ZÉ COM A MÃO NA PORTA -
MOTIVO DE ORGULHO PARA O TEATRO BRASILEIRO.
No dia 25 de outubro de 2013, consegui
matar a saudade, revendo um ótimo espetáculo, a que já havia assistido três vezes, no
Teatro do Jockey, em 2008: ZÉ COM A MÃO
NA PORTA, uma ópera-rock, gênero muito raro entre nós. Aliás, raríssimo. Aliás, infelizmente, quase inexistente no Brasil.
A ópera-rock nasceu na Inglaterra nos anos
60, quando teve seu apogeu em “THE WALL” e “TOMMY”. Mais tarde, o gênero seguiu pelos Estados
Unidos, influenciando estilos musicais e alcançando, então, grande êxito na
Broadway. Em tempos de musicais, por
aqui, uma ópera-rock é ótima dica para quem gosta de teatro, principalmente com
o teor jovem e moderno, bem na onda da vanguarda.
O mistério está por trás dela.
ZÉ COM A MÃO NA PORTA integra essa oferta e faz com que todos sigam a
história, animando-se com cada tema musical proposto pelo elenco. A sequência das letras é fundamental e a
tônica para a compreensão do espetáculo, mas o trio formado por melodia,
harmonia e ritmo conduz o espectador a uma verdadeira viagem.
A canção título expressa, exatamente, o que
se passa com ZÉ e faz a plateia se interrogar, como num mistério, o que
possa estar por detrás da tal porta. Num
paralelo com a vida de qualquer pessoa, a música faz lembrar que “o tempo está
passando” e que, em uma situação difícil, “você pode gritar e pedir ajuda”.
Trata-se da história musicada
de um homem comum, que volta para casa, num dia qualquer, e congela com a mão na
maçaneta, sem conseguir entrar.
Coragem, ZÉ!
A história começa quando o personagem
“ZÉ” fica receoso, no momento de
abrir a porta de sua casa, pois esta se coloca como uma decisão que pode mudar
a sua vida.
A partir de então, inicia-se uma jornada, que trata de fatos comuns a
qualquer pessoa, como as angústias amorosas e os medos quanto ao futuro
profissional. São essas características
que tornam “ZÉ COM A MÃO NA PORTA”
um espetáculo para todos os públicos, independentemente do sexo ou idade. O espetáculo se dirige a mim e a você. O ZÉ é ZÉ, porque poderia ser
qualquer um, qualquer sujeito comum, que viva em um mundo repleto de
pressões.
O ZÉ em questão é um homem com um posto, um executivo, que volta para casa, depois de um dia conturbado, e congela com a mão na maçaneta, sem conseguir entrar. Tudo acontece num instante de dúvida: traumas, memórias, vitórias e derrotas. ZÉ é forçado, então, a encarar o seu passado como única forma de redimir o futuro.
“Apesar de tratar do universo
masculino, a peça apresenta questões bem ligadas à modernidade, que se
relacionam com muita gente, homens ou não”, segundo CRISTIANO GUALDA, um dos idealizadores e autores do
espetáculo. Os outros são BETTO SERRADOR e RICCA BARROS.
Em cima, RONNIE MARRUDA (à esquerda) e BETTO SERRADOR; abaixo, na mesma ordem, CHISTIANO SAUER e JONAS HAMMAR.
Classificado, pelos próprios autores,
como uma ópera-rock, o espetáculo não é um simples musical, mas, sim, um “show”
performático, com poucos textos e músicas criadas pelos próprios autores. O
repertório tem fortes características teatrais e influências de estilos
musicais, como o pop, a MPB e o rock.
O espetáculo, que conta com 28 canções originais, gravadas em um CD duplo, lançado há seis anos, antes mesmo de o espetáculo ser encenado pela primeira vez, tem como protagonista e antagonista o mesmo
personagem, o que faz com que a trama ganhe identidade e seja desenvolvida e
narrada por uma espécie de anti-herói.
Os atores/cantores se revezam
como o personagem ZÉ, o que dá um
colorido especial ao espetáculo e gera vários momentos de agradáveis surpresas.
BETTO SERRADOR, CRISTIANO
GUALDA e RICCA BARROS formavam o
elenco da primeira curta temporada, há cinco anos, contando com a participação
de RONNIE MARRUDA. Na montagem aqui comentada, GUALDA e RICCA foram substituídos por CHRISTIANO
SAUER e JONAS HAMMAR, sem o
menor prejuízo para o espetáculo, os quatro com excelentes atuações, tanto na
parte dramática como na execução e interpretação das belíssimas canções,
registradas, como já dito, num CD duplo, imperdível, que estava à venda no Teatro e ainda pode
ser encontrado nas lojas especializadas.
Uma raridade, que não deve faltar na discoteca de quem aprecia a boa música.
Há de se louvar a grande ideia
dos autores do projeto e a bela e caprichada produção do espetáculo,
praticamente sem patrocínios.
FICHA TÉCNICA:
Texto e direção (excelentes):
BETTO SERRADOR, CRISTIANO GUALDA e RICCA BARROS
Direção musical (impecável):
BETTO SERRADOR
Elenco / atores-cantores-músicos
(ótimo): BETTO SERRADOR (guitarra e piano); RONNIE MARRUDA (percussão);
JONAS HAMMAR (percussão) e CHRISTIANO SAUER (baixo e violão).
Músicos (profissionais de primeira linha):
GUILHERME MENEZES (guitarra, violão, baixo e voz); CHRISTIAN BIZZOTTO (piano, sampler e voz) e CLAUTON
SALES (trompete e bateria).
Iluminação (fantástica):
PAULO CÉSAR MEDEIROS
Cenário (perfeito):
JOÃO IRENIO e ALESSANDRA CIRINO
Figurino (muito
adequados aos personagens): ANA PAULA SECCO
Preparadora corporal (muito
boa): ELÉONORE GUISNET
Cenotécnico (bom):
MÁRIO FILHO
Desenho de som (bom
e de difícil execução): FRANKLIM G. LEITE
Realização: BURBURINHO
CULTURAL
ZÉ sob pressão.
ZÉ entre o trabalho e o lar.
ZÉ ou um fantoche?
Não caia nessa, ZÉ!
Parte da excelente banda.
Momento de magia.
Hora de pescar. "Posso levar minha clarineta"?
E agora, JoZÉ?
"Mãe, eu juro que..."
Viva a vida, ZÉ!
CHRISTIANO SAUER
"Ninguém pode obrigar ninguém a ser o que não é".
SÍVIO FERRARI, BETTO SERRADOR e EU
CRISTIANO GUALDA, EU, JONAS HAMMAR E ELÉONORE GUISNET
(FOTOS DE DIVULGAÇÃO DO ESPETÁCULO, DOS ARQUIVOS PESSOAIS DOS ATORES E DE MARISA SÁ)
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