AMORES
(“QUALQUER MANEIRA DE AMOR
VALE A PENA” ou “O NEGÓCIO É AMAR”.)
Ao
chegar a casa, depois de ter assistido ao espetáculo AMORES, na Sede das Cias,
acessei a minha conta no FACEBOOK e
fiz a seguinte postagem:
Num relacionamento sério com DOMINGOS DE OLIVEIRA. Que senhor dramaturgo!!!
Sempre fui admirador dele, mas, hoje,
depois de ter assistido ao espetáculo AMORES,
passei a reverenciar, mais ainda, esse cara.
O Brasil deveria render mais homenagens ao DOMINGOS.
Assistam ao espetáculo e digam se não tenho
razão.
Em cartaz na Sede das Cias, na Escadaria Selarón, de sábado a 2ª feira (ISSO MESMO:
2ª feira), às 20h. Valor do ingresso
(simbólico): R$1,99.
Direção de Ivan Sugahara.
Com Ana
Abbott, Ângela Câmara, José Karini, Lívia Paiva, Lucas Gouvêa e Saulo Rodrigues.
Ó-T-I-M-O!!!
Vamos,
agora, ampliar aquele comentário, aquela declaração de amor explícito à obra de
um dos nossos maiores dramaturgos brasileiros e um dos que melhor sabem
retratar “as coisas do amor”.
Ousaria dizer
que, em matéria do assunto em questão, DOMINGOS
está para o TEATRO, assim como VINÍCIUS, para a poesia. Exagerei?
Acho que não.
Já
conhecia o texto e gostei imensamente dele, quando tive a oportunidade de lê-lo,
embora não tenha assistido à sua primeira encenação, nos anos 90, com o próprio
autor, nem ao filme, quase da mesma época (acho que o único, dos vários que DOMINGOS fez, que não vi).
O título da
peça, no plural, é muito significativo, pois, para ele, “qualquer forma de amor
vale a pena”, e isso está lá, no seu primoroso texto.
Amor entre
iguais e diferentes. Amor entre pais e
filhos. Amor entre amigos, que, talvez
por preconceito, as pessoas chamam de “amizade”. Amor entre macho e fêmea. Amor entre machos. Amor entre fêmeas. Amor entre machos/fêmeas, o dito
bissexual. Amor entre seres humanos de
idades diferentes. Amor. Amor.
Amor. “Amour, pour toujours l’amour...”
Escrito,
o texto, em 1997, passaram-se dezessete anos, tempo durante o qual muita coisa
mudou, menos os AMORES. Situações presentes na peça tinham, há quase
duas décadas, um olhar da sociedade muito diverso do de hoje, como, por
exemplo, um relacionamento homoafetivo ou um caso de alguém que se descobria
portador do vírus do HIV.
Entre
ler um texto dramático e vê-lo representado em cena, há uma diferença muito grande. Encenado, é preciso que se leve em consideração
que aquele texto foi lido e decodificado por uma segunda pessoa, o diretor, e o
mesmo fizeram os atores, os responsáveis por dar vida aos personagens. É mais que natural que sejam adicionados a
ele elementos enriquecedores, que vão gerar toda a magia do TEATRO e atingir, ou não, uma plateia.
É tão bom,
quando atingem, como é o caso desta montagem, que inicia as comemorações dos
bem-sucedidos 18 anos de sucesso da Companhia
de TEATRO OS DEZEQUILIBRADOS,
com o genial IVAN SUGAHARA no
comando do barco.
IVAN, com total aquiescência de DOMINGOS, soube trazer a década de 90
para esta segunda, do século XXI, embora tenha mantido referências de lá: a
citação do governo de Fernando Henrique Cardoso; Lílian Witte Fibe,
apresentando um telejornal; a alusão a filmes, como Filadélfia e Thelma e
Louise; a existência da Telerj; a presença de uma secretária eletrônica em
cena; hits musicais da época, na trilha sonora...
O
diretor (SUGAHARA) trabalhou, com
seus atores, todas as relações criadas pelo autor e que, de certa forma – a maioria-
estão um pouco presentes nas relações pessoais entre diretor e elenco, um grupo
unido, de pessoas que se amam muito, por quem DOMINGOS gostaria de ver seu texto encenado. Isso é fantástico no espetáculo!
SINOPSE: “A peça traça um painel das
relações afetivas no final do século XX, cheio de encontros e desencontros. Comprometido com o retrato da instabilidade
dos relacionamentos, DOMINGOS DE
OLIVEIRA faz uma crônica dos costumes amorosos e conflitos familiares da
classe média urbana nos anos 90. A trama aborda as mudanças comportamentais da
época: o desejo de família num momento em que o mundo tende a fragilizá-la, as
vicissitudes e separações amorosas de um tempo assolado pelo fantasma da Aids.”
VIEIRA
(JOSÉ KARINI) é um escritor da TV Globo, prestes a perder o emprego, e tem
problemas de relacionamento com sua filha CÍNTIA
(LÍVIA PAIVA). TELMA (ÂNGELA CÂMARA),
melhor amiga de VIEIRA, é casada com
PEDRO (SAULO RODRIGUES). O casal está com dificuldades para ter filhos
e isto está afetando o casamento. LUIZA (ANA ABBOTT), irmã de TELMA, é uma atriz fracassada, que
sobrevive, contando piadas em bares, até que se apaixona pelo pintor RAFAEL (LUCAS GOUVÊA), e descobre que
ele, bissexual, é soropositivo.
Sobre a ficha técnica do espetáculo, alguns
comentários, que julgo pertinentes:
TEXTO = DOMINGOS DE OLIVEIRA = Primoroso! Lindo!
Divertido e comovente!
DIREÇÃO = IVAN SUGAHARA =
Perfeita! Mais um gol de placa do IVAN.
ELENCO = Não consigo ver ninguém
fazendo qualquer um dos papéis, além dos que lá estão: ANNA ABBOTT, ÂNGELA CÂMARA,
JOSÉ KARINI, LÍVIA PAIVA, LUCAS GOUVÊA
e SAULO RODRIGUES. Parecem ter sido escolhidos a dedo. Parece?
Não! Foram mesmo. Todos estão atuando de forma magnífica, no
mesmo nível de excelência, com muita naturalidade, e totalmente imersos nas
emoções dos personagens.
ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO = BEATRIZ BERTU.
CENOGRAFIA = CAROLINA SUGAHARA. Aqui, detenho-me, para elogiar o trabalho da
cenógrafa. Ela soube recriar, segundo o desejo
do diretor, a época em que a ação se passa, e, de forma brilhante, transformou
o espaço cênico (arena) num grande “loft”, que, compondo um único espaço,
desdobra-se em três residências: a casa de Vieira, a de Rafael e a de Pedro e
Telma. É muito interessante a ideia,
assim como a maneira utilizada pelo diretor para fazer com que ações
transcorram quase simultaneamente, em cada parte do cenário, com o deslocamento
dos atores, em cena, de forma muito natural e criativa. CAROLINA
exerce, ao mesmo tempo, as funções de cenógrafa
e de diretora de arte, atenta a
todos os detalhes, como, por exemplo, a presença, e utilização, de uma secretária
eletrônica, no cenário, nada mais obsoleto nos dias de hoje.
ILUMINAÇÃO = RENATO MACAHO = muito bem
desenhada, para evidenciar os detalhes de cada cena.
FIGURINOS = TARSILA TAKAHASHI = ótimos,
de acordo com a época.
TRILHA SONORA = IVAN SUGAHARA, como já
mencionado. Excelente! Ajuda a transportar o espectador aos anos 90.
Além
de grande dramaturgo, DOMINGOS DE
OLIVEIRA também brilha como ator, cineasta e roteirista. O que nem eu sabia é que ele é formado em engenharia, profissão que, felizmente, nunca
exerceu. E, sinceramente, não fez, nem
faz, a menor falta ao clube dos engenheiros.
Seu lugar é no pódio dos grandes artistas brasileiros.
Priscilla Rozembaum,
com todo o respeito, estou num relacionamento sério com DOMINGOS DE OLIVEIRA. Mas,
como estamos vivendo uma época de relações abertas, cabem nele você, o SUGAHARA, o elenco da peça e todos os
envolvidos no projeto.
“Amour, pour
toujours l’amour...”
DOMINGOS DE OLIVEIRA e IVAN SUGAHARA
(FOTOS: PRODUÇÃO/DIVULGAÇÃO DO ESPETÁCULO)
.
Não vi, mas gostei do que li.
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