VÊNUS EM VISOM - QUEM PODE PODE; QUEM NÃO PODE...
Estreou,
recentemente, e ficará em cartaz até o dia 22 de dezembro, no Teatro do Leblon
– Sala Marília Pêra, encerrando a temporada teatral deste ano, a peça VÊNUS EM VISOM, texto de DAVID IVES, com tradução de DANIELE ÁVILA
SMALL, dirigida por HECTOR BABENCO,
protagonizada por BÁRBARA PAES e PIERRE BAITELLI.
Pierre Baitelli e Bárbara Paes
Pura sedução
Esta
peça foi um recente grande sucesso na Broadway, tendo recebido indicações de
melhor espetáculo e de melhor atriz, para o TONY 2012, o maior prêmio de TEATRO
norte-americano, sendo que NINA ARIANDA acabou
ficando com a premiação de melhor atriz.
Tão grande foi
o sucesso do espetáculo na Broadway, que o consagrado cineasta ROMAN POLANSKI tratou de dar-lhe uma
visão cinematográfica, que acabou indicada para a Palma de Ouro do Festival de Cannes, em 2013.
Chegando,
assim, já consagrada ao Brasil, HECTOR
BABENCO, que tanto brilha no cinema, onde atua com mais frequência, como no
TEATRO, não perdeu tempo e resolveu assinar
uma montagem brasileira, para isso contando com o talento de BÁRBARA PAES e do não menos talentoso
jovem ator PIERRE BAITELLI.
O excelente resultado
pode ser conferido no palco, num espetáculo em que BÁRBARA brilha, da primeira à última cena, numa
interpretação desafiadora e emocionante.
Dá gosto ver um trabalho tão forte de uma atriz que vem se firmando, a
cada dia, na galeria das grandes atrizes brasileiras.
Mais sedução
O mesmo pode
ser dito com relação ao trabalho de PIERRE,
que, desde que surgiu, para ao grande público, em O
DESPERTAR DA PRIMAVERA, inesquecível sucesso da
dupla Möller & Botelho, começou
a se destacar, na televisão, no cinema e, principalmente, no TEATRO, como ótimas atuações, principalmente
em HEDWIG
E O CENTÍMETRO ENFURECIDO e O DIÁRIO DE ANNE FRANK.
BÁRBARA interpreta uma “uma talentosa jovem atriz, determinada a protagonizar uma
nova peça, baseada num clássico, ‘Vênus
em Visom’, de Leopold Von Sacher-Masoch. Seu teste para o diretor e adaptador do
espetáculo, se torna um eletrizante jogo, que ultrapassa o limite entre
fantasia e realidade, sedução e poder.”
Sua obstinação pelo papel lava o jovem diretor, magnificamente
interpretado por PIERRE, às raias da
loucura, já que ela consegue dominá-lo, a tal ponto de fazer com que ele, que
não é ator, aceite (ou se conforme em) fazer, com ela, a leitura do texto da
peça, como teste para ela ganhar ao papel.
Tanto como a atriz aspirante a um papel como a personagem que
interpreta, metalinguisticamente, dentro da peça, BÁRBARA arrebata a plateia e mostra um dos melhores trabalhos de
interpretação que tive a oportunidade de testemunhar este ano. A personagem para cujo papel a jovem atriz
faz teste, é uma dominatrix e faz uso de fetiches de dominação, que começam
como um jogo de sedução inocente e descambam para a humilhação da condição
masculina, durante e após uma eterna peleja entre os sexos. Serve para lavar a alma, tanto de homens
quanto de mulheres, principalmente destas.
Erotismo e sedução
Pierre demonstra muita segurança em seu trabalho e, como,
na minha modesta opinião, é no TEATRO
que o ator consegue, de verdade, mostrar seu potencial de representação, sou
levado a dizer que, a despeito dos poucos anos de experiência profissional, ele
já pode ser considerado um dos melhores atores da sua geração, muito pródiga,
diga-se de passagem, o que, para nós, amantes dessa arte, é um excelente sinal
e prova de que a renovação tem de estar presente e atuante em qualquer setor da
vida e das artes.
Muito boa a direção de HECTOR,
conseguindo, muito bem, levar os atores a fazer a transição necessária entre as
cenas da peça e da peça dentro da peça.
Ele consegue abstrair-se da linguagem do cinema, quando dirige TEATRO, entretanto, notam-se, em
algumas cenas, traços de um dedo do cineasta na batuta do diretor, o que acaba sendo muito bom. É a segunda vez que HECTOR dirige BÁRBARA. A primeira foi no monólogo HELL, grande sucesso de público e de crítica à época.
Ótimos são a cenografia
de BIA JUNQUEIRA, a iluminação de PAULO CÉSAR MEDEIROS e os figurinos
de ANTÔNIO MEDEIROS.
A sonoplastia e sonorização de ANDREA ZANI são importantíssimas na encenação, conjugadas com os
truques de luz, para sugerir o temporal que se abate lá fora, como que para
sublinhar o “temporal” que se passa em cena.
O espetáculo é muito desgastante, tanto com relação ao aspecto
físico quanto ao emocional. Para resistir
a tanto desgaste, principalmente o físico, indispensáveis são a direção de movimento, da
competentíssima SUELI GUERRA, e a preparação vocal, a cargo de ROSE GONÇALVES.
Muito interessante, também, é o visagismo de LU MORAES.
De acordo com
a visão do diretor, a sinopse da peça pode ser assim descrita: “Uma farsante
tosca e vulgar chega, ensopada, a um teste de atriz, em que um diretor, em fim
de jornada, será seduzido e abusado (atropelado), sem piedade, por esta Vênus
em Visão”.
Em função da
metalinguagem explorada, abundantemente, na peça, é necessário que o espectador
não pisque e fique muito atento a tudo, para pode mergulhar no universo criado
pelo autor do texto, a fim de que seja envolvido em uma viagem que somente o
TEATRO, em sua plenitude, pode
proporcionar.
Quem sai
vencedor de tão conturbada contenda é o que menos interessa. O importante é que quem sai ganhando mesmo é o público,
que teve a primazia de assistir a um espetáculo muito bem produzido, em todos
os sentidos.
Aplausos (mais que merecidos)
Bárbara me seduziu.
Pierre também.
(Fotos da divulgação/produção e de Marisa Sá)
Quem não viu, PRECISA VER URGENTEMENTE!
ResponderExcluirBarbara Paes e Pierre Baitelli, dão show! A peça é maravilhosa!
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