A FALECIDA -
CONFESSO QUE GOSTEI
Cartaz da peça (divulgação)
Antes
de começar a escrever sobre o espetáculo A
FALECIDA, em cartaz no Teatro Maison de France, ao qual assisti na última
6ª feira, providenciei uma resistente armadura e um escudo bem grande, para me
proteger das possíveis pedradas que virão em minha direção.
Por quê? Porque nunca fui de incensar alguém pelo fato
de a maioria das pessoas assim o fazer.
Sendo assim, sempre tive a coragem de dizer que não gosto de Nélson
Rodrigues, muito menos acho que tenha sido o gênio da dramaturgia que nele
reconhecem a crítica e a classe artística.
Mais que isso,
sempre lhe atribuí, em situações particulares, adjetivos que não vou aqui expor, até em
respeito à sua memória.
Mas o fato é
que sempre tentei reconhecer nele o talento que todos conseguem enxergar, mas
todas as tentativas foram infrutíferas.
Durante o meu curso
de Letras, fiz duas disciplinas eletivas, de Literatura Brasileira, versando
sobre a obra do Anjo Pornográfico, título de sua biografia, escrita por Ruy
Castro.
Comprei as “Obras
Completas de Nélson Rodrigues” e li a grande maioria de suas peças. Odiei quase todas e raríssimas me
proporcionaram algum prazer na leitura.
E mais: sempre
procurei assistir a todas as montagens de textos seus, na esperança de que a “materialização
da palavra” pudesse mudar meu conceito sobre o autor. Tudo em vão.
Todas as vezes em que saía de um espetáculo sobre um
texto rodriguiano, jamais deixei de elogiar os trabalhos de direção (João
Fonseca e Moacyr Góes, por exemplo), dos atores, além de cenários, figurinos,
iluminação... Mas o texto... Quanta insanidade (Ainda é o meu
pensamento. Posso ter a minha opinião?).
Leon Góes e Bianca Rinaldi
Ocorre que,
como de hábito, procuro ver quase todas as encenações das peças de Nélson
Rodrigues (juro, sempre com a maior boa vontade), fui, então, assistir, como já
disse, na última 6ª feira, dia de abertura do, com licença da má palavra, “Rock
in Rio 2013” ,
sinônimo de “a cidade vai parar” (levei 180 minutos cravados – TRÊS HORAS –
para ir do Recreio dos Bandeirantes ao Centro da cidade), à versão de Moacyr Góes
para A FALECIDA, que eu, por acaso,
não conhecia, a não ser do filme (roteiro muito adaptado) de León Hirszman e
Eduardo Coutinho, rodado em 1965, o primeiro filme feito por Fernanda
Montenegro, salvo melhor juízo, ao lado do fantástico e saudoso Paulo
Gracindo.
Sim, eu também
assisto aos filmes com roteiros baseados na obra de Nélson. Mas vi esse no tempo em que eu
ostentava uma vasta e invejável cabeleira, de sorte que, até ver a peça, não me
lembrava muito, ou quase nada, da trama.
Eu tinha tudo
para detestar a peça, principalmente depois do já referido engarrafamento de três
horas, mas, para a minha surpresa, agradabilíssima surpresa, gostei, e muito,
do espetáculo, inclusive do texto.
Mas deixemos
de lado esse detalhe, o texto, que sempre considero o pilar mais importante
para sustentar um bom espetáculo, e falemos dos demais componentes da peça:
A direção, de
Moacyr Góes, com assistência de Juliana Lago, é bastante inteligente,
utilizando-se, o diretor, de recursos muito simples e criativos, para ajudar a
contar a história, com bastante dinamismo e dando à encenação o tom exato para
que fosse construído o universo rodriguiano, caracterizado, principalmente, por
uma linguagem (gírias e ditos populares) riquíssima (isso eu sempre reconheci).
O elenco (Portal Bianca Rinaldi)
O elenco traz
nomes poucos conhecidos para os cariocas, entretanto são atores de excelente nível
técnico e compõem, de forma brilhante, os vários personagens que representam, com
destaque para Bianca Rinaldi (excelente), no papel da protagonista (Zulmira) e
de seu marido, Tuninho, interpretado, também de forma admirável, por Leon Góes. Os demais atores são Augusto Garcia, Ricardo
Damasceno, Sérgio Kauffmann, Daniel Carneiro e Simone Centurione, esta com
inserções de canto irretocáveis.
O cenário, um
enorme painel com muitas portas de demolição e objetos de cena, como mesas, cadeiras, espelhos, bancos etc. - muito bom -, os figurinos e
adereços são da responsabilidade de Teca Finchinski. Tudo perfeito.
O mago da luz,
Paulo César Medeiros, assina o desenho de luz, sofisticado termo que
inventaram para "iluminação". Ótimo!
SINOPSE:
A peça conta a
história de uma mulher frustrada, do subúrbio carioca, a tuberculosa Zulmira
(Bianca Rinaldi), que não tem mais expectativas na vida. Pobre e doente, sua única ambição é um enterro
luxuoso. Quer se vingar da sociedade
abastada e, principalmente, de Glorinha, sua prima e vizinha, que não a
cumprimenta mais. O marido, Tuninho
(Leon Góes), está desempregado e torra as sobras de sua indenização na sinuca e
nos estádios de futebol. No leito de
morte, Zulmira manda o marido procurar o poderoso milionário Pimentel (Ricardo
Damasceno), para que este lhe pague um enterro suntuoso, como nunca visto
antes. Assim, Tuninho descobre, já
viúvo, que a esposa foi amante do milionário. Numa virada do jogo, o marido enganado toma
todo o dinheiro de Pimentel e dá a Zulmira um enterro “de cachorro”, gastando a
fortuna recém-adquirida num jogo do Vasco da Gama, seu time do coração.
Cena da peça
FICHA TÉCNICA
Texto: Nelson Rodrigues
Direção: Moacyr Góes
Assistente de Direção: Juliana Lago
Elenco / Personagens:
Bianca Rinaldi / Zulmira
Leon Góes / Tuninho
Augusto Garcia / Timbira
Ricardo Damasceno / Oromar, Pimentel
Sérgio Kauffmann / Parceiro 2, Funcionário 1
Daniel Carneiro / Parceiro 1, Funcionário 2, Pai
Simone Centurione / Madame Crisálida, Mãe
Trilha Sonora Original: Ary Sperling
Cenário, Figurino e Adereços: Teca Fichinski
Desenho de Luz: Paulo Cesar Medeiros
Design Gráfico: Mauricio Chahad
Cenotécnico: Adilio Athos
Costureira: Adélia Andrade
Operador de Luz e Som: Rodrigo Bezerra de Melo
Produção Executiva: Juliana Lago e Tatiana Duarte
Marketing Cultural: Jefferson Almeida - Tamires Nascimento
Criação e Produção: Bianca Rinaldi Produções
Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação - João Pontes e Stella Stephany
Texto: Nelson Rodrigues
Direção: Moacyr Góes
Assistente de Direção: Juliana Lago
Elenco / Personagens:
Bianca Rinaldi / Zulmira
Leon Góes / Tuninho
Augusto Garcia / Timbira
Ricardo Damasceno / Oromar, Pimentel
Sérgio Kauffmann / Parceiro 2, Funcionário 1
Daniel Carneiro / Parceiro 1, Funcionário 2, Pai
Simone Centurione / Madame Crisálida, Mãe
Trilha Sonora Original: Ary Sperling
Cenário, Figurino e Adereços: Teca Fichinski
Desenho de Luz: Paulo Cesar Medeiros
Design Gráfico: Mauricio Chahad
Cenotécnico: Adilio Athos
Costureira: Adélia Andrade
Operador de Luz e Som: Rodrigo Bezerra de Melo
Produção Executiva: Juliana Lago e Tatiana Duarte
Marketing Cultural: Jefferson Almeida - Tamires Nascimento
Criação e Produção: Bianca Rinaldi Produções
Assessoria de Imprensa: JSPontes Comunicação - João Pontes e Stella Stephany
SERVIÇO:
LOCAL: Teatro Maison de France PSA Peugeot Citroen
- Av. Presidente Antonio Carlos, 58 - Centro / RJ Tel: 21 2544.2533
HORÁRIOS: 5ª, 6ª e domingo, às 20h / Sábado, às 21h
DURAÇÃO: 80 min.
INGRESSOS: 5ª e 6ª, R$60,00 / sábado e domingo, R$70,00
BILHETERIA: 3ª a domingo, a partir das 14h ou Ingresso.com / 4003-2330
CAPACIDADE: 353 espectadores
CLASSIFICAÇÃO ETÁRIA: 14 anos
TEMPORADA: até 13 de outubro
HORÁRIOS: 5ª, 6ª e domingo, às 20h / Sábado, às 21h
DURAÇÃO: 80 min.
INGRESSOS: 5ª e 6ª, R$60,00 / sábado e domingo, R$70,00
BILHETERIA: 3ª a domingo, a partir das 14h ou Ingresso.com / 4003-2330
CAPACIDADE: 353 espectadores
CLASSIFICAÇÃO ETÁRIA: 14 anos
TEMPORADA: até 13 de outubro
Será
que, algum dia, conseguirei vestir a camiseta do fã-clube de Nélson
Rodrigues? Mais fácil a palavra “corrupção”
desaparecer dos nossos dicionários, e na prática também, ou principalmente, mas
que desse A FALECIDA eu gostei, lá
isso é verdade. E muito.
Mas Nelson Rodrigues era TRICOLOR até a medula. Isso eu gosto muito!!!!!
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