“VIAGEM
AO CENTRO
DA TERRA”
ou
(VIAGEM AO
CENTRO DE NÓS.)
O CCBB – Rio de Janeiro vem prestando uma justa
homenagem ao grande escritor JÚLIO VERNE, na forma de exibição de uma trilogia
teatral, chamada “Viagens Extraordinárias”, com peças infantojuvenis,
encenadas pela excelente CIA. SOLAS DE VENTO, de São Paulo.
A
primeira das três, “A Volta ao Mundo em 80 Dias”, uma OBRRA-PRIMA,
já cumpriu sua temporada e, no momento, está em cartaz, no Teatro
II, a segunda da tríade, que consegue, a meu juízo, ser, ainda,
melhor que a primeira, a qual tanto me encantou e que deu origem a uma crítica,
cujo “link” aqui está, para quem quiser conhecer um pouco daquele
espetáculo: http://oteatromerepresenta.blogspot.com/2022/04/a-volta-ao-mundo-em-80-dias-ou.html
.
As três montagens teatrais convidam o público infantojuvenil e
os adultos, também, a embarcarem, juntos, no universo
fantástico de JÚLIO VERNE e, também juntos, imergirem em
uma cenografia fantástica, que mistura vertentes das artes cênicas
e da tecnologia.
SINOPSE:
A divertida trama de “VIAGEM AO CENTRO DA TERRA” se passa em 1863
e apresenta o jovem AXEL (RICARDO RODRIGUES) e seu tio OTTO
LINDENBROCK (BRUNO RUDOLF), um geólogo, professor, apaixonado pelos
mistérios do planeta, que, juntos descobrem um caminho que os levará
até o centro da Terra.
Apesar do medo, AXEL é promovido a assistente do pesquisador e
acompanha seu tio nessa aventura.
A dupla é auxiliada por HANS (ANDRÉ SCHULLE), um engraçado guia
islandês, que os protege dos perigos do mundo subterrâneo.
Tempestades, florestas, dinossauros, erupções e outros obstáculos fazem
parte dos desafios e descobertas que transformarão, para sempre, a vida destes
aventureiros.
Desejoso de também atingir o feito, já anteriormente realizado por outrem,
o de descer ao centro da Terra, OTTO LIDENBROCK descobre que quem
desce a cratera do vulcão Sneffels, situado
na Islândia, antes do início de
julho, consegue chegar àquele ponto do planeta.
Assim ele e seu sobrinho AXEL, um jovem órfão, que mora com ele e
mantém um romance com sua afilhada, GRAÜBEN (BRUNO RUDOLF),
partiram para a Islândia, com o intuito de penetrar no interior
da crosta terrestre.
Depois da chegada à Islândia, o Professor LIDENBROCK
contratou um caçador de gansos islandês, HANS BJELKE, para servir-lhes
de guia, até o vulcão, e de ajudante, na sua longa jornada no interior da Terra.
Já abaixo da superfície terrestre, os três homens desceram corredores e
galerias, passando por vários obstáculos e empecilhos, como, por exemplo, falta
de água, falta de comida, a perda de AXEL, entre outros, até que
chegaram a uma galeria de dimensões colossais, que continha, no seu interior
um oceano, ilhas, nuvens e, até mesmo, luz, gerada por um
fenômeno elétrico desconhecido.
Para além
destas características, ainda possuía outra mais chocante: existia vida naquele
mundo paralelo ao mundo superficial, vida que, na superfície, era considerada
já extinta, há muitos milhares de anos, que ia desde dinossauros ao homem das cavernas.
Tudo isto a
milhares de metros de profundidade, os três exploradores tiveram de construir
uma jangada, para viajar naquele oceano, que parecia não ter fim.
Nele,
encontraram vários tipos de animais, que nunca tinham visto anteriormente.
Resistiram a uma tempestade, de vários dias, que os levou à margem oposta do
oceano, onde encontraram a passagem para o centro da Terra, mas estava
bloqueada por um desabamento de terras recente.
Foi colocada,
então, pólvora, em torno da passagem, e foi explodido o obstáculo, mas essa
explosão foi de tal ordem, que fez com que a jangada onde os três estavam fosse
puxada para uma chaminé de um vulcão, onde, em consequência de uma erupção,
foram expelidos para a superfície terrestre.
Quando
estabeleceram contato com os habitantes locais, descobriram que tinham saído no
vulcão Stromboli, localizado a norte
da Sicília.
Ou seja,
percorreram mais de cinco mil quilômetros nesse mundo paralelo e doentio.
A peça, marcada por intenso dinamismo,
uma das melhores maneiras de se conseguir a atenção do público
infantojuvenil, se propõe a contar, da forma mais criativa possível, uma espetacular
aventura, repleta de descobertas fantásticas, convidando o público a exercitar
a imaginação e embarcar naquela viagem, acompanhando os três aventureiros. Propõe-se
e consegue, com a maior facilidade, porém à custa de muito trabalho e talento
de quem está em cena e nos bastidores.
Por me faltar tempo, para, também, ir com
eles ao “centro da Terra”, serei obrigado a procurar uma passagem
que me leve, apenas, a uma pequena profundidade, entretanto, mesmo dessa forma,
procurarei analisar os elementos que entram nesta excepcional montagem,
uma adaptação do livro homônimo de JÚLIO VERNE (“Voyage au Centre
de la Terre), de ficção científica, lançado em 1864 e considerado
como um dos clássicos do gênero. No original, a obra conduz o leitor a uma
emocionante aventura, narrada em primeira pessoa, por AXEL. O livro é um
exemplo de como um escritor pode transitar pelo real e pelo ficcional, de forma
muito bem estruturada, e, com isso, deixar solto, no ar, ideias, para o leitor
pensar no que pode acontecer na realidade.
Ao fazer
a adaptação da consagrada obra para o TEATRO, ou seja, a dramaturgia,
seus responsáveis, BOBBY BAQ, em colaboração com o diretor e
o elenco, tiveram a preocupação de que isso se mantivesse, talvez até em
dose maior, o que leva a plateia do Teatro, completamente lotado, a um
frenesi só, não apenas por parte dos pequenos, como também pelos adultos. Já
vi, muitas vezes, por força de algo parecido, adultos se manifestarem como os pequenos, em plateias de espetáculos infantojuvenis, libertando a
criança neles adormecida, porém, como neste espetáculo, nunca vi coisa
igual. A participação, a interatividade plateia/palco atingiu um nível total,
contagiante, esbanjando emoção. Fiquei, absurdamente,
impressionado com o que vi. Creio que nem os atores esperavam tanto
do brilhante resultado de seus trabalhos.
Para a adaptação teatral, alguns
personagens da história original foram deixados de lado, permanecendo, apenas
os três já citados e GRAÜBEN, como já disse, a jovem paixão de AXEL
e afilhada do professor LIDENBTOCK.
Como na primeira peça da trilogia,
“os atores utilizam técnicas acrobáticas, teatro físico e manipulação de
objetos e bonecos. Há, também, o uso de recursos de vídeo-projeção, ao vivo,
para captar e projetar, no fundo do palco, formas e ações criadas pelos atores
e por autômatos, que compõem os cenários dessa aventura. São 5 câmeras,
espalhadas pelo palco, que trazem perspectivas e dimensões fantásticas aos
episódios dessa história. A combinação dos elementos visuais, somada à manipulação de peças de madeira, proporciona uma transformação constante do
espaço cênico, compondo transportes, cavernas e outras surpresas, que convidam
o público a desbravar um mundo intraterrestre, repleto de perigos, emoções e
aventuras”. Esses mesmos recursos foram aplicados, de forma surpreendente,
ímpar, na montagem anterior, repito, e o resultado é magnífico. A
tecnologia a serviço do TEATRO.
Parece-me que, quando um espetáculo,
para mim, atinge a classificação de OBRA-PRIMA, torna-se muito mais difícil
escrever sobre ele, uma vez que precisaria de dezenas de adjetivos diferentes,
para qualificar cada um dos elementos da montagem. Sendo assim, vou
tentar me utilizar de poucas palavras e concentrar nelas tudo de encantador que
esta encenação representou para mim.
Com relação ao texto, nada a
acrescentar, além de que os que se propuseram a transpor, para as tábuas, uma
história narrativa acertaram, em cheio, na adaptação, em forma de diálogos.
Texto leve, engraçado, com piadas, por vezes, até meio ingênuas, como a
de alguns palhaços num picadeiro. Adoro isso.
A idealização do projeto, por
parte da CIA. SOLAS DE VENTO, é merecedora de muitos aplausos e
premiações. Gostaria de que viessem, muito mais vezes, ao Rio de Janeiro,
mas já estou feliz, no aguardo da terceira peça, que estreará no dia 4
de junho próximo (2022), “20.000 Léguas Submarinas”, sobre a
qual já ouvi os maiores elogios.
Estão de parabéns os donos das cabeças
criadoras do espetáculo, cinco mentes férteis e vibrantes, de gente
muito competente e de grande sensibilidade: ANDRÉ SCHULLE, BOBBY BAQ,
BRUNO RUDOLF, ERIC NOWINSKI e RICARDO RODRIGUES.
Nem saberia encontrar um adjetivo, novo
e diferente, para atribuir a ERIC NOWINSKI, responsável pela direção
da peça. Haja inteligência, criatividade e bom gosto, para bolar tantas
soluções e ideias, a fim de conseguir os efeitos mais mirabolantes,
pouquíssimas vezes presentes numa montagem teatral, principalmente
dentro do nicho TEATRO INFANTOJUVENIL, abusando da tecnologia, de
pouca sofisticação, mas de bastante inventividade, a fimn de atingir os
efeitos que são vistos em cena. Trabalho de um mestre!!!
O elenco é de um talento
incomensurável. ANDRÉ SCHULLE, BRUNO RUDOLF e RICARDO
RODRIGUES, todos com formação circense, além de excelentes atores,
têm uma capacidade de interagir com o público, que extrapola o que possa ser
considerado “normal”, nesse sentido. Os três apresentam um excelente
trabalho de interpretação, explorando, por inteiro, o corpo e a voz. São atores
completos e viscerais, que demonstram uma entrega total no exercício do ofício
que abraçaram. Não poderia destacar nenhum dos três, pois incorreria em, no
mínimo, fugir à verdade – um eufemismo sempre cai bem -, visto que todos
mereciam premiações, em qualquer prêmio de TEATRO que abarcasse a
categoria TEATRO INFANTOJUVENIL, o que, infelizmente, é muito raro neste
país, que pouca importância reserva a esse gênero teatral.
No que diz respeito aos demais elementos
que concorrem para uma boa montagem teatral, falando dos chamados “artistas
de criação”, cada um deles trouxe, para este espetáculo, o
melhor de si, representados pela direção de arte, incluindo os
figurinos (ISABEL TELES), o desenho de luz (ROSELI MARTTINELY),
a trilha sonora original (ANDRÉ VAC), a cenografia (CIA.
SOLAS DE VENTO e LUANA ALVES), objetos de cena (NONON
CREATURAS), eletrônica de adereços (MARCEL ALANI GILBER) e preparação
vocal e corporal (BEATRIZ MENTONE). Para não gastar muito tempo, em
função de tanto trabalho que tenho, à frente, para dar conta, pensei em
selecionar apenas alguns desses, para lhes direcionar um foco maior, porém não
encontrei um meio de fazer isso.
A direção de arte, incluindo os figurinos, é um primor; tudo, impecavelmente, necessário e de ótimo acabamento. O desenho de luz nos presenteia com algumas surpresas agradabilíssimas. A trilha sonora é, incrivelmente, perfeita, apresentando, além de canções, um festival de sonoplastia, que funciona, sincronicamente, de acordo com algumas ações e movimentos dos atores, sem nenhuma falha, o que muito me impressionou. Quanto à cenografia, talvez fosse ela a “cereja do bolo”, dentro do campo de que estamos tratando, por ser tão inventiva, quanto simples, inovadora e funcional, ganhando o maior destaque algumas peças de madeira, as quais se prestam, quando encaixadas umas às outras, à construção de meios de transportes e outros fins. Os objetos de cena nos surpreendem por suas belas confecções. A eletrônica de adereços dá margem a efeitos especiais que chamam muito a nossa atenção. A preparação vocal e corporal, sobremaneira, permite condições especiais, ao trio de atores, na construção dos personagens. Como numa seleção de futebol que representa qualquer país, para esta montagem, só foram convocados aqueles que são grandes “craques”, a “nata dos profissionais de TEATRO”.
FICHA TÉCNICA:
Idealização:
Cia. Solas De Vento
Criação:
André Schulle, Bobby Baq, Bruno Rudolf, Eric Nowinski e Ricardo Rodrigues
Dramaturgia:
Bobby Baq (em colaboração com o diretor e o elenco)
Direção:
Eric Nowinski
Elenco: André
Schulle, Bruno Rudolf e Ricardo Rodrigues
Direção de
Arte: Isabela Teles
Desenho de Luz: Roseli Marttinely e Eric Nowinski
Trilha Original: André Vac
Cenografia: Cia. Solas De Vento e Luana Alves
Figurinos: Isabela Teles
Objetos de Cena: Nonon Creaturas
Eletrônica de Adereços: Marcel Alani Gilber
Preparação
Vocal e Corporal: Beatriz Mentone
Assessoria de
Imprensa: Ney Motta
Fotos de
Divulgação: Mariana Chama
Operação de
Luz: Marcel Alani Gilber
Operação de
Som: Luana Alves
Operação de
Video: Bobby Baq
Produção de
Arte: Sandra Miyazawa
Realização:
Cia Solas de Vento
SERVIÇO:
Temporada: de 07
a 29 de maio de 2022.
Local: Centro
Cultural Banco do Brasil – Teatro II.
Endereço: Rua
Primeiro de Março, 66, Centro - Rio de Janeiro.
Informações: Telefone:
(21)3808-2020.
Dias e
Horários: sábados e domingos, às 16h.
Indicado para
maiores de 5 anos.
Duração: 70
minutos.
Valor dos Ingressos:
R$30,00 (inteira) e R$15,00 (meia entrada), à venda na bilheteria do CCBB
ou, antecipadamente, pelo site https://www.eventim.com.br/artist/viagensextraordinarias-ccbbrj/
SESSÕES COM LIBRAS: No dia 28/05, a apresentação
será com intérprete de Libras.
O Centro Cultural Banco do Brasil - Rio de Janeiro funciona, de 2ª feira
a sábado (NÃO ABRE ÀS 3ªs FEIRAS.), das 9h às 21h, e, no domingo, das 9h às 20h.
Não é necessária a retirada de ingresso para acessar o prédio.
Os ingressos para os eventos podem ser retirados, previamente, no
site eventim.com.br ou, presencialmente, na bilheteria do
CCBB.
Gênero: Teatro Infantojuvenil.
O espetáculo “VIAGEM
AO CENTRO DA TERRA” foi criado, e estreou, em 2015, tendo recebido indicações
a prêmios, em São Paulo, vencendo em algumas categorias. Trata-se
de uma “história de superação e coragem, uma viagem intrigante, divertida
e quase existencial, já que o mundo subterrâneo sempre foi pleno de mistérios
para os homens”, como consta no “release” que me foi
enviado por NEY MOTTA (Assessoria de Imprensa).
Quem assistiu à primeira peça
da trilogia, como eu, com certeza, também o fez agora e já aguarda a
próxima e, infelizmente, a última.
Eu recomendei, com muito
empenho a primeira, recomendo, mais ainda, esta “VIAGEM AO CENTRO DA TERRA”
e já me preparo, para assistir à terceira e recomendá-la também.
FOTOS: MARIANA CHAMA
E VAMOS AO TEATRO,
COM TODOS OS
CUIDADOS!!!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS
DE ESPETÁCULO
DO BRASIL,
COM TODOS OS
CUIDADOS!!!
A ARTE EDUCA E
CONSTRÓI, SEMPRE!!!
RESISTAMOS, SEMPRE
MAIS!!!
COMPARTILHEM ESTE
TEXTO,
PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO BRASILEIRO!
Nenhum comentário:
Postar um comentário