quinta-feira, 9 de julho de 2020



NA COXIA, COM...

...VICTOR GARCIA PERALTA.


Victor Garcia Peralta


            Vamos conversar hoje com o argentino mais carioca que eu conheço. E olha que conheço alguns, nessa condição, muitos "argentinhocas", com essas características, mas ninguém como VICTOR GARCIA PERALTA, um homem de TEATRO, sem a menor dúvida, embora tenha, também, como paixão, o cinema.

            VICTOR é ator e cenógrafo (Pouca gente sabe disso, creio eu.), tradutor e versionista, às vezes, mas é como diretor de TEATRO que é mais conhecido, admirado e tem sua obra mais que aprovada, fazendo parte dos grandes encenadores em terras brasileiras. Acho que ele já se considera um “brazuca”.





Foto: Rodrigo Castro

            Tenho por ele uma grande amizade, imensa admiração e um incomensurável respeito por toda a sua história nos palcos, inclusive na Argentina, onde, também, é muito respeitado. Sempre pronto a não fugir aos mais complicados desafios, é, constantemente, requisitado, por produtores e atores, envolvido, geralmente, em mais de um projeto, simultaneamente, porque todos confiam no seu talento, bom gosto e criatividade e querem tê-lo, para sempre, junto.

            Merecidamente, já recebeu muitos prêmios, como diretor, e não poderia ser de outra forma. Afinal de contas, é credor de todos os aplausos e reverências quem assinou a direção de espetáculos como “NÃO SOU FELIZ, MAS TENHO MARIDO” (adaptador e diretor), “UMA RELAÇÃO PORNOGRÁFICA” (cenário e direção), “MAMÃE” (colaboração artística), “MONSTROS” (tradução, versão e direção), “MORDIDAS”, “TEBAS LAND” (direção e idealização), “NUNCA FUI CANALHA”, “O GAROTO DA ÚLTIMA FILA” (direção e idealização), “EUFORIA”, “A SALA LARANJA: NO JARDIM DE INFÂNCIA” (tradução, direção e idealização), “THE PRIDE”, “NOITE INFELIZ - A COMÉDIA MUSICAL DAS MALDADES”, “QUEIME ISSO”, “UMA RELAÇÃO PORNOGRÁFICA”, “QUEM TEM MEDO DE VIRGINIA WOOLF?”, “O SUBMARINO”, “TAMBÉM QUERIA TE DIZER - CARTAS MASCULINAS”, “NOVECENTOS” (tradução e direção), “ALUCINADAS”, “TUDO QUE EU QUERIA TE DIZER”, “SEXO, DROGAS E ROCK'N'ROLL” (figurino e direção), “UM MARIDO IDEAL”, “QUARTETT”, “DECADÊNCIA” (direção e idealização), “OS HOMENS SÃO DE MARTE... E É PRA LÁ QUE EU VOU!” e tantos outros sucessos, de público e de crítica.





Foto: Divulgação

Foto: Divulgação


            Sem mais, vamos conversar como PERALTA:


O TEATRO ME REPRESENTA (OTMR): Pergunta bem óbvia, para quem não é jornalista, iniciar uma entrevista: Como tudo começou? Primeiro veio o ator e, depois, o diretor? Quando, onde e como se deu essa transição?

VICTOR GARCIA PERALTA (VGP):  Primeiro, veio a vontade de dirigir cinema. Daqui a pouco, vou realizar essa vontade. Na época, eu morava em Milão, por causa do trabalho de meu pai, que era diplomata, e um colega de escola falou que, se eu queria dirigir cinema, tinha que aprender a dirigir ator. Meus pais não iam me dar dinheiro para estudar TEATRO. Eles queriam outro diplomata. Esse mesmo amigo falou que iam rolar os testes de admissão para a escola do "Piccolo Teatro di Milano”, em que, na época, não se pagava para estudar. Me apresentei aos testes e fui um dos 25 escolhidos daquele ano. Foram 4 anos e meio de aulas diárias, que me despertaram a paixão pelo TEATRO. Até aquele momento, eu só assistia a cinema. Me formei como ator e comecei. Profissionalmente. como ator, mas sempre com o projeto de dirigir, coisa que comecei a fazer, quase simultaneamente, até vir para o Brasil e só trabalhar como diretor.





Foto: Janderson Pires


OTMR: Quando, como e por que o VICTOR veio parar no Brasil?

VGP: Em 1999, vim dirigir “DECADÊNCIA”, no Brasil, que foi um grande sucesso de crítica e público. Começaram, então, a me propor trabalhos muito interessantes aqui e comecei a dividir meu tempo entre o Rio de Janeiro e Buenos Aires. Eu sou apaixonado por mar, e o Rio, por ser uma grande cidade com mar, ajudou na decisão.





Foto: Cristina Granato

OTMR: São dois lados totalmente distintos e importantes, e um não vive sem o outro: diretor e elenco. De que lado você se sente mais confortável e por quê?

VGP:  Me sinto mais confortável do lado da direção. Quando leio uma peça, inevitavelmente, a visão que tenho é do meu ponto de vista sobre aquele texto. Isso complica um pouco, na hora de ser dirigido.





Foto: Rodrigo Lopes

Foto: billnog.biz

Foto: Ricardo Brajterman

Foto: billnog.biz

OTMR: Como encenador, você deve ter, ainda, a vontade de montar alguns textos clássicos. Isso procede? E qual (quais) seria(m) eles?

VGP: Tenho vontade de encenar Shakespeare, Goldoni, Molière, Pirandello, O’Neill, Miller, Brecht, Williams. A peça vai depender muito do momento que o mundo estiver vivendo.





Fotos: Felipe Panfili e Ricardo Brajterman

OTMR: Num dos espetáculos relacionados no texto de apresentação (“MAMÃE”), o seu nome aparece, na ficha técnica, como “colaboração artística”. O que isso significa?

VGP: Significa que, durante o processo de ensaios, assisti a uma semana deles, a convite do Álamo (Facó) e dei algumas opiniões e fiz provocações, com relação ao que estava assistindo. Álamo chama isso de “atravessadores artísticos”.





Fotos: Rodrigo Turazzi e Duda Paiva

OTMR: Conheço apenas um pouco do TEATRO argentino, gosto dos Teatros de lá e tenho verificado, nos últimos tempos, o surgimento de grandes dramaturgos, produzindo excelentes textos, alguns já encenados no Brasil. Você atribui a algum fator especial esse fenômeno?

VGP: Acho que tem a ver com uma geração de autores surgidos das aulas de dois grandes mestres da dramaturgia: Mauricio Kartun e Ricardo Monti. Esses autores, por sua vez, criaram as suas escolas.     





Foto: Júnior Marins

OTMR: Que características principais de cada público, brasileiro e argentino, os tornam diferentes ou iguais, em relação a seus gostos e interesses e ao que buscam no TEATRO?

VGP: Não vejo grandes diferenças. Talvez o público argentino tenha mais hábito de ir ao TEATRO e o brasileiro, de assistir a “shows”.





OTMR: Como é o seu processo de direção? Você segue um mesmo ritual, técnica, método ou protocolo, ou isso difere de peça para peça, de elenco para elenco, de produção para produção?

VGPComeço estudando o texto, muito tempo antes de começarem os ensaios. Pesquiso muito sobre o autor e sua obra, suas referências e inspirações. Pesquiso filmes, livros, artistas plásticos que tenham universos parecidos com o do texto que vou dirigir, escuto muita música. Começo a imaginar como vou contar essa história. Quando começam os ensaios, toda essa informação da qual me alimentei nos meses prévios, é falada com os atores, cenógrafos, produtores, figurinistas, iluminadores e trilheiros (Pessoas que cuidam das trilhas sonoras.). Essa troca é muito importante para mim. Geralmente, ensaio uma peça durante três meses. O primeiro é de leituras de mesa e para compartilhar o que pesquisei e falar como quero contar a peça. No segundo, levanto a peça inteira e, no terceiro, faço dois "corridos" diários, até chegar aos ensaios gerais.
Tenho a mesma técnica e método, independentemente do tipo de peça e do gênero. Vou trabalhar com o mesmo rigor um clássico ou uma comédia contemporânea.




OTMR: Você acha que fazer TEATRO é, realmente, um ato político e de resistência?

VGP: Acho que sim. Cada vez mais!







Foto: João Caldas

OTMR: Preferência por dirigir um determinado gênero? Por quê?

VGP: Não tenho.




Foto: Theodora Duvivier

OTMR: Você fica muito “bravo”, quando o/a ator/atriz utiliza “cacos” e/ou foge às marcações. Em outras palavras, “não cumpre o combinado”?  

VGP: Nunca me acontece. Tenho a sorte de trabalhar com atores extremamente talentosos e profissionais. Se, durante os ensaios, sinto que pode acontecer o que você me pergunta, falo com o ator e, se ele não muda de atitude, ou ele sai do espetáculo ou eu me retiro da direção. 





Foto: Divulgação

OTMR: O que mais pesa na sua escolha de um trabalho? O que mais é importante, para você, na hora de aceitar dirigir um projeto?

VGP: Em primeiro lugar o texto, o elenco e quem vai ser o produtor.





Foto: Paula Kossatz


OTMR: Você acha que tem uma digital própria, que é o diferencial no seu trabalho de direção?

VGP: Acho que sim.





Foto: Murilo Meirelles

OTMR: De uns tempos para cá, muitos diretores de TEATRO se dedicam a dirigir os atores e, praticamente, deixam para outro profissional o trabalho de marcação, que, via de regra e, até mesmo, incorretamente, recebe o nome de “direção de movimento”, o que, inclusive, confunde muita gente. Você abre mão das marcações ou se considera um diretor pleno, que sabe como extrair o que deseja, de cada ator, e fazê-lo se deslocar no espaço cênico?

VGP: No meu caso, a direção de movimento vai nos ensaios, nos últimos dias, antes da estreia. O espetáculo já foi marcado por mim e o que a direção de movimento faz é trabalhar em cima das minhas marcas e burilar alguma marca. Para mim, a direção não se separa em direção de atores e marcações. É um todo, que depende de mim. No meu estilo de trabalho, a marcação está muito ligada ao meu processo de trabalho com o ator.






Foto: Paula Kossatz

OTMR: Que espetáculo, no Brasil, você considera ter sido seu maior desafio e por quê?

VGP: Vários. A maioria dos espetáculos que dirigi foram e são desafios para mim. No geral, não tenho interesse em dirigir um texto que não represente um desafio.




Foto: Lívio Campos




 E VAMOS AO TEATRO (QUANDO HOUVER SEGURANÇA.)!!!


OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL (QUANDO HOUVER SEGURANÇA.)!!!


A ARTE EDUCA E CONSTRÓI!!!


RESISTAMOS!!!


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O QUE HÁ DE MELHOR NO

TEATRO BRASILEIRO!!!
































































































































































Um comentário:

  1. Bom demais 🥰 Tenho muita admiração pelo trabalho e a fofura de Victor❤️

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