HOJE
É
DIA
DE
ROCK
(UM AFAGO NA ALMA,
UM BEIJO NO CORAÇÃO,
UM TRATADO DE LIRISMO,
UMA OBRA-PRIMA!!!
ou
SEMPRE SERÁ DIA DE
“HOJE É DIA DE ROCK”.)
Um
dos mais emblemáticos templos dedicados ao TEATRO,
no Rio de Janeiro, o Teatro Ipanema, localizado no conhecido
nº 824A da rua Prudente de Moraes, no
bairro que se notabilizou pela canção de Tom
e Vinícius, está completando 50 anos.
O Ipanema foi inaugurado em 1968, por
iniciativa de Rubens Corrêa e Ivan de Albuquerque, contando com o
apoio de Leyla Ribeiro, casada com
este. O Teatro Ipanema é considerado
um ícone da cultura carioca, e
brasileira, pelos grandes sucessos montados no seu palco, notadamente nas décadas de 70 e 80.
Aberto ao público, pela primeira vez, em 1968, após quatro anos
de obras, aquele novo espaço, logo, passou a ser um endereço conhecido e
frequentado pelos amantes do TEATRO,
muito em função das novas perspectivas para a linguagem teatral dos diretores
que surgiam, na época. Foi, e ainda é, um palco importante na cidade, “de resistência”, sobretudo para jovens
dramaturgos, diretores e novas companhias, que iriam, naquele momento, mudar
completamente o TEATRO BRASILEIRO, a
partir dos anos 70.
Durante a fase negra da história do Brasil, manchada pela excrescência da
ditadura militar, que durou 21 anos, de 1964 a
1985, o Teatro Ipanema funcionou como um foco de resistência
contra as barbáries cometidas pelos generais de plantão; um local de grande
experimentação artística, servindo como uma espécie de incubadora, para o
surgimento de uma fantástica e corajosa geração de jovens dramaturgos. Ali, iniciaram
suas carreiras, por exemplo, o autor de “HOJE
É DIA DE ROCK”, JOSÉ VICENTE, com
sua peça “O Assalto” (1969), Isabel Câmara,
com “As Moças” (1970); e José Wilker e sua “A China é Azul” (1972), dentre outros
grandes nomes da dramaturgia brasileira.
Após a época de seu apogeu, o Teatro Ipanema, com a morte de RUBENS
e IVAN, em 1996 e 2001,
respectivamente, atravessou uma triste fase de crise e longo quase ostracismo.
Não faltaram nem ameaças, até, de vir a se tornar mais um templo religioso (Eu
disse “religioso”? Deixa pra lá!). O
seu resgate se iniciou, à custa de muita batalha, pela iniciativa de alguns
bravos profissionais de TEATRO, no
apagar de 2011, quando foi adquirido
pela Prefeitura do Rio de Janeiro,
tendo passado por obras de restauração, uma vez que o tempo e a
falta de uso colaboraram para a degradação física do espaço.
Remodelado e integrado à Rede Municipal de Teatros da Secretaria Municipal de Cultura, voltou
a funcionar, totalmente, em junho de
2012. Passou por algumas administrações e, desde março/2016, encontra-se sobre a gestão da consagrada produtora
cultural “Conexão Eventos®” (Sinapse 2002 Eventos e Produções Artísticas Ltda), proponente
da Curadoria e Residência-Artística
VEM!ÁGORA, o que, felizmente, vai
se estender até fevereiro de 2019. No que dependesse de mim, o Teatro
Ipanema ficaria, “ad aeternum”, sob a responsabilidade de José
Carlos Della Vedova, Mauro Luiz Vianna, Alexandre Mello, Rogério
Garcia e Fabiana de Mello e Souza, os quais vêm fazendo uma
excelente administração daquele espaço, com uma programação de primeiríssimo
nível. Desde que assumiram o comando do Ipanema, não me recordo de nenhuma
pauta ruim; ao contrário, só me vêm à mente espetáculos que estão fazendo com
que o Ipanema volte aos noticiários e reviva seus momentos de glória. Vida
longa ao casamento VEM!ÁGORA / TEATRO IPANEMA!!!
Para
o ano em curso, em comemoração ao meio
centenário daquela casa de espetáculos, a Ocupação promete muitas atrações de peso, a começar pela montagem,
infelizmente, numa temporada muito curta, de mais uma OBRA-PRIMA, nascida da mente privilegiada de um gênio, GABRIEL VILLELA, com sua magnífica
releitura de “HOJE É DIA DE ROCK”, texto de JOSÉ VICENTE, falecido em 2007.
O Brasil tem uma grande dívida para com JOSÉ VICENTE, que merecia ser mais estudado, conhecido e
reverenciado, pelas novas gerações, por tudo o que representou, como um ícone da contracultura brasileira. Em
suas obras, encontramos, retratados e esmiuçados, de forma ousada, temas como religião, drogas e sexo, como,
talvez, nenhum outro autor de TEATRO,
brasileiro, tenha escrito, antes dele, seguindo uma estética de rebeldia poética.
Elenco da primeira montagem de "HOJE É DIA DE ROCK - 1971
O
espetáculo de GABRIEL VILLELA chegou
ao Rio de Janeiro, após duas bem
sucedidas temporadas, em Curitiba e São Paulo, onde foi aclamado, pelo
público e pela crítica, como não poderia deixar de acontecer, uma vez que traz a marca registrada daquele diretor e conta com um elenco de primeiríssima qualidade, artística e
profissional. Só mesmo GABRIEL,
para se equiparar a Rubens Corrêa, diretor da antológica montagem de 1971, cuja temporada durou mais de um ano, lotando a sala, e se
encerrou nas areias da praia de Ipanema,
tamanho o volume de público que tentava entrar na última sessão.
A
montagem aqui analisada conta com um elenco
de treze competentíssimos atores,
oriundos do TEATRO DE COMÉDIA DO PARANÁ
(TCP - TEATRO GUAÍRA), todos selecionados, em testes, e a dedo, pelo diretor, e, “Entre cenário, figurinos e adereços,
mais de 100 peças foram produzidas, artesanalmente, pelo atelier de criação de GABRIEL
VILLELA, transferido,
especialmente, para as dependências do Teatro Guaíra, em Curitiba, onde ficou residente por mais de um mês,
para a criação e confecção das peças”, segundo o “release” do espetáculo, enviado por JSPONTES, assessoria de
imprensa (JOÃO PONTES e STELLA
STEPHANY).
SINOPSE:
A peça-biografia
de JOSÉ VICENTE conta a saga de
uma família, que sai do interior, do sertão de Minas Gerais, e tenta sobreviver numa capital, uma grande metrópole, movida a consumo.
A família vivencia um conflito, tão
comum, interpessoalmente, entre o manter a tradição ou o partir para a
modernidade; o ficar, na placidez da vida modesta interiorana, ou o partir,
rumo ao desconhecido.
O patriarca é PEDRO FOGUETEIRO (RODRIGO FERRARINI), músico, maestro da banda
local e fabricante de fogos de artifício, um sonhador, que procura descobrir
uma clave musical de cinco notas, a Clave de Minas, jamais inventada, e que
ficou apenas no plano onírico.
A mãe, ADÉLIA (ROSANA STAVIS), vê, no ato de fuga para a cidade grande, a
única chance de uma vida melhor para seus cinco filhos, DAVI (MATHEUS GONZÁLEZ), VALENTE
(CÉSAR MATHEW), ISABEL (HELENA
TEZZA), QUINCAS (PEDRO INOUE) e ROSÁRIO (NATHAN MILLÉO GUALDA).
Lá, porém, a prole se deslumbra com o
jeito “americanizado” de se vestir, de se comportar e de se render ao
consumismo.
O texto já é um tratado
poético, que se potencializa nas mãos de GABRIEL VILLELA, com seu “toque
de Midas”. É impossível não se emocionar, ao limite das lágrimas, até,
vendo a história ser contada. Ela mexe com os nossos sentimentos, toca fundo na
nossa alma, faz com que valorizemos as raízes, o simples, o comum, o
genuinamente brasileiro, e chama a nossa atenção para os “perigos” que nos
cercam, quando intentamos fugir da realidade e, tomados por sonhos, buscamos
absorver valores de uma cultura “estranha”, cheia de armadilhas, as quais podem
levar a uma desestruturação do conjunto de células que formam uma família. Para isso, metaforicamente, JOSÉ VICENTE utiliza uma viagem,
como símbolo desse desejo de novas aventuras e descobertas, que, muitas vezes,
vai desembocar num mar de tristeza, sofrimentos e decepções.
Já que estamos falando de simbologia
e metáforas, julgo interessante chamar a atenção de quem me lê para a
importância do número CINCO, nesta
obra, uma fixação do protagonista, depois
de uma pesquisa no “Dicionário de
Símbolos”, escrito por Jean
Chevalier: “O número 5 (cinco) simboliza o centro e a harmonia. (...). É central,
para os chineses, o que decorre do fato de, na China, o ideograma que o
representa ser uma cruz. Além disso, carrega o sentido de equilíbrio, pois é o
resultado da soma de yin (dois) e yang (três). Ele representa o ser humano, na
medida em que essa é também a soma de dois braços, duas pernas e tronco. Foi
nessas partes do corpo que Jesus foi ferido e que, assim, são conhecidas como
as ‘cinco chagas de Cristo’. Acresce que é o número dos sentidos: audição,
olfato, paladar, tato e visão. De acordo com a numerologia, o número 5 significa união e
equilíbrio. A análise oculta dos números define as pessoas influenciadas por
esse número como livres e disciplinadas. Elas têm a tendência de serem ágeis na
tomada de soluções. O seu bloqueio pode resultar em impaciência e inquietação.
(...)”. São cinco notas musicais, são cinco filhos...
É indiscutível a atualidade do texto, pois, além de
propor um “discurso ‘rock’n’roll’”,
como diz VILLELA, deve ser
considerado como um tema universal,
já fartamente tratado, em tantas peças, mas que, aqui, ganha um destaque quase
místico. Uma família que se propõe, ainda que a contragosto do pai, o qual,
porém, acaba se deixando convencer pela matriarca, a abandonar sua zona de
conforto e partir para uma verdadeira saga, à procura de melhores condições de
vida, o fugir da mesmice, é algo com que nos deparamos muito, nos dias atuais,
quando vemos as pessoas viajando para o exterior, cheias de esperança de uma
nova vida, melhor, fugindo do caos em que se transformou a “nossa pátria-mãe-gentil”. Isso é super atual. Acabei de passar por
uma situação dessa.
Enquanto acomodada, reunida em seu
rincão, a família é um todo, indivisível, porém, quando se lança a novos voos,
perde a sua identidade, o seu sentido, passando, a bem dizer, por uma diáspora (Foi GABRIEL VILLELA quem usou essa imagem, em entrevista a que tive a
oportunidade de assistir.), não no seu sentido denotativo, de “dispersão de povos, por motivos políticos ou religiosos”, mas de forma figurada, como
o enfraquecimento e desmantelamento daquilo que não foi feito para se perder,
no espaço e no tempo.
A contemporaneidade da peça também se faz representar pelo desejo, do
dramaturgo, de chamar a atenção para
a prática da intolerância, cada vez
mais robusta, e a necessidade de enxergar o outro com um olhar de igualdade, com amor fraternal, não se importando com as
diferenças e, muito ao contrário, reunindo todos os seres humanos numa só
categoria: humanos.
"Os jovens precisam enxergar uma alternativa para a política e
para essa onda moralista que tomou o Brasil. Estão bebendo o sangue e os
hormônios deles, de canudinho", pensamento de GABRIEL VILLELA, que, na juventude, foi impactado pelo texto de JOSÉ VICENTE, como eu e tantos da minha geração. É, ainda, uma
afirmação de GABRIEL: "A peça trata da dissolução da
identidade da família, frente às transformações, muitas vezes, trágicas.".
Extraído
do “release”: “O
diretor, em texto publicado no programa do espetáculo, resume a força da obra: ‘Se
assumir a poesia ainda é um ato de coragem, a maior transgressão desse texto é
fazer um elogio à diferença. (...)’”.
O
espetáculo é uma OBRA-PRIMA, porque
reúne o lirismo e a perfeição formal de
um texto, a inventividade de um dos
melhores diretores teatrais brasileiros, de todos os tempos, e um naipe de atores fabulosos,
desconhecidos, até agora, pelo público carioca, acostumado a circular no eixo Rio-São Paulo, quando o assunto é TEATRO. Mas, minha gente, como existem
atores talentosos por este Brasil,
como nos provam os artistas do TCP!!!
Nesta
montagem, VILLELA acumula três funções, pois, além da direção, é responsável
pelo cenário e pelo figurino. Nas três atividades, ele imprime sua marca,
facilmente identificada por qualquer um que acompanha o seu trabalho, como eu.
Como diretor, é um exímio achador de
soluções práticas e extremamente criativas, para passar as mensagens. Aqui, por
exemplo, a ideia de materializar algo abstrato, como uma clave musical, num pedaço de elástico, com as pontas ligadas,
transformado num inocente e velho brinquedo de criança, que marcou a minha
infância, a “cama de gato”, armada e
desarmada, exaustivamente, entre marido e mulher, durante um diálogo marcante, é
algo admirável. As divergências de pensamentos, o “feijão e o sonho”, estão ali representadas, naqueles movimentos.
A cena
que representa ADÉLIA parindo seus
cinco filhos também é bastante bonita, assim como é muito interessante o
percorrer, pelo palco, dos atores, de mãos dadas, por caminhos sinuosos, como a
representar a unidade, que, por vezes, é rompida, e o deslocamento de um trem,
pelos trilhos da vida. GABRIEL é um
experto em marcações e não seria diferente nesta obra. Sabe, como ninguém,
explorar o espaço cênico, em comunhão com os elementos cenográficos da peça.
Por falar
em cenografia, esta conta com pouco
material, o necessário para ajudar a contar a história. Apenas uma grande mesa,
que tem mais de uma utilidade, e treze cadeiras, num estilo que lembra pátina,
mas não é. Meu amigo Sérgio Amadei,
que fabrica esse tipo de móvel, utilizando madeira nobre, de demolição (DEMOLIART), batizou esse trabalho como
“policromia temporal sedimentada”,
que eu muito aprecio e, no palco, ganha um relevo ímpar. Além disso, um fundo
escuro, com um rio e seus pequenos afluentes, em destaque, caracterizando o
local de origem daquela família, a pequena cidade de VENTANIA. Poucos, porém lindos e significativos, objetos de cena
são utilizados, com o devido destaque para uma maleta vermelha, que comporta um
belo oratório, creio que representando a religiosidade do povo mineiro, que
cabe dentro daquele elemento, símbolo de uma viagem.
Os figurinos são um
detalhe à parte, como sempre, nas montagens de GABRIEL, assinados por ele; todas as peças de uma beleza quase
indescritível, com detalhes mínimos, representados por bordados de fino
acabamento e aplicações, às peças de roupas, de pequeninos objetos. Um verdadeiro
requinte e deleite para os olhos!!!
Jamais
poderia me esquecer do nome de JOSÉ ROSA,
habilidoso aderecista e assistente de figurinos, há tanto tempo
trabalhando junto a GABRIEL e que
também colabora, em muito, para a beleza plástica do espetáculo. Um trabalho artesanal digno de premiação!!!
WAGNER CORRÊA é o responsável por uma
correta iluminação, a serviço das
cenas, parcimoniosa, em intensidade e variações, mas ajustada à proposta da
peça.
Não se
trata de um musical (é um drama musical), entretanto a história
vai sendo contada com interrupções, para que sejam cantadas as músicas que
fazem parte da rica trilha sonora da
peça, cujo responsável não consta, na ficha
técnica, mas que, obviamente, foi escolhida pelo próprio diretor, uma vez que caem como uma luva, para valorizar determinadas
cenas ou passagens da peça. As letras se encaixam perfeitamente. A maioria das
canções faz parte do repertório de Mílton
Nascimento, mas há espaço para Elvis
Presley, The Beatles e Heitor Villa Lobos (eclética), além de outros nomes.
Ainda com
relação à parte musical, um destaque também deve ser conferido a MARCO FRANÇA, premiado ator
e músico multi-instrumentista, que também atua na peça, acompanhando os atores,
responsável pela
direção musical, arranjos e preparação vocal do elenco.
AS MÚSICAS DA PEÇA
(Em ordem alfabética e não na ordem em que
são apresentadas.)
As Mocinhas da Cidade (Nhô Belarmino)
Bola de Meia, Bola de Gude (Mílton Nascimento / Fernando
Brant)
Caçador de Mim (Sérgio Magrão / Sá)
El Condor Pasa (Daniel A. Robles / Jorge
Milchberg)
Encontros e Despedidas (Mílton Nascimento / Fernando
Brant)
Fé Cega, Faca Amolada (Mílton Nascimento)
It's Now Or Never (Elvis Presley – versão de “O
Sole Mio” – Di Capua)
Let It Be (Lennon / McCartney)
Love Me Tender (Elvis Presley / Vera Matson)
O Trem Azul (Lô Borges / Ronaldo Bastos)
Panis Angelicus (César Franck)
Queremos Deus (Adaptação De Mílton Nascimento /
Túlio Mourão)
San Vicente (Mílton Nascimento / Fernando Brant)
Trenzinho Caipira (Heitor Villa Lobos)
Tristeza do Jeca (Angelino de Oliveira)
Tutti Frutti (Little Richard)
Um Gosto de Sol (Mílton Nascimento e Ronaldo
Bastos)
Ratificando
a impressão que o elenco me causou,
fiquei profundamente sensibilizado e impressionado com o trabalho de todos, sem exceção, reunidos numa harmoniosa e nivelada interpretação,
dos protagonistas ao narrador. Quer individualmente, quer em conjunto, cada um
dos treze atores demonstra um
potencial interpretativo invejável.
EVANDRO SANTIAGO, como Narrador, nos dá a mão e nos conduz
pelo universo mágico, do realismo, não menos mágico, proposto pela direção.
RODRIGO FERRARINI compõe um belo
personagem, PEDRO FOGUETEIRO, o
patriarca, protagonista, provocando,
em cada espectador, um sentimento de puro amor, pela forte carga afetiva que o
ator consegue passar, assumindo o personagem, um homem que se contenta com o
pouco, mas que o faz feliz. Acho que todo personagem sonhador nos encanta.
ROSANA STAVIS, ADÉLIA, a matriarca, faz o contraponto com o personagem de seu
marido, pois raciocina com a cabeça, e não com o coração. Pode-se dizer que é
uma personagem universal, uma vez que pode representar todas as mães do mundo,
pensando, em primeiro lugar, no futuro de sua prole, para a qual traça planos. Um trabalho de atriz que emociona e diverte.
Por falar em planos, um foi
traçado para DAVI, que seria o
seminário, apesar de o rapaz não demonstrar vocação para o sacerdócio. O ator MATHEUS GONZÁLEZ se sai muito bem no papel.
ARTHUR FAUSTINO,
como SEU GUILHERME, é responsável
por provocar boas gargalhadas no público, com sua interpretação, na medida,
para o bêbado, sem fugir do estereótipo, mas sem cair no vulgar.
CÉSAR MATHEW parece
ter sido escolhido, mesmo, a dedo, para interpretar um dos filhos, VALENTE, o adolescente rebelde, com ou
sem causa, “gay”, despudorado, de língua solta. A plateia fica sempre mais
atenta e “acesa”, quando o personagem interage com outros. Belo trabalho!
ISABEL, lindamente
interpretada por HELENA TEZZA, é uma
personagem cativante, por seu lirismo e sua capacidade de sonhar com um príncipe
encantado, personalizado por seu ídolo, Elvis
Presley, um dos ícones do “rock’n’roll”, que ela costumava ouvir, pelas
ondas da Rádio Mayrink Veiga, no
programa “Hoje É Dia De Rock”,
apresentado por Jair de Taumaturgo,
responsável por lançar todos os grandes ídolos da Jovem Guarda. Como ISABEL,
eu também colava o ouvido ao rádio, nas tardes de sábado, para ouvir os meus
ídolos da adolescência. Só que, para mim, Elvis
nunca “saiu do rádio” e adentrou a minha sala, para um “show” particular.
Fiquei encantado com o trabalho dessa muito jovem atriz.
KAUÊ PERSONA se
divide entre o namorado verdadeiro de ISABEL,
TECO, e o platônico, já referido.
Bom trabalho em ambos os personagens.
NATHAN MILLÉO GUALDA, ROSÁRIO, a filha cega, presa à saia da
mãe; PEDRO INOUE, QUINCAS, o primogênito; FLÁVIA EMIRENE (NEUSINHA), casada com este; LUANA
GODIM (DONA EFIGÊNIA); e PEDRO MARQUES (ÍNDIO) também dão conta
de seus personagens à altura dos demais.
Um detalhe interessante, que deve ser acrescentado ao trabalho do elenco, é que nem todos cantam,
tecnicamente, tão bem, o que não tem a
menor importância, já que o espetáculo não se trata de um musical e o que
interessa, nele, não é cantar com apuro técnico, mas expressar, com emoção, o conteúdo das
letras das canções, com a alma, que é o que todos fazem. E isso é muito
importante, porque é como se aquelas letras tivessem sido escritas, especialmente,
para a peça ou pelo próprio JOSÉ VICENTE.
FICHA TÉCNICA:
Texto:
José Vicente
Direção,
Cenografia e Figurinos: Gabriel Villela
Diretor
Assistente: Ivan Andrade
Direção
Musical, Arranjos e Preparação Vocal: Marco França
Elenco: Rosana
Stavis (Adélia), Arthur Faustino (Seu Guilherme), César Mathew (Valente),
Evandro Santiago (Narrador), Flávia Imirene (Neusinha), Helena Tezza (Isabel),
Kauê Persona (Elvis Presley/Teco), Luana Godin (Dona Efigênia), Matheus
Gonzáles (Davi), Nathan Milléo Gualda (Rosário), Paulo Marques (Índio), Pedro
Inoue (Quincas) e Rodrigo Ferrarini (Pedro Fogueteiro)
Iluminação:
Wagner Corrêa
Aderecista
e Assistente de Figurinos: José Rosa
Fotografia:
Vítor Dias
Projeto
Gráfico: José Vítor Cit
Arranjo
de Trenzinho Caipira / Desenredo: Ernani Maletta
Produção
: Áldice Lopes, Daniel Militão e Diego Bertazzo
Assessoria
de Imprensa: JSPontes Comunicação - João Pontes e Stella Stephany
SERVIÇO:
Temporada: De 02 a 19 de março de 2018
Local: Teatro Ipanema
Endereço: Rua Prudente de Moraes,
824A – Ipanema – Rio de Janeiro (próximo à estação Nossa Senhora da Paz, do
metrô)
Telefone:
(21) 2267-3750
Dias e Horários: De 5ª a 2ª
feira, sempre às 20h30min
Valor
dos Ingressos: R$50,00 e R$ 25,00 (meia entrada)
PROMOÇÃO:
CARIOCA PARA MEIA ENTRADA
Horário
de Funcionamento da Bilheteria: De 5ª a 2ª feira, sempre uma hora antes do
início do espetáculo
Vendas
diretamente na bilheteria do Teatro e nas bilheterias da Ticket Mais e
internet
Classificação
Indicativa: 14 anos
Duração: 80
minutos
Gênero: Drama Musicado
Em vários momentos, senti vontade de aplaudir
em cena aberta, mas contive a minha emoção, para não quebrar a magia e o ritmo
do espetáculo.
Declaro, mais uma vez, despudoradamente, a minha plena admiração por GABRIEL VILLELA, por sua genialidade,
sensibilidade e bom gosto estético, assim como me tornei um admirador, em alto
grau, dessa turma competente do TCP.
E, para terminar, “Eu
descobri, pai - e acho que foi a tempo – que ‘HOJE AINDA É DIA DE ROCK’”
(Sá, Rodrix e Guarabira).
E VAMOS AO TEATRO!!!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE
ESPETÁCULO DO BRASIL!!!
COMPARTILHEM, À VONTADE, ESTA CRÍTICA,
PARA UMA MAIOR, E MERECIDA, DIVULGAÇÃO DO TEATRO BRASILEIRO!!!
(Gabriel Villela - foto O Globo.)
(FOTOS: VÍTOR DIAS.)
Espetáculo maravilhoso!
ResponderExcluirCrítica super show !
Obrigado.
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