segunda-feira, 16 de setembro de 2024

 

“DONATELLO”

ou

(GANHEI, NA MINHA

IMAGINAÇÃO, O AVÔ

QUE GOSTARIA

DE TER TIDO.)

ou

(DAS MEMÓRIAS

QUE NÃO TIVE,

MAS DARIA TUDO

PARA TÊ-LAS.)





Quando, bimestralmente, vou a São Paulo, para assistir a espetáculos que não devem ser trazidos para o Rio de Janeiro, procuro ver o máximo possível daquilo que me interessa conhecer. Em agosto passado, foram 7 espetáculos em 5 dias; um por dia e dois no sábado e no domingo. Numa noite de 5ª feira, 15 de agosto de 2024, a uma reestreia, numa segunda temporada, fui, com o coração aos saltos, a um espaço que eu ainda não conhecia – Teatro Commune – a fim de conferir um espetáculo, “DONATELLO” que leva a assinatura de VITOR ROCHA, um dos mais importantes artistas de TEATRO surgidos nos últimos tempos, a despeito de seus 26 anos de idade, embora já tenha tido seu estupendo talento reconhecido, no Brasil e no exterior, já em 2019, aos 22 anos, quando foi eleito, pela revista Forbes, como um dos 90 jovens mais bem sucedidos e promissores do país. Até então, seu primeiro trabalho autoral, Cargas D'Água - Um Musical de Bolso”, já lhe rendera diversas indicações a prêmios de Teatro, merecendo montagens em Londres e Nova Iorque. Fica difícil falar sobre VITOR, sem ser redundante. Aconselho o meu leitor a pesquisar sobre ele, na internet, e/ou a ler as críticas que escrevi a respeito de duas de suas magníficas obras, cujos “links” aqui estão: “Bom Dia Sem Companhia” (http://oteatromerepresenta.blogspot.com/2022/10/bom-dia-sem-companhia-ou-quanto-menos.html) e “Se Essa Lua Fosse Minha” (http://oteatromerepresenta.blogspot.com/2023/05/se-essa-lua-fosse-minha-ou-temas.html).

 


VITOR ROCHA “joga em todas as posições” e é “craque” em qualquer uma delas. Ele é aquele que “cobra a falta e já está na área do adversário, pronto a cabecear para o fundo das redes”. É escritor, dramaturgo, poeta, diretor, produtor e ator. Se necessário fosse, seria capaz, também, na função de bilheteiro, de vender o ingresso e recebê-lo das mãos dos espectadores, como porteiro. Sendo capaz disso tudo, fico sem conseguir dizer em que área ele atua com maior afinco e qualidade. Talvez o dramaturgo chegue ao final da corrida com uma meia cabeça de vantagem. E, como pessoa, é dono de um carisma e de uma educação ímpares. Como a “galerinha” costuma dizer: “um fofo”. Tirando por mim, VITOR ROCHA é o ser humano que todos gostariam de ter como filho.

  

 

Desta vez, o rapaz apostou todas as suas fichas numa produção, na forma de um monólogo musical, em que se propõe a prestar uma belíssima homenagem a seu avô Donatello, de quem guarda as mais belas e emocionantes lembranças, principalmente as relacionadas aos sorvetes (Não darei “spoiller”.). É feio sentir inveja e dizem que não existe “inveja branca”, mas eu a sinto, muito raramente, é verdade, e não me culpo por isso, sem me preocupar com o que os outros poderão achar, porque, quando experimento uma “inveja branca” de alguma pessoa, estou demonstrando o quanto de amor tenho por ela e como gostaria de estar não no lugar dela, mas comemorando junto com ela; e, o mais importante, como fico feliz por ela ter tido aquela oportunidade que eu não tive e que ela mereceu; mas tive outras, porque todos as temos. “C’est la vie!”.

 

 

"DONATELLO" foi um espetáculo muito importante e marcante para mim. Não conheci nenhum dos meus dois avôs. O pai de meu pai, o Vô Álvaro, de origem italiana, faleceu quando papai estava no final da segunda infância. Já o Vô Joaquim, o materno, português, faleceu um ano antes de minha mãe se casar. Acho que é por isso que eu sinto muita pena de uma criança sem avô ou avó, porque cresci sem conhecer o “amor de vô”. É por isso que eu sou capaz das maiores loucuras, para agradar e fazer feliz os meus três netos: Tomás, meu jovem universitário (18), Joaquim, meu Joca “pré-aborrecente” (12) e Carolina, a “doçurinha” (5). Trago os três tatuados na minha pele. É por isso que, na minha imaginação, naquela noite de uma 5ª feira, cumprindo ordens expressas do meu coração, peguei carona no Vô Donatello, do VÍTOR. Na memória e na saudade dele. Como é estranho sentir saudade de quem nem se conheceu! E mais curioso ainda: sentir o sabor de sorvetes nunca saboreados (Mais uma vez: Não vou dar “spoiller.”)! Mas acho que o coração do Vô Donatello era tão imenso, que seria capaz de comportar todos os netos “postiços” que lotam, em todas as sessões, o Teatro Commune.



(Foto: Gilberto Bartholo.)

 



 

SINOPSE:

Amendoim (VITOR ROCHA) não é o nome do protagonista e narrador da história, mas foi assim que seu avô passou a chamá-lo, depois de ter a sua primeira crise de Alzheimer.

Tomar sorvete com o avô sempre foi a atividade preferida de Amendoim, desde que se conhece por gente, mas o que fazer agora que a vida parece ter ganhado um outro "sabor"?

É, então, que ele observa: o avô se esqueceu do seu nome, mas não do seu sabor de sorvete preferido e, a partir disso, decide começar a transformar todas as memórias da vida em sabores de sorvete também.

Quem sabe assim o avô não se lembra de tudo, mesmo com o avanço da doença?!

Em uma jornada de poesia e bom humor, acompanhamos Amendoim atravessar a infância, adolescência e vida adulta, enquanto nos lembra do que não devemos esquecer: a vida é um sorvete que precisamos tomar depressa, antes que derreta

 

  

 

Só um VITOR ROCHA para ter uma ideia dessa! Duvido de que, após ter lido e belíssima SINOPSE do espetáculo, quem me lê não vá procurar adquirir rapidamente seu ingresso para assistir ao solo musical. E devem fazê-lo logo, mesmo, visto que os ingressos se esgotam em pouco tempo. A metáfora do sorvete é um grande achado, na criatividade de VITOR ROCHA, que, além de escrever o texto, ainda o interpreta, de uma forma magistral, emocionante e alegre, também, porque ele consegue, com uma invejável (Lá vem a tal da “inveja” de novo!) naturalidade encontrar graça e provocar o riso, até quando o assunto é alguém muito querido acometido de um mal que, nos últimos anos, vem atingindo um enorme número de idosos. Confesso que, com 75 anos recém-completados, não há um dia em que não pense em, a qualquer momento, ser visitado por esse “alemão maldito e indesejável”. Interessante é que, ao trazer à tona as experiências de suas memórias com o avô, VITOR ROCHA, intencionalmente – Isso fica claro. -, convida a plateia a mergulhar nas memórias de momentos marcantes na vida de todos nós, até dos órfãos de avôs.

 

 

Já assisti a alguns espetáculos em que o mal de Alzheimer é o centro das atenções (Ontem mesmo, foi a vez de “As Belas Coisas da Vida”, espetáculo infantojuvenil, lindo também. “Todas as Coisas Maravilhosas”, em cartaz até o dia 29 próximo, no Tucarena, é uma OBRA-PRIMA a que assisti três vezes, e ainda quero mais, como a este “DONATELLO”.), mas juro que não me lembro de ter assistido a nada, no gênero, em que o dramaturgo se utilize de tanta poesia e respeito ao ser humano, para tratar o assunto de forma leve, sensível e divertida, páreo duríssimo (DEVE DAR EMPATE.) para “Todas as Coisas Maravilhosas”.



Não diria que se trata de um espetáculo, literalmente, interativo, porém, com a aquiescência da plateia, em rápidas conversas com alguns espectadores, antes do início da peça, o ator acerta, com algumas pessoas, ínfimas participações na narrativa, vez por outra, quebrando, absurdamente, a quarta parede e praticando uma interatividade leve, com as pessoas, as quais se propuseram a “ser algum personagem na história”. (Eu, com muita alegria e emoção, fui convidado a ser o pai de Amendoim, O Sr. Oswaldo, nome do meu falecido pai, e, consequentemente, filho do Vô Donatello, na sessão em que estive presente.). O espetáculo é bem intimista, próprio para ser apresentado em lugares pequenos e aconchegantes, como o Teatro Commune, e se torna mais intimista e familiar, graças ao trabalho impecável e comovente de VITOR. A gente vê, no espaço cênico, um homem formado e consegue enxergar nele uma criança, um adolescente e um jovem rapazinho, dependendo de cada momento e situação rememorada e proposta. VITOR ROCHA se apodera de todo o espaço cênico e parece, de uma firma indescritível, viver o dom da ubiquidade. Está num ponto do espaço cênico e, ao mesmo tempo, já aparece em outro. O espetáculo é de um dinamismo de fazer inveja (Dessa vez, foi de propósito, para provocar mesmo.).

 

 

Já de algum tempo, VITOR vem trabalhando com muita gente de uma mesma equipe, sabendo aproveitar o sábio conselho de que “não se deve mexer no time que está ganhando”. É por isso que a excepcional direção caiu nas mãos de VICTORIA ARIANTE, que só por seu magnífico trabalho, dirigindo “Se Essa Lua Fosse Minha”, já pode ser considerada uma grande diretora de TEATRO, repetindo, agora, sua expertise no ofício. Se é um musical, alguém tem que se ocupar dessa parte e ninguém melhor que ELTON TOWERSEY, para compor as músicas originais, lindas todas elas, e assinar a direção musical do espetáculo. É bom lembrar que o trio foi responsável pelo estupendo sucesso do já citado premiado "Se Essa Lua Fosse Minha".

 

 

Victoria Ariante.


Elton Towersey

 

Mas há outros artistas, os de criação, que também merecem destaque e menção nesta montagem, por suas contribuições no deslumbrante resultado final da peça. Como VITOR, que, por fazer de tudo em TEATRO, é daqueles que mais acreditam na máxima de que “TEATRO é a arte do coletivo”, juntou-se à sua equipe, para a criação da cenografia e do figurino (Criação Coletiva). WAGNER PINTO, mais uma vez, se mostra um “craque” na iluminação e preparou um belíssimo desenho de luz. LETÍCIA HELENA também merece “luzes”, pelo trabalho de preparação de elenco, assim como PAULO ALTAFIM, por garantir a qualidade do desenho de som. Mas, para que tudo funcione no justo tempo e na hora necessária, um batalhão de técnicos está a postos, para a mágica virar realidade.

 


Reservo um espaço especialíssimo, para render minha mais sincera homenagem e reconhecimento ao importantíssimo trabalho de apoio de um grande artista, muito jovem, cujo nome, na FICHA TÉCNICA, aparece sob a rubrica de “Pianista e Suporte Cênico”, sem cuja participação, o espetáculo seguiria, certamente, por outro rumo. Falo de FELIPE SUSHI, incansável ao piano, criador de admiráveis toques naquelas teclas e que, vez por onde, funciona como um contrarregra de luxo e um ator coadjuvante idem.


 

 

FICHA TÉCNICA:

Texto e Letras: Vitor Rocha

Direção: Victoria Ariante

Músicas Originais e Direção Musical: Elton Towersey

 

Atuação: Vitor Rocha

Pianista e Suporte Cênico: Felipe Sushi

 

Cenografia: Criação Coletiva

Figurino: Criação Coletiva

Desenho de Luz: Wagner Pinto, por A2 “Lighting Design”

Desenho de Som: Paulo Altafim, por Audio S.A.

Preparação de Elenco: Letícia Helena

Cenotécnica: Batata Rodriguez

Operação de Som: Carol Andrade

Operação de Luz: Éder Pires

Produção de Luz: Carina Tavares

Assistente de Luz: Gabriel Greghi

Mapa de Luz: Gabriela Cezario

Realização: Encanto Artístico

Direção de Produção: Luiza Porto

Assistentes de Produção: Letícia Helena e Victor Miranda

Coordenação Artística: Vitor Rocha

Assessiria de Imprensa: GPress Comunicação (Grazy Pisacane)

Fotógrafo, Redes Sociais e Produtor Gráfico: Victor Miranda

Produtor de Vídeos: Lucas Alves

Foto do Pôster: Andrea Pimont






SERVIÇO:

Data: Temporada: De 15 de agosto a 10 de outubro de 2024.

Local: Teatro Commune.

Endereço: Rua da Consolação, nº 1218 – Consolação – São Paulo – SP.Dia e Horário: 5ª feira, às 20h30min.

(Não será permitida a entrada após 15 minutos do início do espetáculo.)

Valor dos Ingressos: R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia-entrada)

Duração: 80 minutos (Sem intervalo).

Classificação Etária: Livre.

Gênero: Monólogo Musical


 


         Ao nos proporcionar o prazer de sermos apresentado ao seu Vô Donatello, VITOR ROCHA nos lega uma experiência teatral única, divertida e emocionante, nas mesmas proporções, e nos faz passear, percebendo de verdade, pelos mais profundos sentimentos humanos e temas universais, como amor, família, memória e envelhecimento. Também não deixa de lembrar uma importante informação, relativa à empatia. O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa, incurável, da qual ninguém está livre e que não afeta, unicamente, a pessoa que sofre dela. Toda a família e os amigos ao redor, de uma certa forma, “adoecem” também e sofrem muito, exatamente por não terem o que fazer para curar o enfermo. Choraminguei, vendo a peça; chorei ao escrever esta crítica sobre ela. Gostaria muito de poder reassistir, até mais de uma vez, a este espetáculo, que eu RECOMENDO MUITO!!!  

 

 

 

Não poderia terminar esta crítica, sem mandar um recadinho ao VITOR, tão querido amigo, para lhe dizer que, tomando a liberdade de tentar imitá-lo (Somente por conta de uma “invejinha branca”.), também resolvi embarcar um pouco na onda das lembranças evocadas pelos sabores dos sorvetes. Vai que um dia...


 

CHOCOLATE = A hora em que o telefone celular tocou, com a notícia de que Carolina, minha terceira neta, estava quase coroando, já pedindo para nascer. Eu estava saindo de uma estação do metrô e “saboreava” um picolé, “vagabundinho”, de “chocolate”, comprado para ajudar um moleque que comercializava aquela água suja de Nescau.

  

(Foto: Gilberto Bartholo.)


BAUNILHA = Toda vez que tenho que tomar uma decisão importante, mas o sabor do gelado não se faz representar forte e marcante na minha boca. E eu fico cada vez mais indeciso, diante de um gosto indeciso.


 


CREME = Todas as pessoas chatas, indesejáveis e “sem gosto”. “Fulano tem gosto de sorvete de creme.”.

 


(Foto: Gilberto Bartholo.)

MORANGO = Eu, com minha filha, sob um sol considerável, colhendo vários tipos de “berries” numa fazenda do Canadá, no ano passado. Daqui a pouquinho, vou de novo, “but that season will be over”. O que colheremos então? Abóboras, por conta do “Halloween”? Nunca tomei sorvete de abóbora. Nem faço questão. Eca!!!


 


NAPOLITANO = Toda vez que eu tento falar italiano e acabo misturando com espanhol e português. Vira uma “salada”, com nenhum idioma / sabor definido. E a tentativa de comunicação acaba virando a chave para algo meio “LIBRAS”. Os gestos passam a mandar no pedaço.

 


FLOCOS = A multidão lotando o Maracanã, numa final de FLA X FLU, em decisão de campeonato. A bola de sorvete, não a que está no campo, sempre é mais pródiga em floquinhos de chocolate. Por que será?!


 


QUEIJO COM GOIABA = Uma tarde / noite em que eu, adolescente, hormônios jorrando pelos sete buracos da minha cabeça, e talvez por mais algum oculto, vi, num cinema de subúrbio carioca, quatro ou cinco vezes, em sessões contínuas, que existiam naquela época, um filme do Zefirelli, chamado “Romeu e Julieta”, e eu pedia a Deus para que, na minha próxima encarnação, não importando se eu viesse homem ou mulher, queria ter a beleza do Leonard  Whiting ou da Olivia Hussey – Servia qualquer um dos dois, desde que eu pudesse ser notado pelo Zefirelli, para poder estrelar um novo filme daquele gênio.

 


TAMARINDO = Sempre que ligo a TV, no “Estúdio I”, principalmente, e vejo e ouço horrendas notícias, envolvendo políticos brasileiros, ladrões , corruptos, estúpidos, incompetentes... E alguns estrangeiros também; Gente azeda essa raça reaça!


 


LIMÃO SUÍÇO = Quando eu me reconheço como uma ilha, sozinho e pontualíssimo, cercado de brasileiros mal-educados, que ignoram os relógios, sempre atrasados, e eu resolvo migrar, em fuga, para o país onde todos respeitam os horários e se chamam Antônio Fagundes ou Marília Pêra; mas acaba não saindo da vontade.

DOLCE BACIO = O tabefe que levei da garota mais linda da escola, no dia em que dei a sorte, ou não, de me sentar ao lado dela, na sessão da tarde, do Cine Vaz Lobo, e lhe roubei um beijo no momento em que, na tela, o Cyll Farney, o galã, beijava a Eliana, a mocinha. E a atriz gostava e deixava. Por que a garotinha metidinha não?”



MiL FRUTAS = As vitaminas de frutas que a Vó Leonor fazia, “para aproveitar as que já estavam”, na visão dela, “começando a apodrecer”. Para mim, já se encontravam em outro estágio acima da podridão. E a gente, “a netalhada toda”, era obrigada a tomar aquela “porção da bruxa”, sob pena de não ganhar pacotes de figurinha do “Bambi”, para encher o álbum.

 


TAPEREBÁ = prima-irmã de Taperoá, nome da cidade em que se passa “O AUTO DA COMPADECIDA”, a OBRA-PRIMA do gênio Ariano Suassuna, o qual, num início de noite, perto dos seus 80 anos (2005), no Rio de Janeiro, conversou comigo, durante 15 ou 20 minutos, apenas nós dois, com a testemunha única de sua mulher, Dona Zélia de Andrade Lima, e ainda autografou, para mim, uma edição especial de luxo do livro, com o texto da referida peça, em comemoração aos 50 anos de sua primeira edição.

 


LEMONCELLO = Toda vez que estou numa recepção de luxo e me oferecem uma bebida. O “tabaréu” aqui acha o licor “lemoncello” um “néctar dos deuses”, como Mabel Veloso costuma chamar um licor “meio parecido”, de fabricação caseira, feito por sua irmã, Maria Bethânia, bebida que tive a graça de provar, em Santo Amaro da Purificação, na casa de Dona Canô Veloso. (Chore, periferia!)


 

COCO = Um passeio pela Praça Caymmi, em Itapuã, sem a menor ideia de onde estava, e dando de cara com uma plaquinha, no chão, com o nome do logradouro: “Praça Caymmi”, sem as menor ideia de que estava pisando nela. De uma barraquinha próxima, de guloseimas baianas, vinha o som da canção “Tarde em Itapuã”, cantada por Toquinho, Vinícius e Maria Creusa, música que que imortalizou aquele lugar. E eu, um louquinho manso, totalmente careta, que sempre fui, de 22 anos, a correr, pular, chorar e gritar: “Eu estou nela!” “Eu estou na Praça Caymmi!”, sob o olhar e o sorriso parceiro dos meus amigos Roberto, Sebá, Claudinho e Tânia, meus adoráveis “Doces Bárbaros”, que nem sonhavam em existir.

 


AÇAÍ TRUFADO = O vexame de ter vomitado muito, por tentar provar essa “iguaria do Tinhoso”, com licença da má palavra, com gosto de terra. E o pior é que havia paraenses “ilustres e bem conhecidos” naquele encontro. Mas “Deus é maior!!”. Saí de fininho e pequei o primeiro transporte por aplicativo e fui vomitar o resto em casa.


 

PITAYA = Uma viagem inesquecível a Cacún. Pitaya é o fruto de um cacto nativo daquelas bandas. Gostinho de coisa nenhuma misturado com sabor de “nadinha”. Mas que é bonitinho, lá isso é!

 


ALGODÃO DOCE = Os aniversários da minha filha Flávia, comemorados no icônico e desaparecido “Tivoli Park”, às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. Forçando um pouquinho a barra, por que não, também, Ricardo Amaral e seu complexo de divertimento que sumiu naquele espaço?


 


CALDO DE CANA = Os piriris que tive, toda vez que teimava em tomar aquele suco escuro, para testar a minha “alergia” à bebida. Ainda tenho vontade de continuar testando a minha intolerância e se a tal “alergia” já se cansou de mim e foi à procura de outra vítima. Alergia é assim: um dia, vem do nada e, do nada, a partir de um determinado momento, desaparece; ou não. Confesso que tenho medo de saber se ela já se cansou de mim e foi à procura de outra vítima azarada.


 


AMENDOIM = VÍTOR ROCHA. Só ele mesmo: quando o vejo num palco ou penso nele, criando seu próximo sucesso.


 

 

 

 

FOTOS: VICTOR MIRANDA

 

 

 

GALERIA PARTICULAR

(Fotos: Leonardo Soares Pereira

e

Guilherme De Rose.)

 

 

Com Leonardo Soares Braga, Vitor Rocha 

e Guilherme de Rose.

 

 

 

 

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