terça-feira, 29 de março de 2016


JOÃO E MARIA

– UM MUSICAL

 

 

(O LADO BOM DO

POLITICAMENTE “INCORRETO”.)

 

 

 


 

 

 

            Se olharmos pela ótica daquilo que, hoje, chamam de “politicamente incorreto”, iremos constatar que tal conceito está presente em muitas das consagradas canções infantis, inclusive as de ninar, e nas histórias mais populares da literatura infantil universal, muitas delas transformadas, de uns tempos para cá, em peças infantis, boa parte em forma de musicais, como o primeiro dos dois espetáculos aqui analisados, “JOÃO E MARIA – UM MUSICAL”, distintos, ambos, em suas temáticas, mas com alguns detalhes em comum.

 

 

 

 

            “JOÃO E MARIA – UM MUSICAL”, por exemplo, recém-estreado e já um grande sucesso de público (também o será de crítica), não poderia ser mais “cruel”. Sim, você não está lendo erradamente. Um pai, que divide sua miséria com uma segunda esposa, uma megera, e um casal de filhos, “fofinhos”, resolve, “para se livrar de duas bocas”, abandonar, à própria sorte, as duas indefesas criancinhas, JOÃO e MARIA, numa densa e tenebrosa floresta. Merece ou não merece o maior de todos os castigos, embora se arrependa, no final, e tudo acabe em flores, como em todos os contos mágicos infantis?

 

O texto original é dos IRMÃOS GRIMM, mestres no “politicamente incorreto”, e foi muito bem adaptado, para um musical, por um talentoso rapaz, de 23 anos, DANIEL PORTO, que, bem antes deste seu sexto texto, já disse a que veio ao mundo: escrever, e bem, para o TEATRO, quer no gênero infantil, quer no chamado “teatro para adultos”, com o retumbante sucesso de “O Pastor”, seu texto de estreia, sucesso de público e de crítica, em todo o Brasil.

 

 

 


João (Eduardo Cardoso) e Maria (Alice Maria Paiva).

 

 

 

           
SINOPSE:
 
Os irmãos JOÃO (EDUARDO CARDOSO) e MARIA (ALICE MARIA PAIVA) fazem parte de uma família de camponeses, que luta para fugir da miséria, durante a Idade Média.
 
A terra infértil não produz mais alimentos e a peste negra tomou conta de tudo na cidade, o que faz com que o pai, SIMON (ANTÔNIO CARLOS FEIO), tenha que tomar uma difícil decisão, imposta pela cruel madrasta, HEIKE (LUCIANA VICTOR): abandonar os filhos no meio da floresta.
 
            A família passa fome. Há muita gente e pouca comida. A solução apontada pela madrasta assusta o pai, que reluta em abandonar os filhos, mas acaba cedendo à proposta.
 
Os irmãos escutam a conversa dos dois e bolam um plano, para, caso sejam deixados na mata: fazer uma trilha de pedras, que brilham no escuro, durante o caminho.
 
Depois que são abandonados, JOÃO e MARIA passam por percalços, para sobreviver aos perigos do bosque, incluindo um encontro com uma mulher sedutora e malévola, MARIELE, na verdade, uma BRUXA (LUCIANA VICTOR), que lhes oferece muitos doces. Sua casa era feita inteiramente de doces, para atrair suas vítimas. Ela as prendia, engordava-as e, depois, simplesmente, comia-as.
 
O tiro sai pela culatra, e JOÃO, mais esperto que sua inimiga, acaba por jogá-la no forno, no qual ela os assaria, aproveitando-se de um descuido da malvada.
 
E voltam para a sua casa, encontrando apenas o pai, já que HEIKE...
 
Assistam à peça e descubram o que aconteceu com ela.
  

 

 

 


João e Maria.

 

 

O famoso conto alemão, dos IRMÃOS GRIMM, continua encantando crianças e adultos, mesmo dois séculos após a sua primeira publicação (1812), na Alemanha.

 

Fascinado pelos clássicos da literatura infantojuvenil, DANIEL PORTO repetiu o que já havia feito em “Pinóquio” e O duende Rumpelstiltskin”, este um conto, também dos IRMÃOS GRIMM. “Os personagens estão mais humanos. Tudo é permeado pela fome. São personagens que você pensa: ‘poderia encontrar essa pessoa na rua’. A bruxa, por exemplo, tem um histerismo, uma loucura, mas é crível", explica o diretor.

 

 O projeto é uma idealização do autor em parceria com o ator Alexandre Lino, que assina a direção de produção.

 

DANIEL se sai muito bem, na dramaturgia, com um texto fiel à trama original, acessível à cognição infantil, com diálogos bem construídos, e faz um ótimo trabalho na sua estreia como diretor, imprimindo um bom ritmo ao espetáculo, que ganha peso com as belíssimas canções, compostas pelo próprio DANIEL (letras) e por TIBOR FITTEL (melodias), responsável, também, pelos arranjos e direção musical, ambos corretos e de muito bom gosto.

 

 

 


Eduardo Cardoso e Luciana Victor.

 

 

Aguardem muito mais DANIEL PORTO, em 2016: assina a dramatugia de Volúpia da Cegueira”, com direção de Alexandre Lino, e Sputinks Bar”, que será dirigido por Renato Livera, além de dirigir a comédia Tia Glorinha”, que ainda está escrevendo. Fez a pesquisa histórica de “Chica da Silva - O musical”, do diretor André Paes Leme, e ainda faz participação no Festival de Curitiba, com uma adaptação da obra O pequeno Príncipe”, dirigida por Edson Bueno.

 

O elenco se comporta de forma correta, com um ligeiro destaque para o ator EDUARDO CARDOSO, que interpreta o pequeno JOÃO. Completam o time ANTONIO CARLOS FEIO (PAI), LUCIANA VICTOR (MADRASTA e BRUXA) e ALICE MARIA PAIVA (MARIA), além de RAFAEL BALLEST (substituto do personagem JOÃO), os quais, além de atores, cantam, ao vivo, as seis músicas originais, criadas, especialmente, para a peça, inspiradas no fado e em cantigas medievais. Todos esbanjam o que não pode faltar em TEATRO e, mais ainda, em TEATRO INFANTIL: domínio de plateia e comunicação com os espectadores.

 

 

 


Antônio Carlos Feio (Simon).

 

 


Luciana Victor, como Mariele.

 

 

O cenário, criado por KARLLA DE LUCA, é simples, gracioso e de bom acabamento, respeitando o púbico infantil. “De forma lúdica, a cenografia vai se revelando como num livro com ilustrações em ‘pop up’. Os elementos de cena são manualmente articulados pelo elenco, durante a apresentação”, criando sempre um elemento de surpresa.

 

KARLLA também assina os figurinos e os adereços, aos quais se aplicam os mesmos comentários feitos com relação ao cenário. “Seguem a estética do teatro mambembe, confeccionados artesanalmente, com detalhes feitos à mão”. O resultado final é muito bonito.

 

 

 


“Olha, Maria! Uma casa feita só de doces!”.

 

 

            O espetáculo recebe um belo acabamento de luz, a cargo da dupla GUEGO LIMA e ROMIRO VASQUEZ.

 

            Sempre que há uma canção, não pode faltar, num musical, uma coreografia, aqui, a cargo de RAFAEL BALLEST, que não complica os desenhos coreográficos e consegue um bom resultado cênico.

 

            Tem sido muito comum, nos últimos anos a utilização de um recurso técnico que só faz agregar valores a um espetáculo teatral. Estou falando de projeções de imagens e videografismo, aqui sob a responsabilidade de MÁRCIO THEES.

 

            Curioso é que, em 204 anos, ninguém se chocou com o “politicamente incorreto” que há nesta história e tantas outras, direcionadas às crianças. Não será agora, quando vivemos cercados de tantas barbaridades de toda sorte, cometidas, principalmente, por quem deveria dar o exemplo, que alguém vai querer quaestionar o “churrasquinho de bruxa”, por exemplo, ou o “crime” de uma criança, que, em última análise, seria em “legítima defesa”.

 

            Morro de rir, hoje, por uma outra leitutra, dessas historinhas “ingênuas”!

 

Adorei a peça e a recomendo a crianças e adultos!

 

 

 


Eduardo, Luciana e Alice.





 

 
FICHA TÉCNICA:
 
Texto e Direção: Daniel Porto
Direção Musical: Tibor Fittel
 
Elenco (por ordem alfabética): Alice Maria Paiva, Antônio Carlos Feio, Eduardo Cardoso, Luciana Victor e Rafael Ballest
 
Preparação Vocal: Tibor Fittel
Cenário e Figurino: Karlla de Luca
Videomaker e Projeções: Márcio Thees
Iluminação: Guego Lima e Romiro Vasquez
Adereços: Karlla de Luca 
Coreografia: Rafael Ballest
Cenotécnico: Ronaldo
Costureira: Bebel Rosa
Preparação Corporal e Direção de Movimento: Paula Feitosa
Design Gráfico: Guilherme Lopes Moura
Letras e Melodia: Daniel Porto e Tibor Fittel
Produção Executiva: Daniel Porto
Direção de Produção: Alexandre Lino
Idealização: Alexandre Lino e Daniel Porto
 

 

 

 


Unidos pelo “dedinho mindinho”.

 

 

 

 
SERVIÇO:
 
Temporada: De 19 de março a 03 de abril de 2016.
Local: Imperator – Centro Cultural João Nogueira.
Endereço: Rua Dias da Cruz, 170 – Méier – Rio de Janeiro.
Informações: (21) 2596-1090 ou 2597-3897.
Capacidade: 607 lugares.
Dias e Horários: Sábados e domingos, às 16h.
Duração: 50 minutos.
Classificação Etária: Livre (indicado para crianças a partir de 2 anos).
Gênero: Musical Infantil.
Valor dos Ingressos: R$30,00 (inteira); R$15,00 (meia-entrada).
Horário de Funcionamento da Bilheteria: 3ªs e 4ªs feiras, das 13h às 20h;
5ªs e 6ªs feiras, das 13h às 21h30min; sábados e domingos, a partir das 10h.
 
Mais informações:


 

 

 


Quase viram o almoço da Bruxa.

 

 


O retorno.

 

 

 

 

 

(FOTOS: JANDERSON PIRES.)

 

 

 

 

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