A PEÇA
AO LADO
(METALINGUAGEM
QUE DIVERTE
MUITO.)
Em
agosto deste ano (2017), assisti a um espetáculo bastante interessante, na Sede das Cias, chamado “A PEÇA AO LADO”.
Ainda que
tenha gostado bastante da montagem, não escrevi sobre ela, pois só consegui vê-la
no último dia da temporada, quando todos os envolvidos no projeto já sonhavam com
uma segunda. Preferi, então, aguardar, e o espetáculo, realmente, depois de um
bom tempo, voltou ao cartaz, agora no Teatro
Café Pequeno (VER SERVIÇO).
Contrariado,
porém, pelo fato de ser inoportuna a publicação de uma crítica, à época, logo
na manhã do dia seguinte, fiz uma postagem,
numa rede social, um chamado “textão”,
para registrar o meu contentamento, depois de ter assistido ao espetáculo.
Aqui, vai ele, reproduzido e sem alterações:
"TEXTÃO" QUE VALE A PENA SER LIDO;
MERECE SER LIDO:
Ontem, consegui assistir
(era o último dia) a um espetáculo pelo qual tinha grande curiosidade e uma
imensa expectativa.
Foi na SEDE DAS CIAS.
Casa superlotada, ingressos esgotados, gente espalhada
pelo chão.
A peça se chama “A
PEÇA AO LADO”, texto inspirado
em JEAN TARDIEU, adaptado por DELSON ANTUNES, VICTOR LÓSSO
e a CIA AO LADO, com ótima direção de DELSON.
Trata-se do primeiro trabalho da CIA AO LADO(*) e é, simplesmente, excelente.
Fico extremamente aborrecido, quando digo que vi ou,
ainda, verei uma determinada peça e a ignorância de muitas pessoas se manifesta
em forma de perguntas como estas: “Tem
gente conhecida no elenco”? Quem, da
Globo, está fazendo a peça”? Você vê
peça sem gente famosa no elenco”?
São dois sentimentos que, logo, me vêm a cabeça. Aliás,
um sentimento e uma vontade.
Sentimento de pena. Vontade de virar as costas, dar
um soco na cara do(a) imbecil, mas não sou violento, ou mandá-lo(a) à MERDA,
que não seria a saudação de “boa sorte”, que fazemos no TEATRO.
Em “A PEÇA AO LADO”,
não há “gente conhecida”; ninguém é
contratado da Globo, nem da Record ou do SBT, o que, para alguns, já servia; ninguém, do elenco, é “famoso”.
E eu fui, como vou SEMPRE,
aonde quer que seja, na expectativa de assistir a uma boa peça, porque, para
ser bom, num palco, ninguém precisa ser “celebridade
global”.
Aliás, já vi muitos desses “Vips” se darem mal num palco.
O bom ator é bom ator no TEATRO, principalmente.
Com raríssimas exceções (Glória Pires é uma delas, porque NUNCA ATUOU EM TEATRO e é ótima atriz), o ator de TV ou de cinema só mostra que domina o
ofício, quando pisa num palco e mostra que tem talento.
Pois bem, OS CINCO
ATORES QUE ESTÃO NO ELENCO DE “A PEÇA AO LADO”, sem exceção, SÃO EXCELENTES, PROFISSIONAIS DO PRIMEIRO
NÍVEL.
São eles; JOÃO
TELLES, LUÍZA SURREAUX, MARCOS GUIAN,
MILLA FERNANDEZ E VALÉRIA
FREIRE, além dos músicos DANI
RUHM e PEDRO BOTAFOGO.
Não estou exagerando: SÃO EXCELENTES!!!
E, se não o fossem, DELSON,
um grande diretor, não teria aceitado dirigi-los nem grandes profissionais de TEATRO, como DANIELA CARMONA, LUIZ PAULO NENEN, JOSÉ DIAS, DESIRÉE BASTOS, KIKO DO VALLE, RAFAEL TELLES e outros também não teriam aceitado fazer parte do projeto.
Foi uma noite agradabilíssima e eu saí da SEDE DAS CIAS, em plena 2ª feira,
quando já passava das 22h, na Lapa,
lugar que eu DETESTO, para dirigir
um pouco mais de 30km, até o Recreio dos Bandeirantes, como dizia o inesquecível Odorico Paraguaçu, “com a
alma lavada e enxaguada”, de tanta alegria.
Parece que haverá uma segunda temporada, no Teatro Café Pequeno, daqui a pouco. Fiquem
atentos!
Não vejo a hora de rever esse magnífico espetáculo.
VAMOS AO TEATRO E
PRESTIGIEMOS QUEM PRECISA, E MERECE, SER RECONHECIDO!
Praticamente,
a crítica já havia sido feita naquela postagem. Vou, aqui, fazer, apenas,
alguns acréscimos, que julgo pertinentes.
SINOPSE:
Um grupo de teatro
mambembe se apropria de JEAN TARDIEU,
realizando uma reflexão jocosa sobre o fazer teatral.
Durante uma noite chuvosa,
um grupo de atores mambembes ocupa um teatro público, no intuito de se proteger
da tempestade.
Encantados com o local, os
atores encontram, no meio de figurinos empoeirados, textos do dramaturgo
francês JEAN TARDIEU e inicia
encenações divertidíssimas.
(*) Houve um engano na postagem.
Confiram-no no início do parágrafo seguinte.
O
espetáculo é uma montagem inédita, marcando a primeira parceria entre a CIA AO LADO e o diretor DELSON ANTUNES,
que também assina a adaptação do texto,
ao lado de VICTOR LÓSSO e dos atores da CIA AO LADO. A peça conta, ainda, com a pesquisa de Clown e Bufão, detalhe
muito importante na montagem, orientada por DANIELA CARMONA. A peça traz, no elenco, ARTHUR IENZURA (substituindo JOÃO TELLES), LUÍZA SURREAUX, MARCOS GUIAN, MILLA FERNANDEZ e VALLÉRIA FREIRE, acompanhados por dois
multimusicistas: DANI RUHM e PEDRO BOTAFOGO.
O
texto é recheado de muito humor
ácido, crítico e autorreferências, tudo regido por uma metalinguagem, que predomina, praticamente, durante toda a duração
do espetáculo.
De
acordo com o “release” da peça,
enviado pela assessoria de imprensa (MINAS DAS IDEIAS), “A Peça
ao Lado é um espetáculo construído com diversas referências da comédia
universal, como a ‘Commedia dell’art’, o melodrama e a farsa. O roteiro é o
resultado de uma pesquisa de linguagens, com um grupo de jovens atores. É uma
comédia aparentemente despretensiosa, mas, além de divertir, aos poucos, se
torna uma reflexão crítica sobre o teatro e sobre alguns valores da nossa
sociedade. Uma homenagem aos artistas que dedicaram as suas vidas a essa arte
milenar e seu poder de comunicar, emocionar e transformar o homem”.
Essas são palavras do diretor, DELSON
ANTUNES.
Podemos
dizer que o texto é bastante atual,
uma vez que, nele, estão presentes ingredientes da “culinária teatral” do momento
que estamos vivendo: três xícaras de “falta de lugares para se apresentar”,
duas colheres, das de sopa, de “emparelhamento da máquina pública”,
um punhado de “não reconhecimento de artistas mambembes” e muitas pitadas de “outras
crítica sociais” contemporâneas.
Não se trata
de coincidências; são propositais, para levar o público a uma reflexão e, se
possível, uma reação.
Ainda diz o “release” que “A peça reflete sobre a profissão
do teatro, fora do ‘glamour’ dos palcos e do audiovisual. Do grupo mambembe, de
rua, que se alimenta puramente do amor à arte”.
Para chegar ao
texto final da peça, os atores e a direção trabalharam em cima de muitas improvisações e debates, em
busca de uma “crítica à seletividade artística e a criminalização da arte, tão
presente atualmente. Não é à toa que os personagens são inspirados em bufões,
que são, em sua essência, dejetos, perdedores sociais. Ao mesmo tempo,
celebra-se e promove-se o enaltecimento ao teatro”, acrescenta VICTOR LÓSSO, que divide, com DELSON, a adaptação.
Acho desnecessário
falar mais do texto, da ótima direção e da excelente atuação do elenco.
Resta-me,
apenas tecer comentários, elogiosos, como não poderia deixar de ser, à cenografia, de JOSÉ DIAS; aos figurinos,
de DESIRÉE BASTOS; à iluminação, de LUIZ PAULO NENEN; e à direção
musical, de JOÃO TELLES. Todos comprovam sua competência, em mais um
trabalho.
FICHA TÉCNICA:
Texto: Inspirado em Jean Tardieu
Adaptação: Delson Antunes, Victor Lósso e
Cia Ao Lado
Tradução de "Uma Peça por Outra": Grupo Tapa
Direção: Delson Antunes
Elenco: Arthur Ienzura, Luíza Surreaux,
Marcos Guian, Milla Fernandez e Valléria Freire
Músicos: Dani Ruhm e Pedro Botafogo
Pesquisa de Clown e Bufão: Daniela Carmona
Iluminação: Luiz Paulo Nenen
Cenografia: José Dias
Figurino: Desirée Bastos
Direção Musical: João Telles
Assistentes de Direção: Kiko do Valle e
Rafael Telles
Figurinista Assistente e Costura: Bruna
Falcão
Cenotécnico: Pará Produções e Eventos
Operador de Luz: João Pedro Meirelles
Voz em "off": Kiko do Valle
Programação visual: Letícia Moraes
Fotógrafa: Elisa Mendes
Assessoria de Imprensa: Minas das Ideias
Produção: Valléria Freire
Direção de Produção: Renata Campos
Realização: Valléria Freire
SERVIÇO:
Temporada: De 31 de outubro a 22 de
novembro
Local: Teatro Municipal Café Pequeno
Endereço: Avenida Ataulfo de Paiva, 269 - Leblon - Rio de Janeiro
Telefone: (21) 2294-4480
Dias e Horários: 3ªs e 4ªs feiras, às 20h
Classificação Etária: 12 anos
Valor dos Ingressos: R$40,00 (inteira) e R$20,00
(meia-entrada)
Duração: 60 min.
Gênero: Comédia
Aos que confiam no
meu gosto e na minha isenção, quando analiso um espetáculo, fica, aqui, uma recomendação,
que vale muito a pena.
E
VAMOS AO TEATRO!!!
OCUPEMOS
OS TEATROS!!!
(FOTOS: ELISA MENDES.)
Olá. Concordo contigo sobre fazer arte no teatro, local que não tem como regravar a cena e sinto vergonha quando escuto as indagações sobre a fama dos atores. Passa uma msg que apesar de frequentar um local de cultura, a pessoa se prende a culturas tipo revista Caras, nunca vai conseguir uma análise de interpretação.
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