TATÁ,
O
TRAVESSEIRO
(POESIA EM FORMA DE TEATRO INFANTOJUVENIL.
ou
COMO LIDAR, NATURALMENTE,
COM
TABUS.
ou
SONHAR SÓ CUSTA UM DESEJO.)
É
sempre uma imensa alegria poder ver uma nova produção de ARTESANAL CIA.
DE TEATRO. Tive a grata oportunidade e o prazer de ter assistido, numa
sessão às 11h da manhã, numa Sexta-Feira Santa, no Teatro do SESI – São Paulo, à mais
recente montagem da CIA., que, como eu já esperava, me
encantou numa intensidade tal, que, embora em recesso temporário, na escritura
de novas críticas, para atender a um
projeto particular, não poderia deixar de escrever sobre o espetáculo “TATÁ – O TRAVESSEIRO” (VER SERVIÇO.).
SINOPSE:
A narrativa gira em torno
de LIPE, um menino tímido e
introspectivo, que tem como melhor amigo seu travesseiro, TATÁ.
Eles formam uma dupla
inseparável, sempre pronta a viver diversas aventuras, nos sonhos mais
empolgantes e divertidos.
Um dia, porém, TATÁ desaparece e LIPE acredita que ele foi sequestrado pelo PIRATA DOS SONHOS, um vilão clássico, que não consegue sonhar e
rouba o travesseiro das crianças, já que acredita que é nos travesseiros que os
sonhos residem.
LIPE empreende uma jornada de resgate ao melhor amigo, tendo que vencer
seus medos e angústias, os quais apenas a sua imaginação será capaz de
resolver.
Divertido,
lindo - esteticamente falando -, comovente e didático, nas entrelinhas e nas
intenções e comportamentos dos personagens, o texto aborda, de uma forma muito profunda, sutil, delicada e
natural, ao mesmo tempo, temas que nos dizem respeito, com os quais lidamos, no
nosso dia a dia, alguns, ainda, infelizmente, cercados por preconceitos,
chegando, por vezes, às raias dos tabus, como a adoção. LIPE é negro e adotado por um casal azul, que é como o menino enxerga o mundo
Não
é, explicitamente, levantada nenhuma bandeira, pelos autores do texto, mas o simples fato de uma criança negra ser
adotada por um casal atípico, o qual lhe dedica todo amor e atenção, como se
filho legítimo fosse, já é um aspecto positivo da dramaturgia e pode servir de exemplo, para que todos encarem qualquer tipo de adoção com naturalidade, visto que amor não tem cor, amor não vê cor;
amor, ainda mais entre pais e filhos, quando pleno e verdadeiro, como deve ser,
não enxerga nada, no ser amado, além de alguém que lhe proporciona a
oportunidade e o prazer de poder exercitar o sublime sentimento de amar. Assim
acontece na história, com aquela família.
A
peça pode ser considerada um poema em forma de TEATRO INFANTOJUVENIL, não especificamente
voltado para os pequenos e adolescentes, já que a linguagem da peça não é
infantilizada; trata as crianças como seres pensantes, atingindo, dessa forma,
um público-alvo de uma faixa etária que vai dos 8 aos 80 anos.
Nesta
produção, a ARTESANAL contou, na escritura
do texto, com a colaboração de ANDREA
BATITUCCI e PATRÍCIA VON STUDNITZ,
as quais se juntaram a GUSTAVO BICALHO,
que, via de regra, é quem assina os textos
da CIA. Um trio criador e criativo,
teoricamente, pesa e vale mais que uma única cabeça; aqui, na prática, também.
Esta
encantadora e fascinante montagem também
inaugura uma experiência nova da CIA.,
que existe, com estupendo sucesso, há 24
anos, sempre pronta a se dedicar a um trabalho de “pesquisa de convergência de
linguagens”. Aqui, ela mergulha numa “linguagem do teatro de animação,
usando apenas bonecos, máscara e teatro de sombras”. Outra novidade é
que o texto é quase que totalmente
narrado em “off”, com pouquíssimos diálogos. Assim se dá a narrativa, bem
linear e simples, para atingir qualquer tipo de público. É uma peça de sons e silêncios, sendo que
estes, por vezes, falam mais do que mil palavras. São hiatos muito
significativos, que passam mensagens facilmente assimiláveis. Um grande acerto!!!
Intencionalmente,
os diretores do espetáculo, GUSTAVO BICALHO e HENRIQUE GONÇALVES, fizeram questão de assumir essa nova estética e
explorá-la ao máximo, sabendo, evidentemente, que poderiam contar com o suporte
de ótimos atores/manipuladores e
uma equipe técnica, de criação, da maior competência, com
os quais já vêm trabalhando em outras vitoriosas produções.
Extraído do “release” da peça, que me foi enviado por HENRIQUE
GONÇALVES: “(...) são escolhas estéticas, que guiaram todo o pensamento e
construção artística da peça. Também buscamos a simplicidade, reduzindo, ao
mínimo necessário, os elementos de cena. Dessa forma, conseguimos colocar uma
lente de aumento nas relações entre pais e filho, sem usar de efeitos que visam
muito mais a ludibriar a audiência do que jogar uma luz sobre a urdidura
dramática da trama”, diz o próprio HENRIQUE.
Uma das
principais características da ARTESANAL, o que pode ser considerado um diferencial, em relação a tantas outras boas
companhias brasileiras que se dedicam ao público infantojuvenil, é a mistura de linguagens
inovadoras e contemporâneas, bem criativas e, melhor ainda, executadas, sempre
aplicadas a trabalhos autorais. Num
só espetáculo, são capazes de juntar
o TEATRO de animação (bonecos, sombras e
máscaras), canto, cinema e videografismo, “explorando a relação do ator - que é o
principal elemento da encenação - com esses elementos”. Além disso,
merece relevo a informação de que a ARTESANAL
CIA. DE TEATRO é tanto uma referência nacional como internacional, com
passagens em diversos festivais de TEATRO
pelo Brasil, China e uma residência
artística na Alemanha.
“A
história é narrada através do jogo entre bonecos de manipulação direta, bonecos
híbridos ou siameses – técnica em que parte do boneco é “vestida” pelo ator/manipulador
–, máscaras, objetos e teatro de sombras”. Tudo contribui para a
criação de um universo onírico,
capaz de “hipnotizar” o espectador mais sensível.
“TATÁ - O TRAVESSEIRO” é um espetáculo de dificílima realização, em
função do trabalho de cada ator/atriz,
os quais têm de sincronizar, com perfeição, todos os movimentos dos bonecos (E são perfeitos mesmo!!!) com o que
dizem ou é narrado, em “off”, até “dando vida” a um
travesseiro de verdade. Todos do elenco,
sem exceção, estão de parabéns, por suas brilhantes atuações, entretanto
não posso deixar de jogar mais luz sobre TATÁ OLIVEIRA, responsável por “fazer viver” o LIPE, que manipula o melhor amigo do protagonista da
história, praticamente – tenho quase certeza - sem sair de cena, durante toda a peça, e assumindo uma postura corporal cansativa e difícil de ser mantida.
A plasticidade do espetáculo é de uma riqueza estética deslumbrante, graças,
dentre outros fatores, aos bonecos,
confeccionados por alguém que não considero, apenas, um “bonequeiro”, mas, sim,
um fantástico artista plástico, que é
BRUNO DANTE. Todos os trabalhos de BRUNO ganham destaque pela beleza, criatividade e acabamento,
o que contribui, sobremaneira, para o sucesso das peças de cujos projetos
ele faz parte.
O cenário, assinado por KARLLA DE LUCA, também responsável
pelos muitos adereços e objetos de cena, praticamente, se
resume a uma cama do menino LIPE, à qual
está acoplado um dossel. É nela que a maioria das aventuras acontece.
Os figurinos, criados por FERNANDA SABINO e HENRIQUE GONÇALVES, à exceção dos que vestem os bonecos, estes sob a responsabilidade
de BRUNO DANTE, são especialmente
confeccionados, de modo a permitir uma liberdade para que os atores/manipuladores realizem seu
trabalho. São práticos e, além disso,
muito criativos e interessantes.
POLIANA PINHEIRO e RODRIGO BELAY são responsáveis por um desenho de luz irretocável, totalmente necessário, para que os
efeitos desejados pela direção e uma
atmosfera lúdica e poética sejam passados ao público, isso associado a uma trilha
sonora meticulosamente escolhida, a cargo de GUSTAVO BICALHO.
Cabe a LUCIANO SIQUEIRA a tarefa de fazer com que todos os sons cheguem, nítida e claramente, ao público, por meio de um bem elaborado trabalho de desenho se soM.
Os elementos técnicos, um apoiado no
outro, contribuem para um “up”, no espetáculo, valorizando-o ao extremo, e, neles, ainda merecem uma citação positiva todo o trabalho de direção
de movimento dos bonecos e preparação técnica (MÁRCIO NASCIMENTO), direção de movimento dos atores e
preparação corporal (PAULO MAZZONI), preparação
técnica da máscara teatral e manipulação de objetos (MARISE NOGUEIRA) e preparação vocal (VERÔNICA MACHADO). É
todo esse conjunto de profissionais de mãos dadas, com um objetivo comum: criar um lindo espetáculo de TEATRO.
FICHA TÉCNICA:
Texto
e Dramaturgia: Andrea Batitucci, Gustavo Bicalho e Patrícia Von Studnitz
Direção:
Gustavo Bicalho e Henrique Gonçalves
Elenco
(por ordem alfabética): Lívia Guedes, Márcio Nascimento, Marise Nogueira e Tatá
Oliveira
Narração:
Cleiton Rasga
Concepção,
Criação e Confecção de Bonecos, Sombras e Adereços: Bruno Dante
Direção
de Movimento dos Bonecos e Preparação Técnica: Márcio Nascimento
Direção
de Movimento dos Atores e Preparação Corporal: Paulo Mazzoni
Preparação
Técnica da Máscara Teatral e Manipulação de Objetos: Marise Nogueira
Preparação
Vocal: Verônica Machado
Trilha
Musical: Gustavo Bicalho
Desenho
de Som: Luciano Siqueira
Figurinos:
Fernanda Sabino e Henrique Gonçalves
Figurinos
Bonecos: Bruno Dante
Iluminação:
Poliana Pinheiro e Rodrigo Belay
Cenário
e Adereços: Karlla de Luca
Fotos:
João Júlio Mello
Projeto
Gráfico: Bruno Dante
Assessoria
de Imprensa: Alexandre Aquino
Direção
de Produção: Henrique Gonçalves
Idealização
e Produção: Artesanal Cia. de Teatro
Equipe
Artes Cênicas SESI-SP: Miriam Rinaldi, Flavio Bassetti, Anna Helena Polistchuk
e Daniele Carolina.
Realização:
SESI-SP
INFORMAÇÕES
PARA A IMPRENSA:
Assessoria
de Imprensa Centro Cultural Fiesp: www.centroculturalfiesp.com.br
Raisa
Scandovieri: +55 11 3549-4846
raisa.scandovieri@fiesp.com.br
Assessoria
de Imprensa Artesanal Cia. de Teatro: www.artesanalciadeteatro.com
Alexandre
Aquino: +55 21 98842-3199
SERVIÇO:
Temporada:
de 11 de abril a 21 de julho de 2019.
Local:
Teatro do Sesi-SP (Centro Cultural Fiesp).
Endereço:
Avenida Paulista, nº 1313 – em frente à estação Trianon-Masp do Metrô.
Horários:
Sábados e domingos, às 14h; 5ªs e 6ªs feiras (exclusivo para escolas), às 11h.
Capacidade:
456 lugares.
Duração:
50 minutos.
Classificação
Indicativa: Livre – Recomendado a partir de 3 anos.
Cota
para público espontâneo e remanescentes: 15 minutos antes, na bilheteria do
Teatro, no dia da apresentação.
Acesso
para pessoas com necessidades especiais.
Agendamentos
escolares e de grupos: ccfagendamentos@sesisp.org.br
Mais
informações: www.centroculturalfiesp.com.br
GUSTAVO BICALHO, no “release”, afirma que “Apesar
do universo lúdico no qual a história é inserida, o texto lida com questões
muito profundas, que, certamente, irão despertar, no público, uma identificação
com o personagem principal”. Mais do que isso, GUSTAVO, o texto provoca
reflexões, a partir das quais ficamos com a esperança de que ainda é possível
tocar os corações mais empedernidos e transformar, para melhor, o mundo em que
vivemos.
Vida longa ao espetáculo, o que, certamente,
ocorrerá, e que ele chegue ao Rio de
Janeiro, para receber o carinho e a aprovação dos cariocas, que nunca
negaram aplausos aos trabalhos da ARTESANAL
CIA. DE TEATRO!
RECOMENDO, COM MUITO EMPENHO, O ESPETÁCULO
e não vejo a hora de poder revê-lo.
E VAMOS AO
TEATRO!!!
OCUPEMOS TODAS AS
SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!
A ARTE EDUCA E
CONSTRÓI!!!
RESISTAMOS!!!
COMPARTILHEM ESTE
TEXTO, PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO
BRASILEIRO!!!
(FOTOS: JOÃO JÚLIO MELLO.)
GALERIA PARTICULAR:
(Foto:Gilberto Bartholo)
Com os diretores e o elenco.
Que fofura🥰 tomara que venham pro Rio 🤞
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