AS
MENINAS
(AMIZADE
NAS DIFERENÇAS;
IGUALDADE
NO TALENTO;
SOMA,
PARA AS REFLEXÕES.)
Está
em cartaz, no Teatro Poeira (Rio de
Janeiro), em horário alternativo, às
3ªs e 4ªs feiras, às 21h, e lá poderá ser vista até o dia 21 de outubro (2015),
a peça “AS MENINAS”, que NÃO deve ser confundida com uma outra,
homônima, de autoria de Maitê Proença
e Luiz Carlos Góes, encenada há uns seis
anos, se não me engano. Não é à toa que,
toda vez que tenho de me referir ao espetáculo aqui analisado, tenho de me policiar,
para não dizer “As (Três) Meninas”,
talvez – pode ser - por influência de “As
Três Irmãs”, de Tchecov, que,
também não tem nada a ver com o espetáculo foco destes comentários.
A peça alvo
desta análise tem dramaturgia de MARIA ADELAIDE AMARAL, que adaptou um
dos mais festejados romances de LYGIA
FAGUNDES TELLES, o meu preferido, publicado em 1973, vencedora, por ele, do
Prêmio Jabuti, em 1974, e a quem
tive o prazer de conhecer, no final dos anos 90, quando, no comando de um cargo
administrativo, numa conceituada universidade do Rio de Janeiro, convidei-a a
proferir uma palestra, o que muito me honrou.
O espetáculo
chega ao Rio, depois de uma bem sucedida temporada em São Paulo, trazendo, no
elenco, CLARISSA ROCKENBACH (LORENA), LUCIANA BRITES (ANA CLARA) e SÍLVIA LOURENÇO (LIA), como as
protagonistas, além de DANIEL ALVIM (MAX
e GUGA), como “ator convidado”,
e CLARISSE ABUJAMRA (MÃEZINHA) e SANDRA PÊRA (IRMÃ PRISCILA), em “participações
especiais” (eu diria “especialíssimas”).
Clarissa Rockenbach e Sílvia Lourenço.
SINOPSE:
No auge da ditadura militar,
três jovens universitárias convivem num pensionato paulistano de freiras, o
Pensionato N.Sª. de
Fátima.
É nele que as três “meninas” encaram o início da vida adulta, cada uma numa busca profunda pela sua própria identidade, vivendo uma história única, de encontros e desencontros, numa das épocas mais conturbadas do país, a ditadura militar que aterrorizou o país, iniciada em 1964.
No palco, as três vozes se
misturam, para dar vida ao inquietante romance “As Meninas”, de LYGIA
FAGUNDES TELLES, uma das mais importantes e corajosas obras da literatura
brasileira, adaptada, para o TEATRO,
por MARIA ADELAIDE AMARAL e com direção de YARA DE NOVAES.
A dramaturgia segue as três “meninas”, protagonistas, por fora e por dentro, no relacionamento com os companheiros, com as freiras e com a família, em um tempo de censura e de silêncio.
A história é contada por três olhares: o da aristocrática
e romântica LORENA (CLARISSA ROCKENBACH), que transpira generosidade e
aspira viver um grande amor com um homem mais velho e casado; o de LIA (SÍLVIA
LOURENÇO), idealista e guerrilheira, que milita pela causa da liberdade,
sonhando reencontrar o namorado, preso político e torturado, e unir-se a ele; e
o de ANA CLARA (LUCIANA BRITES), a bela modelo, que mergulha nas drogas,
chamada de “Ana Turva”, pelas
outras, mas que acredita que um rico casamento possa libertá-la da dependência
e do pavor da miséria.
Foi a própria LYGIA quem indicou, a FERNANDO
PADILHA, produtor e idealizador do projeto, ao lado de CLARISSA
ROCKENBACH, MARIA ADELAIDE, para fazer a adaptação do romance para o
palco.
É a própria MARIA ADELAIDE quem diz: “Foi o FERNANDO PADILHA quem me
convidou. Estava ocupadíssima, mas,
sendo texto da LYGIA, não havia como recusar. Escrever a adaptação foi muito fácil, porque
as qualidades dramáticas de ‘As
Meninas’ revelam-se imediatamente. Minhas interferências foram mínimas. Teatro é a arte da síntese. É exatamente o contrário de uma narrativa
literária. O que fiz foi pinçar e
destacar, do romance da LYGIA, os momentos mais reveladores e dramáticos da
história e das personagens".
MARIA ADELAIDE tem toda a razão, até
certo ponto, na sua modéstia. O romance
parece ter sido escrito, visando a uma adaptação para o TEATRO, feita, obviamente, por quem tem cacife para fazê-lo. Ele é teatral. A adaptadora manteve toda a trama, e seu
trabalho único, nem por isso de menor valor, já que se trata de uma difícil
tarefa, foi tirar da boca de um narrador de primeira pessoa o que a escritora
estava querendo dizer, transformando esse rico conteúdo em riquíssimos diálogos,
bem simples, naturais, para serem compreendidos por qualquer tipo de
espectador, dos mais letrados aos menos, dos mais velhos aos mais jovens.
Clarissa Rockenbach e Sandra Pêra.
É muito
importante que o público jovem tome conhecimento desta obra, e até se interesse
por ler o romance, depois, já que a memória, no Brasil, não é artigo de
primeira necessidade e vive sendo negligenciada. Num país de pouca, ou nenhuma recordação
daquilo que nunca deveria ser esquecido, é importante que, sempre, se mostrem,
às gerações mais novas, os horrores de uma época negra na nossa história, o golpe
militar de 1964, que tantas vítimas fez, que tantas vidas ceifou,
principalmente de jovens idealistas, que lutavam por um país onde houvesse
justiça e oportunidades iguais, de bem viver, para todos.
Um conhecido
meu, após ter assistido ao espetáculo, confidenciou-me, à saída, que, a
despeito de ter gostado “da peça”, achava muito chato “ficar insistindo nessa
coisa de golpe, de torturas... um saco”.
Fui obrigado a discordar, utilizando os argumentos mencionados no
parágrafo anterior. Tudo o que se
denunciar acerca dessa página de horror do nosso passado recente - afinal são
transcorridos apenas 52 anos, o que, em termos de História, é muito pouco -
ainda será pouco, pelo mal que nos causaram os “gorilões” fardados daquela
época.
Merece, sim, uma
temporada maior, num teatro maior, para um público maior. Merece, sim, um teatro lotado, aplaudindo de
pé, com gritos de “BRAVO!”, como os meus, conforme ocorreu no dia da
sessão para convidados.
Clarissa e Sílvia.
Além de um
romance envolvente, o texto de “AS
MENINAS” mostra um apaixonante retrato político do Brasil e de um mundo em
transformação. Como um jovem de 15 anos,
em 1964, passei por todo aquele período, convivendo com lorenas, lias, anas e outros nomes, e vendo, de perto, amigos sendo
torturados, outros desaparecendo, um sonho sendo destruído, pela força, pela
truculência, pelo ódio, pela estupidez...
O livro
frequentou, não apenas como objeto de decoração, a minha cabeceira, por alguns
anos, e é com grande alegria que o vejo, agora, representado, em sons e gestos,
num palco de TEATRO.
Reescrito, dramaturgicamente, o texto
manteve a força, o impacto, a densidade do romance que lhe deu origem,
reforçado pelo natural aspecto da sonoridade das palavras e pelas inflexões,
que emocionam, mas, ao mesmo tempo, como uma válvula de escape para tanta
dramaticidade, diverte, com pitadas de humor, às vezes meio cruel, quando das
intervenções das personagens de SANDRA PÊRA e CLARISSE ABUJAMRA. Não podemos, afinal, nos esquecer da função
crítica do humor. É brincando que são
ditas muitas verdades, as quais, por vezes, fazem doer muito.
A diretora, YARA
DE NOVAES, foi uma indicação de MARIA ADELAIDE AMARAL. Certeira, perfeita na mira, a ADELAIDE!
Luciana Brites e Daniel Alvim.
Costumo afirmar que um bom pedagogo deve ser,
antes de tudo, um bom professor. Guardadas
as devidas proporções, até porque não há obrigatoriedade no que vou dizer, mas,
via de regra, um bom trabalho de direção passa, muitas vezes, pela
experiência de um(a) bom(boa) ator(atriz), como é o caso de YARA, excelente
intérprete, que dividiu, com sua companheira de cena, Débora Falabella,
pelo espetáculo “Contrações”, o
prêmio de Melhor Atriz, no 9º Prêmio APTR de Teatro, em 2014.
Baseia-se a minha
teoria, como já disse em vezes anteriores, no fato de que quem dirige e,
também, atua, parece-me conhecer melhor o “caminho das pedras”, entende, mais
profundamente, o que vai no coração e na cabeça do intérprete, podendo, dessa
maneira, chegar, o mais próximo possível,
à obtenção de um bom resultado na atuação de um elenco.
Segundo YARA, a direção foi
inspirada na adaptação de ADELAIDE: “Uma adaptação maravilhosa, que não só
respeita, mas, sobretudo, dialoga com o romance, condensando ou deslocando
personagens e ações, num fluxo teatral muito propiciador da boa cena. Das falas ao encadeamento das cenas, passando
pelas rubricas, tudo, na adaptação, tem o legado humano e estético, criado por LYGIA
FAGUNDES TELLES, no livro ‘AS MENINAS’".
YARA soube valorizar o que de mais emblemático há
no texto, empreendendo, à encenação, um bom ritmo, obtido pelo trabalho de um
excelente elenco, sob a sua batuta.
MARIA
ADELAIDE e YARA DE NOVAES
conseguiram “amenizar”, um pouco, o peso da narrativa, sem, contudo, deixar de
fazer as denúncias e provocar uma profunda reflexão, nos espectadores, tudo sem
violências (físicas) explícitas.
Todo o elenco deste espetáculo é merecedor
dos maiores elogios. A despeito de o
trabalho do protagonista, geralmente, ser o de destaque, nesta montagem, a
qualidade de interpretação do trabalho dos coadjuvantes equipara-se ao que é
feito pelas três atrizes protagonistas.
São três mulheres com personalidades, histórias de
vida e aspirações totalmente diferentes, amalgamadas nas suas dores e nos
ideais de um futuro feliz, cada uma ao seu feitio. Três sonhos diversos: LORENA e sua utopia exacerbada, LIA e seu idealismo à flor da pele e ANA e seu projeto de liberdade pessoal.
O elenco: Daniel Alvim, Luciana Brites,
Clarisse Abujamra, Clarissa Rockenbach, Sandra Pêra e Sílvia Lourenço.
CLARISSA
ROCKENBACH, uma das idealizadoras do
projeto, é LORENA, uma estudante de
Direito, fina e culta, amante da boa literatura, da música, da arte, em geral,
paulistana, filha de família burguesa, quatrocentona. Sempre muito solícita com as amigas,
auxiliando-as, principalmente, quando a ajuda está ligada à parte material
(dinheiro), é sonhadora e, paradoxalmente, virgem, apesar de namorar um homem
casado e mais velho que ela, M.N.,
iniciais de Marcos Nemésios, um
médico, por quem é apaixonada e de quem vive aguardando um telefonema, aquele em
que o amado lhe diria estar livre, para iniciar, com ela, uma relação oficial. Perdera, tragicamente, um irmão, Rômulo, atingido por um tiro acidental,
desferido por um outro irmão, Remo,
o que levou o pai, já falecido, a um sanatório e sua mãe a uma vida fútil,
preocupada em não aparentar a idade que tem e se envolvendo com rapazes muito
mais jovens que ela, os quais a exploravam.
Clarissa e Luciana.
O papel da “menina” LIA é feito por
SÍLVIA LOURENÇO. LIA,
uma idealista guerrilheira urbana, forte e determinada, foi, da Bahia para São
Paulo, a fim de estudar Ciências Sociais, fugindo da superproteção da mãe e do
passado sombrio do pai, um alemão, ex-militar nazista. Lá, envolve-se na militância política contra
a ditadura militar. Forte e resistente,
é chamada de “Lião”, pelas outras. Ela serve como um contraponto à
personalidade e ao comportamento de LORENA,
uma vez que é desprovida de qualquer vaidade, vestindo-se muito mal e chegando,
até, a ser meio avessa a banhos, o que, por consequência, lhe confere uma
péssima aparência física. No curso de
Ciências Sociais, foco de agitações estudantis na década de 60, apaixona-se por
Miguel, um militante revolucionário, que acaba preso, o que a faz sofrer muito.
Sua preocupação mais relevante consiste
em conseguir dinheiro e roupas para o "aparelho", e está sempre
discursando contra a alienação da burguesia, das amigas, em particular, e a
pobreza e a má distribuição de renda, mormente no nordeste. Divide seu foco de atenção entre a militância
política, seu engajamento na causa da liberdade da Pátria; o amor e fidelidade aos
companheiros de luta; a segurança nos braços de Miguel; e o apoio da família,
que, mesmo à distância, protege-a e dispõe-se a ajudá-la numa fuga para o
exterior.
ANA CLARA, chamada, pelas amigas, de “Ana Turva”, é vivida por LUCIANA
BRITES. É estudante de Psicologia, sonha
em ter seu próprio consultório, para atender a burguesia da cidade. É a que dispõe de menos recursos financeiros. Das três, a que tem a vida mais marcada por
desgraças e tragédias. É filha de pai
desconhecido e mãe prostituta. Sua infância foi de abandono e solidão, vivida
num cortiço, presenciando a mãe apanhar de muitos homens, tendo sido, ainda
menina, abusada, sexualmente, por um dentista, que fazia o mesmo à sua mãe, em
troca de um tratamento dentário “grátis”. A mãe suicidou-se, tomando formicida. Por
ser muito bonita, ANA CLARA acaba
por se tornar modelo. É noiva de um
médico rico, com o qual sonha se casar, como forma de solução de seus problemas
em relação a dinheiro, mas, simultaneamente a esse “compromisso”, relaciona-se,
secretamente, com MAX (DANIEL ALVIM),
um traficante, a quem, realmente, ela ama e, por causa dele, acaba se
envolvendo com drogas, tornando-se uma dependente, até chegar a seu fim
trágico, levada à morte, resultado de uma overdose, uma morte anunciada.
Daniel e Luciana (sensualidade sem
vulgaridade).
O trabalho das três atrizes é excelente, todas
entregues às suas personagens. Tentei
fazer um exercício de imaginação, trocando os papéis e as atrizes e, embora
considerando o caráter camaleônico de quem interpreta, o que lhe possibilita
ser homem ou mulher, jovem ou velho, bonito ou feio, herói ou vilão etc., não
consegui ver cada uma delas vivendo outra personagem.
Embora se equivalham em qualidade interpretativa, cada
uma se destaca por um detalhe. CLARISSA sabe como misturar o lado
utópico da personagem, com leves pitadas de bom humor, entremeadas por momentos
de “pé no chão” e, também, um pouco de ingenuidade. LUCIANA
abusa do direito de explorar seus dotes físicos na construção da universitária/modelo/drogada,
deixando vir à tona toda a carga de sensualidade de ANA CLARA, revelando-se uma ótima atriz nas cenas de confusão
mental, causada pelo uso excessivo das drogas.
SÍLVIA, por sua vez,
extrapola o lado agressivo e idealista de sua personagem, totalmente desprovida
de medo, não medindo esforços, para transformar o futuro do país. É um trabalho que exige uma considerada carga
emotiva, totalmente dosada e dominada pela atriz. São
três trabalhos marcantes no espetáculo!!!
Completando o elenco, há, como já disse, três
destaques para atores em papéis coadjuvantes (são os papéis, não os atores): DANIEL ALVIM, CLARISSE
ABUJAMRA e SANDRA PÊRA.
Luciana Brites, em primeiro plano.
DANIEL interpreta dois personagens, MAX e GUGA, o primeiro
dos dois com maior participação na trama.
Completamente diferentes, são dois papéis muito bem defendidos pelo ótimo
ator, indicado, recentemente, ao Prêmio
SHELL de Melhor Ator, em São Paulo, por outro espetáculo. MAX
é um homem bonito, atraente e sedutor, amante de ANA CLARA, a quem apresenta o universo das drogas, vindo a ser o
responsável, direto ou indireto, de seu fim trágico. Trafica, não para ganhar dinheiro, mas para
garantir sua própria mercadoria de consumo.
Trafica, para poder alimentar o seu vício e o da namorada. GUGA, o outro personagem, de
breve atuação, é um colega de faculdade de LORENA,
que abandona o curso de Direito e se dedica a causas pacifistas.
A MÃEZINHA
(de LORENA), personagem de CLARISSE
ABUJAMRA, certamente, é um dos melhores da carreira dessa talentosa
atriz. Trata-se de uma mulher
extremamente fútil, uma forma de fugir ao tormento pelos sinais de velhice, o
que poderia fazer com que perdesse seu jovem namorado. Vivia em função de um, digamos, “lema”: minha
cultivada e falsa juventude pelos prazeres da carne. São ótimos os momentos em que a personagem,
totalmente consciente do que faz e fala, mostra-se irônica, chegando ao
deboche. Extremamente elegante, explora
uma bela postura cênica, incapaz de perder a pose de quatrocentona falida. Na verdade, MÃEZINHA constrói um mundo de fantasias, para habitar, como uma
maneira de fugir de uma “culpa”, carregada pelos erros e derrotas do passado. Não me recordo de a personagem ter sido
tratada, em algum momento do livro e da peça, por seu verdadeiro nome. Talvez seja uma falha de minha parte. Ou não.
Arvoro-me a perceber uma pitada de ironia na palavra “MÃEZINHA”, aquilo que ela, talvez, não
tenha sido a vida inteira, para os filhos, a não ser quando os cercava de
valores materiais.
Clarisse Abujamra.
SANDRA PÊRA
parece ter economizado seu talento, durante sua trajetória no palco, embora já
o tenha demonstrado em trabalhos anteriores, para explodir com esta IRMÃ PRISCILA. Para mim, é sua melhor criação. Convence, e agrada, até com seu silêncio,
compensado pelas expressões faciais. Não
se trata de uma personagem de tanto peso, na trama, mas ganha, porém, bastante
destaque, em função do tratamento que SANDRA
deu a ela. Conservadora, além do que
exige sua condição de religiosa, choca-se com o universo das três “meninas”. Brilha, em alguns diálogos, chegando a
arrancar aplausos em cena aberta.
Sandra Pêra.
Para encerrar
estes comentários, apenas acrescento que consegui enxergar uma harmonia entre
todos os elementos que se juntam, para que o espetáculo funcione muito bem,
passando por cenário, figurino, iluminação, trilha sonora,
visagismo... Quero, entretanto, dar um destaque ao cenário, de ANDRÉ CORTEZ, bastante original e criativo.
A área cênica é
dividida em dois espaços: um central, representando o quarto de LORENA (Ou seria coletivo, das três?),
e um periférico, ocupando toda a área à volta do quarto. Neste, contemplado com menor intensidade de
luz, há uma profusão de cadeiras e outros pequenos móveis e objetos, desorganizadamente
posicionados, todos de madeira escura. Contrastando
com esses detalhes, o quarto é bastante “clean”, sempre bem iluminado, sendo
delimitado por cadeiras, todas brancas, assim como o piso. Como fertilidade de imaginação não me falta,
decodifiquei esses contrastes como intencionais, por parte do cenógrafo, com a
aquiescência da diretora, numa tentativa de mostrar a distância entre o caótico
“lá de fora” e o porto seguro do “aqui dentro”.
Seria excesso de imaginação fértil, uma “viagem”?
O quarto, com as três “meninas”.
Nem sempre a transposição
das páginas de um livro para as tábuas do piso de um teatro obtém bons
resultados. No caso de “AS MENINAS”, não poderia ter sido
melhor o que nos é oferecido.
Quando uma obra literária é adaptada para os
palcos ou para as telas, em geral, gostamos mais do livro, se o lemos antes, uma
vez que, ao fazê-lo, fomos criando “o nosso filme”, montando “a nossa peça”,
exercitando a imaginação criativa. Vamos
construindo as cenas nas nossas cabeças, “vendo” os rostos dos personagens, que
criamos, os locais onde ocorrem as cenas...
Assim, o filme ou a peça parecem “não ter muita graça”. Não foi, porém, o que aconteceu quando
assisti ao espetáculo “AS MENINAS”.
Logo na primeira cena, consegui apagar as imagens que já havia formado
na minha mente e passei a ver apenas o que estava à minha frente, como algo totalmente
novo, graças à ousadia e ao trabalho de toda a equipe envolvida nesta montagem.
Recomendo, com bastante empenho, este espetáculo!!!
FICHA TÉCNICA:
Texto: Lygia Fagundes Telles, com adaptação e dramaturgia de Maria
Adelaide Amaral
Direção e Concepção: Yara de Novaes
Elenco:
CLARISSA ROCKENBACH (Lorena),
LUCIANA BRITES (Ana Clara), SILVIA LOURENÇO (Lia), DANIEL ALVIM (Max e Guga), CLARISSE ABUJAMRA (Mãezinha) e
SANDRA PÊRA (Irmã Priscila)
Elenco em OFF: Daniel Alvim (M.N.) e Eloísa
Elena (Secretária)
Cenário:
André Cortez
Figurino:
André Cortez e Fábio Namatame
Iluminação: Juliana Santos
Trilha Sonora: Dr Morris
Preparação Corporal: Miriam
Rinaldi
Preparação e Arranjo Vocal:
Daniel Maia
Visagismo: Bruna Pires
Fotografia: Ronaldo Aguiar e Priscila Prade
Programação Visual: Tuagência
Assistente de Direção:
Leonardo Bertholini
Assistente de Produção: Priscila Tello
Lei de Incentivo: Egberto Simões
Produção Executiva: Gustavo Sanna
Direção de Produção: Fernando Padilha
Realização: Pad Rok Produções Culturais Ltda.
Idealização: Clarissa Rockenbach e Fernando Padilha
Assessoria de Imprensa: Lu Nabuco Assessoria em Comunicação
Patrocínio: Unimed Seguros
SERVIÇO:
Temporada: Até 21 de outubro de 2015
Dias e Horários: 3ªs e 4ªs feiras, às 21h.
Local: Teatro Poeira - R. São João Batista, 104 – Botafogo – Rio de
Janeiro
Telefone da Bilheteria: (21) 2537-8053
Horário de Funcionamento da Bilheteria: De 3ª feira a domingo, das 15h
às 21h
Ingressos: R$50,00
Duração: 80 minutos
Classificação: 14 anos.
Lotação: 135 lugares.
(FOTOS: RONALDO AGUIAR
e
PRISCILA PRADE.)
Resenha super show👏🎭😘
ResponderExcluir