OS GIGANTES DA MONTANHA -
UMA RARA E AGRADABILÍSSIMA VISITA DO GRUPO GALPÃO.
Foi num
domingo, 13 de outubro do recém-finado ano de 2013, que tive a
grande alegria de assistir a mais uma montagem do fantástico GRUPO GALPÃO (há anos, não perco uma), de Belo Horizonte, que,
de vez em quando, na sua eterna caminhada pelo Brasil, levando o que há de mais representativo do TEATRO popular, no melhor dos
sentidos, aparece por esta cidade, ex-maravilhosa.
Desde cedo, o público ocupa as cadeiras e as escadas do Monumento aos Mortos da 2ª Guerra Mundial.
No cenário encantador, a marca registrada: GRUPO GALPÃO.
E quase que
ficamos sem poder receber essa bendita visita, a de OS GIGANTES DA MONTANHA, graças à falta de inteligência e de
sensibilidade por parte do governo municipal, que parece ter feito de tudo para
dificultar a vinda do grupo ao Rio, segundo várias fontes.
Público ainda se acomodando. Não parava de chegar gente.
Como os
espetáculos do trupe são gratuitos, apresentados em logradouros públicos, a Prefeitura “não
conseguia” encontrar um local para que fossem apresentadas as quatro sessões a
que se propunha o GRUPO GALPÃO, um
dos melhores do Brasil, em todos os tempos.
O diretor (Gabriel Villela) cuidando dos últimos retoques.
Elenco e parte da equipe de produção.
Parece que o
acordo para que a encenação ocorresse na frente do Monumento aos Mortos da 2ª Guerra Mundial teve
de ser fechado com as Forças Armadas, que, ao que tudo indica, administra
aquele espaço e foi mais sensível do que a Prefeitura do Rio de Janeiro.
Parece irreal.
Enfim, o Rio
de Janeiro ganhou, mais uma vez, a oportunidade de assistir a uma verdadeira
aula de TEATRO, a uma obra-prima.
Sonho de uma noite de primavera.
É
desnecessário dizer o que, de fantástico, de grandioso, representa o GRUPO GALPÃO, para as artes brasileiras. Reconhecido internacionalmente, desta vez, o
espetáculo, sob a direção de GABBRIEL
VILLELA, escrito por LUIGI
PIRANDELLO e traduzido por BETI
RABETTI, com dramaturgia de EDUARDO
MOREIRA e GABRIEL VILLELA, se chama OS GIGANTES DA MONTANHA, uma
fábula inacabada, uma alegoria sobre o valor do TEATRO e, por extensão, da poesia e da arte, e sua capacidade de
comunicação com o mundo moderno, cada vez mais empenhado nos afazeres
materiais.
Magia pura.
O embate entre
o pragmatismo dos que “vivem a vida” (os
Gigantes) e a poesia dos que “vivem a arte” (os atores da companhia da Condessa) terá consequências
trágicas.
Música, uma das grandes atrações do Grupo Galpão, integrando-se à dramaturgia.
No meio desses
extremos, existe o mundo da Vila, governado pelo mago COTRONE, que defende a supremacia da imaginação sobre a realidade,
numa espécie de delírio místico, em que todos “vivem numa contínua embriaguez
celeste”.
Mais música.
O resultado
disso tudo é muita poesia e uma transbordante alegria, que contagia o público,
estimado em duas mil pessoas, em cada sessão (eu acho que havia mais, quando eu
assisti, no último dia).
METATEATRO: representando dentro da representação.
Não há tempo nem
espaço, aqui, para comentar o trabalho de cada um dos doze atores/atrizes que
formam o elenco, a não ser que o pior de todos, em termos de atuação, está
fantástico no seu papel. Ou seja, o pior
de todos é, simplesmente ÓTIMO!
Graça e leveza.
Lindo o
figurino. Lindo o cenário. Linda a luz.
Linda a música. TUDO MUITO LINDO! TUDO MUITO MÁGICO! É UM ESPETÁCULO PARA TODAS AS IDADES. As crianças ficam hipnotizadas pelo colorido do rico figurino e com o cenário e as luzes, mesmo sem entender a história. Os adultos voltam a ser crianças e se deixam levar numa viagem de sonho e fantasia, porém atentos à mensagem crítica que o texto carrega consigo.
Beleza de plasticidade.
Um detalhe
muito importante, que pude observar neste espetáculo, é o quanto os artistas do
GALPÃO vêm se aprimorando na
execução de instrumentos musicais e no canto, marca registrada de seus
trabalhos. Muito boa a direção musical.
Não precisa de legenda.
As pessoas, de
todas as idades, viram crianças diante de um espetáculo do GRUPO GALPÃO, tal a capacidade de eles trabalharem com o lúdico, os
elementos mágicos, que, no TEATRO que fazem, se avolumam, se multiplicam e se tornam palpáveis, “reais”.
Detalhes das riquíssimas e belas maquiagens.
Tomara que,
das próximas vezes que, generosamente, desejarem vir ao Rio de Janeiro, para nos brindar com o seu incomensurável talento, o GRUPO GALPÃO
não encontre tanta má vontade por parte das “autoridades” municipais e que lhes
sejam facilitadas muitas outras apresentações nesta cidade, a qual temos a esperança
de que volte a ser maravilhosa.
O GRUPO GALPÃO MERECE.
O RIO DE JANEIRO MERECE.
NÓS MERECEMOS.
O RIO DE JANEIRO MERECE.
NÓS MERECEMOS.
Não precisa de legenda.
Que expressões!
Mais uma vez, a música se mistura à dramaturgia.
Quase fim de festa.
Público aplaude de pé. Delírio da plateia!
Não precisa de legenda.
Idem.
Em estado de graça. E não era para ficar?!
O espetáculo começa com a luz do sol e termina com a luz da lua.
Plateia ocupando toda a escadaria do Monumento aos Pracinhas.
Todo artista tem de ir aonde o povo está. Passando a sacolinha.
Integração e confraternização com os simpaticíssimos artistas do espetáculo.
(FOTOS DE DIVULGAÇÃO, DO "SITE" DO PRÓPRIO GRUPO GALPÃO E DE MARISA SÁ.)
(Parte do conteúdo deste texto foi extraída do lindo e completo programa do espetáculo.)
(Parte do conteúdo deste texto foi extraída do lindo e completo programa do espetáculo.)
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