossímil, embora facilmente assimilada pelo público.

 

            Há algumas passagens bastante hilárias na dramaturgia, mas, sem dúvida nenhuma, a que leva a plateia às gargalhadas – a minha foi escandalosa, extremamente exagerada - é o momento em que, após a revelação, feita por D, de que não fora gerado por um pai e uma mãe, ANA se diz impossibilitada de prosseguir na sessão e a tratar do “Paciente”, uma vez que, “sem pai nem mãe, ninguém pode estar credenciado a fazer análise” (não foram exatamente estas as palavras, mas foi nessa linha), uma genial sacada crítica contra os terapeutas, que, regra geral, certos ou não, costumam atribuir a culpa dos desvios de conduta e problemas de seus pacientes às relações paterna e materna, na infância, principalmente, o que me fez tentar a terapia, e desistir dela, por três vezes (A culpa é minha.  Não admito papai e mamãe como bodes expiatórios!  Está aí o motivo da minha gargalhada.)

 

 


Preciso da sua ajuda, pobre mortal!

 

 


Sem pai nem mãe, a terapia não faz sentido, meu Deus!

 

 

            Pode-se dizer que o texto é uma comédia, porém, a partir de um determinado momento, talvez no terço final, parafraseando o poeta e compositor Billy Blanco, “o que dá pra rir dá pra chorar; questão só de peso e medida”, o diálogo vai caminhando para levar as pessoas a uma reflexão acerca do estágio em que se encontra a Humanidade e o papel de cada uma delas nessa complicada engrenagem.

 

            ELIAS ANDREATO, além de excelente ator, é um ótimo diretor, em tantas oportunidades provado, e merece, outra vez, ser elogiado por seu trabalho na direção desta peça.  Seu maior mérito, neste trabalho, é não querer inventar a roda.  Se o tentasse, certamente, não teria alcançado o brilhante resultado visto e apreciado em cena.   Tendo em mãos um texto de excelente qualidade e dois atores que dispensam qualquer adjetivação, não se arvorou a querer mais do que já tinha ao seu alcance e se limitou a uma encenação de forma discreta e corretíssima.

 

Para chegar aos palcos brasileiros, o texto original sofreu a tradução de ELOÍSA CANTON, a versão de CÉLIA REGINA FORTE e a adaptação de JORGE SCHUSSHEIM.  Ainda que sem o conhecimento do texto original, parece-me muito bom o conjunto da obra.  Acredito que, lá, no original, haja algumas piadas que funcionariam melhor em outro idioma, porém as soluções e adaptações encontradas, para o português, não conduzem a um resultado diferente.  Funcionam muito bem em cena.

 

 

Cena de 'Meu Deus!', com Dan Stulbach e Irene Ravache

E não é só isso, Ana!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


É exatamente como estou dizendo.

 

 


E Deus chorou...

 

 

 

IRENE RAVACHE e DAN STULBACH são dois atores de TEATRO, dos melhores e garantem o sucesso de qualquer produção de que participem.  Aqui, ambos monopolizam todas as atenções, com interpretações irretocáveis.  Não há muito mais a ser dito, falta-me uma adjetivação que não me faça cair no lugar-comum.  É um grande privilégio e motivo de enorme prazer vê-los contracenando e valorizando, mais ainda, um texto, por si só, ótimo.  É perfeita a transição da dupla entre o que faz rir e o que, se não faz chorar, faz refletir.

 

O jovem ator PEDRO CARVALHO deve ser muito invejado, por dividir o palco com IRENE e DAN.  Por conta da pouca relevância de seu personagem na trama, o ator não tem a oportunidade de ser melhor avaliado em sua discreta participação, entretanto, quando em cena, dá o seu recado com dignidade e correção.

 

 

 


Dan Stulbach e Pedro Carvalho.

 

 

Aprovo, o cenário, de ANTÔNIO FERREIRA JÚNIOR, que reproduz a sala de estar da casa da psicóloga, não chegando a ser luxuosa, mas apresentando uma fina decoração, de muito bom gosto, com alguns objetos de cena bastante interessantes, incluindo pequenas obras de arte, quadros, principalmente.  O detalhe do jardim suspenso, ao fundo, é de extrema beleza plástica.  É um ambiente que transmite uma grande sensação de paz, harmonia e bem-estar.

 

 

Dan Stulbach e Irene Ravache: um encontro inusitado com o Criador

Gosto de tudo nos mínimos detalhes...

 

 


Mas é verdade mesmo!

 

 


Presta atenção, Ana!

 

 

Foto Joao Caldas Fº 105316a Em Meu Deus! Dan Stulbach realiza sonho de trabalhar com Irene Ravache e Elias Andreato

Pode parar!  Sem dramatizar, D!

 

 

Os figurinos, do consagrado estilista FAUSE HATEN, valorizam, em muito, o espetáculo.  São discretos, sóbrios, muito bem talhados e confeccionados, exibidos, da forma mais elegante possível, pelo casal de protagonistas.  Os modelos valorizam os modelos.

 

Da mesma forma, agradam-me a iluminação e a trilha sonora, assinadas, respectivamente, por WAGNER FREIRE e JONATAN HAROLD.

 

MEU DEUS! é um presente ao público que ama o TEATRO, generosamente ofertado por SELMA MORENTE e CÉLIA FORTE, duas das maiores produtoras de TEATRO no Brasil, que sempre se envolvem em grandes empreitadas, para nos oferecer o que há de melhor no universo teatral.

 

Um grande espetáculo, que me fez relembrar grandes produções, quase perdidas num passado não muito remoto.

 

Obrigado, MEU DEUS!

 

 

 

<p> Dan Stulbach e Irene Ravache em 'Meu Deus!'</p>

Minha vida em suas mãos.

 

 

 

O “marketing” da peça trabalha em cima de uma frase: “O QUE VOCÊ FARIA, SE RECEBESSE A VISITA DELE?”

 

Eu, sinceramente, não saberia o que dizer, mas, depois de recuperar a fala, para o que, provavelmente, precisaria de um bom tempo, pediria a Ele que não deixasse que nos faltassem espetáculos do nível de MEU DEUS! e que, assim como Seu Filho fez a multiplicação dos pães, que Ele também fizesse com que se multiplicassem atores e atrizes do nível de DAN e IRENE.

 

 

Cena de 'Meu Deus!', com Dan Stulbach e Irene Ravache

Um abraço de Deus.

 

 

 

FICHA TÉCNICA COMPLETA:


TEXTO: ANAT GOV

ADAPTAÇÃO: JORGE SCHUSSHEIM

TRADUÇÃO: ELOÍSA CANTON

VERSÃO: CÉLIA REGINA FORTE

DIREÇÃO: ELIAS ANDREATO

ELENCO: IRENE RACHE – ANA; DAN STULBACH – D; PEDRO CARVALHO – PAULO

CENÁRIO: ANTÔNIO FERREIRA JÚNIOR

FIGURINO: FAUSE HATEN

ILUMINAÇÃO: WAGNER FREIRE

TRILHA SONORA: JONATAN HAROLD

ASSESSORIA DE IMPRENSA NACIONAL: DANIELA BUSTOS E BETH GALLO - MORENTE FORTE COMUNICAÇÕES

ASSESSORIA DE IMPRENSA - RIO DE JANEIRO: BARATA COMUNICAÇÃO

DESIGN GRÁFICO: VICKA SUAREZ

FOTOS: JOÃO CALDAS

ASSISTENTE DE DIREÇÃO: ANDRÉA BASSITT

ASSISTENTE DE ILUMINAÇÃO: ALESSANDRA MARQUES

ASSISTENTE DE FIGURINO: GABRIELA MARUMOTO

ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA: ANDRÉIA MACHADO

ASSISTENTE DE CENOGRAFIA: CAMILA AZEVEDO

ASSISTENTE DE PRODUÇÃO: CELSO DORNELLAS E THAÍS PERES FORTE

ASSESSORIA CONTÁBIL: MARINA MORENTE

PRODUÇÃO – RIO DE JANEIRO: BIANCA DE FELIPPES

ADMINISTRAÇÃO: MAGALI MORENTE

PRODUÇÃO EXECUTIVA: KÁTIA PLACIANO

COORDENAÇÃO DE PROJETOS: EGBERTO SIMÕES

PRODUTORAS: SELMA MORENTE E CÉLIA FORTE

REALIZAÇÃO: MORENTE FORTE PRODUÇÕES TEATRAIS

 

SERVIÇO:

TEATRO DOS QUATRO - Rua Marquês de São Vicente, 52, Loja 265 – Gávea – Rio de Janeiro

5ªs e 6ªs feiras - 21h30min

Sábados - 19h e 21h30min

Domingos - 18h30min

Duração: 80 minutos

Recomendação: 12 anos

Temporada: até 28 de setembro

 

 

 

(FOTOS: JOÃO CALDAS)

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