“BICHOS
DANÇANTES”
ou
(ENCANTO
E
DIVERTIMENTO
SOBRE AS
TÁBUAS.)
“BICHOS DANÇANTES” é o mais recente
trabalho da FOCUS CIA. DE DANÇA e que encerrou sua primeira temporada,
no Rio de Janeiro, no dia 26 de setembro próximo passado, no charmoso e
confortável Teatro Prudential.
E por que escrever uma crítica sobre um
espetáculo que já saiu de cartaz? Não faltam motivos para isso. Em primeiro
lugar, seguindo uma teoria de DONA Fernanda Montenegro, para que se
tenha um, ou mais de um, registro do sucesso, ou do fracasso, obtido pelo
trabalho. No caso, aqui, é sobre o sucesso, puro sucesso, visto que – nunca é
demais lembrar - não escrevo sobre aquilo de que não gosto. Depois, porque uma
obra de dança como “BICHOS DANÇANTES” merece ser reverenciada,
por sua enorme qualidade. Acrescente-se a isso o fato de já haver apresentações
programadas, para um futuro próximo, em outros espaços, do Rio de Janeiro e,
quiçá, fora dos limites da cidade, e estes escritos poderão, talvez, servir de
incentivo a que muitas pessoas possam querer assistir a ele, como eu pretendo fazer.
Estou, aqui, fugindo, totalmente, ao
meu hábito, ao meu “métier”, que é escrever sobre TEATRO
(Sou um crítico de TEATRO, e não de dança.), e "BICHOS DANÇANTES" é um espetáculo de dança, um balé. Quero deixar bem
claro que, como não tenho o menor embasamento técnico na área das sapatilhas,
não me sentiria confortável, fazendo uma análise crítica sobre o espetáculo em foco, na forma como é concebido. Seria muita pretensão e irresponsabilidade, de
minha parte, assumir tal postura, contudo posso, e devo, fazer comentários
sobre o lindo espetáculo a que assisti, voltado para os elementos comuns ao TEATRO
e falando, de forma bem rasa, sobre aquilo de que não entendo muito, mas
aprecio bastante: a dança. Tudo o que eu disser, portanto, com relação à
coreografia, será fruto da minha paixão pela ARTE, de uma forma
geral, e do que meu gosto e senso estético me permitem fazer.
Na divulgação do balé, há um detalhe muito importante:
apesar de ser destinado, principalmente, ao nicho infantojuvenil, ele
atinge um público muito eclético, em idade, e agrada, sobremaneira, a todos, dos
menores até seus pais, avós e bisavós, como eu pude observar “in loco”,
todos felizes, famílias inteiras, e demonstrando muita alegria e prazer, diante
do que acontecia no palco.
Extraído do “release” do espetáculo, que me
foi enviado por DANIELLA CAVALCANTI (Assessoria de Imprensa) “A
criação de um espetáculo direcionado ao público infantil era desejo antigo de ALEX NEORAL, diretor artístico e
coreógrafo da FOCUS CIA. DE DANÇA. E assim, através da Chamada
Petrobras Cultural, como mais um desafio cumprido com excelência pela
companhia, nasceu “BICHOS DANÇANTES”,
com o intuito de reforçar o comprometimento com a comunicação e um maior acesso
de todos à ARTE.
Este
trabalho é um convite ao entretenimento, para crianças de todas as idades, de
0 a 100 anos, e é, também, uma oportunidade de compartilharem um momento
lúdico e de aprendizado, através da arte e da dança.
O
espetáculo é uma aventura por meio das qual oito bichos se deparam com um
desejo em comum e recebem um desafio de ELISA, uma jabuti, que completa 100
anos e quer fazer, dessa data tão especial, algo inusitado. A partir disso,
14 personagens desenham uma jornada, cheia de mensagens e pensamentos,
que serão absorvidos tanto por crianças quanto por adultos.”
SINOPSE:
A jabuti ELISA completa 100 anos e convida alguns
bichos, para festejarem, com ela, mais um ano, mas, dessa vez, ela propõe um
desafio, pois não aguenta mais a “mesmice” do famoso “Parabéns
pra você…”.
Não por acaso, esses oito bichos são os convidados, pois
eles têm um mesmo desejo.
A jabuti entrega-lhes um mapa e eles têm que passar por inúmeras
aventuras, nessa jornada, e vão descobrindo que realizar esse sonho está mais
perto do que imaginam.
Venham descobrir qual é esse desejo! De repente, ele é o
seu também!
Os
bailarinos/atores não utilizam a linguagem verbal, uma vez que a
história é narrada, e com diálogos, gravados por outros artistas, sobre o que
falaremos adiante, porém se expressam, da forma mais perfeita, por meio da
linguagem corporal e das magníficas coreografias criadas por NEORAL, das
quais, destaco a cena em que quatro dos animais, o COELHO, o CACHORRO,
o PEIXE e o CAVALO libertam a TUIM da gaiola e tentam
ensiná-la a voar. É um dos melhores momentos mágicos do espetáculo, além da
imensa simbologia envolvida na cena, perceptível nas entrelinhas, mas de fácil
entendimento.
Todas
as vozes são gravadas por artistas de renome, como LUCINHA LINS (ELISA, a
jabuti aniversariante), REYNALDO GIANECCHINI (LAURO, o coelho
sabichão), JOSÉ LORETO (DALTON, o cavalo destemido), MATEUS
SOLANO (FELÍCIO, o macaco astuto), JULIANA ALVES (SHIRLEY,
a bailarina cisne), FERNANDA ABREU (VITÓRIA, a água-viva “descolada”),
GABRIEL LEONE (PAIXÃO, o peixe apaixonado), EVELYN CASTRO (JANAIR,
a barata carente), TÂNIA ALVES (SUELY, a coruja protetora), BIANCA
BYINGTON (ESPERANÇA, a inocente esperança), VILMA MELO (CORDÉLIA,
a galinha maternal), JEFFERSON SCHROEDER (ALBERTO, o cão
inquieto), PAULA RAIA (TUIM, o passarinho cantante) e PEDRO
LIMA (VENTO, o poderoso vento).
Com relação ao fato de que tudo o que se diz e é cantado, durante todo o espetáculo (Nada é ao vivo.) ter sido gravado, anteriormente, merecem uma citação especial, em forma de um grande elogio, não só o trabalho dos artistas, como também a qualidade do som, sem o que o espetáculo poderia vir a ser prejudicado. Muito pelo contrário, a perfeição e a pureza do som são algo de primeiro mundo, em termos de TEATRO, comparável ao que já tive a oportunidade de ver, em forma de musicais, fora do Brasil.
Os personagens são interpretados pelo corpo dos bailarinos da FOCUS
CIA. DE DANÇA. São eles: CAROLINA DE SÁ (CORDÉLIA,
a galinha), COSME GREGORY (LAURO, o coelho), ISAIAS ESTEVAM (DALTON,
o cavalo), JOSÉ VILLAÇA (ALBERTO, o cachorro), MARINA TEIXEIRA
(SHIRLEY, a cisne), MONISE MARQUES (ESPERANÇA, a
esperança), ROBERTA BUSSONI (TUIM, o pássaro) e VITOR HAMAMOTO
(PAIXÃO, o peixe). LETÍCIA XAVIER, estagiária da CIA.,
faz uma pequena, mas não menos importante, aparição, como ÁGUA-VIVA.
“O
texto é de autoria do próprio NEORAL, que, além de estrear um
espetáculo infantil, também estreia como autor, já que irá lançar também o
livro com a história e diálogos do espetáculo.) (Extraído
do “release”, ao qual faço, aqui, uma pequena correção: o
livro já se encontra à venda, editado pela Editora Cobogó.)
Sobre
o texto, tenho a dizer que ele trata de uma temática muito constante, em obras
literárias, de uma forma geral, porém nunca é demais tratar dele. Para não dar
nenhum “spoiler”, não direi qual é o desejo dos oito convidados
para a festa; descubram-no, assistindo ao trabalho. Posso salientar, por outro
lado, que, por mais "batido" que seja um tema, sempre há uma forma “diferente”
de se dar um trato a ele, bastando que entrem em campo a criatividade, a
sensibilidade de quem escreve o texto e a forma como ele é apresentado, visando-se,
sempre, ao público-alvo. Sobre isso, digo que ALEX NEORAL acertou, em cheio,
pois tudo e todas as mensagens que ele deseja passar, por meio das falas e das
ações de seus personagens, é, facilmente, assimilado, com algumas pitadinhas de
um humor leve e ingênuo, vez por outra.
Tratando-se
de um balé, são de suma importância as músicas nele contidas. São
todas canções originais, e muito graciosas, compostas pela dupla TUIM
(Leia-se FELIPE HABIB e PAULA RAIA), com letras e arranjos,
também, todos originais, criados especialmente para o projeto. “As canções e
a trilha incidental complementam a narrativa, que mistura humor, alegria,
questionamentos e muita diversão.” (Também extraído do “release”.)
NATÁLIA
LANA,
já consagrada como uma das melhores profissionais da cenografia soube,
perfeitamente, criar tal elemento no espetáculo. Não havia razão alguma para
colocar, no palco, um espaçoso cenário, objetos que pudessem servir de obstáculos à coreografia e,
consequentemente, limitar os movimentos dos bailarinos. Assim, NATÁLIA
deixa o palco completamente nu e cria, apenas – e isso é o bastante para
enriquecer, plasticamente, o trabalho – uma espécie de emaranhado de fitas
largas, brancas fixadas ao teto, que se movimentam, descendo e subindo, em
determinadas cenas, para sugerir o movimento do mar ou o soprar do vento.
Resolução simple, bonita, prática e que funciona muito bem, no todo.
Dois
elementos de criação que valorizam, extremamente, o espetáculo são o figurino,
a cargo de ÚRSULA FÉLIX, e o visagismo, assinado por DANIEL
REGGIO. Só tenho a dizer que ambos os elementos são bastante criativos e
que os figurinos são muito bem confeccionados, bem distante daquela
ideia “infeliz” de que “se é para criança, vale qualquer
coisa” ou “qualquer coisa serve”. A meu juízo, ambos, figurino
e visagismo, seguem uma linha muito mais de sugestão de quem sejam os
personagens, com elementos estimuladores da imaginação do espectador, do que de
uma apresentação óbvia. Todos, porém, também são facilmente identificados pelo
público, antes mesmo que sejam apresentados.
Ainda
sobre os figurinos e o visagismo, acho pertinente transcrever o
que diz ALEX NEORAL: “Buscamos, nos figurinos e no visagismo,
algo que siga a linha das obras da CIA., mesmo entrando nesse universo
infantil. Não queria algo óbvio e caricato. A busca foi algo mesmo que direto e
identificável, ter uma leitura contemporânea e sofisticada. Conseguimos!
Através do olhar da figurinista (...) e do visagista (...), as crianças e
adultos conseguem ler os animais no palco, porém sem ser primário na
concepção, e sim abusando da criatividade e da beleza visual. Surpreendente!”
No
que tange à iluminação, criada pelo craque RENATO MACHADO, afirmo que ela é bem lúdica, totalmente inserida na proposta do balé, e,
num determinado momento, dialoga com a cenografia, quando, do teto,
pendem luzes, representando estrelas, as quais se transformam em vagalumes. Uma
beleza!
Inevitavelmente,
tenho de falar da coreografia e do trabalho dos bailarinos,
repetindo que, aqui, vai a visão, nada técnica, de alguém que ama a dança
e que, por isso mesmo, se arvora a, pelo menos, dizer se a coreografia
agradou aos seus olhos, bem como palpitar sobre a competência dos bailarinos,
na sua execução. As coreografias e sua execução me encantaram.
Ousei extrair, ainda, do "release", informações às quais promovi alguns cortes e realizei poucos acrescimos e/ou adaptações: A
FOCUS CIA. DE DANÇA, criada em 1996, em seu um quarto de
centenário, já ocupa um lugar de destaque no universo das companhias de dança
do Brasil, consagrada pela crítica especializada, o que é ratificado pela
grande aceitação de seu público cativo, do qual, com muito orgulho, faço parte,
e, praticamente, dispensa apresentações. Contabiliza, em seu currículo, 24
obras e 14 espetáculos. Já se apresentou em mais de 100 cidades
brasileiras e levou sua ARTE para países como Colômbia, Bolívia,
México, Costa Rica, Canadá, Estados Unidos, Portugal, Itália, França, Alemanha
e Panamá.
Por conta da pandemia
de COVID, em 2020, a FOCUS lançou “CORAÇÕES EM ESPERA”,
a mais nova criação do grupo, que foi exibida ao vivo, através de “streaming”,
pelo YouTube, indicada ao prêmio APCA, na categoria “criação”,
ficando em cartaz por 17 semanas. Em 2019, ganhou o 1º Prêmio
Cesgranrio de Dança, com a coreografia “KETA”, do espetáculo “STILL
REICH”, e teve seu elenco indicado ao Prêmio APCA, durante a
temporada na capital paulista. Ainda, em 2020, recebeu a indicação de melhor
coreografia para “FOCUS DANÇA BACH”, pelo 2º Prêmio Cesgranrio de
Dança, e conquistou prêmios para a melhor bailarina, MARINA
TEIXEIRA, e melhor bailarino, JOSÉ VILLAÇA. Em 2017,
se apresentou na última edição do “ROCK IN RIO”, ao lado de Fernanda
Abreu. Em 2016, recebeu a “COMENDA DA ORDEM DO MÉRITO CULTURAL,
do Ministério da Cultura, maior condecoração da cultura brasileira.
Com o espetáculo “AS
CANÇÕES QUE VOCÊ DANÇOU PRA MIM”, que já ultrapassou a marca de 300
apresentações, recebeu diversas indicações a melhor espetáculo do ano,
por sua criatividade e originalidade. Em 2012, foi escolhida, através da
seleção pública do Programa Petrobras Cultural, a receber o patrocínio
da empresa, durante três anos, para desenvolvimento de suas atividades, dando
início a uma parceria de manutenção. Mais de um milhão de espectadores já se
encantaram com a poesia e a capacidade técnica, lapidadas nas coreografias
inovadoras de ALEX NEORAL e nos movimentos precisos de seus bailarinos.
Depois de todas essas
informações, desnecessário seria dizer que as coreografias do espetáculo são
belíssimas e criativas e executadas da melhor forma possível pelos exímios
bailarinos da CIA..
Querem mais motivos
para que fiquem atentos às futuras apresentações de “BICHOS DANÇANTES” e
providenciem seus ingressos, antes que se esgotem, já que tudo o que vem sendo
feito, em Teatros, presencialmente, é oferecido a uma plateia restrita, em
relação à lotação total dos espaços?
FICHA TÉCNICA:
Direção Artística,
concepção, coreografia e texto: Alex
Neoral
Elenco: Carolina de Sá, Cosme
Gregory, Isaias Estevam, José Villaça,
Marina Teixeira,
Monise Marques, Roberta Bussoni e Vitor Hamamoto
(Particiação: Letícia
Xavier)
Atores com vozes em “off”: Lucinha Lins, Reynaldo Gianecchini, Mateus
Solano, Tânia Alves, José Loreto, Bianca Byington, Vilma Melo, Juliana Alves,
Evelyn Castro, Fernanda Abreu, Gabriel Leone, Jefferson Shroeder, Pedro Lima,
Felipe Habib e Paula Raia
Direção de Produção e
Gestão: Tatiana
Garcias
Coordenação de
Projeto: Buenos
Dias Projetos e Produções Culturais
Assistente de Direção
e Ensaiadora: Luisa
Vilar
Texto Projeto: Aline
Cardoso, Bia Rey, Jhefferson Filó e Tatiana Garcias
Produção Executiva: Thais Pinheiro
Direção dos Atores: Alex Neoral e Felipe
Habib
Produção Musical:
Daniel Wally
Arranjos: Criação
colaborativa
Trilha Original: Tuim: Felipe Habib e
Paula Raia
Iluminação: Renato Machado
Técnico de
Iluminação: Anderson Ratto
Figurinos: Úrsula Félix
Cenário: Natália Lana
Cenotécnico: André
Salles
Equipe de
Cenotécnicos: Marcinho Domingues, Gilvan Carmo e Paulo Sá
Visagismo: Daniel Reggio
Adereços: Orlando Sérgio
Diretor de Palco: Thiago
Merije
Efeitos Especiais: Fernando Soares
Programação Visual: Bárbara Lana
Ilustração: Eléonore Guisnet
Assessoria de
Imprensa: Daniella
Cavalcanti
Fotos: Dantas Jr., Manu
Tasca, Sabrina da Paz (e Felipe Habib)
O espetáculo é, resumindo, uma oportunidade, para avivar nossas crianças
interiores e constatar que o desafio de ELISA, que, na verdade, todos
nós procuramos, está mais perto do que imaginamos.
E VAMOS AO TEATRO,
COM TODOS OS CUIDADOS!!!
OCUPEMOS TODAS AS SALAS DE ESPETÁCULO
DO BRASIL,
COM TODOS OS CUIDADOS!!!
A ARTE EDUCA E CONSTRÓI, SEMPRE!!!
RESISTAMOS, SEMPRE MAIS!!!
COMPARTILHEM ESTE TEXTO,
PARA QUE, JUNTOS,
POSSAMOS DIVULGAR
O QUE HÁ DE MELHOR NO
TEATRO BRASILEIRO!!!
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