sábado, 20 de outubro de 2018


ARIANO –
O CAVALEIRO SERTANEJO


(UMA BELA E JUSTA HOMENAGEM
A UM DOS MAIS ILUSTRES BRASILEIROS.
ou
UMA MANEIRA MUITO DIGNA
DE UMA COMEMORAÇÃO.)






            Raramente, faço o que estou fazendo agora: escrever sobre um espetáculo que já saiu de cartaz. Não tenho a pretensão de achar que os meus escritos sejam capazes de encher os teatros do Rio de Janeiro, durante suas temporadas, por aqueles que me dão a honra de ler as minhas críticas, embora, sem cabotinismo, eu saiba que, querendo ou não, sou um formador de opinião e consigo despertar o interesse de um bom número de pessoas, as quais aceitam as minhas recomendações e vão aos teatros, para conferir sobre aquilo que leem, visto que só escrevo sobre espetáculos que me agradam, como já é sabido dos meus habituais leitores.

       Não é outro, então, o motivo que me impele a escrever, agora, sobre “ARIANO – O CAVALEIRO SERTANEJO”, espetáculo que adorei e que acabou de cumprir sua segunda brilhante temporada, no Teatro Glauce Rocha, no domingo, 14 de outubro de 2018. A primeira se deu no SESC Tijuca, entre 15 de junho e 8 de julho deste mesmo ano. Houve, ainda, apresentações esporádicas, em algumas unidades do SESC, no Rio de Janeiro.




           Durante a primeira temporada, eu estava fora do país e lamentei bastante não ter podido aceitar o convite da produção do espetáculo, entretanto fiquei feliz, quando me disseram que haveria, em outubro, uma segunda temporada, ainda que bastante curta, no Teatro Glauce Rocha, aonde fui, com bastante sacrifício, por estar convalescendo de uma fratura de fêmur, mas com muito prazer e curiosidade, no penúltimo dia da referida temporada. Era a minha oportunidade para matar o meu desejo de ver a peça, sobre a qual só ouvia comentários elogiosos e cuja temática gira em torno de uma das pessoas que mais admiro, neste país, ARIANO SUASSUNA, a quem tive a honra e o privilégio de conhecer e com a qual vivi a primazia de travar uma deliciosa e inesquecível conversa, de cerca de trinta minutos, talvez a mais importante, para mim, de todas as que já tive até hoje, em 2007, quando ele tinha 80 anos. Tenho uma confessa e escancarada admiração, paixão mesmo, por esse gênio, infelizmente, já não presente entre nós, desde 23 de julho de 2014, aos 87 anos. Mas a verdade é que ele ainda está, e sempre estará, presente nas nossas vidas, porque os gênios não morrem; perpetuam-se no imaginário e na cultura de um povo.



   

O espetáculo é MUITO BOM MESMO, superando todas as minhas melhores expectativas.







SINOPSE:

Com autoria e direção de RIBAMAR RIBEIRO, o novo espetáculo de OS CICLOMÁTICOS COMPANHIA DE TEATRO, que completa 22 anos de carreira, homenageia o grande autor ARIANO SUASSUNA.

SEIS CAVALEIROS à procura do lendário autor ARIANO SUASSUNA, invadem, com música e poesia, a fictícia cidade nordestina de ARMORIAL.

Eles contam e cantam sobre a lenda do cavaleiro nordestino, aquele que nasceu, amou, viveu e lutou, usando as armas mais potentes: a pena e a tinta.

O cavaleiro andante, de mistérios e mitos, deixou seu legado e perpetuou suas histórias e foi assim intitulado: ARIANO – O CAVALEIRO SERTANEJO

O espetáculo é uma viagem nas vivências populares: o cancioneiro, o sertanejo, o repente, o forró, o movimento armorial, o mamulengo e toda esta seara de possibilidades existentes no universo nordestino.







RIBAMAR RIBEIRO, que escreveu e dirigiu a peça, foi muito feliz nos dois momentos. Seu texto é muito simples, humano, lindo, divertido e de uma poesia profunda, leve como a alma de ARIANO. O autor entrelaça os diálogos, trocados pelos seis personagens, com pequenas narrativas, que vão marcando a trajetória de vida de um dos mais ilustres brasileiros de todos os tempos. E ainda nos brinda com referências de algumas peças de ARIANO. Como diretor, RIBAMAR conduz o fio da trama com ótimas e simples resoluções, aproveitando o excelente material humano de que dispõe e explorando, ao máximo, os parcos elementos físicos que tem em mãos. Como a ficha técnica do espetáculo não apresenta um nome responsável pela direção de movimento, excelente, por sinal, creio que todas as perfeitas movimentações do atores, em cena, bem como as coreografias, também possam ser creditadas a RIBAMAR.

O elenco é de primeiríssima qualidade. Não consegui enxergar alguém que se destacasse, no sexteto, uma vez que, quando um deles me parecia merecedor de ocupar um patamar acima dos demais, logo, surgia outro nas mesmas condições, e assim sucessivamente, de modo a ocuparem, os seis, o mesmo nível de destaque. São atores que não frequentam as mídias, o que não é motivo para possam que ser considerados excelentes profissionais, artistas completos, na interpretação, canto e dança. São eles, em ordem alfabética: CARLA MEIRELLES, FABÍOLA RODRIGUES, GETÚLIO NASCIMENTO, JÚLIO CÉSAR FERREIRA, NÍVEA NASCIMENTO e RENATO NEVES.




A peça é vendida como uma “comédia musical brasileira”, mas não consigo classificá-la, completamente, como um “musical”, por sua estrutura, naquilo que eu entendo como um “musical”, entretanto é inegável que muito contribui para a beleza e a qualidade do espetáculo a trilha sonora, composta por GETÚLIO NASCIMENTO, o “mentor musical”, digamos assim, da Companhia, contando com a colaboração de FABÍOLA RODRIGUES, na escrita das letras. GETÚLIO também responsável pela preparação para canto, ficando a preparação vocal sob a responsabilidade de JULIANA SANTOS. As canções compostas por GETÚLIO são deliciosas; brejeiras, as letras; envolventes, as melodias; e a gente sai do Teatro com partes delas na cabeça.

O espetáculo é franciscano, o que pode ser percebido logo que entramos na sala de exibição e nos deparamos com um cenário bem simples, de acordo, porém, com a cultural regional nordestina e que funciona muito bem, ao longo de toda a encenação. É assinado por GETÚLIO NASCIMENTO e CACHALOTE MATTOS.




O mesmo se pode dizer, em relação aos figurinos, feitos por ROBERTO DE BIASE, NÍVEA NASCIMENTO e ANDRÉ VITAL. Os dois últimos também confeccionaram os adereços, contando com a parceria de MAURO SOH.

A montagem conta com uma iluminação que não apresenta nenhum destaque, mas já traz consigo, pelo menos, a condição de funcionar corretamente e evidenciar detalhes que merecem estar mais em foco. Quem a assina é MAURO CARVALHO.

Se repararem bem, na ficha técnica, poderão observar que vários nomes aparecem em mais de uma atividade. Na “OS CICLOMÁTICOS COMPANHIA DE TEATRO”, todos “metem a mão na massa”, todos fazem um pouco de tudo. É “um por todos e todos um”. Trata-se de uma companhia que vive, e sobrevive, durante 22 anos, com muito amor e garra coletivos. Isso é muito bonito, edificante e merecedor de nossos aplausos e admiração. “(...) o grupo é formado por profissionais de diversas áreas, como atores, diretores, dramaturgos, cenógrafos, figurinistas, iluminadores e maquiadores. Completando 22 anos de existência, participou de festivais de teatro por todo país, Europa e América do Sul, conquistando diversos prêmios e indicações em todas as categorias. A Companhia desenvolve uma linguagem própria, através da dramaturgia cênica, revisitando autores de expressão mundial, tais como, Federico García Lorca e Sófocles, entre outros. Aposta na contemporaneidade da encenação, da escrita e na individualidade de cada integrante da Companhia, caracterizando a figura do multiartista”.






FICHA TÉCNICA:

Texto e Direção: Ribamar Ribeiro

Elenco: OS CICLOMÁTICOS COMPANHIA DE TEATRO: Carla Meirelles, Fabíola Rodrigues, Getúlio Nascimento, Júlio César Ferreira, Nívea Nascimento e Renato Neves

Músicas: Getúlio Nascimento
Cenografia: Getúlio Nascimento e Cachalote Mattos
Figurinos: André Vital, Nívea Nascimento e Roberto de Biase
Adereços: André Vital, Mauro Soh e Nívea Nascimento
Iluminação e Operação de Luz – Mauro Carvalho
Preparação Vocal: Juliana Santos
Preparação para Canto: Getúlio Nascimento
Sonoplastia: Getúlio Nascimento e Ribamar Ribeiro
Operador de Som – Ribamar Ribeiro
Programação Visual: Nívea Nascimento
Assessoria de Imprensa: Cláudia Bueno
Fotos: Zayra Lisboa
Realização: Os Ciclomáticos Cia. de Teatro







            Por motivos óbvios, esta crítica não vem acompanhada do SERVIÇO.






            Torço para que “ARIANO – O CAVALEIRO SERTANEJO” volte ao cartaz, pois, considerando que as sessões, no Teatro Glauce Rocha, foram, quase todas, com lotação esgotada, ainda há muita gente que deseja se deleitar com este ótimo espetáculo.






E VAMOS AO TEATRO!!!

OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO DO BRASIL!!!

A ARTE EDUCA E CONSTRÓI!!!

RESISTAMOS!!!

COMPARTILHEM ESTA CRÍTICA, PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO BRASILEIRO!!!




O elenco e o autor e diretor.




(FOTOS: ZAYRA LISBOA.)

































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