NA COXIA, COM...
Vamos conversar hoje com o argentino mais carioca que eu
conheço. E olha que conheço alguns, nessa condição, muitos "argentinhocas", com essas características,
mas ninguém como VICTOR GARCIA PERALTA, um homem de TEATRO, sem a
menor dúvida, embora tenha, também, como paixão, o cinema.
VICTOR é ator e cenógrafo (Pouca gente sabe disso, creio eu.), tradutor e versionista, às vezes, mas é como diretor de TEATRO que é mais conhecido, admirado e tem sua obra mais que aprovada, fazendo parte dos grandes encenadores em terras brasileiras. Acho que ele já se considera um “brazuca”.
VICTOR é ator e cenógrafo (Pouca gente sabe disso, creio eu.), tradutor e versionista, às vezes, mas é como diretor de TEATRO que é mais conhecido, admirado e tem sua obra mais que aprovada, fazendo parte dos grandes encenadores em terras brasileiras. Acho que ele já se considera um “brazuca”.
Foto: Rodrigo Castro
Tenho por ele uma grande amizade, imensa admiração e um incomensurável
respeito por toda a sua história nos palcos, inclusive na Argentina, onde,
também, é muito respeitado. Sempre pronto a não fugir aos mais complicados
desafios, é, constantemente, requisitado, por produtores e atores, envolvido,
geralmente, em mais de um projeto, simultaneamente, porque todos confiam no seu
talento, bom gosto e criatividade e querem tê-lo, para sempre, junto.
Merecidamente, já recebeu muitos prêmios, como diretor, e
não poderia ser de outra forma. Afinal de contas, é credor de todos os aplausos
e reverências quem assinou a direção de espetáculos como “NÃO SOU FELIZ, MAS
TENHO MARIDO” (adaptador e diretor), “UMA RELAÇÃO PORNOGRÁFICA”
(cenário e direção), “MAMÃE” (colaboração artística), “MONSTROS”
(tradução, versão e direção), “MORDIDAS”, “TEBAS LAND” (direção e
idealização), “NUNCA FUI CANALHA”, “O GAROTO DA ÚLTIMA FILA”
(direção e idealização), “EUFORIA”, “A SALA LARANJA: NO JARDIM DE
INFÂNCIA” (tradução, direção e idealização), “THE PRIDE”, “NOITE
INFELIZ - A COMÉDIA MUSICAL DAS MALDADES”, “QUEIME ISSO”, “UMA
RELAÇÃO PORNOGRÁFICA”, “QUEM TEM MEDO DE VIRGINIA WOOLF?”, “O
SUBMARINO”, “TAMBÉM QUERIA TE DIZER - CARTAS MASCULINAS”, “NOVECENTOS”
(tradução e direção), “ALUCINADAS”, “TUDO QUE EU QUERIA TE DIZER”,
“SEXO, DROGAS E ROCK'N'ROLL” (figurino e direção), “UM MARIDO IDEAL”,
“QUARTETT”, “DECADÊNCIA” (direção e idealização), “OS HOMENS
SÃO DE MARTE... E É PRA LÁ QUE EU VOU!” e tantos outros sucessos, de
público e de crítica.
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Sem mais, vamos conversar como PERALTA:
O TEATRO ME REPRESENTA
(OTMR): Pergunta bem óbvia, para quem não é jornalista,
iniciar uma entrevista: Como tudo começou? Primeiro veio o ator e, depois, o
diretor? Quando, onde e como se deu essa transição?
VICTOR GARCIA PERALTA
(VGP): Primeiro,
veio a vontade de dirigir cinema. Daqui a pouco, vou realizar essa vontade. Na
época, eu morava em Milão, por causa do trabalho de meu pai, que era diplomata,
e um colega de escola falou que, se eu queria dirigir cinema, tinha que
aprender a dirigir ator. Meus pais não iam me dar dinheiro para estudar TEATRO.
Eles queriam outro diplomata. Esse mesmo amigo falou que iam rolar os testes de
admissão para a escola do "Piccolo Teatro di Milano”, em que, na época,
não se pagava para estudar. Me apresentei aos testes e fui um dos 25 escolhidos
daquele ano. Foram 4 anos e meio de aulas diárias, que me despertaram a paixão
pelo TEATRO. Até aquele momento, eu só assistia a cinema. Me formei como
ator e comecei. Profissionalmente. como ator, mas sempre com o projeto de
dirigir, coisa que comecei a fazer, quase simultaneamente, até vir para o
Brasil e só trabalhar como diretor.
VGP:
Em 1999, vim dirigir “DECADÊNCIA”, no Brasil, que foi um grande sucesso
de crítica e público. Começaram, então, a me propor trabalhos muito interessantes aqui
e comecei a dividir meu tempo entre o Rio de Janeiro e Buenos Aires. Eu sou apaixonado
por mar, e o Rio, por ser uma grande cidade com mar, ajudou na decisão.
OTMR:
São dois lados totalmente distintos e importantes, e um não vive sem o outro:
diretor e elenco. De que lado você se sente mais confortável e por quê?
VGP: Me sinto mais confortável do lado da direção.
Quando leio uma peça, inevitavelmente, a visão que tenho é do meu ponto de vista
sobre aquele texto. Isso complica um pouco, na hora de ser dirigido.
OTMR:
Como encenador, você deve ter, ainda, a vontade de montar alguns textos
clássicos. Isso procede? E qual (quais) seria(m) eles?
VGP:
Tenho
vontade de encenar Shakespeare, Goldoni, Molière, Pirandello, O’Neill, Miller,
Brecht, Williams. A peça vai depender muito do momento que o mundo estiver
vivendo.
Fotos: Felipe Panfili e Ricardo Brajterman
OTMR: Num dos espetáculos
relacionados no texto de apresentação (“MAMÃE”), o seu nome aparece, na
ficha técnica, como “colaboração artística”. O que isso significa?
VGP:
Significa
que, durante o processo de ensaios, assisti a uma semana deles, a convite
do Álamo (Facó) e dei algumas opiniões e fiz provocações, com relação ao
que estava assistindo. Álamo chama isso de “atravessadores artísticos”.
Fotos: Rodrigo Turazzi e Duda Paiva
OTMR:
Conheço apenas um pouco do TEATRO argentino, gosto dos Teatros de
lá e tenho verificado, nos últimos tempos, o surgimento de grandes dramaturgos,
produzindo excelentes textos, alguns já encenados no Brasil. Você atribui a
algum fator especial esse fenômeno?
VGP:
Acho
que tem a ver com uma geração de autores surgidos das aulas de dois grandes
mestres da dramaturgia: Mauricio Kartun e Ricardo Monti. Esses autores, por sua
vez, criaram as suas escolas.
Foto: Júnior Marins
OTMR: Que características principais de cada público, brasileiro e argentino, os tornam diferentes ou iguais, em relação a seus gostos e interesses e ao que buscam no TEATRO?
VGP:
Não
vejo grandes diferenças. Talvez o público argentino tenha mais hábito de ir ao TEATRO
e o brasileiro, de assistir a “shows”.
OTMR:
Como é o seu processo de direção? Você segue um mesmo ritual, técnica, método
ou protocolo, ou isso difere de peça para peça, de elenco para elenco, de
produção para produção?
VGP: Começo estudando o texto, muito tempo antes de começarem os ensaios. Pesquiso muito sobre o autor e sua obra, suas referências e inspirações. Pesquiso filmes, livros, artistas plásticos que tenham universos parecidos com o do texto que vou dirigir, escuto muita música. Começo a imaginar como vou contar essa história. Quando começam os ensaios, toda essa informação da qual me alimentei nos meses prévios, é falada com os atores, cenógrafos, produtores, figurinistas, iluminadores e trilheiros (Pessoas que cuidam das trilhas sonoras.). Essa troca é muito importante para mim. Geralmente, ensaio uma peça durante três meses. O primeiro é de leituras de mesa e para compartilhar o que pesquisei e falar como quero contar a peça. No segundo, levanto a peça inteira e, no terceiro, faço dois "corridos" diários, até chegar aos ensaios gerais.
Tenho a mesma técnica e método, independentemente do tipo de peça e do gênero. Vou trabalhar com o mesmo rigor um clássico ou uma comédia contemporânea.
Tenho a mesma técnica e método, independentemente do tipo de peça e do gênero. Vou trabalhar com o mesmo rigor um clássico ou uma comédia contemporânea.
OTMR: Você acha que fazer TEATRO
é, realmente, um ato político e de resistência?
OTMR:
Preferência por dirigir um determinado gênero? Por quê?
VGP:
Não tenho.
OTMR:
Você fica muito “bravo”, quando o/a ator/atriz utiliza “cacos” e/ou foge às
marcações. Em outras palavras, “não cumpre o combinado”?
VGP:
Nunca me acontece. Tenho a sorte de trabalhar com atores extremamente
talentosos e profissionais. Se, durante os ensaios, sinto que pode acontecer o
que você me pergunta, falo com o ator e, se ele não muda de atitude, ou ele sai
do espetáculo ou eu me retiro da direção.
OTMR:
O que mais pesa na sua escolha de um trabalho? O que mais é importante, para
você, na hora de aceitar dirigir um projeto?
OTMR:
Você acha que tem uma digital própria, que é o diferencial no seu trabalho de
direção?
OTMR:
De uns tempos para cá, muitos diretores de TEATRO se dedicam a dirigir
os atores e, praticamente, deixam para outro profissional o trabalho de
marcação, que, via de regra e, até mesmo, incorretamente, recebe o nome de
“direção de movimento”, o que, inclusive, confunde muita gente. Você abre mão
das marcações ou se considera um diretor pleno, que sabe como extrair o que
deseja, de cada ator, e fazê-lo se deslocar no espaço cênico?
VGP:
No
meu caso, a direção de movimento vai nos ensaios, nos últimos dias, antes da
estreia. O espetáculo já foi marcado por mim e o que a direção de movimento faz
é trabalhar em cima das minhas marcas e burilar alguma marca. Para mim, a
direção não se separa em direção de atores e marcações. É um todo, que depende
de mim. No meu estilo de trabalho, a marcação está muito ligada ao meu processo
de trabalho com o ator.
Foto: Paula Kossatz
OTMR: Que espetáculo, no Brasil, você considera ter sido seu maior desafio e por quê?
VGP:
Vários.
A maioria dos espetáculos que dirigi foram e são desafios para mim. No geral,
não tenho interesse em dirigir um texto que não represente um desafio.
Foto: Lívio Campos
E VAMOS AO TEATRO (QUANDO HOUVER SEGURANÇA.)!!!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL (QUANDO HOUVER SEGURANÇA.)!!!
A ARTE EDUCA E CONSTRÓI!!!
RESISTAMOS!!!
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PARA QUE, JUNTOS, POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO BRASILEIRO!!!
Bom demais 🥰 Tenho muita admiração pelo trabalho e a fofura de Victor❤️
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