segunda-feira, 21 de outubro de 2019


O SUBNORMAL –
UMA HISTÓRIA
DE BAIXA VISÃO
(DE COMO SE FAZER UMA
REFRESCANTE E 
GOSTOSA LIMONADA
COM LIMÕES BEM AZEDOS.
ou
O TEATRO SALVA.



            Quem acompanha e lê as minhas críticas sabe que só escrevo sobre espetáculos de que gosto – já estou cansado de explicar isso -, o que não significa que, se não escrevi, foi porque a peça não me agradou. Pode ocorrer de eu não analisar, sob o ponto de vista crítico, completo, uma montagem por pura falta de tempo, uma vez que – vou repetir mais uma vez – vou ao Teatro, praticamente, todos os dias, assistindo a dois ou mais espetáculos num só dia, como ocorreu quatro vezes, nesta semana (Assisti a 10 espetáculos e gostei de 6.), e, se acontecer de estarmos passando por uma boa safra de peças, como o que, graças aos DEUSES DO TEATRO, está ocorrendo no presente momento, não tenho condições de me posicionar sobre todas.
            Quando sinto que não terei condições de escrever sobre um espetáculo que me agradou e que merecia uma boa crítica, fico na maior angústia e tento compensar isso com uma boa postagem numa rede social (Facebook). É o mínimo que posso fazer e uma maneira que encontrei, para aliviar a minha dupla “culpa” (A questão da “culpa” será esclarecida, logo abaixo, dentro do destaque.) Assim procedi, logo que cheguei a casa, na mesma noite, ou melhor, na madrugada do dia seguinte àquele em que assisti a “O SUBNORMAL – UMA HISTÓRIA DE BAIXA VISÃO”, cujo título é ambíguo e eu não sabia.




POSTAGEM NO FACEBOOK, em 19 de 2019:

          Quem me conhece e, também, a minha paixão pelo TEATRO, além da minha sinceridade e da seriedade com que trato “as coisas do TEATRO”, sabe que eu não perderia tempo, escrevendo um TEXTÃO, se não valesse a pena e se não fosse por uma boa causa.
     Então, lá vem um TEXTÃO, que espero que leiam até o final e sigam a minha recomendação:
Fui assistir a uma peça, no Teatro Candido Mendes, a convite de CHRISTOVAM DE CHEVALLIER (ASSESSOR DE IMPRENSA): “O SUBNORMAL – UMA HISTÓRIA DE BAIXA VISÃO”, um solo do ator paulista CLEBER TOLINI.

SINOPSE: O monólogo conta a trajetória do ator CLEBER TOLINI, que, aos 24 anos, teve seu nervo ótico afetado, após uma neurocirurgia, ficando com 20% de visão ou Visão Subnormal, também conhecida por Baixa Visão. No Brasil, a cada cinco pessoas com deficiência visual, quatro têm Baixa Visão. Segundo ele, o assunto precisa de mais “visibilidade”.
No ano de 2004, o ator CLEBER TOLINI nasceu de novo. Ele tinha 24 anos, quando um episódio marcaria (e mudaria) sua vida para sempre. Ele se submeteu, na ocasião, a uma neurocirurgia, no INCA (Instituo Nacional do Câncer), Rio de Janeiro, para a retirada de um tumor, na cabeça. A operação foi bem-sucedida, mas afetou sua visão, deixando-a com 20% de capacidade visual. Ele passou, então, a integrar um grupo desconhecido por ele (e por muitos de nós), o de Visão Subnormal, também denominado de Baixa Visão. O tempo passou e, em 2018, o ator decidiu expor, no palco, as transformações pelas quais sua vida passou e, o melhor, o tanto que aprendeu com sua nova condição. Em julho do mesmo ano, “O SUBNORMAL – UMA HISTÓRIA DE BAIXA VISÃO” estreava no Teatro Parlapatões, em São Paulo. Ele não imaginava que o solo, dirigido por DJALMA LIMA, despertaria o interesse do público, a ponto de levá-lo a Nova York, onde participou do “Festival de Monólogos Don Ivan Garcia Guerra”, no ano de sua décima edição.
Apesar de ter agendado, com CHEVALLIER, para ontem, 6ª feira, 18 de outubro, minha ida ao Candido Mendes, estava muito cético quanto ao que me esperava – um pouco de “pré-conceito”, confesso, envergonhado - e cheguei a pensar em desmarcar minha ida à sessão agendada, também, e muito, por conta de me sentir extremamente cansado e pelo sacrifício que é, para mim, o deslocamento do Recreio dos Bandeirantes até Ipanema.
Consultei um amigo, ligado, de certa forma, ao projeto, e perguntei-lhe se ele me recomendaria a peça. Pedi-lhe que fosse muito sincero. E ele o foi, dizendo-me se tratar de um espetáculo muito simples e pobre – “espartano” foi o termo que ele utilizou -, mas que valia a pena, sim, pelo texto e, principalmente pelo trabalho do ator, o qual não se vitimiza e, através de uma COMÉDIA, trata de todas as dificuldades por que vem passando, desde que se viu diante do problema.
Depois que vi a peça, a qual aplaudi de pé, na primeira fila, acho que o meu amigo economizou elogios, para não me causar, talvez, uma falsa expectativa, mas o fato é que classifico o espetáculo como muito melhor do que ele me fez imaginar.
O monólogo trata de um problema. Mas que problema?!
Não para CLEBER TOLINI, que, de forma muito inteligente, espirituosa e engraçada ao extremo, trata o tema com a maior naturalidade e nos passa uma lição de vida de que eu, particularmente, estava precisando.
A peça me fez muito bem e o fará a todos que a ela forem assistir. Eu me diverti muito, aprendi bastante e exercitei a minha capacidade de ser empático, o que todos deveríamos fazer, SEMPRE.


Para realizar seu sonho, de montar a peça, CLEBER fez um empréstimo, pois não conseguiu, como já era esperado, nenhum patrocínio. Levantou o mínimo, para a montagem e, depois de muitas apresentações na capital paulista, com muito sucesso, desembarcou no Rio de Janeiro com a cara, a coragem e muito talento.
A narrativa mostra-se como uma conversa franca e bastante descontraída com o público, com o ator interpretando vários outros hilários personagens, inclusive femininos, além dele mesmo.
A temporada vai até o dia 10 de novembro próximo, de 6ª feira a domingo, sempre às 20h, no Teatro Candido Mendes (Rua Joana Angélica, 63, Ipanema), durando apenas 60 minutos.
Infelizmente, não terei tempo para escrever a crítica da peça, por acúmulo de trabalho, mas é importante este registro: GOSTEI MUTO DO ESPETÁCULO E O RECOMENDO “DE OLHOS FECHADOS”, sem querer ser engraçado, como o CLEBER, que eu não conhecia e continuo não conhecendo (Não nos apresentamos.), porque não pude esperá-lo, para um cumprimento, que faço, publicamente, aqui, na esperança de que chegue a ele e que os meus amigos lotem o Teatro Candido Mendes e façam uma boa divulgação da peça, de boca em boca, em postagens, por aqui e em outras redes sociais, porque VALE MUITO A PENA ASSISTIR A ESTE ESPETÁCULO.
Nós, que amamos o TEATRO, temos o dever de prestigiar o trabalho do CLEBER.
Por favor, compartilhem. O ator e o espetáculo merecem.




          O que escrevi, naquela postagem, quase já é uma crítica completa. Pretendo, apenas, completá-la com mais algumas informações e opiniões, lembrando que quase tudo do que escrevi foi extraído do “release”, enviado por CHRISTOVAM DE CHEVALLIER.
            Para iniciar, faz-se necessário reproduzir uma frase, do próprio CLEBER, que justifica o fato de ele não se vitimizar, em momento algum, e de que sua intenção é de informar as pessoas de algo muito importante e que elas desconhecem, além de tratar do assunto com leveza e humor e provar que ele não vê limites, para o exercício de seu tão lindo ofício: “Baixa visão é uma condição e não uma patologia.”. E é nesse grupo que CLEBER TOLINI passou a estar inserido e, praticamente, a este o espetáculo é mais direcionado. “Tal mudança exigiu dele providências práticas, muitas delas urgentes, e outras tantas adaptações. Um caminho fácil seria o da autocomiseração, o que está longe de fazer seu estilo. A vida mostrava outra realidade, cheia de peculiaridades.”.


O ator está sozinho no espaço cênico, mas não solitário, uma vez que toda a plateia, num interação e entrega total, se deixa transportar para o espaço cênico. No palco, um tapete claro, em forma de um olho, cujo centro traz um círculo vazado. À sua volta, caixotes e cubos, alguns também vazados, que, em comum, também são brancos. A isso, além de um sino budista, se resume o cenário da peça, criado por CLAU CARMO, que também assina o figurino, composto por uma calça e um casaco de moleton, com capuz, brancos, sobre uma camiseta regata; branca, para variar. Nós pés, nenhum calçado; descalço.
O texto, excelente, como não poderia deixar de ser, é do próprio CLEBER e vira uma “conversa franca com o público. Ele fala de sua trajetória e inclui também no relato histórias de outros personagens, reais como ele. Eles integram uma lista de 20 nomes por ele entrevistados, desde que decidiu levar à cena seu depoimento. Desse total, chegou a quatro episódios considerados mais relevantes.”. Essas quatro pessoas gravaram depoimentos, os quais são apresentados no decorrer da peça.


“A ideia inicial do ator era a de fazer do solo algo no estilo “comédia stand up”. E o plano ganhou novo rumo, com a entrada, no projeto, de PAULA SOUZA LOPEZ, especialista em Acessibilidade Cultural. Um tema como o da Baixa Visão pode ser tratado com bom humor (como de fato é), mas é um assunto com muitos meandros. Eles sabiam que não poderiam cometer um erro: o de tratar do tema de forma superficial. E o projeto rumou para uma encenação totalmente inclusiva, que tem, no preparo corporal do narrador, as ferramentas que possibilitam, por exemplo, o que hoje é conhecida como audiodescrição. O bom humor não foi, de todo, descartado. Tanto que o ator-narrador fecha seu relato, evocando o poema “Consolo na Praia”, de Carlos Drummond de Andrade. Justo o trecho no qual o poeta mineiro pergunta: “e o humor?”. E tal peripécia resulta num espetáculo bem-humorado e, ao mesmo tempo. comovente, cuja função vai (muito) além de informar ou esclarecer. Acaba por transformar aqueles que quiserem viver essa experiência.”. (Trecho extraído do já referido “release”.)
          Para encerrar a análise técnica, quero, apenas, acrescentar que o trabalho do ator é excelente, que ele tem um ótimo “timing” para a comédia, da mesma forma como sabe explorar, com muita competência, a expressão corporal e as máscaras faciais, nos extremos: comédia e drama.




FICHA TÉCNICA:

Texto: Cleber Tolini
Direção: Djalma Lima

Interpretação: Cleber Tolini

Cenário: Clau Carmo
Figurino: Clau Carmo
Iluminação: Giuliano Caratori
Direção de Movimento: Lena Roque
Audiodescrição Integrada: Paula Lopez
Revisão de Texto: Cybele Gianini
Locução: Rosi Campos
Depoimentos: Paulo Galvão, Sonny Pólito, Josielle e Marcelino Tavares
Fotos: Eduardo Petrini e Camila Vech
Vídeos: Dois Pontos Produções
Assessoria de Imprensa: Christovam de Chevalier
Projeto Gráfico: Alê Pessoa e Osvaldo Piva
Apoio: Grupo Bengala Verde









SERVIÇO:

Temporada: De 04 de outubro a 10 de novembro de 2019.

Local: Teatro Candido Mendes.

Endereço: Rua Joana Angélica, 63, Ipanema - Rio de Janeiro.

Telefone: (21) 2523-3663.

Dias e Horários: De 6ª feira a domingo, às 20h.

Valor dos Ingressos: R$50,00 (inteira) e R$25,00 (meia entrada).

Capacidade: 103 lugares.

Duração: 60 minutos.

Classificação Etária: 12 anos.

Gênero: Comédia Dramática / Depoimento.





            O que desejo dizer, para encerrar, definitivamente, esta crítica, pela qual tanto me empenhei, é que recomendo, com total paixão, este espetáculo, com o qual, CLEBER TOLINI nos dá uma lição de superação e nos encoraja a não reclamar da vida e, sim, a aceitar os percalços com os quais ela nos surpreende, a cada esquina, e que saibamos fazer aquela refrescante e deliciosa limonada, com os limões que estão à nossa disposição.



E VAMOS AO TEATRO!!!

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!

A ARTE EDUCA E CONSTRÓI!!!

RESISTAMOS!!!

COMPARTILHEM ESTE TEXTO,
PARA QUE, JUNTOS, POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO BRASILEIRO!!!






CENSURA NUNCA MAIS!!!




(FOTOS: EDUARDO PETRINI
e
CAMILA VECH .)



(GALERIA PARTICULAR:
FOTOS: GILBERTO BARTHOLO.)





























































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