O
CONDOMÍNIO
(NEGRA É A COR DO HUMOR.
ou
KAFKA, DE SEU TÚMULO,
APLAUDE DE PÉ.
ou
É PARA RIR E REFLETIR.
Dezenove
dias após uma fratura de fêmur e dezoito, passados de uma cirurgia, ousei ir ao
TEATRO, no Mezanino do SESC Copacabana,
com muito sacrifício, utilizando um andador e sentindo muitas dores, mesmo com
analgésicos, porque queria muito ver o espetáculo
“O CONDOMÍNIO”. E o que aconteceu?
Percebi, como já era esperado, que se tratava de uma ótima comédia, entretanto as minhas condições físicas e emocionais,
naquele momento, me bloquearam, impedindo-me de “curtir” o espetáculo como deveria acontecer. Fiquei triste, na esperança de
poder revê-lo, posteriormente, em outro Teatro.
Dei sorte. A montagem voltou à cena,
no palco do Teatro Ipanema (VER SERVIÇO.)
e, então, praticamente curado, pude aproveitar e apreciar a montagem como ela o merecia.
“A peça é uma comédia de humor negro, que fala sobre desconfiança, intolerância e radicalismos da sociedade brasileira atual, tendo, como cenário, o condomínio de um tradicional prédio, na Copacabana dos anos 40. Uma trama policial, com tons kafkianos, na qual os latidos de um cão colocam todos os moradores em cheque” (Extraído do “release” da peça, enviado por NEY MOTTA – ASSESSORIA DE IMPRENSA). O texto, por demais, interessante e divertido, foi escrito por PEDRO BRÍCIO, que, também, dirige esta encenação, dividindo a tarefa com ALCEMAR VIEIRA.
“A peça é uma comédia de humor negro, que fala sobre desconfiança, intolerância e radicalismos da sociedade brasileira atual, tendo, como cenário, o condomínio de um tradicional prédio, na Copacabana dos anos 40. Uma trama policial, com tons kafkianos, na qual os latidos de um cão colocam todos os moradores em cheque” (Extraído do “release” da peça, enviado por NEY MOTTA – ASSESSORIA DE IMPRENSA). O texto, por demais, interessante e divertido, foi escrito por PEDRO BRÍCIO, que, também, dirige esta encenação, dividindo a tarefa com ALCEMAR VIEIRA.
SINOPSE:
Na trama, um condomínio
precisa se reunir.
A reunião
vai começar.
No palco, apenas dois atores para interpretar todos os personagens, muitos, ao mesmo tempo.
No centro da trama,
está DOMENICO (PEDROCA MONTEIRO),
um cantor e compositor de “bossa-nova contemporânea”, prestes a lançar o
seu primeiro “show” solo. Ele quer, apenas, silêncio, para compor suas
canções. Não é pedir muito, não é mesmo?
Ele paga seus impostos,
respeita as leis (quase totalmente), dá “bom dia” para todos, no prédio,
evita entrar em discussões políticas, considera-se um cidadão de bem.
Acredita que merece ter um
pouco de silêncio, mas, hoje em dia, isso parece impossível. Em
qualquer condomínio, a situação é de tensão. De barulho. De guerra.
Com o desenvolvimento
da história e a chegada do investigador RAYMOND
(SÁVIO MOLL), que lá apareceu para apurar fatos acerca de um crime, um
assassinato, e que, também, compõe músicas, nas horas vagas, o que era
bufo vai ficando sinistro, e DOMENICO precisa
fazer seu “show”, de bossa-nova, no sábado. Tem que ser um sucesso.
Mas como cantar sobre
“barquinhos”, quando há gritos e latidos ensurdecedores no corredor?
Os desdobramentos disso
tudo o espectador confere no palco, preparando-se para dar boas gargalhadas.
Este
texto de BRÍCIO é o resultado de mais uma de suas pesquisas, em forma de comédias, que exploram a contemporaneidade,
via TEATRO, apostando na eficácia
deste meio de comunicação, o qual aproxima, bastante, emissores de receptores,
porém exigindo muito mais dos atores,
ao contrário do que a maioria das pessoas acha, em relação ao drama. Em “O CONDOMÍNIO”, fica bem patente a
questão do elemento “absurdo”,
permeando o texto de seu início ao
fim. Há um perceptível flerte entre o próprio Teatro do Absurdo e o humor
absurdo de Kafka, este, porém,
tangendo, diretamente, o real, já que “vivemos numa época em que ele virou
cotidiano e a realidade se assemelha a um pesadelo” (Trecho,
também, extraído do já referido “release”).
Com
minhas palavras, traduzo o pensamento e o desejo do dramaturgo, com esta peça.
PEDRO BRÍCIO observou, atentamente, “os radicalismos
mais assustadores da nossa sociedade”, o que existe em abundância,
e propõe, ao público, uma reflexão cômica e, como não poderia deixar de ser,
crítica – porque todo humor é, antes de
tudo, crítico - sobre esses conflitos de violência e intolerância,
como forma de, ainda que um pouco utopicamente, se chegar a uma melhoria na
nossa qualidade de vida e no exercício da nossa condição de cidadãos. Dessa
forma, “como em toda boa comédia”, o autor quis, e conseguiu, de
uma forma muito satisfatória, “expor as nossas fraquezas, o nosso
ridículo, acreditando que o riso é uma forma de aguçarmos a nossa
percepção”. E consegue isso, de verdade, brilhantemente.
Parece-me que
o desejo de BRÍCIO e dos envolvidos
no projeto, de “realizar um espetáculo atual,
relevante, provocativo, hilário, inquieto, comunicativo, pleno das
neuroses do presente” foi perfeitamente atingido. De uma coisa podem
ter certeza: o texto é provocativo e
instigante. É difícil, depois de ter gargalhado à farta, o espectador sair do Teatro sem refletir sobre o que viu. “O CONDOMÌNIO” é aquele tipo de espetáculo que quase nos obriga a uma “esticadinha”
ao bar da esquina, para discutir o que se viu e se ouviu em cena.
PEDRO BRÍCIO e ALCEMAR VIEIRA, a quatro mãos, optaram por uma direção bem descontraída, leve, dando a impressão de que deram
liberdade para que os atores também
participassem dela. As marcações pareceram-me – posso estar errado – bem
previsíveis, propositalmente, dentro
de um clima de cafonice, mergulhado em latinidade, que combina muito bem com
todos os elementos da trama, sem tirar o pé do deboche, essencial nesse
universo. Os atores, interagindo com
o público e cantando e dançando ritmos latinos, são um achado. Tudo isso gerou
um bom trabalho de direção.
PEDROCA MONTEIRO e SÁVIO MOLL encarnam seus vários personagens, alguns em aparições meio meteóricas, também
descontraidamente, passando-nos a impressão de que se divertem muito com o que
fazem. Ambos estão soltos em cena, não perdendo a oportunidade de incluir um “caco”,
sempre que podem tirar partido de alguma situação imprevista, vindo da plateia
e ou ocorrida em cena. São dois ótimos
atores, que se saem bem no drama
e na comédia, sendo que, nesta, PEDROCA leva uma ligeira vantagem sobre
o companheiro de cena, porque está mais acostumado a interpretar esse gênero teatral, quero crer, e porque
tenha uma veia cômica mais aguçada, talvez. Ambos, entretanto, se igualam, positivamente, em termos de interpretação,
nesta montagem, sendo que, novamente, sou obrigado a pôr um pouco mais de
foco sobre PEDROCA, em função das
características de seu principal personagem,
DOMENICO. Isso sempre faz diferença,
o que não quer dizer que não seja interessante o personagem considerado “pièce de resistance” de SÁVIO MOLL, na trama, RAYMOND. Em cada apresentação, um ator ou atriz, posicionado saído da plateia, faz uma rápida participação especial no espetáculo.
O
cenário, de TUCA BENVENUTTI e MURILO
BARBIERI é bastante interessante. Eles conseguiram atingir ótimas soluções,
para resolver os desafios cenográficos exigidos
pelo texto, tudo reunido num só
espaço, abusando da criatividade e brincando com os elementos cenográficos, quase tudo puxado para o vermelho. Pensei
que, no palco do Teatro Ipanema, o
efeito do cenário fosse perder
consistência e destaque, em relação ao que já havia visto no SESC Copacabana, contudo, a transposição
de um espaço para outro não diminuiu a graça daquele elemento.
É
muito criativo o figurino, de ANTÔNIO MEDEIROS, deixando-me, porém,
um pouco intrigado – mentira: MUITO -,
com relação à inversão das cores dos dois ternos, bem talhados, diga-se de
passagem, e dois detalhes neles aplicados, que, por mais que eu me esforce, não
consigo descrever. Pode isso ter um grande significado, não captado por mim, ou
não passar de mais uma “brincadeira séria”, na peça.
Funciona
positivamente a iluminação, de ANA LUZIA DE SIMONI, sem nenhum detalhe
que possa chamar a atenção. Correta e eficiente.
A peça conta com muita música e dança, coreografias durante alguns diálogos. Naquela, original, o crédito vai para JONAS SÁ e GUSTAVO BENJÃO. Nesta, SORAYA BASTOS é o nome da profissional responsável pelos hilários “passinhos” dos “meninos”, estes também brincando de tocar alguns instrumentos musicais em cena.
FICHA TÉCNICA:
Autor: Pedro Brício
Direção: Pedro Brício e Alcemar Vieira
Elenco: Pedroca Monteiro, Sávio Moll e Alcemar Vieira (revezando
com Pedroca Monteiro)
Cenário: Tuca Benvenutti e Murilo Barbieri
Figurino: Antônio Medeiros
Iluminação: Ana Luzia de Simoni
Coreografia: Soraya Bastos
Preparação Vocal: Débora Garcia
Figurino: Antônio Medeiros
Iluminação: Ana Luzia de Simoni
Coreografia: Soraya Bastos
Preparação Vocal: Débora Garcia
Música: Jonas Sá e Gustavo Benjão
Programação Visual: Raquel Alvarenga
Fotos: Elisa Mendes
Direção de Produção: Cláudia Marques
Assessoria de Imprensa: Ney Motta
Realização: Fábrica de Eventos
Fotos: Elisa Mendes
Direção de Produção: Cláudia Marques
Assessoria de Imprensa: Ney Motta
Realização: Fábrica de Eventos
SERVIÇO:
Temporada: de 17 de novembro a 10 de dezembro de 2018.
Local: Teatro Ipanema.
Endereço: Rua Prudente de Morais, 824 – Ipanema - Rio de Janeiro.
Endereço: Rua Prudente de Morais, 824 – Ipanema - Rio de Janeiro.
Telefone: (21) 3518-5220.
Valor do Ingresso: R$50,00 (inteira) e R$25,00 (meia entrada).
Duração: 80 minutos.
Classificação Etária: 12 anos.
Gênero: Comédia.
Valor do Ingresso: R$50,00 (inteira) e R$25,00 (meia entrada).
Duração: 80 minutos.
Classificação Etária: 12 anos.
Gênero: Comédia.
Penso,
ou melhor, tenho certeza de que “O CONDOMÍNIO”
é um espetáculo que agrada a espectadores
de gostos bem distintos, porque é uma comédia alegre, bem escrita, dirigida e interpretada,
que merece ser vista. Alguns vão apenas se divertir, e isso já é muito; outros irão
além e saberão ler as entrelinhas e chegar à verdadeira proposta do espetáculo. Para estes,
a ida ao Teatro Ipanema valerá ainda
mais.
Recomendo, com empenho, o espetáculo.
E VAMOS AO TEATRO!!!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO
BRASIL!!!
A ARTE EDUCA E CONSTRÓI!!!
RESISTAMOS!!!
COMPARTILHEM ESTA CRÍTICA, PARA QUE, JUNTOS,
(FOTOS: ELISA MENDES.)
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