sábado, 4 de janeiro de 2014


ZÉ COM A MÃO NA PORTA   -   MOTIVO DE ORGULHO PARA O TEATRO BRASILEIRO.



 

No dia 25 de outubro de 2013, consegui matar a saudade, revendo um ótimo espetáculo, a que já havia assistido três vezes, no Teatro do Jockey, em 2008: ZÉ COM A MÃO NA PORTA, uma ópera-rock, gênero muito raro entre nós.  Aliás, raríssimo.  Aliás, infelizmente, quase inexistente no Brasil.

A ópera-rock nasceu na Inglaterra nos anos 60, quando teve seu apogeu em “THE WALL” e “TOMMY”.  Mais tarde, o gênero seguiu pelos Estados Unidos, influenciando estilos musicais e alcançando, então, grande êxito na Broadway.  Em tempos de musicais, por aqui, uma ópera-rock é ótima dica para quem gosta de teatro, principalmente com o teor jovem e moderno, bem na onda da vanguarda.
 
O mistério está por trás dela.
 
ZÉ COM A MÃO NA PORTA integra essa oferta e faz com que todos sigam a história, animando-se com cada tema musical proposto pelo elenco.  A sequência das letras é fundamental e a tônica para a compreensão do espetáculo, mas o trio formado por melodia, harmonia e ritmo conduz o espectador a uma verdadeira viagem.

A canção título expressa, exatamente, o que se passa com e faz a plateia se interrogar, como num mistério, o que possa estar por detrás da tal porta.  Num paralelo com a vida de qualquer pessoa, a música faz lembrar que “o tempo está passando” e que, em uma situação difícil, “você pode gritar e pedir ajuda”.

Trata-se da história musicada de um homem comum, que volta para casa, num dia qualquer, e congela com a mão na maçaneta, sem conseguir entrar.
 
Coragem, ZÉ!
 
A história começa quando o personagem “ZÉ” fica receoso, no momento de abrir a porta de sua casa, pois esta se coloca como uma decisão que pode mudar a sua vida.  

A partir de então, inicia-se uma jornada, que trata de fatos comuns a qualquer pessoa, como as angústias amorosas e os medos quanto ao futuro profissional.  São essas características que tornam “ZÉ COM A MÃO NA PORTA” um espetáculo para todos os públicos, independentemente do sexo ou idade.  O espetáculo se dirige a mim e a você.  O é , porque poderia ser qualquer um, qualquer sujeito comum, que viva em um mundo repleto de pressões.
O em questão é um homem com um posto, um executivo, que volta para casa, depois de um dia conturbado, e congela com a mão na maçaneta, sem conseguir entrar.  Tudo acontece num instante de dúvida: traumas, memórias, vitórias e derrotas.  é forçado, então, a encarar o seu passado como única forma de redimir o futuro. 
“Apesar de tratar do universo masculino, a peça apresenta questões bem ligadas à modernidade, que se relacionam com muita gente, homens ou não”, segundo CRISTIANO GUALDA, um dos idealizadores e autores do espetáculo.  Os outros são BETTO SERRADOR e RICCA BARROS.
 
Em cima, RONNIE MARRUDA (à esquerda) e BETTO SERRADOR; abaixo, na mesma ordem, CHISTIANO SAUER e JONAS HAMMAR.
 
Classificado, pelos próprios autores, como uma ópera-rock, o espetáculo não é um simples musical, mas, sim, um “show” performático, com poucos textos e músicas criadas pelos próprios autores.  O repertório tem fortes características teatrais e influências de estilos musicais, como o pop, a MPB e o rock.

O espetáculo, que conta com 28 canções originais, gravadas em um CD duplo, lançado há seis anos, antes mesmo de o espetáculo ser encenado pela primeira vez, tem como protagonista e antagonista o mesmo personagem, o que faz com que a trama ganhe identidade e seja desenvolvida e narrada por uma espécie de anti-herói.

Os atores/cantores se revezam como o personagem , o que dá um colorido especial ao espetáculo e gera vários momentos de agradáveis surpresas.


BETTO SERRADOR, CRISTIANO GUALDA e RICCA BARROS formavam o elenco da primeira curta temporada, há cinco anos, contando com a participação de RONNIE MARRUDA.  Na montagem aqui comentada, GUALDA e RICCA foram substituídos por CHRISTIANO SAUER e JONAS HAMMAR, sem o menor prejuízo para o espetáculo, os quatro com excelentes atuações, tanto na parte dramática como na execução e interpretação das belíssimas canções, registradas, como já dito, num CD duplo, imperdível, que estava à venda no Teatro e ainda pode ser encontrado nas lojas especializadas.  Uma raridade, que não deve faltar na discoteca de quem aprecia a boa música.
 
 
 
 
 
Há de se louvar a grande ideia dos autores do projeto e a bela e caprichada produção do espetáculo, praticamente sem patrocínios.

FICHA TÉCNICA:

Texto e direção (excelentes): BETTO SERRADOR, CRISTIANO GUALDA e RICCA BARROS

Direção musical (impecável): BETTO SERRADOR

Elenco / atores-cantores-músicos (ótimo): BETTO SERRADOR (guitarra e piano); RONNIE MARRUDA (percussão); JONAS HAMMAR (percussão) e CHRISTIANO SAUER (baixo e violão).

Músicos (profissionais de primeira linha): GUILHERME MENEZES (guitarra, violão, baixo e voz); CHRISTIAN BIZZOTTO  (piano, sampler e voz) e CLAUTON SALES (trompete e bateria).

Iluminação (fantástica): PAULO CÉSAR MEDEIROS

Cenário (perfeito): JOÃO IRENIO e ALESSANDRA CIRINO

Figurino (muito adequados aos personagens): ANA PAULA SECCO

Preparadora corporal (muito boa): ELÉONORE GUISNET

Cenotécnico (bom): MÁRIO FILHO

Desenho de som (bom e de difícil execução): FRANKLIM G. LEITE

Realização: BURBURINHO CULTURAL

 
ZÉ sob pressão.

ZÉ entre o trabalho e o lar. 
 

ZÉ ou um fantoche?

Não caia nessa, ZÉ!

Parte da excelente banda.

Momento de magia.  
 
Hora de pescar.  "Posso levar minha clarineta"?

 
E agora, JoZÉ?

"Mãe, eu juro que..."

Viva a vida, ZÉ!

CHRISTIANO SAUER
 
"Ninguém pode obrigar ninguém a ser o que não é".

SÍVIO FERRARI, BETTO SERRADOR e EU

CRISTIANO GUALDA, EU, JONAS HAMMAR E ELÉONORE GUISNET

 

(FOTOS DE DIVULGAÇÃO DO ESPETÁCULO, DOS ARQUIVOS PESSOAIS DOS ATORES E DE MARISA SÁ)
 

 

 

 

 

 

 

 

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